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Para entendermos a abertura de mercado e o incentivo a livre concorrência como fatores essenciais para o desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil é necessário entendermos anteriormente características bem particulares sobre o desenvolvimento de uma empresa petrolífera. Vários dessas particularidades denominam fatores que devem ser considerados no estudo da competitividade do setor petrolífero. Podemos classifica-los em: i) internos à empresa de petróleo; ii) estruturais; e iii) sistêmicos. (CAMPOS, 2005).

3.6.1FATORES INTERNOS À EMPRESA DE PETRÓLEO

Podemos definir como fatores internos, aqueles fatores sobre os quais a empresa tem poder de decisão e que podem ser controlados ou alterados pela cúpula administrativa da mesma. Dentre os fatores internos, o tamanho da empresa, o seu grau de verticalização e oligopolização são os mais importantes na análise de sua capacidade competitiva. (CAMPOR, 2005).

Como as operações de uma empresa de petróleo necessitam de altos investimentos, muitos recursos tecnológicos e longo tempo de maturação de seus investimentos, grande parte dessas empresas busca minimizar os riscos inerentes ao negócio com três estratégias competitivas comuns: a integração vertical, a diversificação seletiva e internacionalização. (CAMPOS, 2005).

A internacionalização de uma empresa, como seu próprio nome sugere, é a expansão ou atuação da empresa no exterior. Já a diversificação seletiva é a diversificação das atividades da empresa objetivando lucro, sem que ela se afaste muito de sua função original. Na indústria do petróleo, por exemplo, o principal ramo de diversificação é a área

química (petroquímica e fertilizantes). Porém a integração da indústria é um importante fator de competitividade que precisa ser analisado mais a fundo. (CAMPOS, 2005).

Uma empresa que atua desde a exploração até a distribuição dos derivados do petróleo, em outras palavras uma empresa que atua do poço ao posto, tem uma vantagem competitiva em relação àquela que atua apenas na exploração. Isso ocorre porque os riscos e o montante de capital de investimento não são os mesmos para cada atividade no processo. A exploração, mesmo com constante renovação tecnológica, necessita de muito recurso financeiro e apresenta grande risco. O refino, apesar de exigir alto investimento apresenta riscos menores que os de exploração e produção. A distribuição por sua vez, requer um volume menor de capital e apresenta riscos normais de qualquer atividade econômica. Assim, caso haja perdas relativas às atividades de maior risco, no caso exploração e produção, os lucros obtidos com as de menor, como o refino, podem compensar. Desse modo, a integração vertical de uma empresa lhe dá maior vantagem competitiva devido a diminuição do risco total associado à sua atividade como um todo. (CAMPOS, 2005).

Todos esses fatores, seja o longo período de maturação de investimentos, ou o elevado capital de risco, entre outros, tornam a indústria petrolífera um mercado oligopólico no qual as grandes empresas possuem um grande poder de mercado e dificultam a entrada de novas concorrentes. E se não há concorrência, há uma grande coordenação oligopólica para que não haja guerra de preços e consequente instabilidade financeira. (CAMPOS, 2005).

3.6.2FATORES ESTRUTURAIS

Os fatores estruturais são definidos como aqueles sobre os quais a empresa tem limitado poder de determinação, muitas vezes por causa do próprio processo de concorrência.

Se uma empresa atua em um ambiente competitivo, antes de analisar as características de demanda e oferta, ela deve considerar a influencia de instituições extra- mercado, públicas e não públicas, sob a qual está submetida. Órgãos reguladores, por exemplo, definem ações – taxas de crescimento e investimento, grau de sofisticação tecnológica, encargos sobre o produto, responsabilidades ambientais, entre outros – que a

empresa tem pouca capacidade de intervir e que alteram sua dinâmica competitiva. Ações como essas definem alguns fatores estruturais. (CAMPOS, 2005).

Agora olhando pela ótica de demanda e oferta, as maiores oportunidades para a indústria de petróleo estão nos países que detêm grandes reservas (países exportadores, OPEP e outros) ou em países que são grandes mercados consumidores de óleo, gás e derivados (Estados Unidos, Europa Ocidental, Japão e China). Logo, a competitividade do setor também se dá em função da localização estratégica de suas atividades produtivas (exploração/produção e refino). Não é a toa que os maiores refinadores de petróleo são os maiores consumidores. Garantir que o refino seja feito próximo dos grandes centros consumidores dá a empresa grande vantagem competitiva. (CAMPOS, 2005).

3.6.3FATORES SISTÊMICOS

Finalmente, os fatores sistêmicos são aquelas externalidades que a empresa detém praticamente nenhuma possibilidade de intervir. São divididos em (CAMPOS, 2005):

i) Macroeconômicos: taxas de câmbio, taxa de crescimento do produto interno, carga tributária, política salarial, entre outros;

ii) Políticos-institucionais: política tributária e tarifária, poder de compra do governo;

iii) Legais-regulatórios: políticas de preservação ambiental, de defesa da concorrência e proteção ao consumidor, de proteção à propriedade industrial;

iv) Infra-estruturais: disponibilidade, qualidade e custo de energia, telecomunicações, transportes e serviços tecnológicos;

v) Sociais: sistema de qualificação da mão-de-obra, políticas de educação e formação de recursos trabalhistas, humanos e de seguridade social;

vi) Internacionais: tendências do comércio mundial, fluxos de capital internacional, de investimento de risco e tecnologia, acordos internacionais.

Entre esses os mais importantes são os fatores sistêmicos geopolíticos, uma vez que os países que detêm as maiores reservas de petróleo, com exceção de Estados Unidos e Rússia, são subdesenvolvidos e os que mais consomem são os países desenvolvidos. Esse

desequilíbrio geográfico é um importante fator incitante de conflitos geopolíticos, dada a importância associada à posse do hidrocarboneto.