• Nenhum resultado encontrado

OPERÁRIOS NO CONTEXTO DE SURGIMENTO DAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS EM SOROCABA.

1.2 NOSSA SENHORA DA PONTE – A PRIMEIRA FÁBRICA TÊXTIL BEM SUCEDIDA EM SOROCABA.

Como registro mais afastado no tempo, dentre os documentos que estudamos, está o Almanach Administrativo, Commercial e Industrial da Província de São Paulo, referente ao ano de 1884, publicado na capital da província, editado pela Jorge Seckler & Cia61, o organizador responsável por compilar as informações nesse almanaque foi Francisco Ignacio de Assis Moura.

Antes de discutirmos particularmente as informações presentes nessa fonte de pesquisa fazem-se necessários breves apontamentos sobre esse tipo específico de publicação. Apoiados pela ampla pesquisa em torno de publicações periódicas, realizada pela historiadora Heloisa de Faria Cruz62, é possível observar o intenso crescimento de oficinas tipográficas e da edição das mais variadas formas de publicação como cartões-postais, opúsculos, panfletos, almanaques e jornais, justamente nesse período de tempo iniciado nas últimas duas décadas do século XIX.

No tocante às especificidades dos almanaques, Cruz ressalta que esse tipo de publicação já tinha uma tradição de edições ao longo do século XIX no Rio de Janeiro; em São Paulo a historiadora identifica a circulação de publicações desse tipo desde 187363. Essas publicações eram caracterizadas pela tentativa de sistematizar informações consideradas úteis, vinculadas sobretudo às atividades do comércio, como por exemplo os horários de circulação de trens, informações sobre as taxas e cobranças de impostos, conversão de preços e medidas etc.

Observando os almanaques de província, encontramos o registro de dados demográficos e informações em torno das atividades econômicas, não apenas da capital, mas também de municípios do interior. Embora não tenham sido elaborados por autoridades do Estado, como no caso dos recenseamentos, as informações dos almanaques, colhidas em muitos casos por voluntários, e posteriormente sistematizadas por um organizador, eram utilizadas pelos

61 Almanach Administrativo, Commercial e Industrial da Província de São Paulo. São Paulo: Jorge Seckler & CIA, 1884. Disponível para consulta na coleção João Fernando de Almeida Prado, integrante do acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB / USP).

62 CRUZ, Heloísa de Faria. São Paulo em papel e tinta: periodismo e vida urbana – 1890 – 1915. São Paulo: EDUC; FAPESP; Arquivo do Estado de São Paulo; Imprensa Oficial SP, 2000.

contemporâneos, fornecendo dados tidos como importantes para os agentes econômicos da época, sobretudo, na ausência / precariedade de dados oficiais.

No tocante à tipografia responsável pela impressão do Almanaque consultado, a historiadora Marisa Midori Deaecto64 indica que o imigrante de origem germânica Jorge Seckler teria sido um aprendiz tipográfico na Typographia Alemã a partir de 1855, tornando- se, em 1862, proprietário da mesma. Exercendo atividades de venda de livros e impressão tipográfica em São Paulo, a Jorge Seckler & Cia funcionou entre 1873 e 1890 publicando a partir de 1883 almanaques ligados às informações administrativas, comerciais e industriais, no almanaque de 1891, o nome da tipografia responsável passa a ser atribuído a Companhia Industrial de S. Paulo65.

No almanaque publicado pela tipografia de Jorge Seckler referente ao ano de 1884, em meio às informações e curiosidades características desse tipo de edição, podemos observar toda uma seção dedicada aos municípios do interior paulista, na qual localizamos um conjunto de informações sobre Sorocaba. Na descrição apresentada sobre Sorocaba há desde menções ao seu histórico de fundação, no século XVII, passando por sua elevação à categoria de Vila no ano de 1842, e com breves comentários sobre o comércio de muares, que apesar de ainda manter alguma relevância econômica no final do século XIX encontra-se em um processo de gradativa perda de importância66.

Ancorados pelas informações do almanaque podemos destacar que em 1884 a população total do município é estimada em cerca de 14.000 habitantes, muitos dos quais habitam pequenos sítios, afastados da região central, onde ficam localizadas casas comerciais e a estação ferroviária. O almanaque faz menção à lavoura algodoeira na cidade e à existência de fábricas responsáveis pelo descaroçamento do algodão, no tocante à indústria têxtil destaca a existência de uma fábrica na cidade, apresentando-a da seguinte maneira:

64 DEAECTO, Marisa Midori. O império dos livros: instituições e práticas de leitura na São Paulo oitocentista. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: FAPESP, 2011, pp. 201.

65 Sobre as impressões tipográficas realizadas pela Companhia Industrial de São Paulo, também de propriedade de Jorge Seckler, a partir de 1891, nos embasamos no estudo da historiadora Ana Luiza Martins: MARTINS, Ana Luiza. Revistas em revista: imprensa e práticas culturais em tempos de república, São Paulo (1890 – 1922). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: FAPESP: Imprensa Oficial do Estado, 2001, pp. 170-171.

66 Cidade de Sorocaba. In: Almanach Administrativo, Commercial e Industrial da Província de São Paulo. São Paulo: Jorge Seckler & CIA, 1884. (IEB/USP), pp. 301 – 302.

A sua lavoura consiste na cultura do algodão, para cujo benefício existe duas fábricas de descaroçalo dentro da cidade e muitas outras em diversos pontos do municipio; uma importante fabrica de tecidos denominada – Nossa Senhora da Ponte, pertence ao sr. Manoel José da Fonseca; esta fabrica trabalha com 44 teares e suas machinas correspondentes, tendo tambem a sua tinturaria, occupando para estes mysteres um numero de cento e vinte pessoas, na sua maior parte mulheres e crianças; o proprietario desta fabrica sustenta á sua custa uma aula nocturna de instrucção primaria, sómente para os seus operarios67.

Com base nessas informações apresentadas, podemos recuperar a historicidade do desenvolvimento da indústria têxtil em Sorocaba, sempre norteados pelo objetivo de compreender criticamente o surgimento das fábricas, a formação da classe operária e as mudanças no desenho urbano da cidade. Em 1884 apenas uma fábrica têxtil funcionava na cidade, não há comentários nessa fonte sobre o regime de trabalho (considerando que nesse momento a escravidão ainda existia juridicamente no Brasil), nem sobre a origem étnica desses trabalhadores, mas dois aspectos que merecem ser destacados, sobretudo por seus ecos ao longo do período abarcado por nossa pesquisa, sendo eles a ampla utilização do trabalho de mulheres e crianças e práticas paternalistas68 por parte dos industriais, como, por exemplo, oferecer escolas noturnas para os seus trabalhadores.

67 Cidade de Sorocaba. In: Almanach Administrativo, Commercial e Industrial da Província de São Paulo. São Paulo: Jorge Seckler & CIA, 1884. (IEB/USP), pp. 302 (mantida a grafia original).

68 A compreensão conceitual em torno da expressão paternalismo é bastante complexa, e alvo de inúmeros debates e polêmicas historiográficas, sobretudo por ser uma noção ampla, escorregadia e utilizada por estudiosos de diferentes períodos históricos. Tomamos a compreensão de paternalismo, como um arcabouço heurístico, válido para compreender as complexas relações de poder que se estabelecem entre patrões e trabalhadores, relações essas que embora marcadas em grande medida pela truculência dos primeiros, em contextos históricos específicos, dadas as resistências dos trabalhadores e interesses particulares dos patrões, podem influenciar práticas conciliatórias, visando à diluição dos conflitos, e podendo mesmo resultar em ganhos de direitos para os operários. Como no exemplo apresentado, as escolas fabris para os operários podem ser encaradas como um benefício que o patrão (como um “pai” preocupado com os seus filhos) oferece de bom grado aos seus trabalhadores, objetivando o seu progresso moral e intelectual, mas essa mesma prática pode ser interpretada como uma forma de reforçar a autoridade patronal do industrial sobre o operário ou mesmo de afastá-lo de perspectivas educacionais libertárias e politizadoras, como as concepções de ensino desenvolvidas e difundidas por militantes anarquistas nesse período.

Esse pequeno excerto, documentando o funcionamento da Fábrica Nossa Senhora da Ponte no ano de 1884, naquele momento a única fábrica de tecidos existente em Sorocaba, nos remete ao desafio de compreender como e em que momento essa fábrica surgiu e quem era o seu proprietário o “sr. Manoel José da Fonseca”. O trabalho da historiadora Cássia Maria Baddini69 consiste em uma pesquisa fundamental na tentativa de solucionar esse desafio,

preocupada em problematizar a relação das feiras de muares que ocorriam em Sorocaba, desde os tempos coloniais, com o desenvolvimento urbano da cidade, tendo como recorte temporal específico o século XIX Baddini realizou um amplo trabalho de levantamento de documentos, que lhe permitiu compreender os processos e agentes econômicos e sociais no período e sua articulação não apenas como o desenvolvimento urbano, mas também com o surgimento das primeiras iniciativas de instalação de fábricas têxteis no município.

O estudo de Baddini aponta que a inauguração da Estrada de Ferro Sorocabana, gerou conflitos entre os que se beneficiavam do comércio de muares na cidade e aqueles que defendiam que a feira e o comércio de animais deveriam ser superados como atividade local70. Junto a esses conflitos sobre qual atividade econômica deveria receber maior aporte de investimentos por parte da Câmara do município, Sorocaba passa a intensificar a produção de algodão visando às exportações para a Europa, agora facilitadas pela existência da ferrovia como um facilitador da circulação mercantil.

No seio da elite sorocabana, na segunda metade do século XIX, composta de comerciantes que haviam enriquecido por conta das atividades relacionadas à feira de muares e ao cultivo de algodão, destaca-se a figura de Manoel José da Fonseca, que no período era um grande negociante e que será o responsável pelos aportes de capitais que deram origem à fábrica Nossa Senhora da Ponte, inaugurada em 1882, abrindo caminho para que posteriormente novas fábricas têxteis fossem fundadas em Sorocaba71.

Para uma discussão em torno do conceito de paternalismo nos estudos de história social do trabalho, em termos teóricos e metodológicos mais amplos ver: NEGRO, Antonio Luigi. Paternalismo, populismo e história social. In: Cadernos do Arquivo Edgard Leuenroth, vol.11, nº 20/21, 2004, pp. 13-37.

69 BADDINI, Cássia Maria. Sorocaba no Império: comércio de animais e desenvolvimento urbano. São Paulo: Annablume: FAPESP, 2002.

70 BADDINI, op. cit., 2002, pp. 265-266. 71 BADDINI, op. cit., 2002, pp. 269 – 270.

O Almanaque Ilustrado para Sorocaba, referente ao ano de 1914, embora elaborado e publicado muito posteriormente a esse período inicial de surgimento da indústria têxtil na cidade, apresenta um breve retrospecto do início das operações da fábrica Nossa Senhora da Ponte, destacando que seu proprietário, Manoel José da Fonseca, imigrante de origem portuguesa, teria logrado êxito ao valer-se de sua experiência acumulada no comércio para identificar a inexistência de oferta de artigos de vestuário para os menos abastados, voltando seus investimentos para esse mercado potencial e assim dando início ao movimento de intensificação da industrialização têxtil na cidade72.

Acerca da Fábrica Nossa Senhora da Ponte e da figura de seu proprietário, o imigrante português Manoel José da Fonseca, temos como registro documental o apontamento memorialístico do trabalhador da Estrada de Ferro Sorocabana Antônio Francisco Gaspar que, apesar de ter dedicado grande parte de sua vida ao trabalho na companhia ferroviária, teve uma breve experiência como trabalhador têxtil na Nossa Senhora da Ponte entre os anos de 1904 e 1905, quando tinha entre treze e quatorze anos de idade seu pai o incentivou à trabalhar, afim de que, auxiliasse nas despesas domésticas. Suas memórias versam sobre o cotidiano de trabalho e também sobre a relação com Manoel José da Fonseca:

Meu pai era amigo do Sr. Fonseca. Falou com êle. Sai do Grupo Escolar e ingressei na fábrica Fonseca. Apresentando-me no Escrtitório dêsse estabelecimento fabril, levaram-me para a oficina mecânica e entregaram-me ao mestre, um tal Sr. Carlos

Na oficina, estive como Aprendiz, ganhando a quantia de 500 réis por dia. Naquele tempo, o período do trabalho era de Sol a Sol, isto é: a fábrica chamava os seus operários às 4 horas da madrugada, por meio de apito. Os operários entravam para o comêço do trabalho, quando clareava o dia. Apitava às 10 horas para o âlmoço e novamente apitava às 11 horas para o retôrno ao serviço.

72 Fábrica de Tecidos N. S. da Ponte. In: Almanach Illustrado de Sorocaba para 1914: Repositório histórico, literário, recreativo, com ilustrações. Organizado por: Braulio Werneck, pp. 53-56. Disponível para consulta na Biblioteca do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (BMP / USP).

Aos operários que moravam distantes da fábrica pessoas de suas famílias vinham-lhes trazer comida.

Quando o Sol descambava no poente, o apito da caldeira grande, dessa velha fábrica, apitava para a saída dos operários 73

Ao longo da narrativa ancorada em sua memória do período em que trabalhou na Nossa Senhora da Ponte Gaspar descreve que ficou pouco tempo trabalhando na oficina mecânica da fábrica, não se adaptando a esse setor, pedira ao “Sr. Fonseca” uma transferência para a sala de pano, pedido esse que foi atendido. Após uma descrição sobre o processo de trabalho nesse setor o memorialista nos oferece um pequeno fragmento em torno da relação do industrial com a fábrica e seus operários:

Todos os dias, o Sr. Fonseca passeava por tôda a fábrica, inspecionando as diversas seções. Quando êle passava pela Sala de Pano, depois de ter entendido com o mestre, Sr. Mesquita, lembro-me bem, parava às vêzes conversando comigo e com os demais empregados. Perguntava como ia o serviço. Não era orgulhoso. Um tanto sério, às sôrria de leve. Seu porte, airoso e altivo, denotava sempre respeito. Seu traje era conforme a usança daquela época: terno de sobrecasaca ou paletó comprido, cartola ou chapéu duro, como era praxe de todo homem de posição social. Bigode e barba comprida. Seus cabelos sedosos, quase grisalhos. Seu andar, elegante, não muito vagaroso. Usava também guarda-chuva, quer chovesse ou não, com o fim de resguardar-se também do Sol. Residia na Rua da Matriz (hoje Benedito Pires), percorrendo portanto todos os dias, inúmeras vêzes, a distância entre a sua morada e a fábrica, no extremo da Rua Santo Antônio (hoje, Francisco Scarpa). De origem portuguêsa, veio para o

73 GASPAR, Antônio Francisco. Minhas memórias: Sorocaba, São Paulo e Santos e vice-versa. Sorocaba, SP: Cupolo, 1967, pp. 88 (GLS - mantida a grafia original).

Brasil ainda moço, casando-se, em Sorocaba, com Adelaide Amélia da Cunha Soares, sorocabana, filha do Comendador Manoel José Soares e de D. Guilhermina Grotilde da Cunha74.

O relato memorialístico de Antônio Francisco Gaspar foi publicado mais de sessenta anos após o período em que ele trabalhou na oficina mecânica e na sala de panos da Nossa Senhora da Ponte, ao olhar para o passado todas as experiências de sua trajetória de vida até o momento em que escreve (década de 1960), atravessam sua leitura acerca dos fatos relembrados, o que sem dúvidas suscita desafios analíticos para o historiador que busca trabalhar com essa tipologia documental. Percebemos que as lembranças evocadas por Gaspar possuem um tom positivo e mesmo de admiração em relação a Manoel José da Fonseca, sobretudo no que concerne à indicação de sua humildade no trato com os trabalhadores, a dedicação à fábrica, locomovendo-se várias vezes ao dia entre sua residência e o local de trabalho, além das características que não deixavam enganar sua “posição social”, expressas no vestuário e também no modo de andar.

Mas o mesmo relato nos possibilita compreender algumas contradições existentes no mundo do trabalho têxtil no início do século XX, o próprio exemplo de Antônio Francisco Gaspar indica que para muitas crianças a necessidade de auxiliar o sustento familiar significava o abandono dos estudos no grupo escolar e a entrada muito precoce no trabalho fabril. Além disso, como o próprio memorialista ressalta, o trabalho “naquele tempo era de sol a sol”, com jornadas que atravessavam toda a extensão do dia.

Esse pequeno excerto memorialístico também nos oferece indícios em torno da localização da Nossa Senhora da Ponte, a antiga Rua Santo Antônio (atualmente Francisco Scarpa), fica localizada na região central de Sorocaba, bastante próxima do local onde a estação da Estrada de Ferro Sorocabana estava instalada, o que sem dúvidas era um facilitador no transporte de matérias-primas e mercadorias. Outro indício presente na fonte, aponta para a necessidade de parte dos trabalhadores dependerem de familiares para trazerem-lhes a refeição, o que nos permite compreender que nessa indústria têxtil a questão da proximidade entre local

de moradia e local de trabalho, diferia de outras fábricas que contavam com vilas operárias, como veremos posteriormente para os casos da Votorantim e Santa Rosália.

Os apontamentos realizados por Antônio Francisco Gaspar sobre o casamento entre Manoel José da Fonseca e a filha do Comendador Manoel José Soares nos permitem pensar no papel do matrimônio na consolidação de alianças sociais e no processo de ascensão e ganho de prestígio social, exemplificado nessa união entre o imigrante português, que vindo muito moço para Sorocaba obteve sucesso com atividades relacionadas ao algodão e à produção de tecidos, o que conferiu- lhe trânsito entre as elites da cidade, permitindo-lhe inclusive unir-se via casamento com uma família tradicional de Sorocaba.

Importante registrar que a fábrica de Manoel José da Fonseca, apesar de ter sido a primeira indústria têxtil a vingar em Sorocaba, não foi a primeira tentativa de instalação de uma fábrica de tecidos na cidade. A historiadora Maria Alice Rosa Ribeiro75, em seu amplo estudo sobre a indústria têxtil paulista, ancorada nos estudos anteriores de Alice Piffer Canabrava76 sobre a cultura do algodão em São Paulo, registra que em 1851 Manuel Lopes de Oliveira, naquele momento um fazendeiro de algodão e um dos homens mais ricos de Sorocaba, tentou instalar em sua chácara, próximo às senzalas da escravaria, uma fábrica de tecidos. Ribeiro aponta que parte do maquinário comprado por Oliveira (excetuando-se os teares) era oriundo de Manchester, e que uma das dificuldades encontradas para a operação da fábrica, teria sido a ausência de técnicos mecânicos que pudessem executar a montagem desses equipamentos. Mesmo com essas dificuldades a fábrica funcionou entre 1857 e 1861, sendo operada por quatro escravos. Teria deixado de funcionar pela conjunção de fatores relacionados à ausência de trabalhadores especializados e um momento de alta no preço do algodão em rama, tornando mais vantajoso para Oliveira comerciar o produto em rama do que manufaturado77.

75 RIBEIRO, Maria Alice Rosa. Condições de trabalho na indústria têxtil paulista (1870 – 1930). São Paulo: Editora HUCITEC: Editora da Unicamp, 1988.

76 CANABRAVA, Alice Piffer. O desenvolvimento da cultura do algodão na Província de São Paulo (1861 – 1875). São Paulo, s/ed., 1951.

1.3 O CRESCIMENTO DO SETOR TÊXTIL EM SOROCABA A PARTIR DA