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2.3 INFRA-ESTRUTURA PARA PEDESTRES

2.3.1 Facilidades ao longo da via

Estas são as facilidades que permitem o deslocamento dos pedestres em trajetos paralelos ao alinhamento das vias que atendem o tráfego em geral. Foram identificados como facilidades ao longo da via os acostamentos e as calçadas (exclusivas ou compartilhadas com outros usuários não motorizados).

Caberia também citar os caminhos de pedestres, que permitem o deslocamento por trajetos distintos das vias que servem o tráfego geral mas não serão discutidos por estarem fora do escopo deste trabalho.

Informalmente, outras duas alternativas ocorrem quando as facilidades específicas não existem ou são inadequadas: o uso das faixas de tráfego geral (compartilhando o espaço com os veículos motorizados) e o uso das áreas adjacentes às vias (distinguidas das calçadas pela falta de tratamento adequado à caminhada).

Figura 2-23 - Alcance visual: pessoa em cadeira de rodas (Fonte: ABNT NBR9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, 2004)

Na maior parte, a discussão a seguir corresponde a decisões do projeto funcional das vias e por isso recorre principalmente aos manuais de projeto viário.

a) Acostamentos

De acordo com o Green Book (AASHTO, 2004a), o acostamento é a parte da via contígua ao leito carroçável que pode acomodar veículos parados, uso emergencial e em alguns casos, pedestres e ciclistas. E ainda que acostamentos podem mostrar a necessidade de calçadas, se são do tipo que encorajam o uso por pedestres em qualquer clima.

No entanto, segundo o Guia de Pedestres da AASHTO (2004b), a maioria dos acostamentos em rodovias não são dispositivos para pedestres, porém podem acomodar pedestres ocasionais. Onde ciclistas e pedestres serão acomodados no acostamento, a largura mínima livre deve ser de 1,20m.

O DNIT (2010) define acostamento como: “área da plataforma adjacente à pista de rolamento, destinada a: parada ou estacionamento provisório de veículos, servir de faixa extra de rolamento para emergências, contribuir para proteção da estrutura do pavimento e dos efeitos da erosão e à circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse fim. Em rodovias de pista dupla, os acostamentos à direita do sentido de tráfego são denominados externos e aqueles à esquerda, internos. Onde acostamentos se aproximam de uma ponte ou viaduto, mesmo para baixo volume de tráfego de pedestres, os acostamentos devem ser mantidos com a mesma largura na travessia da obra de arte, e possivelmente aumentados, para levar em conta a restrição ao tráfego de pedestres, imposta pela obra-de-arte. O acostamento não deve ser interrompido por um passeio lateral elevado em uma ponte. Onde existir tal condição e não se justificar economicamente sua remoção, os passeios laterais devem ser projetados de modo que concordem com o greide do acostamento, por meio de rampas de 1:20 (ou 5%).

O Manual de Segurança de Pedestres do DENATRAN (1979) recomenda, em vias rurais, alargamento do acostamento ou sua construção quando inexistente. Ressaltando ainda a

necessidade de boa iluminação, criação de locais adequados para estacionamento e sinalização adequada para pedestres e ciclistas.

b) Calçadas

Segundo a AASHTO (2004a) as calçadas são parte integral de ruas na cidade, mas são raramente encontradas em áreas rurais. No entanto o potencial de atropelamentos é maior em muitas áreas rurais devido às altas velocidades e pouca iluminação. Os dados disponíveis são limitados, mas sugerem que calçadas em áreas rurais reduzem atropelamentos. Calçadas em áreas rurais são mais freqüentemente justificáveis em pontos de ocupação adjacente, como áreas residenciais, escolas, locais de negócio e indústrias, que resultam em concentração de pedestres próximo ou ao longo de rodovias. Se calçadas são utilizadas, devem ser separadas dos acostamentos. Justificativa para construção de calçadas depende do potencial de conflito entre veículos e pedestres. Volumes de tráfego para necessidade de pedestres não foram ainda estabelecidos. Em geral, sempre que as condições de desenvolvimento do entorno e do solo afetarem o movimento regular dos pedestres ao longo da rodovia, uma calçada deve ser providenciada. Quando duas comunidades estão próximas uma a outra, deve ser providenciada uma calçada para conectar essas comunidades.

O Guia de Pedestres da AASHTO (2004b) acrescenta que, calçadas instaladas nos dois lados da via, são os dispositivos preferidos pelos pedestres.

O HCM 2000 (TRB, 2001) diz que calçadas são dispositivos geralmente de uso exclusivo para pedestres, e dessa maneira dão o melhor nível de serviço para esses usuários. A melhor medida de desempenho da calçada é o espaço, que é o inverso da densidade.

O DNIT (2010) diz que justificativa para a construção de passeios laterais depende do potencial de conflitos com pedestres. Ainda não foram estabelecidas condições para construção de passeios em função dos volumes de tráfego. De um modo geral, sempre que o desenvolvimento lateral produzir movimento regular de pedestres ao longo da rodovia, um passeio lateral deve ser construído, ou área adequada deve ser reservada. Como uma medida de ordem geral, passeios laterais devem ser construídos ao longo de qualquer rua, mesmo que

o tráfego de pedestres seja pequeno. Onde passeios laterais forem construídos ao longo de rodovias de velocidades elevadas, áreas de proteção devem separá-los da rodovia.

Pode, inicialmente, não haver demanda de pedestres em alguns trechos das vias arteriais urbanas que atravessam áreas pouco desenvolvidas. Passeios laterais podem não ser necessários inicialmente. O projeto, no entanto, deve considerar a possível necessidade futura e reservar área para sua instalação. Contudo, é desejável que todas as vias arteriais que não tenham faixas de acostamento já sejam construídas com passeios laterais, mesmo para baixos volumes de tráfego.

Referências clássicas como OGDEN (1996), também dizem que esse tipo de dispositivo de segurança é geralmente desejável, com exceção de locais onde o fluxo de pedestres é muito baixo; o fluxo de veículos é muito baixo e/ou há uma política bem estabelecida de integração entre veículos e pedestres

c) Método de Seleção de Facilidades para Pedestres ao Longo da Via

Em princípio, o critério básico de seleção é baseado no fluxo mínimo de pedestres que exige a provisão da infra-estrutura. Este é o caso da exigência de calçadas (os parâmetros específicos serão discutidos adiante).

Não foi identificada uma formulação correspondente para o problema de definir a provisão de acostamentos, nem fica claro se a opção à calçada seria admitir as alternativas informais ou outro tratamento (nas rodovias, seriam os acostamentos).

Também não foi identificada uma discussão detalhada de quais seriam as características adequadas à caminhada (que configurariam a área adjacente às vias como calçadas), como terreno nivelado ou com inclinação aceitável, ausência de obstruções no trajeto, calçamento ou outro tratamento superficial, etc...