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As perguntas do bloco V tratarão das questões referentes ao “ingresso e carreira profissional na educação infantil”, em que analisaremos a escolaridade

exigida pela secretaria de educação para ingressar na educação infantil municipal antes e depois da Emenda Constitucional n° 59/2009, a qual traz obrigatoriedade da matrícula de crianças de 4 a 5 anos na educação infantil.

A mudança mais destacada na Emenda Constitucional n° 59/2009 é a ampliação da matrícula obrigatória na Educação Básica, que agora inicia aos 4 anos. O Estado precisa garantir o ensino público e gratuito para as crianças dos 4 aos 17 anos e também para aquelas que não tiveram acesso na idade adequada. Com a Emenda n° 59/2009 a educação das crianças de 4 a 5 anos recebe modificações importantes para a história desta primeira etapa da educação básica, pois amplia, significativamente, o direito e acesso de todos os cidadãos à educação pública gratuita no Brasil.

Procuramos analisar, nas respostas fornecidas pelas secretarias de educação, se a exigência de formação das professoras de creche e pré-escola se alterou depois dessa Emenda Constitucional.

Para compreendermos a exigência de formação para o ingresso das professoras de educação infantil, analisamos primeiramente a exigência de formação para o ingresso das professoras da educação infantil antes da Emenda Constitucional n° 59/2009. Os dados revelam que antes da Emenda a exigência para ingressar como professora de crianças de 0 a 3 anos e 11 meses (creches) não era consenso, sendo exigido o ensino superior em cinco municípios, enquanto outros cinco municípios exigiam o ensino médio modalidade normal, três municípios exigiam o ensino médio e três municípios não souberam responder à questão.

Verificamos que, antes da Emenda Constitucional n° 59/2009, os dados sobre a exigência de formação para as professoras trabalharem com as crianças de 4 a 5 anos (pré-escola) não diferem dos dados referentes à exigência de formação das professoras que trabalham com as crianças de 0 a 3 anos e 11 meses (creche).

A mudança mais significativa antes e depois da Emenda Constitucional n° 59/2009 refere-se ao aumentou do número de municípios que passaram a exigir a formação de ensino superior para contratação das professoras da educação infantil. Observamos que antes da Emenda Constitucional seis municípios exigiam ensino superior para o ingresso das professoras nas creches. Logo depois da Emenda, contabilizamos dez municípios que passaram a exigir a formação em ensino

superior para o ingresso das professoras nas creches. Este dado representa um aumento de quatro municípios no que se refere à exigência de escolaridade das professoras para atuar em creches depois da Emenda. Já para a contratação das professoras da pré-escola observamos praticamente o mesmo avanço, contabilizando um total de onze municípios, ou seja, cinco municípios a mais do que antes da implementação da Emenda Constitucional n° 59/2009.

As indicações legais exigem que as professoras de educação infantil devem possuir licenciatura em ensino superior, sendo admitida como escolaridade mínima o ensino médio modalidade normal. Conforme as respostas obtidas por meio do questionário, a Região da AMUREL cumpre com as exigências legais referentes à escolaridade das professoras da educação infantil, embora as indicações são de que o ensino superior oportuniza estudos mais detalhados e significativos para a docência.

Salientamos que seis municípios, depois da Emenda n° 59/2009, ainda admitem professoras de educação infantil com formação em ensino médio modalidade normal. Apesar dos dados indicarem que nem todos os municípios da Região exigem o ensino superior para ingressar na carreira das professoras de educação infantil, percebemos um avanço de seis para dez municípios nas creches e de seis para onze municípios na pré-escola depois da implementação da Emenda Constitucional n° 59/2009. Embora o aumento da escolaridade das professoras de educação infantil seja uma conquista importante, existe uma preocupação referente a uma possível tendência a exigir formação das professoras na educação infantil por acreditar que estas precisam estar preparadas para “escolarizar” as crianças desde a pré-escola, fugindo, assim, das especificidades da educação da primeira etapa da educação básica.

Mesmo que os nossos dados não revelem uma desvalorização das professoras que atuam nas creches em detrimento daquelas que trabalham na pré- escola, tendo em vista a equidade no oferecimento de formações continuadas, acreditamos que em função da obrigatoriedade da pré-escola, existe um risco das professoras das creches não terem a mesma importância, já que essa etapa não é obrigatória.

Ainda referente a esse bloco interessou-nos saber se os municípios da Região da AMUREL possuem plano de carreira e quando estes foram aprovados.

Conforme os dados informados pelos 16 municípios, 11 destes possuem plano de carreira. Três municípios estão com o plano de carreira em processo de implementação, um município respondeu que não possui plano de carreira para a educação infantil e um município não respondeu à questão.

Observamos que dos 16 municípios que enviaram o questionário 68,75% dos municípios possuem plano de carreira. No que diz respeito ao ano de aprovação do plano de carreira, 50% dos municípios não responderam à questão, 37,5% aprovaram seus planos de carreira entre 2008 e 2014. Enquanto 12,5% já tinham aprovados seus planos de carreira antes de 2008.

Acreditamos que a Lei no. 11.738, de 16 de julho de 2008, a qual determinou que todos os municípios deveriam ter plano de carreira até o final de 2009, tenha influenciado no fato de a maioria dos municípios pesquisados terem aprovados seus planos de carreira depois do ano de 2008.

A luta pelo plano de carreira do magistério público tem como princípios básicos a qualificação, a dedicação e a valorização dos profissionais da educação. Para Gatti (2012), a maioria dos planos de carreira se mostra como instrumento de natureza mais burocrática e não se fundamenta em perspectivas educacionais, como a vinculação da carreira docente à qualidade educacional pretendida ou a valorização do professor visando a essa qualidade.

No âmbito das políticas públicas, a formação continuada é um dos incentivos de valorização que constam nos planos de carreira dos professores da educação básica brasileira. Conforme a Lei nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001, que aprovou o Plano Nacional de Educação, nos objetivos e metas destacou a necessidade de “garantir a implantação, já a partir do primeiro ano do plano, dos planos de carreira para o magistério, elaborados e aprovados de acordo com as determinações da Lei nº 9.424/9622 “. Já em 2 de abril de 2009, foram aprovadas as Diretrizes para os Novos Planos de Carreira e de Remuneração para o Magistério dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

22 [...]; garantir, igualmente, os novos níveis de remuneração em todos os sistemas de ensino, com piso salarial próprio, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, assegurando a promoção por mérito; implementar, gradualmente, uma jornada de trabalho de tempo integral, quando conveniente, cumprida em um único estabelecimento escolar; destinar entre 20% e 25% da carga horária dos professores para preparação de aulas, avaliações e reuniões pedagógicas [...]”.(BRASIL, 1997, p.100).

4.3 A FORMAÇÃO CONTINUADA DAS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO