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Foram observadas, para além das aulas estipuladas para esta fase, mais algumas aulas, a pedido da estagiária; este pedido foi bem aceite pela Escola Cooperante, no sentido de proporcionar uma melhor ambientação ao estilo de trabalho que a Escola procura. Apesar de se reger nos cursos livres pelo método da Royal Academy of Dance, este não é o método seguido pela Escola no Curso Básico do Ensino Articulado de Dança. Assim, a Escola tem os seus objetivos definidos para cada ano de ensino, havendo uma certa liberdade no método a seguir, sendo no entanto preferidos os conceitos trabalhados no método Vaganova.

As aulas observadas inicialmente serviram o propósito de familiarizar a estagiária com o tipo de trabalho pretendido para este nível de ensino vocacional.

Nesta altura, a turma da amostra selecionada para este trabalho de investigação tinha apenas três aulas de TDC semanais, por motivos de difícil conciliação dos horários da turma com as Escolas de Ensino Regular. As aulas estavam distribuídas por três professores, sendo uma delas atribuída à estagiária para a realização deste estudo.

Assim, as Observações Estruturadas foram realizadas alternadamente nas aulas dos restantes professores da turma.

O objeto da primeira aula de Observação foi uma caracterização geral e uma contextualização da turma e da sua forma de estar na aula. Segundo a tabela de observação que se construiu e que se apresenta no Apêndice C, os alunos mostraram-se pouco empenhados no trabalho de TDC, mantendo nesta fase uma atitude contida, sem falar quando o professor demonstrava ou explicava o exercício, mas também sem participar ativamente na aula.

Os alunos demontraram pouca autonomia de trabalho, e só praticavam os movimentos após as correções quando o professor assim explicitamente solicitava, à exceção do aluno A8 e da aluna A5. Também com a exceção destes dois alunos, os restantes mostraram-se bastante distraídos no decorrer da aula, sendo no entanto quase sempre executada a marcação do exercício com o professor.

O professor em causa não utilizou imagens nesta aula. Os alunos apresentavam um aparente relacionamento de indiferença no que concerne à entre-ajuda.

Observaram-se alguns comportamentos disruptivos, nomeadamente a aluna A2 foi convidada pelo professor a sentar-se e observar, logo nos primeiros exercícios da barra, pois não se estava a esforçar. O professor sentiu sempre necessidade de repetir as mesmas

41 indicações várias vezes, e foi sempre necessário insistir com os alunos para que estes reagissem e começassem realmente a mostrar trabalho.

Durante toda a aula o professor lembrou os alunos que precisavam trabalhar mais, no seu limite, que podiam alcançar objetivos maiores com as capacidades físicas que apresentavam, se se esforçassem para isso, exortando os alunos a colocar a sua mente a trabalhar para o mesmo objetivo.

Já na segunda aula de Observação Estruturada, definida para averiguar métodos e estratégias de ensino, e que decorreu na aula da professora que mais tarde seria definida como titular da turma, foram observados momentos com recurso à imagem e a metáforas, conforme se pode verificar no Apêndice C.

A terceira aula de Observação tinha como objetivo avaliar a motivação e o empenho dos alunos, mostrando-se a turma nada homogénea quanto ao aspeto da motivação. Foram muito poucos os alunos que mostraram entusiasmo e atenção, sendo mais uma vez poucos os que executaram as correções feitas pelo professor, à semelhança da primeira aula de Observação Estruturada. Alguns alunos mostraram no entanto, ao repetir o exercício evidências das ditas correções. Foram mais uma vez poucos os alunos que marcaram o exercício, o que lhes dificultou a memorização.

Os alunos mostraram mais uma vez sinais de desmotivação, principalmente na segunda metade da aula, demonstrando ainda assim um acréscimo de entusiasmo no momento dos saltos.

Os comportamentos disruptivos continuaram a ser observados, havendo uma acrescida desarticulação com a música, sendo necessário repetir as preparações frequentemente, segundo as anotações da grelha apresentada no Apêndice C.

Na quarta Observação Estruturada, observou-se o nível de conhecimento da turma quanto à TDC, nomeadamente no que concerne ao vocabulário e à execução correta.

Alguns alunos apresentaram postura correta ou mais ou menos correta, sendo poucos os que mantiveram a colocação pélvica adequada nos movimentos de extensão da perna, apesar de alguns conseguirem manter a colocação correta nos movimentos de plié.

A rotação externa da articulação coxo-femural não foi usada consistentemente, sendo que alguns mantiveram de vez em quando um correto alinhamento anca- joelho-dedos dos pés no plié.

Alguns alunos apresentaram total extensão de pernas e pés nos battements, alguns fazendo uso do pé pelo chão, principalmente nos movimentos de maior energia (jeté).

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Foram poucos os alunos que demonstraram a correta qualidade e dinâmica nos battements fondus, apresentando pouca diferenciação quanto à dinâmica e à qualidade dos movimentos na generalidade. Foram também poucos os alunos que mantiveram o controle da postura durante a execução dos exercícios.

Não foram observadas solicitações a nível de conhecimento de vocabulário, conforme se pode verificar no Apêndice C na grelha de observação utilizada.

No geral, observou-se que os alunos necessitavam de um maior controle pélvico, nomeadamente à la seconde e derrière.

A quinta aula de Observação Estruturada pretendia observar o nível de conhecimento da turma quanto à correta execução dos allegros.

Genericamente foi observada uma fraca qualidade na técnica do salto, nomeadamente uma perda de controle e qualidade ao acelerar os movimentos e principalmente um mau alinhamento anca-joelho-pé na receção dos saltos. Observou-se ainda uma perda de controle da rotação externa da articulação coxo-femural quando o pé perdia o contacto com o solo.

No entanto, pode-se constatar no Apêndice C que a colocação pélvica se mantinha correta nas receções dos saltos (para alguns alunos).

Finalmente, a última aula de Observação pretendia observar a qualidade do movimento e a apresentação /performance.

Também quanto a esta temática, a observação realizada revelou que foram poucos os alunos que apresentaram alguma forma de projeção para o público e alguma capacidade interpretativa, sendo que na maioria dos casos se observou uma fraca relação com o público e com o acompanhamento musical. No entanto, observaram-se grandes variações dentro da turma a este nível, como referem as anotações efetuadas na grelha de oservação que se apresenta no Apêndice C.

Concluiu-se desta fase de observação que a turma apresentava grandes lacunas ao nível técnico, mas principalmente ao nível da motivação para o trabalho realizado na aula de TDC.

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