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CAPÍTULO 3: GEOLOGIA DE MINAS GERAIS

3.1 Unidades do Arqueano

As unidades do Arqueano distribuem-se em três grandes blocos: São Paulo, Brasília e Vitória, descritos a seguir.

3.1.1 Bloco São Paulo

Grande parte das rochas exposta no Bloco São Paulo constitui o Cinturão de Alto Grau Alfenas (formado pelo Grupo Caconde e Complexo Varginha) e o Complexo Amparo.

Cinturão de Alto Grau Alfenas e Complexo Amparo.

O Complexo Amparo, caracterizado por Wernick (1967) e Wernick & Artur (1983), engloba ortognaisses variados. Este complexo é uma unidade de evolução tectônica policíclica, que engloba rochas originadas no Arqueano (HASUI et al., 1984; HASUI & OLIVEIRA, 1984).

O Grupo Caconde é constituído pelas seqüências supracrustais de alto grau embutidas no Complexo Varginha o qual é formado, essencialmente por ortognaisses (HASUI

et al., 1984; HASUI & OLIVEIRA, 1984). Os litotipos essenciais do Grupo Caconde são

quartzitos (micáceos e/ou feudspáticos), micaxistos, quartzo-mica-xistos, metacalcários dolomíticos com níveis cálcio-silicáticos, formações ferríferas magnetíticas, gnaisses granatíferos, gnaisses kinzigíticos, anfibolitos e metaultrabasitos.

O Complexo Varginha representa uma porção da crosta arqueana, retrabalhada durante eventos tectônicos mais jovens (HASUI & OLIVEIRA, 1984; FUCK et al., 1993).

3.1.2 Bloco Brasília

Este bloco corresponde em parte ao Cráton do Paramirim que Almeida (1981) conceitua como uma vasta área de embasamento arqueano, limitada por cinturões móveis policíclicos cuja evolução teve início ainda no Arqueano, ou no Paleoproterozóico. Em sua maior extensão o Bloco Brasília é constituído por complexos gnáissico-granitóides e seqüências meta-vulcano-sedimentares do tipo greenstone belt.

Suíte Metamórfica São Bento dos Torres, Complexo Passa-tempo, Complexo Acaiaca.

Estes terrenos representam complexos e suítes de alto grau metamórfico, de extensão restrita, em meio ao embasamento gnáissico do Bloco Brasília.

O Complexo Granulítico Acaiaca ocorre a leste do Quadrilátero Ferrífero. Está intercalado em gnaisses e migmatitos retrometamorfizados, de grau metamórfico mais baixo (fácies anfibolito), os quais constituem o embasamento do Quadrilátero Ferrífero. É constituído essencialmente, por ortognaisses granulíticos, gnaisses kinzigíticos e quartzitos com sillimanita e granada.

O Quadrilátero Ferrífero estende-se por uma área aproximada de 7.000 km2, na porção central do Estado de Minas Gerais. Segundo Dorr (1959), o Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais foi assim denominado por Gonzaga de Campos, devido aos vastos depósitos de minério de ferro que ocorrem numa área limitada aproximadamente pelas linhas que ligam Itabira, Rio Piracicaba, Mariana, Congonhas do Campo, Casa Branca e Itaúna. Constituí uma das áreas clássicas da Geologia Pré-Cambriana do mundo. Do ponto de vista geotectônico, o Quadrilátero Ferrífero está inserido na Província São Francisco, situando-se no extremo sul da área ocupada pelo Cráton de mesmo nome (ALMEIDA, 1977; ALMEIDA & HASSUY, 1984) e corresponde a um fragmento crustal polpado, em parte, da Orogênese Brasiliana. As unidades litoestratigráficas que compõem o Quadrilátero Ferrífero são: o Embasamento Cristalino (Complexos Metamórficos), o Supergrupo Rio das Velhas, o Supergrupo Minas e o Grupo Itacolomi. Localmente são observadas bacias terciárias como Fonseca e Gandarela.

O Complexo Granulítico de Passa-Tempo é constituído por gnaisses charnokíticos e enderbíticos, granulitos finos, gnaisses kinzigíticos, localmente milonitizados e/ou migmatizados. Intercalações de rochas metamáficas são localmente abundantes.

A Suíte Metamórfica São Bento dos Torres é constituída por gnaisses de alto grau metamórfico, de composição variada (granulíticos, charnokíticos, enderbíticos e gabro- noríticos).

Complexos Campos Gerais, Barbacena, Belo Horizonte, Bação, Mantiqueira, Porteirinha

O Complexo Campos Gerais (CAVALCANT et al., 1977) corresponde à porção do Complexo Barbacena que foi intensamente afetada pela tectônica transcorrente do Sistema Campo do Meio.

O Complexo Barbacena (BARBOSA, 1954; PLGB1, 1991) é considerado equivalente dos demais complexos granitóide-gnáissicos que constituem o embasamento do Bloco Brasília. São constituídos, predominantemente, por ortognaisses variados. Possui intercalações restritas de metassedimentos (quartzitos micáceos e/ou feldspáticos, micaxistos, rochas cálcio-silicáticas, gonditos, paragnaisses).

Os complexos Mantiqueira e Belo Horizonte parecem significar apenas regiões onde dominam termos granitóides e/ou gnaisses, sendo mais raras as intercalações de seqüências metassedimentares.

O Complexo Bação equivale cronologicamente, em parte, ao Complexo Barbacena, sendo constituído dominantemente por granitóides que apresentam, localmente, remobilizados mais novos (MACHADO et al., 1989).

Os complexos Guanhães e Porteirinha correspondem ao embasamento da Faixa Araçuaí e do Supergrupo Espinhaço.

No Complexo Guanhães, as seqüências meta-vulcano-sedimentares e formações ferríferas encontram-se dispersas e tectonicamente esfarrapadas entre gnaisses e migmatitos graníticos, que sofreram metamorfismo e anatexia, policíclicos, até o Evento Brasiliano (MACHADO et al., 1989; TEIXEIRA et al., 1990).

O Complexo Porteirinha engloba, além de gnaisses bandados ou não e granitóides, corpos metamáfico-ultramáficos dispersos, localmente milonitizados.

Seqüência Metavulcano Sedimentar Fortaleza de Minas, Seqüência Metavulcano

sedimentar Pium-Hi, Supergrupo Rio das Velhas, Complexo Gouveia, Supergrupo Rio Paraúna.

A Seqüência Metavulcano-Sedimentar Fortaleza de Minas, ou Morro do Ferro (TEIXEIRA & DANNI, 1979) é constituída pelas unidades Morro do Níquel, basal e Morro

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do Ferro, no topo. Estas unidades são sucessões de derrames máficos-ultramáficos e sedimentos químicos associados, com sedimentação clástica subordinada.

O greenstone belt de Pium-Hi é uma mega seqüência metavulcano-sedimentar que segundo Schranck & Abreu (1990) subdividiram nos grupos Ribeirão Araras, Paciência e Lava-pés. Os três grupos apresentam entre si contatos tectônicos.

O Supergrupo Rio das Velhas estende-se no sentido noroeste do Quadrilátero Ferrífero, constituindo a faixa de metavulcanitos máficos e ultramáficos de Mateus Leme e a faixa dominada por derrames ácidos e intermediários do Sinclinório de Pitangui-Pequi, além de pacotes pertencentes ao Grupo Nova Lima (ROMANO, 1989; 1993). No sentido sudoeste do Quadrilátero, o supergrupo apresenta diversas faixas embutidas no embasamento granitóide-gnáissico.

No Quadrilátero Ferrífero, o Supergrupo Rio das Velhas subdivide-se, da base ao topo, nos grupos Quebra Osso (SCHORSCHER, 1978; INDA et al., 1984) constituído por rochas metavulcânicas ultramáficas e máficas, de filiação komatiítica, com raras e delgadas intercalações de formações ferríferas e de metacherte; Grupo Nova Lima (DORR, 1969) que engloba metassedimentos pelíticos e psamíticos, metavulcanitos básicos a ácidos, formações ferríferas e manganezíferas, metacherte e raros dolomitos e conglomerados; e o Grupo Maquiné (DORR, 1969) que se encontra no topo do Supergrupo, o qual é constituído por metassedimentos detríticos (quartzitos, filitos, conglomerados).

O Complexo Gouveia constitui terrenos granito-greenstone, sobre os quais repousam as seqüências metavulcano-sedimentares do Supergrupo Rio Paraúna.

O Supergrupo Rio Paraúna possui área-tipo na porção central da Serra do Espinhaço Meridional, no anticlinório de Gouveia. Apresenta uma unidade metabásica/ultrabásica na base e uma metassedimentar no topo. Destacam-se intercalações de sedimentos químicos e rochas vulcânicas básicas e félsicas na unidade superior.

3.1.3 Bloco Vitória

O Bloco Vitória é representado por terrenos de alto grau e complexos gnáissico- granitóides, adjacentes ao Bloco Brasília. Grande parte das rochas expostas neste bloco constitui o Cinturão de Alto Grau Atlântico.

Cinturão de Alto Grau Atlântico (Complexo Juiz de Fora e Complexo Paraíba do Sul).

Os Terrenos de Alto Grau representam complexos e suítes de alto grau metamórfico, de extensão restrita, em meio ao embasamento gnáissico do Bloco Brasília. Podem representar lascas tectônicas da crosta inferior deste bloco.

O Complexo de Juiz de Fora se estende por toda a região leste do Estado, ao longo do Cinturão de Alto Grau Atlântico, constituindo os principais conjuntos litológicos desta unidade geotectônica. Nesta unidade englobam gnaisses de alto grau, granulitos, rochas da suíte charnockítica e rochas resultantes da transformação destes litotipos.

O Complexo Paraíba do Sul em Minas Gerais é constituído essencialmente por biotita gnaisses paraderivados, localmente migmatizados, com intercalações de gnaisses kinzigíticos, mármores, quartzitos impuros (feldspáticos e/ou micáceos e/ou sillimaníticos) e rochas cálcio-silicáticas com estruturas gnáissicas ou não.

Seqüência Metavulcano-sedimentar Cuité Velho.

Trata-se de uma seqüência que engloba paragnaisses, formações ferríferas, anfibolitos, metaultrabasitos, metadioritos e prováveis metachertes, em meio a granitóides (foliados ou não).

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