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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.3. Fase 3 – Teste de relações

Como apresentado no Capítulo 3, a testagem de relações, inicialmente, foi realizada por meio de estatística não paramétrica, por meio dos testes de Kruskal-wallis, no caso de variáveis com mais de dois grupos, e de Mann-Whitney para identificar diferenças entre dois grupos apenas. A Tabela 18 apresenta de forma detalhada as variáveis e os resultados obtidos com a aplicação de tais testes, lembrando que o segundo foi utilizado apenas na situação em que se encontrou diferença entre os grupos, para identificar, mais especificamente, entre quais grupos tais diferenças ocorreram.

Tabela 18 - Testagem de relações entre variáveis categóricas e escore fatorial obtido

Variável Grupos N Ranking

Médio Sig Detalhamento e resultados de Sig Y1 - Processo sistemático e formal de ANT

1) Há um processo formal e periódico de

avaliação das necessidades de capacitação 66 110,18 0,007

Diferenças entre o grupo 1 e os grupos 2

(0,015) e 3 (0,004). 2) As necessidades são avaliadas, porém isso

não é feito de forma sistematizada ou periódica 74 85,09 3) Não há avaliação de necessidades, as

capacitações ocorrem de acordo com as solicitações das pessoas ou chefias

46 83,09 Y4 - Porte da organização (quadro de pessoal) 1) Menos de 500 26 119,12 0,016 Diferenças entre os grupos 1 - 2 (0,034); 1 - 3 (0,005); e 3 - 4 (0,022) 2) Entre 501 e 1.000 53 92,91 3) Entre 1.001 e 3.000 48 78,23 4) Mais de 3.000 63 101,10 Y7 - Tipo de Organização 1) Administração direta 45 86,29 0,916 -- 2) Autárquica 93 89,68 3) Fundacional 39 90,51

1) Órgãos regidos pela PNDP 177 96,06

0,308 --

2) Órgãos não regidos pela PNDP 12 79,42 Y8 - Vinculação

da unidade de TD&E

1) A autoridade máxima do órgão 18 94,89

0,788 -- 2) A unidade de RH 148 90,11 3) A outras unidades (3) 13 81,92 Y9 - Força de trabalho de TD&E 1) Até 5 pessoas 74 87,95 0,844 -- 2) Entre 6 e 10 pessoas 46 87,41 3) Entre 11 e 20 pessoas 32 96,28 4) Mais de 20 pessoas 25 85,72 Y11 - Possuir plano de capacitação

1) Órgãos que possuem plano de capacitação 152 86,03

0,731 --

2) Órgãos que não possuem planos de

capacitação 20 90,10

Fonte: Dados de pesquisa

Com base nos resultados obtidos, foram identificadas diferenças significativas apenas nas variáveis Y1 e Y4. Na variável Y1 (0,007), verificou-se que aquelas organizações que, na percepção dos respondentes, possuem processo sistemático e periódico de ANT, consideram um maior conjunto de aspectos na avaliação das necessidades (110,68) do que aquelas organizações que realizam o processo, mas não de modo sistemático, ou seja, por meio de abordagens ad hoc (85,09), e aquelas organizações que não avaliam necessidades (83,09). Entre esses dois últimos grupos não foram encontradas diferenças. Já na variável Y4 (0,016) foram constatadas diferenças entre as organizações de menor porte, com até 500 (119,12) e aquelas de porte entre 501 e 1.000 (92,91) e as de 1001 a 3.000 servidores/empregados (78,23). Ainda nessa variável, foram percebidas diferenças significativas entre os escores das organizações que possuem quadro superior a 3.000 (101,10) e aquelas que possuem entre 1.001 e 3.000 servidores/empregados. Nas demais

variáveis, embora haja diferenças entre as médias, essas não são estatisticamente significativas.

Com o intuito de conferir maior rigor a este processo de análise dos dados, além dos testes não paramétricos, optou-se por realizar a análise de variância (ANOVA) por meio de testes pos hoc. Tal escolha se deu em razão do instrumento ser utilizado para identificar relações de forma exploratória, sem previsões ou hipóteses prévias. Por se tratar de método paramétrico, foi necessário realizar alguns testes de requisitos apontados pela literatura. Para a realização de testes post hoc, de acordo com Field (2009), os principais problemas a serem superados para um bom desempenho do teste, são: desproporcionalidade dos grupos; variâncias muito distintas; e dados não normalmente distribuídos. Dessa forma, antes da realização dos testes, os dados foram investigados e algumas ações tomadas com o propósito de se minimizar tais problemas.

O desbalanceamento das amostras, na visão de Field (2009), constitui-se o mais grave dos problemas que afetam a qualidade dos resultados de ANOVA. Tendo em vista que em todas as variáveis de categorização há tamanhos distintos em cada um dos grupos, optou- se por, como indicado no capítulo anterior, trabalhar com amostras iguais, definidas com base no tamanho amostral do menor grupo dentro de cada variável. A definição dos casos que compuseram cada um dos grupos foi realizada por meio do próprio SPSS, por meio da seleção de amostras aleatórias. Embora tal solução elimine o problema do desbalanceamento, é importante destacar que a redução pode, em alguns casos, deixar os grupos com valores pouco representativos do conjunto de dados, especialmente porque, na visão de Field (2009), situações em que o menor grupo apresente um conjunto de respostas inferior a 20% de todas as respostas, situações verificadas nas variáveis Y4, Y8, Y9 e Y11, podem diminuir a precisão dos resultados. Não obstante, pelo fato do desbalanceamento apresentar-se como problema mais grave, decidiu-se prosseguir com a análise nos termos apresentados.

Quanto à homogeneidade das variâncias, Field (2009) recomenda o uso do teste de Levene que não deve apresentar resultados de significância inferiores à 0,05. Assim, aplicou- se o referido teste obtendo-se resultados que variaram entre 0,12 e 0,82, não havendo, portanto, quaisquer problemas quanto a este requisito, para realização da ANOVA.

Por fim, quanto à normalidade, com base na análise de Zskewness e Zkurtosis, aplicada a cada uma das variáveis, identificou-se que a maior parte delas (Y1, Y4, Y7, Y9 e Y11) apresentou problemas de assimetria negativa, com valores de Zskewness superiores a -3. De acordo com Hair et al (2009), problemas de assimetria negativa, normalmente podem ser sanados por meio da transformações das variáveis, multiplicando-as pelo quadrado ou pelo cubo. Após a testagem da transformação dos dados, tanto pelo quadrado quanto pelo cubo, avaliou-se uma piora nos índices, razão essa pela qual se optou por manter os valores originais dos escores inicialmente calculados. De acordo com Field (2009), embora a normalidade seja desejável, quando os grupos são iguais, desvios de normalidade não afetam expressivamente a qualidade dos resultados. Além disso, Hair et al (2009) destacam que desvios da normalidade têm maior impacto sobre amostras inferiores à 50 indivíduos, situação essa encontrada nas variáveis Y7 e Y11. Dessa forma, a partir de tais indicações, optou-se por prosseguir as análises, mesmo sendo violado tal pressuposto.

Com base nos resultados encontrados com os testes paramétricos, confirmou-se a diferença encontrada nos grupos pertencentes à variável Y1, reforçando-se a percepção de que nas organizações em que o processo de ANT ocorre de forma sistemática e periódica, considera-se mais os aspectos indicados pela literatura na avaliação de necessidades, do que naquelas organizações que adotam abordagens ad hoc ou que naquelas em que a participação nas ações de TD&E se dão apenas pela solicitação dos próprios servidores/empregados ou de suas chefias. Os resultados são apresentados na Tabela 19.

Tabela 19 - Resultados de ANOVA

Variável N/grupo Sig Detalhamento Y1 - Processo sistemático e formal de ANT 46 0,007

Diferenças entre o grupo 1 e os grupos 2 (0,006) e 3

(0,005). Y4 - Porte da organização (quadro de pessoal) 26 0,145

-- Y7 - Tipo de Organização 39 0,618

12 0,248 Y8 - Vinculação da unidade de TD&E 13 0,467 Y9 - Força de trabalho de TD&E 25 0,561 Y11 - Possuir plano de capacitação 20 0,655

Fonte: Dados de pesquisa

A variável Y4 que indica o porte da organização, em função do quadro de pessoal, apresentou resultados controversos quando se compara os dois testes (0,016 e 0,145), uma vez

que em um foram identificadas diferenças significativas e em outro não. Tendo em vista a violação do pressuposto de normalidade e a substancial redução do tamanho amostral que podem ter reduzido a precisão da ANOVA, e que os resultados obtidos com a estatística não- paramétrica, que não dependem de tal pressuposto, apontar a existência de diferenças significativas, considerou-se melhor admitir a possibilidade de se haver tais diferenças em razão do porte, recomendando-se que, em pesquisas futuras, tal relação seja investigada de forma mais aprofundada.

Nas demais variáveis, como em ambos os testes não foram encontradas diferenças significativas, supõe-se que eventuais diferenças sejam aleatórias, em razões de fatores contextuais, ou de outras variáveis de categorização não investigadas neste estudo. Dessa forma, testadas as relações, considerou-se alcançado o terceiro objetivo específico proposto para este trabalho. Em seguida, no próximo capítulo, serão discutidos os resultados encontrados em cada um das etapas e fases de pesquisa.