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OPERÁRIOS NO CONTEXTO DE SURGIMENTO DAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS EM SOROCABA.

1.5 A FÁBRICA TÊXTIL SANTA ROSÁLIA.

Durante o período de tempo abarcado por nossa pesquisa, junto à Fábrica Votorantim, a fábrica Santa Rosália também assumirá grandes proporções no setor têxtil sorocabano, tanto no tocante ao seu número de operários quanto à sua produção. Como indicamos anteriormente a Santa Rosália passou a operar no ano de 1896, e seguindo as indicações de Antônio Francisco Bandeira Júnior em 1901 a fábrica contava com cerca de 350 trabalhadores.

A Santa Rosália e a Votorantim são as duas únicas fábricas têxteis de Sorocaba nesse período que encontravam-se afastadas do perímetro central da cidade, ambas estavam localizadas próximas a linhas férreas e contavam com habitações para os operários, além de escolas, postos de atendimento médico, capelas e armazéns visando atender os trabalhadores das respectivas fábricas. No caso particular da Santa Rosália, a fábrica foi instalada em uma região denominada na época de ‘além ponte’, justamente por estar situada para além da ponte sobre o Rio Sorocaba próxima da região central do município, essa região do além ponte também se aproximava da estrada para São Paulo (atual avenida São Paulo) e estava bastante próxima da linha férrea da Sorocabana.

As origens da fábrica têxtil Santa Rosália estão profundamente relacionadas com todo o contexto do desenvolvimento econômico e urbano paulista situado na segunda metade do

século XIX, sobretudo considerando-se que os dois fundadores da indústria, George Otterer146 e Francisco José Speers (Frank Speers147), trabalharam anteriormente no setor ferroviário e quando associaram-se no ano de 1890, visando a instalação da fábrica têxtil, contaram com apoio financeiro de Francisco de Paula Mayrink (1839 – 1906)148, que na época exercia o cargo de Presidente da Sorocabana, seus aportes financeiros como incorporador foram de fundamental importância para o início das atividades da Santa Rosália.

O Almanach Illustrado de Sorocaba para o ano de 1914, dentro da lógica particular das publicações desse tipo, que como discutimos anteriormente conjugava aspectos de guia de curiosidades, repositório de informações úteis, conjuntamente ao objetivo de ser uma espécie de catálogo das oportunidades de investimentos e negócios no município, foi publicado com uma seção especial denominada ‘Sorocaba Industrial’, muito maior que as seções desse tipo nas edições do almanaque de Sorocaba para os anos de 1903 e 1904, dedicada a descrever os

146 George Otterer nasceu na cidade de Gotha na Alemanha no ano de 1841, chegou ao Brasil em 1860, com formação acadêmica voltada para administração ferroviária, para trabalhar nas obras da Estrada de Ferro Santos- Jundiaí. Atuou a partir de 1874 como administrador do projeto de implantação da Estrada de Ferro Sorocabana, desligando-se da companhia ferroviária em 1890, momento em que em associação com o companheiro de trabalho Frank Speers e subsidiado pelos aportes financeiros de Francisco de P. Mayrink irá dedicar-se ao setor têxtil através da Fábrica Santa Rosália. As informações biográficas sobre George Otterer encontram-se em: MASSARI, Marco Antônio Leite. Arquitetura industrial em Sorocaba: o caso das fábricas têxteis. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração: História e fundamentos da arquitetura e do urbanismo), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011, pp. 50.

147 De origem britânica Frank Speers também veio para o Brasil para trabalhar no setor ferroviário, onde conheceu George Otterer, com quem associar-se-ia empresarialmente na gestão da Santa Rosália, mas também criaria laços familiares, pois Speers casou-se com uma das filhas de Otterer, Maria Rosália Otterer.

148 Francisco de Paula Mayrink é outra figura de vulto da elite política e econômica brasileira entre o Império e a República, com investimentos e interesses econômicos no setor têxtil sorocabano. Nascido no Rio de Janeiro em 1839, Mayrink estudou na Escola Central, na então Capital Imperial, instituição responsável pela formação tanto de engenheiros civis quanto militares. Posteriormente seguirá carreira no Banco Comercial do Rio de Janeiro, instituição para qual foi eleito diretor em 1876. Além da atividade no setor bancário, fundou também em 1876 a Companhia Brasileira de Navegação, empresa responsável pela comunicação entre o porto do Rio de Janeiro e outros portos brasileiros. Em agosto de 1880 assume a direção da Estrada de Ferro Sorocabana, onde anteriormente exerceu o cargo de vice-presidente, permanecendo à frente da companhia ferroviária até 1893. O período de sua administração da Sorocabana, é marcado por um processo de organização das finanças e expansão das operações ferroviárias, destacando-se a união entre a Companhia Sorocabana e a Companhia Ituana, originando a Companhia União Sorocabana e Ituana, naquele momento uma das maiorias ferrovias do Brasil, até sua declaração de falência em 1904. Na década de 1890 Mayrink será fundador da fábrica de Fiação e Tecidos Santa Rosália, sediada em Sorocaba, sendo desde sua fundação uma das principais fábricas têxteis do Brasil. Além da atuação em diversos setores da economia (bancário, ferroviário, industrial e imobiliário), Francisco de Paula Mayrink exerceu cargos diplomáticos no Império e foi eleito deputado federal na República por três mandatos consecutivos. As informações sobre a trajetória de Francisco de Paula Mayrink encontram-se no verbete correspondente do Dicionário da Elite Política Republicana (1889 – 1930) do CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-

aspectos quantitativos e qualitativos das indústrias sorocabanas149. Como um exemplar característico do entusiasmo dos contemporâneos com o progresso industrial, as informações presentes nesse documento são marcadas por um tom de elogio e mesmo apologia ao desenvolvimento industrial, os trabalhadores aparecem apenas como coadjuvantes nesse cenário, o que reforça nossa responsabilidade de estabelecer uma leitura crítica e cuidadosa quanto a essa fonte.

Nessa seção dedicada à indústria sorocabana em 1914, a fábrica têxtil Santa Rosália tem bastante destaque, as instalações da planta industrial, as modernas máquinas da fábrica e também bem a vila operária são apresentadas no almanaque:

Este grandioso estabelecimento, que está situado a um kilometro da cidade, foi construído de acordo com as mais recentes disposições de segurança.

O vasto edifício, de estylo sobrio e harmônico, tendo os seus constructores adoptado a symetria, dando-lhe assim a feição sumptuosa das grandes usinas americanas, comporta actualmente 30.168 fusos, 625 teares e 60 cardas, machinismos estes já insufficientes pada a fabricação regular de modo a atender á crescente exportação para os Estados da União.

Affim de suprir essa necessidade, augmentando a fabrica, a directoria da sociedade em commandita por acções, Oetterer, Speers &Companhia, pretende elevar o seu capital, que é actualmente de 3.200:000$000.

O estabelecimento industrial da Santa Rosalia, que tem em trabalho 840 operarios de ambos os sexos, produz mensalmente 100.000 metros de algodãozinho, consumindo nesse espaço de tempo 80.000 kilos de algodão, quase todo cultivado neste município.

149 Sorocaba Industrial. In: Almanach Illustrado de Sorocaba para 1914: Repositorio historico, literario, recreativo, com ilustrações. Organizado por: Braulio Werneck. (BMP / USP).

Esse algodão é descaroçado na propria fabrica, que tem uma secção especial para tal fim, instalada com as machinas mais modernas que se conhecem.

Toda a parte relativa a mecânica, que torna o moderno estabelecimento um dos mais completos de produção, é de procedencia ingleza, como tambem inglezes são todos os superiores techinicos da grande fabrica.

A villa, anexa, a esta, é organizada de 270 casas, escolas publicas, consultorio medico, armazem, casa de diversões, etc., sendo magnifica a sua iluminação electrica e perfeito o serviço de encanamento de agua.150

A descrição das instalações da Santa Rosália, presentes no almanaque, nos permite vislumbrar não apenas os aspectos produtivos da fábrica, como o número de fusos, teares e cardas ou mesmo a quantidade de tecidos produzidos mensalmente, mas também a complexidade da relação da empresa com seus trabalhadores, pois além das longas jornadas de trabalho, os operários e operárias possuíam grande parte de sua experiência social mediada pela empresa, no tocante à moradia, atendimento médico, consumo de gêneros alimentícios, acesso à escola e mesmo os parcos momentos de lazer.

Além disso, outro aspecto que merece ser destacado, é mais um subsídio para pensarmos a proximidade das indústrias têxteis sorocabanas com a Inglaterra, para além da representação discursiva da associação da cidade com Manchester, pois segundo a fonte, nesse momento a fábrica Santa Rosália contava não apenas com máquinas importadas da Inglaterra como empregava em seu corpo de trabalhadores, técnicos de origem inglesa.

O escritor Jacob Penteado, nascido em Sorocaba e filho de operários da Santa Rosália, dedicou algumas breves passagens de seu livro de memórias Belenzinho, 1910 a descrever a experiência de vida e trabalho de seus pais na fábrica sorocabana. Mesmo sendo uma obra escrita a posteriori do período no qual nos concentramos, e com a problemática de ser uma

150 Almanach Illustrado de Sorocaba para 1914: Repositorio historico, literario, recreativo, com ilustrações. Organizado por: Braulio Werneck, pp. 52-53 (BMP / USP – mantida grafia original).

elaboração memorialística, podemos tomar as palavras de Penteado como indícios dessa experiência social operária e do alcance dos tentáculos da fábrica têxtil sobre o cotidiano dos trabalhadores:

[...] Em 1900, ano do meu nascimento, a empresa era próspera, nela trabalhavam centenas de operários, inclusive meu pai, técnico da preparação, com seus conhecimentos de mecânica. Na encosta da colina, havia várias ruelas de casas rústicas, com telhas vãs, onde, à noite, o vento executava sua lúgubre sinfonia. Nada de instalações sanitárias ou iluminação. Esta era à base de velas ou lampiões a querosene. Água, só de poço ou do rio próximo. Os moradores para suas necessidades, recorriam aos urinóis ou, então, iam defecar no mato que cercava as casinholas [...]151

O relato de Penteado, centrado no ano de 1900, guarda quase uma década e meia de diferença em relação à descrição da Santa Rosália realizada pelo almanaque de 1914, o que pode explicar as diferenças em torno das instalações urbanas no bairro onde os trabalhadores e trabalhadoras fixavam residência, pois se no almanaque são destacadas a “magnifica iluminação elétrica e o perfeito serviço de encanamento de água”, a exposição do memorialista aponta para a permanência da iluminação por velas e lampiões, além da precariedade das instalações sanitárias e também das próprias habitações dos trabalhadores, mesmo em um momento em que a “empresa era próspera”.

Ainda nos concentrando nos apontamentos de Jacob Penteado sobre a Santa Rosália no início do século XX, temos uma breve amostra de como organizava-se o tempo de trabalho na fábrica cotidianamente:

151 PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910: retrato de uma época. São Paulo: Martins, 1962, pp. 28 (mantida a grafia original).

[ ...] O horário de trabalho era bem amargo. Os operários entravam às cinco horas da manhã, com as estrelas ainda bem visíveis. Tinham quarenta e cinco minutos para almoço, às onze horas. Depois, continuavam sua faina, que ia até às oito horas da noite, voltando para seus tugúrios ainda sob a luz das estrelas152.

As duras condições de trabalho na indústria têxtil tiveram um impacto fundamental na própria trajetória particular de Jacob Penteado, pois seu pai, Olivério Penteado, faleceu em 1903, segundo o autor vitimado pelas extenuantes jornadas de trabalho na Santa Rosália:

Pobre papai! Morreu moço. Organismo não muito resistente, trabalhando sem cessar, sucumbiu ao desumano regime então imperante na indústria. Faleceu em 1903, deixando-me com três anos de idade, e a minha mãe, parturiente, com uma criança que nasceu no mesmo dia em que expirava o pai, no quarto contíguo [...]153

A morte de Olivério Penteado, deixando sua esposa e dois filhos pequenos, também pode ser tomada como uma ilustração da condição da mulher operária, em um contexto no qual não existia nenhum tipo de seguridade social pública aos trabalhadores, e no qual acidentes de trabalho, muitas vezes fatais, não eram raridade. Jacob Penteado faz questão de ressaltar os anos de trabalho duro de sua mãe na Santa Rosália, após o falecimento do pai:

[...] Vieram, então, dias de grande dor e trabalho, pois mamãe, ainda não refeita do profundo golpe que sofrera nem tampouco da recente maternidade, precisou ir trabalhar na “Santa Rosália”, a fim de sustentar-se e às duas criancinhas que lhe ficaram na desolada viuvez.

152 PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910: retrato de uma época. São Paulo: Martins, 1962, pp. 28 - 29 (mantida a grafia original).

153 PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910: retrato de uma época. São Paulo: Martins, 1962. pp. 30 (mantida a grafia original).

Vejo-a ainda, quando, em plena madrugada, eu também acordava, ao apito da fábrica, cujo som ecoava, no silêncio da colina, como um doloroso chamado. Meio insone, pois passava as noites cuidando do pequeno Antoninho, levantava-se, preparava às pressas seu magro café, vestia-se, beijava-nos e seguia para seu calvário. Aos domingos, dia de folga para todos, esfalfava-se em lavar a roupa da semana, à beira do Rio Sorocaba, que corria aos pés do morro. [...]154

Como ressaltamos anteriormente, as informações presentes na obra de Jacob Penteado, devem ser contextualizadas, considerando seu caráter memorialístico e literário. Entendemos que o texto memorialístico nos possibilita um vislumbre qualitativo da experiência social de vida e trabalho em Sorocaba no alvorecer do século XX, vislumbre esse que combinado com uma gama maior de outras fontes de época, tanto de natureza quantitativa quanto qualitativa, podem nos auxiliar na complexa pesquisa historiadora, voltada à reconstituição e compreensão da experiência operária na cidade de Sorocaba.

A partir dessas considerações destacamos que o relato de Penteado, além de detalhar o duro cotidiano do trabalho fabril, com extensas jornadas de trabalho, e descrever as condições dos locais de moradia operária, pode contribuir também para a compreensão das formas de sociabilidade e as origens nacionais e geográficas da classe operária em processo de formação na cidade de Sorocaba nesse período:

[...] A vida, em Santa Rosália, não apresentava novidades. Os moradores da vila encontravam-se só aos domingos, pois, durante a semana, sábado inclusive, chegavam a casa esfalfados e cuidavam somente da cama, para se refazerem da pesada labuta diária. Eram quase todos italianos ou espanhóis, com raros caboclos da terra. Viviam em boa paz, talvez porque o sofrimento comum os irmanasse. As distrações eram parcas: pescar, jogar cartas ou bochas e, vez por outra, assistir a

154 PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910: retrato de uma época. São Paulo: Martins, 1962, pp. 30 (mantida a grafia original).

um espetáculo de circo, que eram freqüentes e organizados ali mesmo, na cidade, ou tomar parte de alguma festa de baile, que músicos não faltavam155.

Ao apresentar ao leitor as formas de sociabilidade dos trabalhadores na vila operária da fábrica Santa Rosália nos domingos, único dia de descanso, Jacob Penteado destaca que a grande maioria dos trabalhadores era de origem imigrante, eram particularmente italianos e espanhóis, com “raros caboclos da terra”, ressaltando que apesar das origens étnicas diferentes, o sofrimento compartilhado pelas duras condições de vida e trabalho contribuía para que vivessem em paz. Evidentemente que a fonte de caráter memorialístico, com seu relato particular, não pode ser generalizada para o conjunto dos trabalhadores sorocabanos do período, porém ela pode ser tomada como um indício que encontra correspondência com uma série de estudos históricos que apontam para o papel central da imigração no processo de formação da classe trabalhadora nas cidades paulistas durante a Primeira República.

Além dos argumentos explícitos na narrativa de Jacob Penteado, a própria trajetória de sua família, pode ser adotada como mais uma pista para a compreensão das origens geográficas e étnicas da classe trabalhadora em formação nesse período. O pai do memorialista, Olivério Penteado, tinha sua origem em uma família de fazendeiros de Santa Bárbara, “arruinados pela Abolição”, já sua mãe, Maria, era filha dos imigrantes italianos Pedro Fregonesi da região do Vêneto e Giuditta Ninotti, camponesa de uma província de Treviso156.

Não localizamos outros registros documentais que pudessem indicar os processos de deslocamento territorial dos trabalhadores antes de fixarem residência e trabalho na Santa Rosália, mas a partir da trajetória dos pais de Jacob Penteado, do diálogo com a historiografia e de documentos produzidos pela administração da Fábrica Votorantim, podemos levantar como hipótese, que os trabalhadores têxteis de Sorocaba, durante a Primeira República, eram em grande medida imigrantes ou filhos de imigrantes, que em sua maioria deslocaram-se de áreas rurais do próprio estado de São Paulo para a tentativa de construir suas vidas no meio

155 PENTEADO, Jacob. Belenzinho, 1910: retrato de uma época. São Paulo: Martins, 1962, pp. 32 (mantida a grafia original).

urbano, nesse sentido a cidade de Sorocaba foi uma receptora dessas trabalhadores oriundos em grande parte da agricultura.

A fábrica Santa Rosália, como destacamos anteriormente, ocupou papel importante na economia sorocabana, sendo junto à Votorantim a maior unidade fabril sediada na cidade, empregando também um grande contingente de trabalhadores. Além dos aspectos quantitativos, em torno de seu volume produtivo, a Santa Rosália também foi de fundamental importância no processo de crescimento urbano de Sorocaba, sendo as moradias operárias localizadas ao redor da fábrica, importantes na ocupação territorial da região que ficava além da ponte do rio Sorocaba, próxima ao núcleo central de ocupação mais antiga do município, da estação ferroviária da Sorocabana e das instalações da Fábrica Nossa Senhora da Ponte.

Como descrito pelo almanaque sorocabano referente ao ano de 1914, as instalações da Santa Rosália, chamavam atenção pela grandiosidade do edifício fabril e pelo moderno maquinário industrial, impressão essa compartilhada não apenas pelo almanaque anteriormente citado, mas também pelo viajante Alfredo Moreira Pinto em sua descrição sobre Sorocaba, realizada com base em viagem feita ao município em 1898157. Destacamos também que a Santa Rosália, em sua trajetória ao longo da Primeira República, manteve relação de proximidade com a Inglaterra, não apenas por conta da importação de maquinários industriais desse país e do emprego de técnicos e administradores fabris também ingleses, mas também pela nacionalidade de um de seus idealizadores e administradores, o britânico Frank Speers.

O período de administração da fábrica pela associação entre Speers e George Otterer durou dos anos iniciais de idealização da indústria, na década de 1890, subsidiados pelos capitais de Francisco de Paula Mayrink, até o ano de 1907, quando do falecimento de Carlos Malheiros Otterer, filho de George Otterer e responsável pela gestão da indústria, aliado à idade avançada de Speers e George Otterer, que viria a falecer em outubro de 1907 aos sessenta e seis anos de idade, abriu um momento de crise diretiva na companhia, que teve seu controle acionário assumido alguns anos depois pela Companhia Nacional de Estamparia (CNE).

1.6 A COMPANHIA NACIONAL DE ESTAMPARIA - UMA EMPRESA