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3 MÍDIAS SOCIAIS E ELEIÇÕES

3.2 O surgimento das mídias sociais

3.2.1 Facebook, a rede social de maior audiência do Brasil

O Facebook foi lançado em 4 de fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg, Chris Hughes, Eduardo Saverin e Dustin Moskovitz, então estudantes da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Inicialmente, era aberto apenas a alunos dessa instituição. Aos poucos, atingiu rápido sucesso, chegando a 1 milhão de usuários ainda em dezembro do primeiro ano. Foi sendo aberto a universitários de outras instituições norte-americanas, passando em seguida a acolher também alunos de ensino médio, funcionários de empresas até, finalmente, ser aberto ao público em geral, dois anos depois, ganhando popularidade rapidamente naquele país60 (BOYD; ELLISON, 2007).

59 No original: “Thus impression management strategies no longer have to rely upon media coverage, but can

be an ongoing communication process controlled by the sender”.

60 Ver http://tecnologia.terra.com.br/facebook-completa-10-anos-conheca-a-historia-da-rede-

77 Figura 4 – Página de entrada do Facebook na versão desktop

Fonte: Facebook (201561).

Consiste em uma rede social que permite ao usuário cadastrar um perfil, com suas informações básicas, como nome, idade, naturalidade, local onde mora, estuda e trabalha, estado civil, informações de contato e família. O usuário tanto pode publicar uma foto de seu perfil, quanto postar atualizações em formatos de texto, imagens únicas ou álbum. Além disso, pode adicionar outros usuários e interagir com eles, curtindo ou compartilhando suas atualizações, as quais aparecem em seu feed de notícias.

Figura 5 – Exemplo de perfil no Facebook

Fonte: Zuckerberg (201562).

78 Além da opção de perfil, permite a figuras públicas, personalidades e empresas a criação de uma fan page, que consiste numa página na qual esta pessoa ou empresa posta informações para os seus seguidores (curtidores), que, a partir daí, passam a acompanhar suas atualizações. Cada conta de usuário pode curtir uma fan page uma única vez, mas nada impede que um mesmo internauta crie dois ou mais perfis com cadastros diferentes. Na fan page, é possível postar textos, fotos, vídeos e áudios, além de criar eventos para que seus curtidores confirmem participação e comentem.

No Brasil, o acesso ao Facebook foi ampliado de forma considerável, atingindo primeiramente as classes A e B e, em seguida, a classe C. Em dezembro de 2011, chegou à liderança entre as mídias sociais, superando o Orkut, tendo crescido 192% no ano anterior63.

Atualmente, o Facebook tem números impressionantes no Brasil e no mundo. Encerrou o terceiro trimestre de 2014 com 1,35 bilhão de usuários em todo o mundo64. E, três meses antes, atingiu a marca de 89 milhões de usuários no País, o que significava 83% dos 107,7 milhões de internautas brasileiros no período65. A idade média de seu usuário no Brasil

é de 30,2 anos (COMSCORE, 2014a).

Em novembro de 2014, 83% dos usuários de redes sociais do Brasil preferiam o Facebook, tornando o País o segundo do mundo em número de usuários (BRASIL, 2014a). De acordo com a consultoria Comscore (2014b), em setembro de 2014, o Facebook foi responsável por 96,7% do tempo gasto online em redes sociais, com o tempo restante sendo dividido entre as demais. Em fevereiro de 2014, o Facebook somou 65,9 milhões de visitantes únicos, superando amplamente o LinkedIn, segunda rede social do País, que tinha 11,8 milhões de usuários. O Twitter, terceiro, somava 11,3 milhões de contas. A mídia social só não é líder no segmento de visualização de vídeos, ficando atrás dos sites do grupo Google (notadamente, o YouTube), tendo 39,3 milhões de visualizações contra 62,3 milhões do líder de acessos (Comscore, 2014a). Na campanha eleitoral de 2014, 68% dos eleitores que afirmaram ler notícias nas redes sociais sobre o pleito disseram que o Facebook foi esse canal de informação (MENDONÇA, 2014).

Para Lincoln e Robards (2014), desde a popularização do Facebook pelo mundo, no fim dos anos 2000, estava claro que o site mudaria para sempre as mídias sociais. Boyd e Ellison (2007) afirmam que outro diferencial da rede liderada por Zuckerberg é a

62 Ver http://www.facebook.com/zuck?fref=ts (acesso em 22/04/2015).

63 Ver http://blogs.estadao.com.br/link/facebook-supera-audiencia-do-orkut-no-brasil/ (acesso em 01/03/2012). 64 Ver http://blogs.estadao.com.br/link/facebook-chega-a-135-bilhao-de-usuarios-no-mundo/ (acesso em

22/04/2015).

65 Ver http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/08/oito-cada-dez-internautas-do-brasil-estao-no-facebook-

79 possibilidade de usuários externos desenvolverem aplicativos, que permitem a personalização

de seus perfis, entre outras ações. “O [sucesso do] Facebook está claramente na confluência

da dinâmica e do desenvolvimento sociotecnológicos, e não apenas por aqueles representados pela emergência das mídias sociais e por sua versão mobile66” (GOGGIN, 2014, p. 1070).

A versão para aparelhos móveis da rede social foi lançada em 2007, quando seus idealizadores tiveram a capacidade de antever que a ferramenta precisaria se atualizar para manter a liderança do segmento no mundo, em meio à explosão do consumo internacional de smartphones. “A identidade móvel do Facebook tem sido um fator decisivo para a plataforma atingir tamanho, escala e diversidade internacionais”67 (GOGGIN, 2014, p. 1070).

Figura 6 – Versão mobile da fan page de Dilma Rousseff

Fonte: Rousseff (201468).

66 No original: “Facebook is clearly at the confluence of various socio-technical developments and dynamics,

not least those represented by the mobile turn, and the emergence of social media”.

67 No original: “Facebook’s mobile identity has been a decisive factor in the platform achieving the size, scale

and diversity of its take-up internationally”.

80 Figura 7 – Versão mobile da fan

page de Aécio Neves

Fonte: Neves (201469).

Mesmo com todo o sucesso de audiência do Facebook, é preciso relativizá-la e ponderar que, da mesma forma que o Orkut também foi líder do segmento e acabou suplantado pouco mais de sete anos depois, a rede social liderada por Zuckerberg pode vir a tornar-se obsoleta no futuro.

Também é importante citar que o Facebook é alvo de críticas por sua política de privacidade, que inclui a manutenção dos dados de seus usuários e sua utilização para fins comerciais (por exemplo, para a exposição de anúncios publicitários personalizados).

O Facebook também atraiu duras críticas por sua política de privacidade e transparência, e está regularmente em desacordo com os governos e outras instituições sobre temas como regulação e controle. O Facebook apaga as linhas de separação entre o que é privado e o que é público, complicando, muitas vezes, as relações sociais, nomeando-as e tornando-as visíveis (LINCOLN; ROBARDS, 2014, p.1047)70.

Apesar de se ter certeza de que discutir a política de privacidade do Facebook é um aspecto importante na atualidade, esclarece-se que, neste trabalho, este não é o foco, razão pela qual o tema não seguirá sendo debatido.

69 Ver http://pt-br.facebook.com/AecioNevesOficial (acesso em 17/10/2014).

70 No original: Facebook has also attracted harsh criticism for its approach to privacy and transparency, and

is regularly at odds with governments and other institutions over regulation and control. Facebook blurs traditional lines between what is private and what is public, while often complica ting social relations by naming them and making them visible”.

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