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CAPÍTULO II CONCEÇÃO DA APLICAÇÃO MÓVEL weCope

Categoria 2 Experiência dos participantes em intervenções de base tecnológica

Nesta segunda categoria tentamos entender qual a experiência clínica dos participantes com intervenções baseadas em tecnologia nos seus serviços de saúde mental. Todas as tecnologias foram incluídas, nomeadamente intervenções baseadas no computador ou web, telemóveis, aplicações, email, entre outros. Assim, em primeiro lugar, foi possível observar que o uso da tecnologia para complementar as intervenções cara-a-cara é recorrente no contexto do profissional do estudo. Esses recursos são utilizados não apenas em sessões de grupo, mas também para apoio individual.

Quanto ao uso dessas abordagens em grupo, os profissionais estudados referiram o uso de sessões de estimulação cognitiva duas vezes por semana, realizadas por computadores – “nós temos um espaço ahm uma sala com 4 computadores que têm uma

utilização muito específica, portanto é um espaço onde nós fazemos as sessões de estimulação cognitiva, funciona 2 vezes por semana, ahm com uma sessão de duas horas”

(PC). Outro participante referiu que o uso de uma plataforma web para realizar sessões de estimulação cognitiva está a ser utilizada – “temos uma atividade de estimulação

cognitiva que é feita ahm recorrendo a um programa online, portanto já existe” (PA). De

facto, as intervenções baseadas em computador, especificamente para estimulação cognitiva, são amplamente utilizadas numa variedade de contextos e condições (Eryomina et al., 2015; García-Casal et al., 2016; González-Palau et al., 2014; Jones et al., 2015; Mookherji, Mehl, Kaonga, & Mechael, 2015). Houve também o relato de um caso de uma instituição externa que entrou em contato com uma das associações representadas para solicitar esse tipo de serviços – “portanto ahm e que até em certa

altura nós recebemos um grupo para estimulação cognitiva de pessoas institucionalizadas há muitos anos no C.F. e que praticamente não trabalhavam no

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computador e nós fizemos com eles todo o trabalho de utilização do rato de aumentar a rapidez e o ‘clic’ e portanto todo este processo de aproximação ao computador também foi feito” (PC). Isto pode sugerir um mercado com interesse neste campo. Em relação ao feedback obtido pela amostra, os pacientes aderiram muito facilmente à intervenção

mencionada, particularmente aqueles que possuem grandes habilidades de informática – “Quem tem facilidade em utilizar o computador adere muito mais facilmente, aderiu bem,

pelo menos eu tive essa experiência, eu não acompanhei todo o processo mas da experiência que tive aderiram muito facilmente” (PE). Além disso, os participantes

comentaram que os indivíduos que não têm competências de informática experimentam altos níveis de satisfação quando podem finalmente usar eficientemente interfaces de computador – “a nossa experiência com as pessoas menos familiarizadas com o

computador é ahm quando entram naquele mundo do computador é de muita satisfação, nos computadores, nos smartphones e em todas as aplicações em geral” (PC). A literatura

mostra que o uso da tecnologia é uma ferramenta útil para combater o estigma e o autoestigma (Ennis, Rose, Denis, Pandit, & Wykes, 2012), o que pode desencadear um sentimento de satisfação.

Quanto à intervenção individual, os participantes relataram que o uso de computadores, telemóveis e apps é recorrente – “E depois em termos de intervenção

individual também surgem várias situações onde acabamos por utilizar mais os computadores, apesar de já ter tido situações em que utilizei aplicações, ahm utilizei ahm ou intervi através do telemóvel indiretamente” (PE). Além disso, os participantes

especificaram que o uso de email para delinear tarefas terapêuticas a realizar fora do contexto de reabilitação é comum. Foi dito também que esta abordagem funciona muito bem em indivíduos com comportamento antissocial muito marcado, sendo uma maneira eficaz de transitar os pacientes para intervenções psicossociais – (PE) - “, temos várias

intervenções por email onde definimos tarefas terapêuticas que são enviadas por esse meio” (…) “e isso é um método que funciona muito bem em casos que, por exemplo, às vezes se tornam extremamente em isolamento social, que têm alguma resistência em aderir às nossas atividades, e numa fase inicial, lembro-me de quando estagiei foi uma intervenção que resultou muito bem ahm e ajudou esta pessoa a fazer a transição para a associação”. Em adição, os profissionais em estudo relataram que em alguns casos

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terapêuticas em contexto de suporte individual. Além disso, os pacientes foram incentivados a utilizar as aplicações em casa. Para escolher as aplicações apropriadas, os profissionais estudados analisam quais são as competências treinadas nestas aplicações móveis, através de análise da atividade. Normalmente, o objetivo dessas aplicações é a estimulação cognitiva – “no meu caso específico já tive um caso em que por exemplo,

através de exercícios cognitivos, através de aplicações que já existe uma parte interessante no mercado, ahm que pediu esse tipo de exercícios e ahm na altura fazíamos ahm algum trabalho através do telemóvel que utilizávamos nas sessões em contexto de apoio individual mas que depois ia utilizar pronto em contexto em casa ou no local onde necessitava” (PE). A literatura é bastante clara sobre a importância de evidência científica

quando os profissionais optam por realizar uma intervenção mHealth (Mohr, Burns, Schueller, Clarke, & Klinkman, 2013).

Além destas abordagens, foi também referida a utilização de SMS para relembrar consultas médicas. Os participantes mencionaram que os pacientes aceitam este método de uma forma muito satisfatória – (PD) – “da experiência que nós temos no hospital, ahm,

a utilização de mensagens ehm para lembrar das consultas e para atribuir aqui o injetável foi algo que foi recebido pelos doentes com muita, com muita, aceitação”. Deve-

se salientar que os pacientes mostraram muita confiança nesses lembretes – “os doentes

disseram ‘ah, porque eu não recebi a mensagem’ e as pessoas acabam por confiar naquilo e aquilo é um auxiliar de memória e, portanto, quer para os nossos doentes como prós os doentes de outras especialidades” (PD). De acordo com a literatura, os lembretes

via SMS são um método eficaz para melhorar a participação nas consultas dos serviços de saúde e a adesão à medicação (Boksmati, Butler-Henderson, Anderson, & Sahama, 2016).

Categoria 3 - Adesão à aplicação móvel para a autogestão da doença em