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METODOLOGIA e ANÁLISE DOS DADOS

VARIÁVEIS DE SUPORTE | 4º ANO | CIÊNCIAS

5.5 Terceira fase: pesquisa experimental Grupo Focal

5.5.3 O experimento com o Grupo Focal

O encontro do Grupo Focal foi realizado no dia 02 de dezembro de 2009, exatamente entre as 19h25’ e 21h22’, nas dependências da Escola Municipal da Iputinga37

e contou com a colaboração da Professora Maria Aparecida da Costa, Doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco; da mestranda em Educação, Patrícia Batista Bezerra, que participou do processo como relatora, assessorando na anotação das reflexões; e da cinegrafista amadora Janice Luna da Silva, responsável pelo manuseio dos equipamentos de áudio e vídeo para registro e transcrição do encontro (a transcrição do encontro está digitada na íntegra e pode ser vista no Apêndice E). Todos os cuidados foram tomados para que a eficácia do experimento fosse garantida e, dessa maneira, extraíssemos as informações com a maior qualidade possível para observação e posterior análise.

A escolha e recrutamento dos participantes foram feitos em função do objeto de estudo de nossa pesquisa, que envolve o campo do Design e o da Educação. Como pretendíamos verificar, por meio deste experimento, o nível de proximidade dos profissionais envolvidos na produção e utilização de artefatos educacionais com a Linguagem Gráfica Esquemática, bem como discutir sobre a importância dos esquemas gráficos na configuração de informações didáticas em tais artefatos, optamos por convidar 2 (dois) professores-autores — 1(um) da área de Ciências e 1 (um) da área de Matemática —; 2(dois) professores-consumidores (também de Ciências ou Matemática); e 2 Designers de livros didáticos, todos eles no âmbito do Ensino Fundamental. Dessa forma, o grupo seria formado por 6 (seis) participantes que possuíssem como característica comum o

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A Escola Municipal da Iputinda é localizada na Rua Coronel Fernando Furtado, nº 479, bairro da Iputinga, na cidade do Recife, em Pernambuco.

envolvimento profissional com o livro didático para criança. As demais variáveis como idade, estado civil, religião, classe social, experiência profissional, foram consideradas, neste momento, como fatores que favoreceriam o grupo, pela oportunidade de manifestação das diferenças.

Para uma melhor sistemática e condução do encontro, foi elaborado um Roteiro de Debates38

, defino por Neto et al (2002: 10) como “um parâmetro utilizado pelo Mediador para conduzir o Grupo Focal” (Este autor nomeia o que outros autores chamam de Moderador de ‘Mediador’). A elaboração deste roteiro envolve a pontuação dos tópicos que serão discutidos no grupo, com a intenção de nenhum tema deixe de ser

mencionado, servido, desse modo, como “meio de orientação e auxiliara da memória” (NETO et al, 2002:11).

As etapas do Roteiro de Debate, utilizadas pelo Moderador — no caso, o próprio pesquisador — para a condução das atividades do Grupo Focal, incluindo o tempo previsto para cada momento, estão descritas na tabela 8.

ETAPA TEMPO PREVISTO ATIVIDADE

01 5’

 Objetivos do estudo e do grupo focal

 Apresentação da equipe de pesquisa

 Consulta sobre o registro de áudio e vídeo  Convite aos participantes para que se apresentem

02 10’  Mapeamento do conceito de Linguagem gráfica Esquemática

03 1’  Considerações sobre a tarefa de construção de infográficos

04 20’  Execução da tarefa pelos participantes: construir um esquema gráfico

a partir de um texto didático.

05 15’

Análise dos resultados:  Dificuldades encontradas

 Identificação das diferenças entre os esquemas  Recursos facilitadores no texto

 Materiais utilizados para confecção dos esquemas

06 20’ Análise comparativa de esquemas gráficos encontrados na pesquisa analítica

07 20’

 Vocês acreditam que essas diferenças influenciam ou estimulam no aprendizado? Por quê?

 A partir da experiência de cada profissional aqui presente, seja na produção do texto didático, na diagramação e na utilização em sala de aula, vocês concordam com a ideia de que os esquemas gráficos facilitam à aquisição da informação nos livros didáticos pelos alunos?

8 6’ 1 minuto para cada participante manifestar suas impressões sobre o

estudo.

Tempo total estimado: 97 minutos (1h37’) | Tempo total realizado: 117 minutos (1h57’) Tabela 8 |

Tabela 8 |Tabela 8 |

Tabela 8 | Roteiro de Debate com as etapas do Grupo Focal.

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Nomenclatura utilizada por Neto, Moreira & Sucena (2002:10) como “parâmetro utilizado pelo Mediador para conduzir o Grupo Focal”.

Inicialmente, foram feitas considerações acerca dos objetivos do estudo e do Grupo Focal, a apresentação da equipe de pesquisa, consulta sobre o registro em áudio e vídeo aos participantes e um convite para que estes fizessem uma breve apresentação individual. Esse início foi de extrema importância para o andamento da discussão, pois com a fala inicial do Moderador, situando todos os envolvidos, possibilitou a coesão do grupo e o envolvimento daqueles que não estavam tão inseridos na discussão que iniciaria.

Após o primeiro momento, o moderador iniciou o debate entrando na Etapa 2 (dois) com o objetivo de fazer um mapeamento, entre os participantes, do conceito de Linguagem Gráfica Esquemática, lançando a questão: “Para você, o que seria Linguagem

Gráfica Esquemática? ” Para tal, foi criado um clima de descontração para que não houvesse constrangimentos e os convidados não se sentissem pressionados, motivando-os a responderem de forma mais espontânea possível.

Para dinamizar a discussão em torno do nosso objeto de estudo − e visando, especificamente, identificar a relação de proximidade e entendimento dos participantes com a LGE−, foram elaboradas tarefas a partir das informações obtidas na pesquisa exploratória e analítica, fases anteriores da metodologia geral. Acreditamos que tais dinâmicas possibilitaram a aquisição dos dados almejados, que podem ser alcançados por meio da análise do discurso e com o auxílio de observações feitas diante da produção dos esquemas gráficos realizada pelos profissionais durante o Grupo Focal.

A primeira delas corresponde à Etapa 4 (quatro) do Roteiro de Debate e consiste na construção de dois Esquemas Gráfico para Informar, que foi elaborado a partir de dois parágrafo de texto verbal, que envolveu apenas palavras e números. Cada parágrafo correspondia a um determinado conteúdo das disciplinas de Matemática e Ciências e foram extraídos de livros didáticos do Ensino Fundamental. A Tarefa 1 pretendeu obter um esquema quantitativo e a Tarefa 2 um infográfico explicativo39

.

Para a confecção dos esquemas, foram disponibilizados, para cada participante, os seguintes materiais: Papel Sulfite 90g/m² (Quantos fossem necessários. O participante também poderia fazer no espaço em branco do próprio papel onde estavam impressos os textos), jogo de hidrocor com 12 cores e régua milimetrada (30 cm). O tempo estimado para a realização das Tarefas 1 e 2 foi de 20 minutos e os pontos analisados foram os

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seguintes: a) Dificuldades encontradas; b) Identificação das diferenças entre os dois esquemas; c) Recursos facilitadores identificados no texto; d) Materiais utilizados na confecção.

A segunda dinâmica foi posicionada na Etapa 6 (seis) do Roteiro de Debate e é composta por seis infográficos extraídos dos livros de Matemática e Ciências do 4º ano do Ensino fundamental, que fizeram parte da Pesquisa Analítica (2ª fase da metodologia geral). Foram selecionados infográficos que apresentavam configurações visuais diferentes, mas que se assemelhavam quanto à tipologia. Cada participante recebeu um jogo40

, contendo três páginas, com dois esquemas por página, numerados da seguinte forma: 1 e 2, infográficos quantitativos do tipo gráfico de pizza; 3 e 4, infográficos quantitativos do tipo gráfico de barra; 5 e 6, infográficos do tipo explicativo (ou de procedimento). Em seguida, foi solicitado aos participantes que fizessem uma análise comparativa, marcassem o quadrado com o número correspondente ao esquema que considerassem mais eficaz e justificassem a resposta. No fechamento da atividade, durante a discussão das escolhas, foram pontuadas observações relativas aos seguintes aspectos: ilustração como recurso de atratividade para o conteúdo; sistema de cores como leitura de informações; organização espacial nos esquemas explicativos (divisão por linhas, boxes, etc.).

A Etapa 7 (sete) iniciou com um debate sobre as respostas da atividade anterior, procurando coletar opiniões sobre a importância da Linguagem Gráfica Esquemática para otimizar o processo de aquisição do conhecimento no livros didático. Isso foi feito através de perguntas provocativas que objetivam fazer com que os participantes refletissem sobre diferenças encontradas na comparação dos esquemas e como estes podem se tornar ferramentas facilitadoras tanto na produção do texto didático e sua configuração gráfica no livro didático quanto na utilização deste em sala de aula. Por fim, o pesquisador fez uma abertura para que os participantes expusessem suas impressões finais, de modo breve, sobre o experimento e a maneira como foi estruturado.

O grupo focal, instrumento de coleta de dados de uma pesquisa qualitativa, foi diligente por permitir a fala espontânea dos sujeitos envolvidos e a troca de experiências e informações entre os profissionais das diferentes áreas do conhecimento, cumprindo, de acordo com Dias (2002), seu principal objetivo por meio da interação. O grupo

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apresentou entusiasmo na resolução das atividades e nas discussões propostas pelo moderador, que de acordo com o relator, assumiu um papel participativo de escuta e troca com todos os participantes envolvidos, favorecendo a discussão e construção de um conhecimento coletivo.