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Fatores motivadores sob a ótica dos que não terceirizam Tendo em vista que já foram anteriormente abordados detalhes de cada uma das

4 Procedimento metodológico

TEORIA DAS TROCAS SOCIAIS

5.5.2 Fatores motivadores sob a ótica dos que não terceirizam Tendo em vista que já foram anteriormente abordados detalhes de cada uma das

afirmações que compõem o questionário, nesta seção os dados serão apresentados de forma concisa, apenas com algumas ressalvas quanto aos padrões de resposta dos 38 funcionários efetivos do setor de TI que trabalham nas instituições que ainda não tiveram experiência com terceirização de sistemas de informação.

A tabela 22 apresenta a distribuição de frequência das respostas desses funcionários, que compõem a sub-amostra 2, em relação a todos os fatores motivadores propostos. Observando aquela tabela é possível perceber que há semelhança em relação aos fatores relacionados a três teorias: dependência de recursos, política e poder e trocas sociais. Em relação aos fatores relacionados às teorias da contingência, institucional, dos custos de transação e dos custos de agenciamento houve divergências significativas, que serão detalhadas a seguir.

Com relação ao fator atendimento das pressões externas como elemento para motivar a terceirização de SI, apenas 14% dos respondentes esboçaram concordância. Aqui há significativa diferença em relação à amostra das instituições que terceirizam e isto pode ter acontecido por vários motivos, dentre eles o desconhecimento dessas pressões, que podem se apresentar de forma mais acentuada em algumas instituições, especialmente aquelas que ofertam serviços a uma parcela considerável da população, como saúde6 e educação, cujas mudanças e adequações acontecem com mais frequência, impulsionadas pelas próprias determinações do governo.

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Os fóruns de discussão sobre os sistemas a serem implantados para o SUS revelam listas intermináveis de reivindicações, como as políticas de Informação, Educação e Comunicação (IEC) do SUS, disponível em http://www.datasus.gov.br/cns/11Conferencia/relatorio/POLITICAS%20DE%20INFORMACAO.htm.

Tabela 22 – Fatores motivadores derivados das teorias organizacionais (não terceirizantes). FATOR MOTIVADOR ESCALA (%) Discordo totalmente Discordo Nem concordo nem discordo Concordo Concordo totalmente TEORIA DA CONTINGÊNCIA

Adequação às pressões externas 35 24 27 14 -

TEORIA INSTITUCIONAL

Cópia de práticas 19 39 25 17 -

Adequação às novas normas e

pressupostos 19 30 46 5 -

Necessidade de modernização

dos processos 14 17 47 14 8

TEORIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO

Redução de custos 19 24 43 14 -

TEORIA DA DEPENDÊNCIA DE RECURSOS Acesso a tecnologias

emergentes 11 27 27 32 3

Interdependências entre as

organizações 3 5 14 53 25

TEORIA DOS CUSTOS DE AGENCIAMENTO

Legislação sobre contratos 12 13 53 22 -

Redução de riscos de fracassos 11 24 40 22 3

TEORIA DE PODER E POLÍTICA

Controle de nível de poder 8 34 14 36 8

Conflito de poder 11 11 13 57 8

Influências políticas 3 16 13 57 11

Influências pessoais 3 27 38 29 3

TEORIA DAS TROCAS SOCIAIS

Confiança no fornecedor 24 3 14 38 21

Partilha de riscos e benefícios 14 11 28 33 14

Reputação do fornecedor no

mercado 3 13 3 57 24

Fonte: Dados da pesquisa.

Outro motivo dessa diferença no resultado das duas sub-amostras pode estar relacionado ao fato das instituições da área de segurança e justiça, que povoam essa segunda amostra, possuírem um comportamento mais comedido em relação ao atendimento das pressões externas via terceirização de sistemas de informação, especialmente pelo caráter sigiloso das informações que manipulam e, por isso, podem não perceber as pressões do ambiente da mesma forma que as demais instituições.

De acordo com os respondentes que não terceirizam, nenhum dos fatores derivados da teoria institucional pode ser considerado como motivador à terceirização

de sistemas de informação. Apenas 17% concordaram como motivador derivável da cópia de práticas, um resultado bastante diferente do anteriormente fornecido nesse item. Mesmo que se convencione como compreensível do ponto de vista da inexperiência com o fenômeno, esse resultado é passível de questionamentos, uma vez que a adoção de práticas utilizadas com sucesso em instituições similares poderia trazer economia de tempo, de esforço e de custos, da mesma forma que acontece no setor privado. A surpresa provocada levou a pesquisadora a averiguar mais amiúde também essas instituições na segunda etapa da pesquisa.

Por sua vez, o atendimento às novas normas e pressupostos da administração pública foi considerado como um fator motivador por apenas 5% dos respondentes, um resultado deveras inexpressivo, indicando que os funcionários não consideram de fato a busca por padronização dos sistemas e dos processos, bem como do fluxo da informação, uma motivação à terceirização.

Apenas 22% dos respondentes assentiram que a modernização nos processos internos da instituição poderia ser considerada como um fator motivador para a terceirização de sistemas de informação. Essa disparidade em relação à amostra anterior reforça a suspeita de que alguns dados da amostra total poderiam estar contaminados por respostas mais baseadas no que os respondentes pensam sobre o fenômeno, do que pelo que eles vivenciaram a respeito.

Apenas 14% dos respondentes assinalaram a redução de custos como um fator que motivaria a terceirização de sistemas de informação. Esse percentual pode ter ocorrido por várias razões, que vão desde a falta de entendimento dos funcionários acerca da importância desse quesito na nova administração pública, até mesmo à crença de que tratar todos os aspectos inerentes a esses sistemas internamente seja menos custoso. Esse resultado se mostrou ainda mais distante dos números da iniciativa privada e também mereceu mais averiguações durante a fase de entrevistas.

Na opinião de 35% dos respondentes, a terceirização de sistemas de informação se constituiria uma estratégia para acesso a tecnologias emergentes e para 78% essa prática promoveria dependência do fornecedor, sendo este resultado bastante revelador sobre a opinião desse grupo de respondentes, que procura observar mais os aspectos negativos do fenômeno, ao invés dos benefícios que o mesmo pode trazer para a instituição quando bem gerenciado a partir de um contrato detalhado.

Em relação à influência da legislação sobre contratos como motivação à terceirização de sistemas de informação, houve uma grande divergência de opiniões.

Enquanto 47% dos respondentes que já terceirizam concordaram com essa influência, praticamente o mesmo percentual (53%) dos que compõem a casta dos que não terceirizam ficou indeciso, refletindo que os que têm experiência com o fenômeno sentem mais a influência, positiva ou negativa, da legislação no processo. Um grande percentual de indecisos (40%) revelou que o segundo grupo ainda não tem uma posição definida se lançar mão da terceirização de sistemas de informação pode se constituir um fator motivador à terceirização com o intuito de evitar riscos de fracasso. Este resultado sugere que os respondentes não depositam tanta confiança na sua capacidade técnica para resolver os problemas relacionados à demanda por serviços de sistemas de informação ou, simplesmente, pode sugerir dúvidas em relação aos próprios benefícios de minimização dos riscos com a adesão a esta prática.

O comportamento das duas sub-amostras se mostrou similar nos fatores motivadores relacionados à concordância acerca da existência de influências políticas (72% e 68% respectivamente) e de controle de nível de poder (48% e 44%), no entanto se mostrou diferente no que se refere a influências interpessoais (57% e 32%) e disputa de poder (45% e 65%). No entanto, os resultados refletem que, mesmo sem experiência com o fenômeno, os respondentes conseguiram intuir que fatores derivados da teoria de poder e política são motivadores à terceirização de sistemas de informação em organizações públicas, talvez pelo fato de poder e política serem elementos de bastante visibilidade do ponto de vista das organizações do setor público e que vêm influenciando nas decisões dos gestores nas mais diversas instâncias; basta citar os diversos conchavos políticos que são estabelecidos para o preenchimento de cargos públicos, amplamente divulgados nos meios de comunicação, bem como os vultosos contratos assinados, nas mais diversas esferas, muitas vezes sem o devido amparo técnico nem acurada avaliação de custos.

De igual modo, o comportamento das duas sub-amostras foi bastante similar em relação aos fatores motivadores derivados da teoria de trocas sociais. O desenvolvimento de uma relação de confiança no fornecedor (59% e 59%, respectivamente), sua reputação no mercado (69% e 81%) e a possibilidade de compartilhamento dos riscos e benefícios da parceria com o fornecedor (48% e 47%) foram aspectos sociais considerados relevantes para ambas as amostras em relação à decisão pela terceirização de sistemas de informação.

Na próxima seção serão efetuadas comparações entre os valores das médias obtidas para cada um dos fatores motivadores testados na pesquisa em cada uma das sub-amostras, a fim de verificar se existem diferenças significativas entre esses valores.

5.5.3 Análise comparativa das percepções dos grupos de