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Falta um pedaço Krahò

No documento Apostila Do Estado Do Tocantins (páginas 39-44)

Origem mítica do povo Krahò

"Sol disse para a lua: cumpadre vamos descer e decidiram: criaram as matas, os rios e o homem. Da cabaça criaram a mulher e ensinaram a construir aldeia e fazer roça e voltaram para o céu". Pokrok

História

Contam os Krahó em sua história mitológica que Put, o sol e Pud roré, a lua, foram habitar a terra em forma de homens. Pud (Deus) cantou e deu origem a todas as coisas do mundo. Para os Krahò o canto é sagrado e tudo começa e termina com os cânticos ensinados por Deus.

No final do século XVIII, os Krahò habitavam a região do Rio Balsas no Estado do Maranhão quando tiveram registrados seus primeiros contatos pela "frente de colonização". Recuaram para a margem direita do rio Tocantins, entre os rios Farinha e Manuel Alves, na região onde hoje é a cidade de Carolina / Maranhão.

Como outros grupos os Krahò combateram outras etnias. Pedro Penõ fala de suas lembranças sobre as lutas contra os outros povos e como essas lutas influenciaram suas migrações: "deslocou para Pedro Afonso, porque o Mehin (como os Krahò se autodenominam) brigava com o Gavião. (...) Ai depois o Xerente começou também a brigar com os Krahò e eles desceram o rio". Fomentar a guerra entre as diversas etnias foi uma estratégia bastante utilizada pela frente colonizadora para apoderar-se das riquezas encontradas nas terras de outro grupo (Carneiro da Cunha, p. 18).

Como a maioria das tribos indígenas, os Krahò sofreram grandes perdas na sua população. A política de aldeamento significava, segundo a conveniência dos brancos, deportação e

concentração de grupos indígenas, em locais limitados onde havia uma constante vigilância dos missionários destinados ao trabalho de catequese. Estes índios além de agrupados a diferentes etnias deveriam desempenhar trabalhos para toda comunidade local.

Os Krahò viveram na aldeia de Boa Vista do Tocantins, fundada pelo frei Francisco do Monte São Vítor em 1841 no município do mesmo nome. Dez anos mais tarde, havia nessa aldeia 2822 Apinayé e Krahò (Carneiro da Cunha pag.18).

Uma parte da tribo Krahò foi levada à aldeia de Pedro Afonso, fundada em 1849 pelo missionário frei Rafael de Taggia. Pedro Afonso era um importante entreposto comercial da época e servia de rota fluvial, pelo rio Tocantins, entre Porto Imperial e Carolina. Viveram nessa aldeia perto dos rios Sono e Tocantins, mas os ataques e as doenças reduziram a população. No início do século XIX eram quatro mil pessoas e em menos de um século, a população reduziu para pouco mais de quinhentos habitantes.

"Então mandaram pedir um padre. Ele chegou naquelas canoa grande, Frei Rafael. Levaram pelo rio até Pedro Afonso. Ficaram morando lá até fazer a demarcação, essa área que tem para o Krahò."

Pedro Penõ

Anos depois apenas mil Krahò viviam em Pedro Afonso, trabalhavam na pesca, agricultura e pastoreio - levavam gado para o Maranhão. Frei Rafael de Taggia ainda era seu missionário, e assim seria até morrer, aos oitenta anos. "Em 1886 restavam apenas duzentos Krahò na aldeia, que tinha se transformado num vilarejo de sertanejos afastados" (Mellati, Índios do Brasil, pág. 24).

Mas os Krahò foram removidos, pois criavam empecilhos ao comércio fluvial através do rio Tocantins (Carneiro da Cunha, p.408). A pressão colonizadora os obrigava a migrar

aparentemente em direção ao nordeste, voltando à sua região de origem às margens do rio Manuel Alves Pequeno..

Em 1940, os índios Krahò sofreram um violento massacre desfechado por criadores de gado. As invasões persistiram por décadas e, continuam vivas na memória de seus habitantes mais velhos. Mas os Krahò resistiram e preservaram elementos fundamentais da sua cultura, como os cantos, corte de cabelo, o cultivo dos alimentos e principalmente a formação circular das aldeias

mantendo o equilíbrio cultural de seu povo. Demarcação das Terras

"Eu pedi mesmo; quero lugar tudo desocupado". Pedro Penõ

Após várias invasões, as terras dos índios Krahò foram demarcadas. É uma área de

aproximadamente 302.533 hectares próxima as cidades de Itacajá e Goiatins. Delimitada em 1976, hoje é considerada a maior área de cerrados inteiramente preservada no Brasil.

"A divisa é Sono Grande que despeja no Tocantins, aí sobe até rio Perdido até rio negro que digo, até Chácara da Serra, até rio Mateiro despeja no Suapara, no Suapara desce até no Manoel Alves Grande. Nome mudado do Rio Vermelho. Essa que é a divisa dos Krahò".

Pedro Penõ Vida Cotidiana

Dia-a-dia na aldeia Pedra Branca

Para os Krahò a terra pertence a todos os membros da tribo. Os casais preparam a roça para sua família, depois da colheita outros membros da tribo podem utilizar o mesmo local. O marido e a mulher podem doar, aos seus parentes os produtos dos seus roçados, mas em caso de separação a mulher fica com a produção.

Os Krahò negociam com os brancos, utilizando recursos que possam promover sua sobrevivência na relação interétnica. "Os Krahò permitem que os regionais plantem em suas terras, criem gado, mediante pagamento em dinheiro, em reses, em produtos vegetais, em certos favores ou mesmo em troca de permissão de caçarem fora do território tribal" (Darcy Ribeiro, p. 133).

Com a posse da terra ganharam uma "certa independência", uma relação "ordenada" com o mundo dos não índios, e também, puderam manter sua identidade étnica. De outra forma, sem essas estratégias de defesa, adquirida do contato permanente de aproximadamente duzentos anos com a sociedade envolvente, talvez não conseguissem sobreviver aos tempos.

Alimentação

Pedro Penõ descreve, assim, os hábitos alimentares dos Krahò: "Comíamos toda fruta, macauba, buriti, bacaba, coco piaçava. Quando já tá maduro, eles pegam tudinho ai eles tiram, descascam tudinho, tiram casca e botam no sol, ai quando tá seco bate tudinho e tira carne de casca, pisa no pirão e faz beju ou faz paparuto, mistura com a casca de cipó. De primeiramente o índio planta aquele cipó e deu no fim, chegou verão, quando caiu folha ele tira tudinho e faz uma tora e bota no fogo e assa. Eu já comi o beju de carne de casca de piaçava eu já comi também. Massa de macauba, também tira a casca dura e cozinha no muquem conforme ai umas quatro horas, faz muquem grande e assa, quando assar eles tiram tudinho e põe no sol." Pedro Penõ

Trabalho

A divisão de trabalho é feita pela separação de sexo e idade. Os homens cuidam da agricultura e das atividades guerreiras, caçam e pescam. As mulheres fazem a coletam, plantam, e cuidam da casa. As crianças imitam os adultos do mesmo sexo. As meninas maiores cuidam dos menores e os meninos, assim como os velhos, são encarregados de carregar as armas e levarem a caça para as aldeias. Os velhos são representantes da tradição, conselheiros e sábios.

Na roça cultiva-se mandioca, batata, amendoim, abóbora e principalmente o milho, considerado sagrado para os Krahò. A área dos roçados fica distante da aldeia.

As Caçadas

Os caçadores Krahò, para serem bem sucedidos, além de observar os locais e ocasiões propícias para a caçada, também devem conhecer muito bem os hábitos dos animais para melhor procurá- los ou esperá-los. Prepara-se também com certos recursos mágicos: "...usam determinados vegetais para esfregar no corpo ou para fazer infusões que ingerem, segundo à espécie de animal que desejam caçar" (Melatti, p. 48). Certas magias, para terem eficácia, exigem a abstinência de certos alimentos. Também procuram interpretar os sonhos que, segundo eles, poderão predizer o sucesso das caçadas.

Artesanato

Os Krahò confeccionam artesanatos utilitários: cofos para carregar lenhas e alimentos. Bolsas para viagens ou para colocar roupas e pequenos objetos, cuias, pilões, abanos e cestas. Produzem enfeites e instrumentos musicais para as festas como os colares e as flautas de cabacinhas e os maracás que são feitos pelos homens.

O material empregado na confecção dos artesanatos é retirado da natureza são: sementes, palha de buriti e babaçu, penas de pássaros e cabaças.

Organização social

Tradicionalmente as aldeias Krahò são politicamente independentes. Estão construídas em disposição circular, com um grande pátio no centro chamado Kà, onde a tribo se reúne para fazer as divisões de trabalho e tudo que seja importante para a concepção da vida cotidiana na aldeia. Os partidos: Os Krahò possuem dois partidos, ou duas metades o Katam jê e Wakme jê , estão presentes em tudo, segundo a tradição, são essas forças que regem a natureza e o homem. É importante para os Krahò que as duas metades estejam em equilíbrio, observando a rotatividade da terra durante o plantio, respeitando o tempo das caçadas e toda as atividades dentro de uma relação com o tempo e variações sazonais, para que se respeite o ritmo da vida e mantenha o equilíbrio. Quando se desrespeita o equilíbrio que rege as duas metades, vem as doenças, a fome, a sede e a morte.

Katam jê representa o inverno, rege as chuvas, o poente, as matas verdes, o frio, os animais noturnos.

Wakme jê representa o verão, o nascente, a seca, o calor e os animais noturnos. Celebrações e Rituais

Os Krahò cultivam seus rituais e celebrações com a mesma força que acreditam no equilíbrio das metades que rege suas aldeias. O símbolo sagrado que mantêm essa harmonia e o respeito dentro da comunidade é o Khoyré, uma machadinha de pedra que o povo Krahò tem como elemento importante para continuar a tradição e a vida.

Tudo que se relaciona ao povo, suas festas, ritos, histórias, os sentimentos e as crenças estão ligadas a natureza, de onde tiram a sobrevivência do corpo e da alma. Portanto, "aquele que possuir a machadinha não deve fumar, beber, não pode brigar. Tem que falar pouco e escutar mais". (José Aurélio Pokrok)

Os Krahò acreditam que todos os seres: animais, vegetais ou minerais, possuem alma, conhecida como, Karõ. O Karõ pode afastar-se do corpo. Quando morre um Krahò acontece a separação definitiva, e depois o Karõ transforma-se em animais.

"Para os índios Krahò tanto o marido como a mulher tem participação na formação do corpo de um novo ser. (...) Uma vez nascida a criança, (...) o homem Krahò evita comer carne e

determinados alimentos vegetais durante os primeiros dias após o nascimento de seu filho; (...) não pode trabalhar, fumar, conversar, ter relações sexuais, matar cobras" (Melatti, p. 104). Os homens seguem essas tradições por acreditarem que o filho tem ligação direta com o pai, assim

era preciso se preservar para que os filhos sobrevivessem seus primeiros dias de vida com saúde. O menino Krahò recebe o nome geralmente de seu tio materno, enquanto a menina quase sempre da tia paterna. Segundo o nome que recebe, o indivíduo passa a pertencer a certo grupo

cerimonial e a certa metade dos muitos pares que existem na sociedade. Khoyré - Machadinha Sagrada"

Eu falei das cerimônias e da força da nossa cultura. Na aldeia é o cantor que usa a machadinha. A machadinha que toma conta da aldeia resolve as coisas, sabe as coisas antigas".A história era assim: Os cantores ficam no pátio, no centro, cantam até o dia amanhecer e ajuntar o pessoal, explicam as coisas, se vão trabalhar ou vão para a caçada, explicam para os mais novos que vão para o mato matar algum bicho e trazer para o rumo do torí(não índio) as coisas que mataram repartem, vão dar para o Wakme jê ou Katam jê , então vão dividir carne e correr para o rumo da aldeia. Sempre cantam, toda noite pro outro aprender. A Machadinha sempre fica guardada, aquele que sabe cantar pega ela um pouco e torna a guardar."

Os Sonhos

Acreditam que os sonhos predizem a vida, mostram o que vai acontecer. O velho Xavier diz que se sonhar matando o animal, você irá viver por muito tempo até ficar velho, se o bicho matar o indivíduo este, logo morrerá.

A Festa da Batata (panti)

Celebra a colheita, é realizada durante o verão, quando existe comida suficiente para alimentar todos que participarão dos rituais. Colhem milho, batatas, frutas e reúnem os partidos do verão e inverno para combinarem como será a festa.

Durante a festa os Krahò celebram seus casamentos e batizados. Preparam um grande bolo de mandioca e carne, o paparuto. Fazem os enfeites que os rapazes e as moças usarão durante as festividades.

"Fica a noite toda na festa do maracá. As mulheres cantam, os homens ficam passando por elas e o cantor conduz ensinando as músicas dos antepassados, sobre os animais".

Cacique da aldeia Cachoeira

Durante a festa correm com a tora que chamam de Jàtjõpi "tora da batata" que chega a pesar 120 quilos. Participam os dois partidos: o do sol nascente e do sol poente.

O cantor de maracá e uma mulher cantam lado a lado na casa de reunião dos homens. Junto, uma menina aprende os cantos. A cerimônia começa quando todos vão para o círculo maior, em frente a casa de reuniões de um dos partidos. Jogam as batatas nos rapazes, que se oferecem para recebe-las. Se pegam continuam na brincadeira, se deixam cair, cedem o lugar para outro. O homem, a mulher e a menina, cantando, são seguidos por toda a comunidade. A cada novo desafio, a brincadeira torna-se mais festiva. No final, reunidos no pátio após percorrerem a metade da aldeia, as mães acendem fogueiras e as brincadeiras recomeçam com as cantigas de maracá.

Corrida de toras

Homens e mulheres participam da corrida com toras, especialmente preparadas para cada tipo de festa. Os grupos que correm representam os dois partidos, o do sol nascente e o do sol poente. Preparam-se para a corrida que terminará no pátio. As toras de buriti vão passando de ombro em ombro e ganha o grupo que chegar primeiro ao pátio onde gritam e dançam comemorando a vitória.

"Cortam as toras de buriti, limpam bem, comparam o peso de cada uma e começa a corrida, sai um portador para convidar outras aldeias para participar da festa." Dodani Krahò

Festa do Milho - Pônhê

Na festa do milho os Krahò comemoram a fartura das roças. Segundo o cacique a festa demora acontecer, às vezes passam até dez anos para que ela seja realizada.

A festa começa com o partido do inverno Katam jê, recolhendo os alimentos nas roças do partido Wakme jê, do verão. O que colhem armazenam em grandes palhas de bacaba, do seu lado da aldeia.

Depois o partido do verão recolhe todos os alimentos na casa dos homens do seu partido. Fazem dois grandes feixes de palha contendo os alimentos e colocam diante de suas casas.

Caminham até os feixes de alimentos e voltam para o pátio, como que anunciando aos outros membros do partido. Esperam até o dia amanhecer quando reúnem os dois partidos para carregar os feixes até o pátio. Cantam com maracá e abrem os feixes dividindo todos os alimentos.

A Aldeia Krahò

Os Krahò quando falam de sua própria sociedade, destacam a aldeia - e não as casas - como unidade fundamental para as suas referências, definindo-se como "índios de verdade"

principalmente pelo formato circular de suas aldeias. Matta, faz a mesma afirmação quando se refere aos Apinayé que, assim como os Krahò, também são descendentes dos Timbira. (MATTA, 1976)

As aldeias Krahò são circulares e o círculo é formado porque todas as casas distam igualmente do pátio que se torna, desta forma, o centro da aldeia. A circunferência formada pelas casas não é proporcional ao seu número. Em outras épocas era comum uma aldeia com determinado número de casas e diâmetro ser construída em outro local com o mesmo número de casas, porém, com diâmetro maior. Ou então, encontrar-se aldeias pequenas (poucas casas) com diâmetro maior que algumas aldeias grandes. Cada casa tem seu próprio caminho que a liga ao pátio, e estes

caminhos radiais são iguais para todos, o que significa que "todos têm o mesmo peso social" (Matta op. cit.) e que estão relacionados de um mesmo modo ao pátio, centro das decisões políticas e de toda a vida ritual.

Esta disposição espacial das casas forma assim o círculo maior da aldeia, normalmente chamado de periferia. Diante das casas passa um caminho circular, o kricapé (onde kri = aldeia). É na periferia que têm lugar as atividades domésticas ligadas à produção e as casas aparecem como unidades fisicamente definidas e demarcadas.

Cada casa abriga os dois únicos grupos sociais da vida cotidiana: a família elementar (pai, mãe e filhos) e o grupo doméstico, o quer dizer que uma casa compõe-se de pelo menos duas famílias elementares. Os homens ao se casarem, devem residir na casa da mãe de sua esposa; assim, as famílias elementares de uma mesma casa, que constituem o grupo doméstico, são ligadas pelos laços maternos.

A expansão das aldeias não é dada de forma linear. Quando o círculo periférico da aldeia já não suporta mais a construção de novas casas, as novas famílias vão construindo atrás das casas das quais haviam desmembrado, ou seja, geralmente as filhas morando atrás da casa das mães. Em momentos ou situações de grande acréscimo populacional e de estabilidade política, ao invés de ocorrências de cisões, as aldeias podem ampliar o círculo (aumentando o diâmetro das aldeias), abrindo para trás. Nesta situação não a veríamos como um conjunto concêntrico de círculos de casas em torno de um pátio, mas sim um círculo de traçado irregular, com casas mais distantes ou mais próximas do pátio. Com o passar do tempo as casas do antigo círculo tendem a desaparecer, restando somente o novo círculo periférico com um perímetro maior, já que as novas gerações teriam construído suas casa no círculo de trás e as da frente desapareceriam.

A Casa Tradicional Krahò

A forma das casas utilizadas pelos Krahò são muito parecidas com as casas dos moradores não- índios da região. A planta é normalmente retangular, com um dos lados maiores formando a frente da casa, que tem por vezes uma cobertura de quatro águas, feitas de folhas de babaçu ou inajá. Do mesmo material são feitas as paredes. Toda a amarração é feita com cipós. As folhas de palmeira são aplicadas em posição horizontal, com os folíolos pendentes para um lado só.

Algumas vezes, as folhas são aplicadas em sentido vertical, de ponta para baixo e com os folíolos em posição natural - parece ser esta a maneira original de fazerem as paredes.

A casa completa é fechada em todos os quatro lados, às vezes, porém, falta a parede da frente, total ou parcialmente, ou somente uma parte da casa forma uma espécie de quarto fechado. A porta sempre é feita no lado maior, voltada para o pátio da aldeia. A esta parte da frente corresponde outra, na parede dos fundos, dando para o quintal. Nas casas não há janelas. São mais comuns as casas com cobertura de duas águas e porta ao lado do esteio da cumeeira e se utilizam mais das folhas de piaçava para a cobertura de suas casas.

À noite e durante a ausência de todos os seus habitantes, fecha-se a porta com uma esteira encostada ou pendurada nela. As casas são construídas pelos homens que nelas habitam, mas são propriedade das mulheres.

Atualmente os Krahò constroem suas casas de taipa ou mesmo de adobe ou tábuas de madeira fazendo uma divisão interna. Mellati (in: MELATTI, J.C. Ritos de uma tribo Timbira. 1975) descreve: "Ocorre algumas vezes que a casa krahò tenha paredes internas; mas não há nada de comum entre a divisão interna de uma casa e as demais. (...) A casa indígena é geralmente sem divisões; algumas vezes separam um recinto destinado a ser cozinha de outro destinado a ser quarto; mas logo algum casal da casa se instala na cozinha, começa a cozinhar no quarto e a primitiva divisão se transforma". É também bastante comum que as famílias construam atrás ou ao lado da casa de taipa ou adobe uma área com cobertura de palha que serve de cozinha, utilizando a casa apenas para dormir.

Encontra-se no interior da morada, jiraus baixos com esteiras de buriti, um para cada casal e camas a um metro e meio a dois metros de altura, cercadas por paredes de esteiras para as moças.

Xerente

Akwê, "gente importante", "indivíduo". O povo que assim se denomina vive na margem direita do rio Tocantins, perto da cidade de Tocantínia, na Reservas Indígenas Xerente e Funil

Pertencente ao grupo linguístico Macro-Jê, vivem da agricultura tradicional da "roça de toco", plantam milho, arroz, mandioca e, em pequena escala, utilizam a lavoura mecanizada.

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