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Povos Indígenas

No documento Apostila Do Estado Do Tocantins (páginas 32-39)

São inúmeras as tribos da nação indígena no Tocantins. Dentre elas algumas merecem maior destaque. Conheça cada uma delas nos links abaixo:

Apinayé

Origem mítica do povo Apinayé

No início dos tempos não existia as árvores, nem os animais, nem os rios.

O Sol (Mbu-di) convidou a Lua (Mbudvrà-ré) para descer a terra. Andaram pelo mundo e criaram as plantas, os animais, os rios. O sol fez uma aldeia e uma roça e nela plantou cabaças, quando as cabaças amadureceram levaram para a beira do rio, atiraram na água e de cada uma surgiu um ser humano.

Os filhos do Sol chamaram-se Kóó-di e os filhos da Lua Kóó-ré e ficou determinado que os Kóó-dí casariam com os Kóó-ré e então, voltaram para o céu.

(Relato de Xavier Apinayé) História

Os primeiros registros do povo Apinayé na região, onde vivem hoje, vem de 1774. Antônio Tavares, viajante que navegava pelo rio Tocantins, viu-se rodeado de grande número de índios. Tantos eram que se viam na parte de baixo, na praia da esquerda, que pareciam regimento formado (Nimuendajú. Pág. 02). Em 1780 foi criado o primeiro posto militar em Alcobaça para tentar conter os guerreiros apinayé.

Os Apinayé eram conhecidos como grandes guerreiros, os poderosos índios da região norte. Segundo Nimuendajú, as guerras eram travadas por motivo de vingança: guerras de conquista eram-lhes inteiramente desconhecidas e, caçada de escravos para si ou para neo-brasileiros, como faziam os Krahò, tão pouco praticavam pois desconheciam a escravidão (Nimuendajú, pág. 91).

Todas as suas aldeias eram numerosas, praticavam a agricultura, a caça e a pesca. A caça era feita por homens e mulheres. Os homens utilizavam o arco e a flecha. Às vezes ateavam fogo no campo para os animais saírem e assim, apanhá-los. Mulheres caçam tatus com o cavador e o terçado (Nimuendajú, pág. 71).

O avanço da civilização colonizadora para a região dos Apinayé teve início em 1797, com a tentativa do governo de incentivar o povoamento da região. Chegaram exploradores e aventureiros em busca de riquezas.

Quando esses exploradores constataram que havia ouro na região, vários garimpeiros em busca de enriquecimento enfrentaram os índios provocando uma luta que se estendeu por muitos anos. A população Apinayé abatida por doenças e guerras foi se afastando para dentro da mata ou aceitando o aldeamento como necessário para a sobrevivência da comunidade.

Segundo dados do Conselho Indígena Missionário - CIMI em 1780, seiscentos índios Apinayé trabalhavam na agricultura, na criação de gado e na navegação fluvial para o Pará. Outros Apinayé viviam em torno da cidade. Na contagem seguinte, por volta de 1880, havia 1362 Apinayé na aldeia Boa Vista.

mais tarde a São Pedro de Alcântara (Carolina, Maranhão). Com o contato permanente entre os índios e a sociedade envolvente, a população Apinayé entra em decadência, ficando cada vez mais distante da antiga e numerosa tribo. Tomados por uma epidemia de varíola passaram em poucos anos de 4200 para 1500 pessoas, em 1899.

Com a fundação do posto do SPI, em 1940, os Apinayé deixaram de migrar constantemente e passaram a permanecer nas suas aldeias na região de Tocantinópolis, onde vivem até hoje. Limitaram-se a trabalhar na agricultura, na criação de gado (aprendido com o não-índio) e na navegação fluvial.

Demarcação das terras

O Capitão José Dias, líder dos Apinayé, viajou ao Rio de Janeiro para pedir a demarcação de suas terras. Ao mesmo tempo os Apinayé mudaram para a aldeia do Cocal, acima do Ribeirão São Benedito, em 1936, quando restavam apenas sessenta índios.

Durante muitos anos, o povo Apinayé lutou pela demarcação de seu território que foi registrado e homologado apenas em 1985.

Os Apinayé vivem hoje numa área demarcada, de 141.904 hectares, próximo aos municípios de Tocantinópolis, Maurilândia e Lagoa de São Bento. Sua população atual é 1014 habitantes (FUNAI/MAIO/1997), distribuídos em sete aldeias.

Vida Cotidiana

Na sociedade Apinayé, existem muitas pessoas e cada uma tem função diferente. O Cacique é chefe superior da tribo. Ele e o Vice-cacique resolvem os problemas da comunidade. O pajé é chefe espiritual da tribo. Os curandeiros cuidam das doenças. Os cantadores e cantadeiras cantam no pátio. Os enfermeiros, os professores índios e não-índios que ensinam a ler e escrever e, por fim, as pessoas das famílias. Uns gostam de trabalhar, outros gostam de pescar e caçar, outros gostam de coletar frutas silvestres (relato de Cassiano Sotero Apinayé).

Trabalho

O trabalho pode ser feito em mutirão. Quando muitas famílias participam, tudo é repartido, tanto o trabalho como os produtos. Nas roças comunitárias ou nos roçados individuais as tarefas são distribuídas entre homens, mulheres e crianças. Enquanto os homens preparam as roças brocando, derrubando e queimando, as mulheres e as crianças encovairam, plantam, capinam e fazem a colheita. O sistema utilizado para a plantação é da tradicional roça de toco, onde o terreno é queimado e os tocos são arrancados para depois iniciar o plantio.

Tradicionalmente plantam milho, mandioca, amendoim, feijão, batata doce e inhame. Fazem a coleta de andu, pequi, buriti, bacaba, bacuri, babaçu, açaí, murici, tucum e palmito que complementa a sua alimentação.

Os homens pescam, caçam e cortam lenha; as mulheres cozinham, cuidam das crianças, raspam, ralam e imprensam a mandioca. Os Apinayé coletam o babaçu para fabricar utensílios domésticos e cobrir suas casas.

Artesanato

Os Apinayé fazem trançados variados. Utilizam a palha de babaçu, tucum e buriti para

confeccionar cestas, esteiras e cofos. Os colares são feitos com sementes de árvores do cerrado e os cocares com penas coloridas. Esses artefatos são tingidos com urucum e jenipapo. Também utilizam a miçanga para confeccionar colares, mas conservam seus desenhos tradicionais. O artesanato serve para enfeite e são utilizados nas celebrações. Os apinayé também vendem o seu produto nas cidades próximas às aldeias.

Cestos, cofos e quibanos: confeccionados pelas mulheres em trançado de fibra de buriti, fibra de tucum e babaçu.

Colares: confeccionados com sementes variadas, penas de pássaros, bambu e espinhos.

Arco e flecha, maracá e borduna: confeccionados pelos homens que utilizam madeira, fibra e coité onde fazem os desenhos.

Educação

A transmissão tradicional do conhecimento entre os Apinayé sempre foi oral, transmitido pelos mais velhos de geração para geração. Assim ensinavam a língua, os rituais, a arte, as histórias e os costumes.

Devido à convivência interétnica surgiram as escolas que, no início, ensinavam somente o português. Mas, como índios tinham muitas dificuldades em aprender porque os professores não compreendiam o que eles falavam nem os alunos compreendiam o que o professor dizia surgiram as escolas bilíngües. Nestas os alunos têm a oportunidade de ler e escrever na sua própria língua e depois no português, ajudando a manter a cultura e revitalizando a sua identidade étnica. São mantidas pelo Governo do Tocantins seis escolas bilíngües.

Celebrações e Rituais

As festas são realizadas no pátio, localizado no centro da aldeia. São iniciadas pelo cantor com seu maracá. A alegria do Panhi (índio Apinayé) é a invenção da música. Cantiga de tora. Toda cantiga, com maracá. Panhi nunca quis largar a música. Hoje tem uns que não sabe cantar a Tora grande (relato de Alcides Apinayé, cantor).

A Festa do Mekapri - A festa é realizada para fazer o espírito voltar para o corpo da pessoa que está doente. Durante a noite, uma cantora fica cantando até o dia amanhecer. No dia seguinte, dão banho de água fria na pessoa para purificar, pintam e enfeitam todo o corpo,

tradicionalmente, de acordo com o clã. Levam a pessoa para a casa dela juntamente com o twy kupu (comida feita com mandioca e carne) como oferta para o espírito voltar. Na casa todos choram e depois distribuem a comida sempre com a presença do pajé. Apenas a pessoa doente não come. (relato de Kunum Apinayé).

Ritual de morte e enterro - Começa a lamentação quando todos os parentes se reúnem na casa do morto. Chamam um cantador que fica do lado do morto cantando até o dia amanhecer. O morto é banhado e colocado numa esteira onde recebe a pintura e os enfeites segundo seu clã. Os pais e os parentes mais próximos não acompanham o enterro, continuam a chorar no lugar onde o enfeitaram. Quando os outros voltam do enterro vão banhar no ribeirão. Os Apinayé levam comida para o morto, porque acreditam que sua sombra possa voltar para casa à procura de alimentos. Também colocam os seus pertences sobre a sepultura. Os parentes que estão enlutados não cortam os cabelos, não se pintam e não participam das reuniões na praça. Um ano depois visitam seus parentes no cemitério.

Casamento: Os noivos são enfeitados nas casas maternas com pinturas de urucum, jenipapo e lã de pati. O noivo senta ao lado da noiva e o conselheiro fala das obrigações de cada um para ter uma vida boa e correta.

Os padrinhos e as madrinhas da moça ainda podem escolher o marido. Antes isso acontecia quando ainda eram crianças. Hoje, já é possível que os jovens escolham com quem querem casar, estando de acordo com a sua família. A comida preparada é o paparuto - espécie de bolo de mandioca com carne, feito na palha da bananeira cozido no muquem. Os moços levam o paparuto para a casa dos padrinhos da noiva e lá recebem conselhos para não brigarem e viverem em paz. Quando eles terminam falam: se o rapaz não fizer direito com nossa afilhada nós vamos fazer desse jeito com você: cortar seu pescoço (relato de Ausira Apinayé).

A Aldeia Apinayé

As aldeias Apinayé são construídas em lugares planos, em solo não pedregoso e perto de córregos d água. Nas proximidades deve haver mata ciliar para os roçados; quando, em conseqüência das derrubadas anuais, esta mata se acaba, a aldeia é reconstruída em outro lugar. Em tempos mais recentes, a construção de casas de alvenaria tem forçado a permanência da aldeia num mesmo local.

Caminhos estreitos cortam a mata ciliar em todos os sentidos, levando aos locais de roça, pesca, caça e banho. Os caminhos da roça são relativamente limpos para que as mulheres possam passar livremente com seus cestos de carga.

Para a fundação de sua aldeia, os apinayé escolhem sempre um lugar que satisfaça às seguintes exigências:

O chão deve ser plano, no alto dos campos, em geral no fim de algum contraforte, no ângulo entre dois cursos de água confluentes;

O solo não deve ser pedregoso nem arenoso, mas ser formado de argila dura;

O lugar não deve ser demasiado distante da água. No geral, em torno de 500 metros;

Nas proximidades deve haver bastante mata ciliar para os roçados durante um espaço de, pelo menos, 10 anos. Quando, depois, em conseqüência das derrubadas anuais, a mata já fica numa distância de mais de duas léguas da aldeia, muda-se esta novamente para um lugar onde ainda haja bastante mata nos arredores.

A Casa Apinayé

A construção de casas de alvenaria de tijolos industrializados e a adoção de técnicas mais desenvolvidas de plantio (como mecanização e adubação do solo) tem levado à perenização da

aldeia.

A disposição da aldeia é inteiramente igual àquela das tribos dos Kráhò: as casas são distribuídas aproximadamente em círculo, ficando o lado mais comprido voltado para a praça que se encontra aproximadamente no centro. Diante das casas, ao redor do círculo interno, corre um caminho largo normalmente denominado rua. Da praça central partem caminhos radiais que a ligam a cada casa. A tradição dos Apinayé não dá a conhecer nas aldeias fixas, outras casas senão do tipo daquelas ainda hoje em uso: retangulares, com cumeeira e cobertas de palha de palmeira, idênticas às dos moradores da região. As casas são feitas com pouco acabamento, são fechadas com divisões de esteiras de palmeiras encostadas contra uma travessa armada na horizontal. Os Apinayé possuem atualmente aldeias fixas. As casas são construídas com materiais que vão da palha de buriti, passando pela taipa, tijolos de adobe e alvenaria de tijolo industrializada. Têm-se ainda casas erguidas com tábuas de madeira aparelhada.

Atualmente, algumas aldeias Apinayé têm forma retangular com um pátio de reuniões central, no entanto, na prática, os segmentos residenciais dispostos em retângulo continuam a ser

interpretados como se estivessem colocados em círculo e assim é que são representados graficamente pelos Apinayé, como se tivesse a mesma forma das aldeias tradicionais.

Karajá, Javaé, Xambioá

Origem mítica do povo Karajá

Conta a lenda que os Karajá viviam no fundo do rio Berorõdy (rio Araguaia).

Certo dia descobriram um buraco e resolveram ver o que tinha do outro lado. Uma família saiu, viu a terra, as árvores, frutas, pássaros e animais.

Voltou para contar o que viu e foi para a superfície. Koboí decidiu sair mais era muito gordo e não conseguiu passar.

Os que saíram são conhecidos como Karajá, mas se auto-denominam Iny. História

Antes de 1500, os Karajá subiram o rio Araguaia, migraram entre outros motivos, devido às invasões de seu território e confrontos com outras etnias. A migração sazonal levou os Karajá para várias regiões até conquistarem o território onde vivem, nas aldeias da Ilha do Bananal, de Xambioá, Mato Grosso e Pará, às margens do rio Araguaia.

Durante os séculos XVII e XVIII o contato com as expedições dos paulistas provocou muitos conflitos. Os Karajá aceitaram a paz no final do último século e foram viver nos aldeamentos junto a outras etnias, entre elas, Xerente e Caiapó. Essa junção não deu certo e os Karajá voltaram para suas praias, doentes e com a população reduzida.

Ali mantiveram contato com o jesuíta Tomé Ribeiro, durante a primeira viagem deste,

empreendida pelo rio Araguaia. Nos anos seguintes a relação com os não-índios intensificou-se com a vinda dos mineiros e das frentes pastoris e agrícolas. Com o avanço da navegação fluvial, os comerciantes utilizaram a mão-de-obra indígena, principalmente como remeiros.

No começo do século XX, os Karajá ainda viviam de acordo com as mudanças climáticas, conforme as estações do ano e o regime das águas que eles dividem em início das enchentes, a cheia e o início da vazante, quando o rio fica behetxi (parado). Utilizavam diferentes locais de moradia. Durante o verão viviam nas praias do rio Araguaia e no inverno subiam os barrancos onde tinham suas aldeias maiores.

Nos dias atuais o regime das águas ainda marca o tempo que determina as manifestações sociais da comunidade. "A partir do início das chuvas e subida do nível do rio Araguaia os Karajá reúnem- se nas suas aldeias maiores, localizadas nas barreiras ao longo do rio. É o tempo da caça, de se iniciar a preparação das roças e da coleta de diversas espécies vegetais" (EIA/FUNAI - 1997). No Tocantins, existem três grupos: os Xambioá, assim chamados, por morarem perto da cidade do mesmo nome, são conhecidos pela comunidade Karajá de iraru mahãdu (turma de baixo). Na Ilha do Bananal vivem os grupos Karajá e Javaé em aldeias separadas, são os ibòò marãdu (turma de cima). "A referência para a denominação do grupo é dado pela sua localização ao longo de um eixo, o rio Araguaia" (EIA, FUNAI/ 1997).

Na Ilha do Bananal, concentra-se o maior número de aldeias. As que ficam próximo ao rio Javaé levam esse nome. Os Karajá de Xambioá possuem duas aldeias e uma pequena população, mas todos são o povo Iny. Os Karajá, Javaé e Xambioá, falam a mesma língua, possuem os mesmos costumes e se identificam uns com os outros, como parentes e embora geograficamente separados, pertencem aos mesmos antepassados.

Entre os Karajá as atividades políticas são bastante difundidas girando em torno de um complexo sistema de alianças, onde se faz e desfaz facções, consagra-se lideranças e afastam-se outras. Muitas coisas mudaram, neste século, devido a interferência de religiosos e agências

governamentais, ministrando interesses e mudando a política dentro da comunidade. No entanto é forte a tendência do povo Karajá em manifestar suas opiniões e fazer permanecer suas tradições, principalmente na política que faz as lideranças das aldeias. "Teve um tempo em que Karajá vivia como gaivota"

Temysari Karajá (cacique de Xambioá)

Os casamentos: São monogâmicos e combinados entre os familiares. As mudanças de residências são matrilocais: o rapaz tem que acompanhar a moça, passando a residir na casa da sogra. A cerimônia é feita com uma apresentação pública e formal dos noivos para a comunidade. Os Karajá organizam-se em famílias extensas que incluem além da família nuclear, genros e netos. Trabalho

Os Karajá são essencialmente pescadores e sempre viveram do que o rio lhes oferece. Embora hoje tenham suas casas permanentes em cima das barrancas do rio, durante o período da estiagem, passam a maior parte do tempo nas praias, pescando e coletando. Quando chegam as chuvas (Novembro a Março) dedicam-se às atividades agrícolas.

Os trabalhos desenvolvidos pelos homens são a pesca, a caça e a roça. As mulheres trabalham na confecção do artesanato, na coleta de frutos e ajudam nas roças que ficam distante da aldeia. Cada família tem o seu roçado e cultiva: mandioca, banana, cana-de-açúcar, milho, batata-doce, cará e o arroz. Os Karajá fazem a coivara e usam o sistema de rotatividade no uso da terra. Durante o verão, dedicam-se especialmente à pesca tanto para o consumo como para vender ou trocar. Salgam os peixes e levam para as cidades próximas. Adquirem através destes os produtos industrializados: roupas, alimentos, fumo e bebidas.

Da natureza, homens e mulheres, retiram material para construção de suas casas, a confecção de artesanato, instrumentos musicais e canoas. Utilizam o tucum para fazer o arco, a palha de buriti para as esteiras, jenipapo e urucum para as tintas, o coco do buriti, bacaba e madeiras como a sarã para confecção de brinquedos e artesanato.

Artesanato

"A beleza transcende aquilo que a aparência física revela". Os artesanatos são utilizados nos rituais, como enfeites e artefatos. Servem como utensílios domésticos, brinquedos para as crianças e também para a comercialização. Os Karajá são excelentes artesãos da arte plumária, cerâmica e cestaria.

Arte plumária: Essa arte exige muita habilidade e identifica o homem indígena com a natureza, os espíritos e com seu próprio interior. Trás uma significativa expressão de riqueza e esplendor. São confeccionados cocares de grande e pequeno porte, cada um com seu significado, como: Haretõ que representa o sol, é usado pelos rapazes e o Lori lori, usado pelo chefe de cerimônia. Os adornos que utilizam a plumária são: colares, brincos, braçadeiras e tornozeleiras. Servem também para enfeitar instrumentos musicais, armas e máscaras. É uma forma de identificar o grupo étnico e a posição social na comunidade como: cargo, filiação, idade, sexo e prestigio (Fritz Krause, Nos Sertões do Brasil, 1941).

Cerâmica: Confeccionada pelas mulheres, são utilitárias, (potes, pratos tigelas) ou ornamentais (bonecas ritxokò). A cerâmica passou por uma mudança significativa devido a valorização e pressões comerciais. As artesãs personalizam seu trabalho com figuras decorativas tradicionais e usufruem de grande prestigio dentro e fora da comunidade. Para confecção da cerâmica utilizam o barro branco retirado, na época da estiagem, dos barrancos do rio Araguaia que é misturado com cinzas da madeira do cega machado e colocada para secar ao sol.

Para o cozimento, primeiro o objeto é colocado perto do fogo, depois coberto com pedaços de lenha. No final, a peça é pintada de preto, tinta retirada do sumo do jenipapo misturada ao pó do carvão e de vermelho, retirada do sumo do urucum. Na finalização das bonecas utilizam cera preta para fazer os cabelos (Berta Ribeiro, 1957).

Cestaria: Serve para o transporte e armazenamento de mantimentos e como peça decorativa. A técnica da cestaria é ensinada pelos homens mais velhos aos jovens que desejam aprender. As crianças aprendem desenhando na areia, depois transportam para a palha. Os motivos são transmitidos de geração para geração e representam, a fauna e a flora. Para confecção das cestarias são utilizadas a palmeira do babaçu, da bacaba e a seda do buriti.

Celebrações e Rituais

O Povo Karajá mantém a tradição através de seus rituais e celebrações. Ensinam aos

descendentes a importância e necessidade da transmissão destes conhecimentos que vem de tempos milenares.

As festas têm caráter religioso e são realizadas durante a época de fartura alimentar. As figuras míticas dos espíritos protetores cantam e dançam para todos.

Na preparação das festas os homens saem para as caçadas e pescarias, as mulheres arrancam a mandioca, ralam, colocam para secar, coletam frutos e fazem bebidas. São feitos os ornamentos e enfeites: cocares, colares, braçadeiras e tornozeleiras. As tintas de jenipapo e urucum são

utilizadas na pintura corporal. A Pintura Corporal

A pintura corporal é a representação de figuras simbólicas dos animais da região, como: pássaros, peixes e répteis. Utilizam as cores preta, retirada do jenipapo e vermelha do urucum. Existem dentro da comunidade pessoas especiais para fazer a pintura corporal. "As crianças aprendem a desenhar, olhando suas mães e irmãs" (Ijyraru Karajá)

Os desenhos são usados no corpo das pessoas, nas cerâmicas, nas esteiras, nos cestos, nos

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