• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3: GEOLOGIA DE MINAS GERAIS

3.2 Unidades do Proterozóico

3.2.3 Proterozóico Superior

3.2.3.4 Faixa Araçuaí

A Faixa Araçuaí constitui um cinturão de dobramentos e empurrões, estruturado sobre rochas dos grupos Macaúbas e Rio Doce, Supergrupo Espinhaço e de unidades mais antigas (complexos Guanhães, Gouveia, Juiz de Fora, Jequitinhonha, Mantiqueira, Porteirinha e unidades da porção oriental do Quadrilátero Ferrífero).

A Faixa Araçuaí é representada pelo Grupo Macaúbas. Este grupo aparece subdividido, da base para o topo, nas formações Terra Branca, que é composta por metadiamictitos; Formação Carbonita, que compreende os metassedimentos psamo-pelíticos (quartzitos, metassiltitos e filitos) rítmicos; e as Formações Salinas constituídas por extensa e monótona seqüência de quartzo-mica xistos bandados, com intercalações de quartzitos impuros, xistos calcíticos, lentes de metaconglomerados sustentados pelos seixos e lentes de metacalcários.

3.2.3.5) Eopaleozóico/Proterozóico Superior

Neste item buscou-se distinguir os granitóides relacionados às faixas móveis neoproterozóica divididos nas categorias: granitóides tardi a pós-tectônicos, granitóides sintectônicos e complexos granitóides polidiapíricos.

Nos domínios tectônicos internos das faixas marginais ao Cráton do São Francisco, notadamente nas faixas Araçuaí e Brasília, encontram-se intrusões granitóides que podem atingir dimensões batolíticas. São reconhecidos granitóides, em sua maior parte de composição granítica a granodiorítica, sin- a pós-tectônicos com relação ao Evento Brasiliano.

Na Faixa Móvel Araçuaí ocorre biotita granitos, moscovitas granitos e granitos pegmatóides; os dois primeiros com fácies granodioríticas localizadas. Os moscovitas granitos (granitos a duas micas tendo mais moscovita que biotita) são fácies metassomatizadas, por alteração deutérica, da biotita granitos. Os granitos pegmatóides são fácies de cúpula, representando a cristalização dos líquidos magmáticos residuais (PEDROSA-SOARES et al.,

1987). Essas variedades de granitóides constituem corpos alcalinos, potássicos, de assinatura geoquímica e isotópica crustal, originadas por fusão parcial de crosta continental. Incluem os granitos entre Salinas e Coronel Murta, Araçuaí-Itinga (Rio Piauí) e Ribeirão da Folha- Cruzinha-Lambari (PEDROSA-SOARES et al., 1992).

Outros granitóides provavelmente tardi a pós-tectônicos, do Ciclo Brasiliano, ocorrem na Faixa Araçuaí e Cinturão Atlântico.

Os granitóides sintectônicos e complexos granitóides polidiapíricos distribuem-se pelos cinturões Atlântico e Alfenas, pela porção nordeste da Faixa Araçuaí e ao longo do Grupo Araxá na Faixa Brasília.

3.3 UNIDADES DO PALEOZÓICO

Os registros litológicos paleozóicos, no território mineiro, são expressos pelas seqüências sedimentares permo-carboníferas dos Grupos Tubarão e Santa Fé, da Formação Pouso Alegre e pelos granitóides neopaleozóicos encontrados nas Faixas Móveis Brasilianas.

A Formação Pouso Alegre (LEONARDOS et al., 1971) compreende uma seqüência de sedimentos imaturos, preservados em áreas restritas do sudoeste do estado. É composta de arenitos, arcósios, conglomerados polimícticos, siltitos, argilitos e margas. Essas rochas acham-se falhadas e localmente dobradas. Esta seqüência é interpretada como base da Bacia do Paraná.

O Grupo Santa Fé consiste em diamictitos e arenitos, com pelitos subordinados, que repousam em discordância erosiva sobre arcóseos e siltitos da formação Três Marias (Grupo Bambuí). Os sedimentos deste grupo são interpretados pó Dardene et al. (1990), Campos (1992) e Campos et al. (1992), como representantes de depósitos glaciogênicos continentais, com fácies flúvio-glaciais e glácio-lacustres associadas. A idade de sedimentação é denominada permo-carbonífera.

O Grupo Tubarão da bacia do Paraná é representado no sudoeste de Minas gerais, pela Formação Aquidauana (PETRI & FÚLFARO, 1983). Esta unidade é constituída por conglomerados, arenitos, siltitos e folhelhos avermelhados, considerados como fácies flúvio- glaciais da extensa glaciação permo-carbonífera do Paleocontinente Gondwana.

3.4 UNIDADES DO MESOZÓICO

O Mesozóico é representado por seqüências sedimentares vulcânicas das bacias do Paraná e Alto Sanfranciscana, pelas suítes intrusivas alcalinas no oeste, sudoeste e sul do Estado e suítes kimberlítico-lamproíticas no oeste mineiro.

O pacote mesozóico da Bacia do Paraná está representado pela sucessão vulcano- sedimentar do Grupo São Bento e pelos sedimentos clásticos, vulcanoclásticos e carbonáticos do Grupo Bauru, que se encontram a oeste do Triangulo mineiro. A Bacia Alto Sanfranciscana engloba os grupos Areado e Mata da Corda e a Formação Urucuia, com extensas posições desde a região centro-oeste até o extremo norte do Estado.

3.4.1 Cretáceo Inferior/Jurássico

No sudoeste do Estado e Triângulo Mineiro, o Grupo São Bento, constituído pelas Formações Botucatu (basal) e Serra Geral sobrepõe-se à Formação Aquidauana e ao embasamento pré-cambriano.

A Formação Botucatu é constituída por arenitos, em geral finos, com pouca matriz e elevado grau de arredondamento. A Formação Serra geral é dominantemente, constituído por derrames basálticos que, está sobreposto aos arenitos da Formação Botucatu. A maior parte deste vulcanismo de bacia, intracontinental situa-se desde o limiar Jurássico Superior / Cretáceo Inferior até o final deste último período.

3.4.2 Cretáceo Superior

As unidades cretáceas da Bacia do Paraná, em Minas Gerais, ocorrem no Triângulo Mineiro e sudoeste do Estado e são representadas pelo Grupo Bauru e a parte superior do Grupo São Bento.

O Grupo Bauru foi subdividido na Formação Uberaba na base e Formação Marília no topo. A primeira é constituída por leques aluviais conglomeráticos, depositados de leste para oeste (SUGUIO et al., 1979), contendo fragmento de rochas ígneas alcalinas e detritos do embasamento pré-cambriano. Já a Formação Marília, é caracterizada por fácies de calcários lacustrinos e calcretes na base, com arenitos e conglomerados calcíferos na parte superior (ALMEIDA & BARBOSA, 1953). Esta ocorre no Triângulo Mineiro, ao contrario da Formação Uberaba que aparece em manchas localizadas.

Segundo Ulbrich & Gomes (1981), as suítes alcalinas do estado, enquadra-se em três associações litológicas. Poços de Caldas apresenta associação sienítica subsaturada, fortemente alcalina, tendo como rochas dominantes sienitos alcalinos fonólitos e tinguaitos; Araxá, Tapira, Serra Negra e Salitre mostram associação máfica a ultramáfica, muito complexa, álcoli-saturada a peralcalina, tendo glimmeritos, carbonatitos, dunitos, peridotitos e piroxenitos, como rochas importantes ou dominantes; Itatiaia e Passa Quatro, tendo associação granito alcalino-sienito alcalino.

Na Bacia Alto Sanfranciscana a sucessão de rochas cretácicas (da base para o topo) é composta pela Formação Urucuia, Grupo Mata da Corda e Grupo Areado.

O Grupo Mata da Corda (LADEIRA & BRITO, 1968) foi subdividido, da base para o topo, nas formações Patos e Capacete. Segundo Hasui (1969), a Formação Patos é representada por derrames, brechas, lapilitos, tufos e cineritos máficos e ultramáficos. Sua base é denominada por rochas piroclásticas, enquanto em seu topo acumulam-se derrames alcalinos (SEER et al., 1989). A Formação Capacete é constituída por arenitos cineríticos, localmente conglomeráticos, com cimento carbonático (LADEIRA et al., 1989). Esta formação é equivalente da Formação Uberaba da Bacia do Paraná.

O Grupo Mata da Corda ocorre somente na região oeste de Minas Gerais e está associado ao desenvolvimento da ampla zona de arqueamento, denominado Soerguimento do Alto Paranaíba, que condiciona a distribuição do vulcanismo máfico-ultramáfico alcalino, das intrusões alcalinas, carbonáticas e kimberlíticas (HASUI & HARALYI, 1991).

A Formação Urucuia, assim denominado por Costa et al. (1976), é constituída por um pacote de arenitos bem selecionados que têm, na base, conglomerados monomíticos com seixos de quartzo ou quartzito e arenitos argilosos. A unidade distribui-se amplamente entre os rios Paracatu e Urucuia. Estratificações cruzadas acanaladas de grande porte indicam ambiente de deposição fluvial.

Segundo Hasui (1969), a denominação formal do Grupo Areado é a sucessão sedimentar subdividida, da base para o topo, nas formações Abaeté (composta por conglomerados e arenitos fluviais, sendo que o ambiente de sedimentação é interpretado como leques aluviais e sistema de rios entrelaçados), Quiricó (representada por siltitos e argilitos esverdeados, com níveis betuminosos arenosos e carbonáticos, fossilíferos) e Formação Três

Barras (constituída por arenitos calcíferos e conglomeráticos, siltitos, argilitos e folhelhos). Esta unidade interdigita-se lateralmente e sobrepõem-se as formações Abaeté e Quiricó.

3.5 UNIDADES DO CENOZÓICO

Como unidades cenozóicas foram distinguidas aquelas do Quaternário (aluviões e coluviões) e do Terciário (Formação São Domingos e Formação Fonseca) e coberturas de idade duvidosa, em amplas superfícies de aplainamento denominadas como Terciário/Quaternário.

3.5.1 Terciário

Nas pequenas bacias do Gandarela e Fonseca, assentadas sobre rochas pré- cambrianas do Quadrilátero Ferrífero, ocorrem os pacotes sedimentares detríticos com camadas orgânicas da Formação Fonseca (FONSECA et al., 1979). Trata-se de uma sucessão de arenitos argilosos e lamitos arenosos, intercalados com camadas de argilitos, folhelho orgânico e linhito de grau de pureza muito variável. Localmente, ocorrem camadas pouco espessas de arenito ferruginoso e brechas intraformacionais argilosas.

A Formação São Domingos (Médio Jequitinhonha), é constituída por sedimentos semiconsolidados, grosseiramente estratificada, de atitude horizontal, dominantemente pelítico-psamíticos, que apresentam horizontes delgados de conglomerados. Os sedimentos dominantes são compostos clastos de areia quartzosa, em meio a proporções muito variadas de matriz caolínica e/ou síltica. Esta formação ocorre no nordeste de Minas Gerais, onde está exposta nas encostas e entalhes de chapadas de extensões variáveis. Seus sedimentos depositaram-se sobre tratos abatidos da Superfície Sul-Americana.

3.5.2 Terciário/Quaternário

As coberturas detríticas cenozóicas de idade indiscriminada (quaternário/terciário), tratam-se de eluviões e coluviões eventualmente associados a sedimentos aluvionares de canais suspensos, que se apresentam em graus variados de laterização. Couraças ferruginosas localizadas denunciam sítios intensamente laterizados, que protegem as superfícies de aplainamento da erosão atual.

3.5.3 Quaternário

O Quaternário é constituído por depósitos sedimentares detríticos, inconsolidados, acumulados nos vales dos grandes cursos d’água, em encostas atuais e pré-atuais e em superfícies de erosão mais novas que a Superfície Sul-Americana (KING, 1956). São eluviões e coluviões relacionados com a esculturação do relevo atual que apresentam feições neotectônicas (SAADI, 1991).

Os sedimentos aluvionares são representados por areias, cascalhos, siltes, argilosos e termos mistos, com ou sem contribuições orgânicas, depositadas em ambiente fluvial, ao longo de calhas, planícies de inundação e terraços. As coberturas coluvionares são constituídas por areias silto-argilosas, com grânulos e seixos, em geral de quartzo, quartzito e canga limonítica, tendo cascalheira ou linha de seixos na base. Recobrem encostas resultantes da morfogênese atual e pré-atual.

Documentos relacionados