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4 ZONEAMENTO AMBIENTAL REGIONAL E INSTRUMENTOS LEGAIS

4.2 SÍNTESE DOS PLANOS DIRETORES E LEIS AMBIENTAIS DOS

4.2.5 Farroupilha

É considerado o “Berço da Imigração Italiana no Estado do Rio Grande do Sul”. As primeiras famílias de imigrantes chegaram na localidade que denominaram Nova Milano (atual sede do quarto distrito de Farroupilha) em maio de 1875, vindas da província de Milão, norte da Itália. O município de Farroupilha foi criado através do Decreto Estadual nº 5.779, de 11 de dezembro de 1934, com seu território sendo desmembrado dos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Montenegro. O nome é em homenagem ao centenário da Revolução Farroupilha, que seria comemorado no ano seguinte. Capital Nacional da Malha, maior produtor de kiwi do país, maior produtor de uvas moscatéis do Brasil.130

A cidade de Farroupilha possui um Plano Diretor novo aprovado sob a Lei Municipal n°4.176, de 26 de novembro de 2015 que o instituiu com o nome de Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial Integrado do Município de Farroupilha (PDDTI).131

No art. 4º se enfatizam os princípios de um direito à cidade para todos, compreendendo o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte, aos serviços públicos, ao trabalho e ao

130 FARROUPLHA. Prefeitura Municipal de Farroupilha. Disponível em <www.farroupilha.rs.gov.br>. Acesso 24 nov.2016.

131 FARROUPILHA. Lei Municipal n°4.176, de 26 de novembro de 2015. Institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial Integrado do Município de Farroupilha / PDDTI. Disponível em <www.farroupilha.rs.gov.br>. Acesso 24 nov.2016.

lazer a preservação e recuperação do ambiente natural em harmonia com o desenvolvimento socioeconômico.132

Neste mesmo sentido se verificou que os objetivos gerais a serem alcançados por meio da implementação do PDDTI são direcionar o uso e ocupação do solo urbano e rural de forma integrada e compatível as características territoriais, socioeconômicas e ambientais do Município e ordenar o território de forma a compatibilizar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental e a qualidade de vida no Município.

Os instrumentos destacados são os planos nacionais, estaduais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social, incluído o plano de bacias hidrográficas e as diretrizes de planejamento da Região Metropolitana da Serra Gaúcha. As principais diretrizes, segundo o art. 8°, incisos I, III e V:

I – garantia do direito ao desenvolvimento sustentável; [...]

III – articulação entre as diversas partes do Município e sua região; [...]

V – garantia de que o desenvolvimento sustentável da economia e da estrutura física não venham a prejudicar o meio ambiente natural, ao mesmo tempo em que este não venha a inviabilizar o desenvolvimento socioeconômico do Município;

[...]

Destaque para os objetivos específicos, de acordo com a pesquisa, como aquele que se refere à preservação dos cursos d’água e das linhas de drenagem natural; adoção de padrões de ocupação do solo compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município.

Os artigos 10, 11 e 12 tratam da regionalidade, respeitado o princípio da autonomia municipal, cujas funções públicas objetos de gestão comum são:

I – saneamento ambiental, incluídas ações relativas ao saneamento básico; II – transporte público e sistema viário regional;

III – desenvolvimento turístico;

IV – planejamento do uso de ocupação do solo, observados os princípios da Lei Federal n.º 10.257, de 10-07-2001 – Estatuto da Cidade;

V – atendimento à Lei Federal n.º 12.587, de 03-01-2012 – Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana;

VI – atendimento à Lei Federal n.º 13.089, de 12-01-2015 – Estatuto da Metrópole;

VII – preservação ambiental;

VIII – informações regionais e cartografia.

São elementos estruturadores da RMSG os eixos, com suas características diferenciadas, que permitem alcançar progressivamente maior integração entre os Municípios, entre o tecido urbano e o sítio natural, melhor coesão e fluidez entre suas partes, bem como maior equilíbrio entre as áreas construídas e os espaços abertos, compreendendo, em nosso caso, a classificação dos cursos d’água da RMSG, conforme enquadramento dos recursos hídricos proposto pelo Comitê de Recursos Hídricos das Bacias Taquari/Antas e Caí, de acordo com o plano de bacias hidrográficas. A Lei do Plano Diretor de Farroupilha aponta as diretrizes relativas aos recursos hídricos que são:

I – assegurar a existência e o desenvolvimento das condições básicas de produção, regularização, disponibilização e conservação dos recursos hídricos necessários ao atendimento da população e das atividades econômicas do Município;

II – difundir políticas de conservação do uso da água e preservação dos mananciais;

III – incentivar a recomposição da mata ciliar através de medidas compensatórias de remanejo florestal.

No art. 35 estão especificadas as ações estratégicas para os recursos hídricos que preveem despoluir cursos d’água e recuperar talvegues e matas ciliares e proteger as Barragens do Buratti e Julieta.

São diretrizes para os serviços de abastecimento d’água, segundo o art. 36:

I – assegurar a qualidade e a regularidade plena no abastecimento de água para consumo humano e outros fins, capaz de atender as demandas geradas em seu território;

II – ampliar a capacidade de produção, reserva e distribuição de água potável;

III – mapear a rede de abastecimento existente, identificando sua localização, diâmetro e profundidade, mantendo cadastro atualizado;

IV – mapear os poços artesianos, identificando sua localização e mantendo cadastro atualizado.

São ações estratégicas para os serviços de esgotamento sanitário a elaboração de projetos para as bacias das Barragens da Julieta e Santa Rita e do Buratti. No art. 69 está definido que o território do Município é dividido em zona rural e zona urbana. De acordo com o § 1º do referido artigo, a zona rural é constituída pelas zonas ambientais ZPAN e ZAJ e a zona urbana é constituída pelas zonas ambientais ZAA, ZABC, ZAD, ZAE, ZAF, ZAG, ZAH, ZAI, ZAK, ZA1, ZA2, ZA3, ZA4, ZA5, ZA6 e ZA7.

Então, para efeito de planejamento, o Município fica subdividido em zonas ambientais onde a Zona Ambiental G (ZAG), caracteriza-se por áreas de proteção ambiental urbanas previstas em mapa e na Planta Geral das APPs, somado às áreas de mata nativa, onde incentiva-se a baixa ocupação do solo e as atividades conforme Anexo 4 do PDDTI de Farroupilha.

Figura 14 - Hidrografia de Farroupilha

Fonte: Plano de saneamento Básico de Farroupilha

Toda a limitação imposta nestes locais tem por objetivo a preservação ambiental. Como é o caso da Zona de Proteção ao Ambiente Natural (ZPAN)

que se caracteriza por áreas rurais, que circundam as Barragens da Julieta e Buratti, cuja ocupação e uso estão definidos no quadro que acompanha a lei.

Segundo o Plano Municipal de Saneamento Básico de Farroupilha,133 o município está inserido em duas bacias hidrográficas contribuintes da região hidrográfica do Guaíba: a bacia Taquari-Antas e a bacia do Rio Caí, de acordo com a Figura 14.

Aproximadamente 72% da área da sede municipal e 61% do território do município se encontram na Bacia do Taquari-Antas, a qual se situa na porção nordeste do Rio Grande do Sul, entre as coordenadas 28° 10'S e 29° 57'S; 49° 56'W e 52° 38'W, ocupando uma área de 26.428 km², correspondendo a 9% do território estadual.134

Figura 15 - Classificação da qualidade da água Bacia Taquari-Antas

Fonte: Plano de saneamento Básico de Farroupilha

Sua área localiza-se em partes das regiões do Planalto Médio, Campos de Cima da Serra, Encosta Superior do nordeste e Encosta Inferior do Nordeste.

133 FARROUPLHA. Prefeitura Municipal de Farroupilha. Op.cit.

134 FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (FEPAM). Caracterização da bacia

hidrográfica. 2002. Disponível em: <http://www.fepam.rs.gov.br/biblioteca/Taquari-Antas>.

Limita-se ao norte com a bacia do Apuaê-Inhandava; ao sul com as bacias do Caí e Baixo Jacuí; a oeste com a bacia do Alto Jacuí e Pardo; e a leste com o Estado de Santa Catarina. Como o município está localizado em um divisor de águas, são encontrados rios de vazões menos expressivas e sub-bacias hidrográficas com tamanho inferior a 500 km². Os cursos d'água com maior destaque deságuam no Rio das Antas, como o Arroio Biazus e Arroios Alencastro, Burati e Barracão que formam a sub-bacia do Rio Burati. Na porção da bacia do Rio Caí, podem ser citados os arroios das Pedras, Fuzil e Ventoso. A Figura 15 identifica os arroios mencionados e sua classificação quanto à qualidade da água.

O município de Farroupilha está localizado sobre as Bacias Taquari-Antas e Caí e é atendido pelas barragens da Julieta e do Burati, que respondem por 30% e 70% do abastecimento, respectivamente. Uma parte de barragem de São Miguel, na divisa com Bento Gonçalves está no território do município, porém não contribui para o abastecimento. Os principais mananciais são Arroio Biazus e Rio Burati.

Num diagnóstico do Plano para as bacias de Farroupilha, percebe-se que há um desconhecimento da delimitação geográfica das Bacias de Captação que compõem as barragens atualmente em uso, bem como há falta de identificação dos recursos hídricos que contribuem para elas. Ainda, nota-se um desconhecimento da capacidade hídrica, bem como a inexistência de estudo hidrogeológico e de estudos para identificação de futuras áreas de reserva para implantação de novas barragens. Por fim, percebe-se um desconhecimento das atividades realizadas nas áreas de bacias e a inexistência de cadastro de propriedades e atividades nas áreas de bacias.

Para sanar esta situação, urge a identificação e mapeamento de ocupação das bacias, com a identificação e delimitação das Bacias de Captação, definição de novas bacias para reserva estratégica, classificação dos Mananciais Hídricos e definição de indicadores e metas para melhoria da sua qualidade, tomando como base o Plano de Saneamento de Bacias. Ainda, faz- se necessária a realização do Cadastro Ambiental Rural (ampliado), a revisão do regramento de uso do solo (Plano Diretor), desenvolvendo um plano para criação do zoneamento de águas. Por fim, urge desenvolver um plano para

monitoramento qualiquantitativo e desenvolver programa de recuperação de nascentes e recomposição da mata ciliar (de nascentes e cursos d’água).

A partir deste levantamento de dados, percebe-se que o município de Farroupilha possui uma lei que contempla os recursos hídricos, através das bacias hidrográficas, em seu zoneamento urbano e rural protegendo o Buratti e Julieta, Santa Rita. O plano remete à regionalidade e suas competências de participação e envolvimento. Demonstra, com ciência, as ações estratégicas para os recursos hídricos que denotam despoluir cursos d’água e recuperar talvegues e matas ciliares e proteger as Barragens do Buratti e Julieta, bem como as ações estratégicas para os serviços de esgotamento sanitário a elaboração de projetos para as bacias das Barragens da Julieta e Santa Rita e do Buratti.

Hoje, após novo Plano Diretor/2015, na divisa com Bento Gonçalves o município de Farroupilha possui os seguintes zoneamentos: Corredor Rodoviário: Zona Ambiental F (ZAF) e Zona de Proteção ao Ambiente Natural (ZPAN), Industrial: Zona Ambiental I (ZAI), e Mista 1: Zona Ambiental D (ZAD), que podem ser visualizados na Figura 16.

O Corredor Rodoviário, Zona Ambiental F (ZAF) caracteriza-se por áreas localizadas ao longo da RST- 453, onde se verificam as tendências industrial, comercial e de prestação de serviços e sendo estratégica para empreendimentos de comércio de grande porte. Não são usos permitidos os condomínios residenciais, habitações coletivas. São usos permitidos residência unifamiliar isolada (máximo de 4 por/ha), temporárias, restaurantes e similares, geradores de tráfego pesado, veterinárias e afins, empreendimentos de recreação e lazer, e atividades rurais com produtos perigosos, padarias e confeitarias, diversificados, posto de combustível, oficina e manutenção veicular, equipamento público e privado, uso especial (sujeita à analise especial), indústrias de até 300,00m² e acima de 300,00m² de baixo e médio potencial poluidor, e indústrias com alto grau poluidor, indústria de bebidas, agroindústria, atividades rurais e parcelamento do solo somente industrial.

Já a Zona de Proteção ao Ambiente Natural (ZPAN) caracteriza-se por áreas rurais, que circundam as Barragens da Julieta e Buratti cuja ocupação e uso predominante é o de Proteção ao Ambiente Natural.

Figura 16 – Zoneamento urbano e rural de Farroupilha

Fonte: Plano de saneamento Básico de Farroupilha

A Industrial, Zona Ambiental I (ZAI), caracteriza-se especificamente pela atividade industrial, onde se permitem atividades afins; uso predominante indústrias. Não são usos permitidos os condomínios residenciais, habitações coletivas, veterinárias e afins, empreendimentos de recreação e lazer e atividades rurais. São usos permitidos a residência unifamiliar isolada (máximo de 2 por/ha), temporárias, restaurantes e similares, geradores de tráfego pesado, produtos perigosos, padarias e confeitarias, diversificados, posto de combustível, oficina e manutenção veicular, equipamento público e privado, uso

especial (sujeita a análise especial), indústrias de até 300,00m² e acima de 300,00m² de baixo e médio potencial poluidor e indústrias com alto grau poluidor, indústria de bebidas, agroindústria e parcelamento do solo somente industrial.

Por fim, a Mista 1, Zona Ambiental D (ZAD), caracteriza-se pela presença de diferentes atividades, incentivando o uso industrial de baixo e médio potencial poluidor. Não são usos permitidos indústrias com alto grau poluidor e atividades rurais. São usos permitidos, residência unifamiliar/isolada (máximo 2 res./ha), temporárias, restaurantes e similares, geradores de tráfego pesado, produtos perigosos, padarias e confeitarias, diversificados, posto de combustível, oficina e manutenção veicular, equipamento público e privado, uso especial (sujeita à análise especial), indústrias de até 300,00 m² e acima de 300,00m² de baixo e médio potencial poluidor, e indústria de bebidas, agroindústria e parcelamento do solo somente industrial.

O próprio Plano de Saneamento Básico previa cuidado e solicitava a revisão do regramento de uso do solo (Plano Diretor) e o desenvolvimento de plano para criação do zoneamento de águas; mas, isso não foi efetivado, ocorrendo o zoneamento atual do Plano Diretor, atendendo à vontade da comunidade de utilizar as margens da BR e dentro da bacia com indústria, comércios e serviços pesados.