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EXTENSÃO E GRAU DE CONTAMINAÇÃO NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Parte da costa e das ilhas do Complexo Estuarino de Paranaguá encontra-se protegida por

No documento Laudo Técnico Vicuña (páginas 65-70)

3. IMPACTOS CAUSADOS

3.2 DIMENSIONAMENTO DOS IMPACTOS

3.2.7 EXTENSÃO E GRAU DE CONTAMINAÇÃO NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Parte da costa e das ilhas do Complexo Estuarino de Paranaguá encontra-se protegida por

legislação específica, na forma de unidades de conservação federais e estaduais, devido a suas importantes características ambientais e sua relevância no contexto sócio-ambiental e para a conservação da natureza no litoral paranaense. A localização e as principais características dessas unidades de conservação encontram-se descritas em item específico da seção 3.1 Caracterização das Áreas Atingidas. As seis unidades de conservação que abrigam áreas atingidas diretamente pelo óleo são:

Unidades de Conservação Federais: Estação Ecológica de Guaraqueçaba, Parque Nacional do Superagüi e Área de Proteção Ambiental Federal de Guaraqueçaba.

Unidades de Conservação Estaduais: Estação Ecológica da Ilha do Mel, Parque Estadual da Ilha do Mel e Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaraqueçaba (esta e a APA Federal de Guaraqueçaba estão parcialmente sobrepostas).

Além destas, foi atingida também a área da Reserva Indígena Guarani localizada nas Ilhas da Cotinga e Rasa da Cotinga.

As unidades de conservação são espaços territoriais especialmente criados e protegidos pelo Poder Público. Sua criação está prevista inclusive na Constituição Federal (Artigo 225). Desde a promulgação da Lei Federal no 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, essas áreas são criadas e administradas com base em legislação específica. Além disso, a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal no 9.605/1999) estabelece como agravante de um dano ambiental o fato dele ter sido causado dentro de uma unidade de conservação. Este mesmo instrumento legal possui ainda um artigo específico para danos causados direta ou indiretamente a essas áreas protegidas (Artigo 40).

Tendo em vista o exposto acima, descreveremos a seguir os danos ambientais causados especificamente nessas áreas que se encontram sob proteção especial da legislação.

Os impactos de curto prazo (observados nos primeiros dias e meses após o acidente) sobre o meio biótico das unidades de conservação podem ser descritos, de forma resumida, considerando- se: a extensão de costa atingida, para cada um dos ambientes encontrados, e o grau de contaminação, considerado de maneira relativa para cada local, em comparação com os demais locais afetados.

De maneira geral, podemos dividir os ambientes da zona entre-marés (faixa da costa naturalmente mais sujeita à contaminação por óleo presente na água do mar) no complexo estuarino da baía de Paranaguá em: praias arenosas, baixios não-vegetados, manguezais, marismas e costões rochosos. Além desses ambientes naturais, devem ser consideradas também as estruturas artificiais, tais como: atracadouros, rampas de barco, cais do porto, enrocamentos, criatórios de ostras, entre outros. Os ambientes estão sujeitos a diferentes condições físico-químicas e de energia, de acordo com o setor da baía em que se localizam. Como regra geral, considera-se que em áreas mais abrigadas e de baixa energia os impactos por óleo tendem a ser mais persistentes e o tempo de recuperação dos ambientes tende a ser maior.

De acordo com LANA et al. (2001), o complexo estuarino da baía de Paranaguá é composto de dois corpos d’água principais: as baías de Paranaguá e Antonina, e as baías de Laranjeiras e Pinheiros. As UC existentes na região protegem, além da Ilha do Mel, principalmente ilhas e margens das baías de Laranjeiras e Guaraqueçaba (a APA Federal de Guaraqueçaba engloba também a margem norte das baías de Paranaguá e Antonina), onde a densidade demográfica é menor e o estado de conservação dos ambientes é mais elevado, em comparação com as áreas próximas à cidade de Paranaguá e ao complexo portuário Paranaguá - Antonina.

A seguir, descrevemos o impacto do derrame de óleo sobre cada uma das UC federais e estaduais, considerando danos imediatos (ou de curto prazo) sobre os ecossistemas. A real

magnitude dos impactos só poderá ser dimensionada a partir de um monitoramento realizado a médio e longo prazo.

3.2.7.1 IMPACTOS SOBRE AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS APA de Guaraqueçaba

Apesar da APA englobar o Parque Nacional do Superagüi e a Estação Ecológica de Guaraqueçaba, nesse item serão descritos somente os impactos sobre a APA, já que a ESEC e o PARNA, por serem UC de Proteção Integral, sujeitas a normas mais rígidas de proteção, serão tratadas em itens específicos.

Na área da APA foram afetados os seguintes locais:

- Área 23 A, B e C - Piaçagüera/Amparo: margem norte da baía de Paranaguá, a jusante do local do acidente e em frente e a jusante do cais principal do Porto de Paranaguá, nas localidades de Amparo e Piaçagüera. O grau de contaminação nesses locais variou entre médio e máximo, sendo que os ambientes mais afetados foram as marismas na região de Piaçagüera, tendo sido observado mortalidade significativa da porção aérea da gramínea Spartina alterniflora, principal componente

desses ambientes na região. Segundo o relatório do CEM/UFPR (2005), foi observada nessa área mortalidade da alga Ulvaria spp., encontrada associada a manguezais e marismas. Houve

contaminação pontual de costões rochosos e de um pequeno manguezal (grau médio) na localidade de Amparo, e contaminação, por placas de piche, de toda a extensão de praias. No total, aproximadamente cinco quilômetros de costa foram afetados nesse local.

- Área 23 D - fundo do Saco do Tambarutaca: região composta por baixios de maré colonizados, em sua maioria, por marismas e manguezais. Essa faixa, de aproximadamente quatro quilômetros, sofreu um grau mínimo de impacto, tendo sido observado contaminação (moderada) de marismas apenas na porção sul. Cerca de dois meses após o acidente foi encontrada uma área contaminada na extremidade norte dessa enseada, provavelmente atingida por óleo proveniente de áreas próximas altamente contaminadas (descritas a seguir).

- Área 22 - enseada imediatamente adjacente à Pedra da Cruz: banco arenoso de aproximadamente 250 metros de extensão ocupado por uma faixa de manguezal (formado pelas três espécies típicas dos manguezais locais:  Avicennia schaueriana,  Laguncularia racemosa e  Rhizophora mangle, com predominância das duas últimas) de aproximadamente 10 metros de

largura, com presença de faixas de marisma e de um costão rochoso adjacente. Esse manguezal foi, possivelmente, o de mais alto grau de contaminação em todo o complexo estuarino. Tanto o sedimento quanto as raízes, caules e ramos inferiores das árvores ficaram totalmente cobertos por óleo. Essa foi também a única área de manguezal onde trabalhos de limpeza no interior do bosque foram autorizados, devido à presença de grandes quantidades de óleo líquido sobre o sedimento e entre as árvores. Existia a possibilidade desse óleo ser remobilizado e vir a contaminar outras áreas adjacentes. Uma limpeza inicial foi realizada, para a retirada do óleo acumulado, e a área foi posteriormente abandonada para que se processassem os processos de limpeza natural do ambiente. Quase três meses após o acidente, ainda não foi observada mortalidade de árvores adultas de mangue nesse local. O único sinal de estresse observado nas árvores até o momento (informação corroborada pelo relatório do CEM/UFPR) é a presença de propágulos de  Rhizophora mangle

crestados, apresentando uma coloração marrom (em oposição ao verde do propágulo saudável). Ocorreu, no entanto, mortalidade expressiva de plântulas das três espécies. Foi observada ainda mortalidade massiva da vegetação de marisma (Spartina alterniflora), sem sinal aparente de

recuperação até o momento, além de grande mortalidade (de acordo com relatório do CEM/UFPR) das cracas  Balanus improvisus e Chthamalus rhizophorae, e da ostra Crassostrea rhizophorae,

encontrada sobre as raízes de mangue e no costão rochoso. O alto grau de contaminação dessa área transformou-a em um foco de poluição de áreas adjacentes, especialmente na forma de placas de piche que se desprendem e chegam às praias.

- Área 21 C - enseada da Prainha (Ponta do Ubá): o ambiente no local constitui-se de uma praia arenosa, bordejada por uma franja de manguezal ao sul e por costões rochosos ao norte.

Houve contaminação (grau médio) de toda a extensão da praia por pelotas de piche, que continuam a ser observadas no local, mais de três meses após o acidente. Houve contaminação (grau mínimo) do manguezal e de algumas porções do costão rochoso, além dos dois atracadouros, em especial daquele localizado no meio da praia, no qual foram observadas placas e manchas de óleo ao longo de todo o piso e dos corrimãos. Foi observado, ainda, um acúmulo grande de óleo em uma pequena faixa coberta por gramíneas, localizada entre a praia e o manguezal. A extensão total dessa enseada é de aproximadamente dois quilômetros, sendo a metade sul ocupada pelo manguezal e a outra metade pela praia. Entre a ponta do Ubá e a foz do rio Medeiros existe uma faixa de aproximadamente três quilômetros, ocupada principalmente por uma franja de manguezal. Esse manguezal sofreu contaminação esparsa por óleo, variando entre mínima e média. Em alguns pontos deste trecho, a contaminação nas raízes de mangue se estendeu por cerca de 50 m, desde a franja mais externa até as partes mais internas do mangue, em uma variação de cerca de um metro de altura, caracterizando uma contaminação média.

- Área 21 B - rio Medeiros: nos primeiros dias após o acidente foram avistadas manchas de óleo na água deslocando-se em direção ao rio Medeiros. A contaminação neste trecho foi tida como mínima, com pequenas placas de óleo sendo detectadas na praia da comunidade de Medeiros de Baixo, e também em pequenos trechos nos manguezais da margem norte do rio e também nas ditas ‘lanternas’, bóias artificiais que sustentam as estruturas de criação de moluscos, em frente à comunidade. Foi observada uma pequena faixa de marisma (aproximadamente 20 X 2 metros) contaminada por óleo na planície de maré localizada imediatamente ao norte da foz do rio. Uma outra área contaminada em nível mínimo foi detectada ao norte da foz do rio Medeiros, na comunidade de Massarapuã. Posteriormente, no mês de janeiro, durante os trabalhos de remoção dos restos do navio, houve novos vazamentos, que acabaram por contaminar (contaminação mínima) uma área de marismas, na localidade denominada Almeida, na Ilha Rasa, nas proximidades da Ilha do Rabelo, que é parte da ESEC de Guaraqueçaba. Em 16 de fevereiro, em visita a Almeida, foi detectada mortandade de ostras retiradas pelas comunidades dos cultivos próximos à contaminação, da ordem de 60 – 70%.

- Área 09 - Ilha das Cobras: nessa ilha houve contaminação intensa da costa oeste (Área 09A), numa faixa de costão rochoso localizada entre o píer e o farolete (ponta sul), numa extensão de, aproximadamente, 500 metros. Ao longo dessa faixa, altamente contaminada, houve mortalidade de organismos que vivem incrustados nas rochas, em especial de ostras. Algumas semanas após o acidente, foi encontrada uma grande quantidade de óleo líquido enterrado em uma pequena praia de areia grossa, localizada entre as rochas, próximo da extremidade sul dessa porção de costão. No restante dos costões que circundam a ilha, a contaminação variou entre grau mínimo e médio, com ocorrência de óleo mais esparsa. Na praia arenosa, localizada em frente às instalações do Governo do Estado, houve contaminação mínima por pelotas de piche, que também foram observadas, em pequena quantidade, em algumas rochas localizadas em ambas as extremidades da praia.

ESEC de Guaraqueçaba

- Área 21 C - Ilha da Banana: nessa ilha houve contaminação leve dos costões e da praia (< de 15% de cobertura) por placas de piche de até 20 centímetros de diâmetro, aproximadamente. Não foram observados sinais de estresse ou mortalidade por parte da flora e da fauna.

PARNA do Superagüi

- Área 19 - Praia Deserta: houve contaminação (grau mínimo) da porção sul da praia Deserta, numa extensão de cerca de 14 km, por placas de piche. Essa praia é um importante sítio de ocorrência de aves migratórias, especialmente no período que se seguiu ao acidente. Foram observadas placas de piche também na praia em frente à vila Barra do Superagüi. No canal do Superagüi foram contaminados alguns cercos de pesca, localizados próximo à vila. Essas estruturas, altamente contaminadas, tornaram-se focos de poluição, liberando filmes de óleo durante vários dias seguidos.

- Área 15 B - Praia da ilha das Peças: houve contaminação por placas de piche de diversos tamanhos (incluindo grandes placas, com mais de 30 centímetros de diâmetro) ao longo de toda a extensão de praia, desde a vila das Peças até a entrada do canal do Superagüi, num total de aproximadamente 12 km. A contaminação foi maior na porção inicial, mais próxima à vila, e numa faixa da praia onde ocorrem formações denominadas piçarras, inclusive com deposição de óleo sobre estas formações. Foi observada, em diversos pontos ao longo da praia, a ocorrência de placas de óleo enterradas na areia; fenômeno observado em diversos outros pontos da baía, e atribuível à dinâmica natural das praias da região, que passam por um período de acreção que coincide com o verão. Durante o outono e o inverno, essas praias sofrem processos de erosão, que poderão vir a desenterrar as placas de óleo, gerando uma nova fase de contaminação do ambiente. Os trabalhos de remoção do óleo foram iniciados alguns dias após o acidente, e persistiram, quase que ininterruptamente, até meados do mês de fevereiro. Essa porção de praia caracteriza-se como um ponto de coleta natural de detritos, e vem sendo constantemente re-contaminada, ainda que em quantidades menores e em uma faixa menos extensa do que o observado nas primeiras semanas. Além de constatada e avaliada pelas equipes que realizavam o monitoramento da área, a contaminação dessas praias da ilha das Peças foi também relatada em parecer técnico, datado de 26/11/2004, do Laboratório de Estudos Costeiros, do Departamento de Geologia da UFPR (Anexo 088).

- Área 15 A - Rio das Peças: houve contaminação, em grau mínimo, do manguezal que ocupa as margens do Rio das Peças. Foi observada também presença de óleo (contaminação variando de mínima a média) em algumas faixas de marisma e manguezal existentes em ambos os lados da foz do rio, sem, no entanto, sinais de mortalidade massiva da vegetação. Em sucessivos monitoramentos realizados na região, constatou-se que o limite norte de ocorrência de óleo ao longo dessa costa da ilha das Peças (correspondente ao limite norte de ocorrência de óleo na margem leste da baía de Laranjeiras) ficou delimitado, aproximadamente, pelo ponto de coordenadas UTM 22J 0767503mE, 7183580mN, totalizando cerca de 3 km de extensão, em sentido NW, a partir da foz do rio.

Tabela 2. Resumo das áreas atingidas em cada uma das UC federais.

Legenda (Ambientes) – Mg: Manguezais; Ms: Marismas;Co: Costões Rochosos;Pr : praia; Art : estruturas artificiais

Área Nome unidade de

conservação Ambientes de contaminaçãoGrau Extensão(km) 23A,

B e C

Amparo e

Piaçagüera GuaraqueçabaAPA de Mg; Ms;Co; Pr. Méd. – Máx. 5,00 23D Saco do

Tambarutaca GuaraqueçabaAPA de Mg; Ms. Mín. – Méd. 4,00 22 Pedra

da Cruz GuaraqueçabaAPA de Mg; Ms;Co. Máx. 0,25 21C Prainha/ 

Ponta do Ubá GuaraqueçabaAPA de Mg; Co;Pr; Art. Mín. – Méd. 5,00 21B Rio Medeiros/ 

Almeida GuaraqueçabaAPA de Ms; Art.Mg; Pr; Mín. 5,00 09 Ilha das Cobras APA de

Guaraqueçaba Co; Pr;Art. Mín. – Máx. 3,00 21C Ilha da Banana ESEC de

Guaraqueçaba Co; Pr. Mín. 0,80 19 Praia Deserta/ 

Superagüi do SuperagüiPARNA Pr; Art. Mín. 14,00 15B Praia Ilha

das Peças do SuperagüiPARNA Pr. Méd. 12,00 15A Rio das Peças PARNA

3.2.7.2 IMPACTOS SOBRE AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS As informações citadas abaixo estão detalhadas no Anexo 089.

Estação Ecológica e Parque Estadual da Ilha do Mel

Dentre as ilhas atingidas inclui-se a Ilha do Mel, constituída por duas unidades de conservação estaduais (Parque Estadual da Ilha do Mel e Estação Ecológica da Ilha do Mel). A contaminação atingiu principalmente a ponta Oeste da ilha, onde o óleo concentrou-se em ambiente de marisma e mangue, espalhando-se, a partir daí, por outras partes da ilha com a lavagem da maré.

O extremo ponto oeste da Ilha do Mel recebeu a maior carga de óleo e manchas de óleo de menor intensidade foram avançando no sentido da Praia do Rio do Cedro, Nova Brasília e Fortaleza. Esta porção da Ilha está totalmente inserida na Estação Ecológica. Em uma primeira vistoria realizada no dia 24 de novembro foram avaliados estes pontos obtendo-se suas coordenadas de localização através de aparelhos de GPS.

Manguezais e marismas

- Área 11A - Praia Radio Farol (Coordenadas 0768436 – 7177664): Pequena gamboa com mangue pouco desenvolvido, com Rhizophora mangle na franja, e Laguncularia racemosa de até 3

a 4 m de altura. Ocorreu a entrada de óleo pela gamboa atingindo o sistema radicular de algumas árvores. O óleo adentrou no mangue alguns metros, mas os danos são parciais. Há ainda plântulas desprovidas de óleo.

- Área 11B – 1) Ponta Oeste (Coordenadas 0767828 – 7177674): Plântulas de  Avicennia schaueriana cobertas de óleo. 2) Ponta Oeste (Coordenadas 0763118 – 7176721): Local indicado

para estabelecimento de parcelas de monitoramento. Mangue situado na franja da praia com marisma intensamente afetada pelo óleo. Toda a porção aérea da Spartina encontra-se coberta, com

raras brotações não atingidas ou recentes. Os bancos de plântulas encontram-se seriamente comprometidos, destacando-se mudas de Rhizophora mangle e Laguncularia racemosa (altura até 1

m). A porção frontal do mangue situado junto e por trás da marisma encontra-se intensamente coberta por óleo, mangue este, composto dominantemente por  L. racemosa, associado com  R. mangle, e que se estende até o canal do rio Fundo (margens – coordenadas 0764623 – 7177601) e

praia adiante. Todas as porções frontais desse mangue encontram-se com o sistema radicular coberto de óleo, sempre aqueles indivíduos arbóreos situados mais defronte à praia. Quando efetuou-se um pequeno corte no solo verificou-se a presença de uma camada de óleo sob a areia, em diferentes profundidades. No entorno das plantas de marisma, o óleo encontra-se 1 cm abaixo da camada de areia mais superficial. Em pontos da praia um pouco mais acima, encontra-se uma camada de óleo a uma profundidade de 2 ou 3 cm, e inclusive duas camadas de óleo a 5 e 10 cm. Neste local foi efetuado o teste dos Pompons, que se encontravam repletos de óleo. Neste local também foi aplicada a turfa, absorvente de origem orgânica, mas não foi possível identificar seus resultados pela dificuldade de localização. Avaliou-se o grau de danos às Spartina alterniflora

cortando-se seus talos, e verificou-se que seu caule ainda encontrava-se vivo, apresentando coloração verde normal. Considerando-se o potencial de disseminação da contaminação do óleo no entorno, o grau intenso de danos às referidas plantas, a facilidade de acesso e, ainda, a pouca extensão dessas formações, optou-se pela poda seletiva da porção aérea dessas plantas, removendo as folhas que se encontravam totalmente cobertas pelo óleo.

- Área 14 - Lagoa da Praia de Fora, próxima ao Farol em Brasília (Coordenadas UTM 22J 0771047 – 7172459): Na entrada do canal da Lagoa, junto à praia, há gramíneas e intensa regeneração de  Laguncularia racemosa, com até 20 cm de altura. Neste local identificou-se a

presença de pequenas placas de óleo mais denso. Percorrendo-se o entorno da lagoa não foram encontradas novas áreas afetadas.

Praias e Costões

As praias e os costões atingidos na Ilha do Mel estão localizados tanto na Estação Ecológica como no Parque Estadual. As praias, em alguns casos, não tiveram o derrame de óleo direto, sendo afetadas apenas com pelotas de óleo, trazidas pela maré, provenientes de pontos mais atingidos, como a Ponta Oeste. Os costões, por sua vez, foram atingidos por pequenas manchas de óleo.

No documento Laudo Técnico Vicuña (páginas 65-70)