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Ele era o usuário número 4. Os três primeiros eram apenas testes. Mas em uma quarta-feira à tarde, no dia 4 de fevereiro de 2004, uma das mais representativas redes sociais digitais surgiu. Mark Zuckerberg clicou em um link e o Thefacebook.com entrou no ar. O nome posteriormente seria reduzido. O "The" seria eliminado por ser considerado desnecessário. Porém, o momento marca o nascimento de um novo paradigma em redes sociais.

A tela inicial dizia: “O Thefacebook é um diretório on-line que conecta pessoas por meio de redes sociais nas faculdades. Abrimos o Thefacebook para uso popular na Universidade de Harvard. Você pode usar o Thefacebook para: procurar pessoas na sua

103 faculdade; descobrir quem está nos mesmos cursos que você; procurar amigos dos seus amigos; ver uma representação visual da sua rede social.” (Kirkpatrick, 2013)

Ainda assim, o começo da história veio por meio de outro site: o Facemash. Zuckerberg escreveu sozinho o código de um website, pensado especificamente, pelo menos em um primeiro momento, para os estudantes de Harvard. O site permitia aos seus visitantes votar na pessoa mais atraente, com base em duas fotografias de estudantes. As fotos para o comparativo eram apresentadas lado a lado, e foram retiradas - sem autorização - da base de dados de identificação dos alunos daquela instituição.

Em pouco tempo 450 visitantes entraram no site e foram registradas mais de 20.000 visualizações das fotografias, apenas nas primeiras 4 horas online. Alguns dias depois, o

Facemash foi desativado pelo Conselho de Administração de Harvard, que acusou

Zuckerberg de ter “violado as regras de segurança informática e de invasão de privacidade ao ter utilizado as fotografias pertencentes à universidade” (Schwartz, 2003; Zeevi, 2013).

Em janeiro de 2004, Zuckerberg começa a definir o código para um novo website. Ele teria o nome Thefacebook. O próprio Zuckerberg admitiu que “o incidente do Facemash serviu de inspiração para a criação do Thefacebook. Porém, desta vez, ele decidiu cumprir todas as regras de segurança e privacidade de Harvard” (Tabak, 2004).

Rapidamente, a popularidade da rede cresce. Em um primeiro momento fica restrita a Harvard. Porém, o sucesso leva Zuckerberg a testar outros mercados. Outras instituições de ensino passaram a ter acesso ao The Facebook. Ou seja, o foco inicial eram universidades e high schools de prestígio. Para desenvolver o projeto, contou com o auxílio dos programadores norte-americanos Dustin Moskovitz e Chris Hughes. O site foi capaz de se expandir às Universidades de Standford, Columbia e Yale. Em abril do mesmo ano, alunos da Ivy League, uma conferência desportiva da National Collegiate Athletic

Association, na qual oito universidades privadas do nordeste norte-americano fazem parte,

já podiam acessar o The Facebook (Fonseca,2010).

Em setembro de 2006 é permitido que qualquer pessoa que tenha uma conta de e- mail acesse a rede. No final deste mesmo ano, o Facebook contava com mais de 12 milhões de usuários, tornando-se uma rede social para uso geral (BAREFOOT; SZABO, 2010).

A rede social atinge o número de 836 milhões de visitantes únicos em 2012. É um resultado notável. Com isso, a partir de 2012, o Facebook se torna o site mais acessado do mundo, segundo a comScore29, especialista em métricas digitais. Outro número que

29

O Facebook afirma que fechou 2015 com 1,59 bilhão de usuários, dos quais cerca de 65% acessam a rede social todos os dias. Para mais informações, acessar: <

http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/01/facebook-anuncia-crescimento-dos-lucros-e-do-numero-de- usuarios-20160127211006500148.html >

104 representa o sucesso da rede foi ter atingido a marca de 1 bilhão de usuários ativos, tornando-se assim a maior rede social do mundo. A partir deste ponto, a presença dos grandes jornais brasileiros na rede social criada por Mark Zuckerberg torna-se praticamente obrigatória. Mas as consequências desse ato só serão percebidas muito mais tarde, como será visto nos capítulos seguintes.

A partir de agora, é necessário uma pequena apresentação das funcionalidades do Facebook. O objetivo é apresentar uma visualização geral de uma página do Facebook para desktop. Em essência o que se busca é a compreensão da maneira como os usuários interagem com o site. Apesar de existirem outras versões da rede (para tablets ou para celulares) elas não serão abordadas na tese. O foco deste trabalho é no Facebook para desktop.

Para entrar no Facebook é preciso fazer o login. Depois disso, o usuário está apto a acessar a sua conta no site. É possível notar a estruturação em módulos, existem grupamentos com temas semelhantes. Na coluna da esquerda, existem links para partes do site com características mais pessoais.

Já coluna da direita tem um caráter mais comercial. É possível ver os eventos próximos para os quais o usuário foi convidado e as solicitações de jogos e de outros aplicativos. As ofertas e oportunidades, os anúncios do Facebook, que são segmentados de acordo com os contatos e páginas curtidas pelo usuário, estão localizados em uma seção patrocinada.

É na parte central na qual estão as regiões de maior interatividade do Facebook. Existe um espaço no qual usuário realiza as suas publicações e, em tese, responde à pergunta: "No que você está pensando?". É por meio desta ferramenta que o usuário compartilha todo tipo de conteúdo, sejam esses textos ou fotos ou vídeos.

Existe também o Feed de notícias do usuário. Abaixo de cada publicação é possível ver as opções "curtir" e "compartilhar", além do número de quantas curtidas e quantos compartilhamentos ela já recebeu. Os comentários realizados por seus amigos são vistos logo abaixo, de forma que o diálogo estabelecido é visualizado por toda a sua rede. Outro detalhe importante é a existência de uma caixa de texto, onde o usuário pode realizar uma postagem e interagir com as pessoas envolvidas em tal diálogo.

Cabe novamente repetir que o algoritmo - por si só – não seria objeto de um trabalho na área de comunicação. Nesta tese, o que se busca compreender são as alterações provocadas por ele no campo comunicacional. Por isso, a investigação de como age o algoritmo nas notícias da página de Zero Hora no Facebook é uma questão para o jornalismo.

105 O algoritmo do Facebook chama-se EdgeRank, que nada mais é do que uma fórmula matemática, uma equação que incorpora, uma sequência de instruções responsável pelo controle de vários aspectos. Por exemplo, que tipo de conteúdo um usuário prefere, quais os posts que ele mais interage (compartilhando, curtindo ou comentando), quanto tempo demora em determinado link, o perfil dos melhores amigos na rede, entre outros. Embora alguns autores afirmem que ele sofreu tantas modificações que atua hoje de forma diferente (MCGEE, 2013).

O problema maior é que o algoritmo a partir do momento em que vai “conhecendo os hábitos” do usuário passa mostrar somente o chamado conteúdo relevante. Ou seja, o que ele – o algoritmo – baseado nas preferências do usuário define o que acredita ser importante. Assim, o conteúdo de nossos amigos que irá surgir na timeline é estabelecido pelo algoritmo, bem como alcance de uma publicação de determinada marca.

Claro que é possível discutir se o próprio algoritmo não teria condições de perceber essas distorções no que tange a apresentação do conteúdo na timeline. Contudo, boa parte dos estudos sobre o EdgeRank é feito com base em uma apresentação em PowerPoint mostrada ao público em um evento do Facebook. (KINCAID, 2010; TAYLOR, 2011).

Mas, ao que tudo indica, a amizade é o critério principal do Facebook mas os amigos sempre são os primeiros. Este princípio será explicado posteriormente, porém é bem embasado por patentes posteriores e declarações do próprio Mark Zuckerberg (DEVITO, 2016)

É uma ideia interessante e bastante sedutora. Afinal, depois de um tempo não o usuário não vai mais ser incomodado com assuntos pelos quais não demonstra interesse. Nesse sentido, o Facebook trabalha que se leia cada vez mais sobre menos. Mas a questão da ação do algoritmo será aprofundada mais adiante. Antes é preciso conhecer um pouco mais sobre esta importante rede social.

Com esta apresentação geral, parte-se agora para a discussão sobre cada uma das ferramentas do Facebook, bem como as funcionalidades específicas de todas elas.