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4. Um percurso com várias etapas

4.3 Realização – Passo a passo até ao destino final

4.3.4 Feedback

Segundo Januário (1996, p. 116), “o feedback é definido pelo comportamento de ensino que consiste na reacção do professor (em geral verbal, mas podendo ser também não verbal) à prestação académica do aluno, intervindo no processo de aprendizagem com a função de avaliar a prestação, de a descrever, de a prescrever ou de interrogar o aluno sobre o que fez ou como fez.”. Em síntese, o feedback é a comunicação que se estabelece entre o professor e os seus alunos, no sentido da promoção da aprendizagem.

Para esta interação ocorrer com sucesso, é fundamental que o professor consiga observar os erros dos seus alunos, de forma a formular feedbacks que concorram para a melhoria da sua performance. De acordo com Rosado & Mesquita (2011, p. 83), “uma das maiores lacunas na qualificação do feedback

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situa-se na dificuldade de os agentes de ensino diagnosticarem as insuficiências dos praticantes, não raramente derivada da falta de domínio do conteúdo.”. Consciente das minhas lacunas ao nível dos conhecimentos de algumas modalidades lecionadas, uma das minhas preocupações durante o EP consistiu em complementar as minhas bases teóricas, com o propósito de intervir, pertinentemente, junto dos meus alunos. Esta pesquisa de informação ocorreu previamente à construção das UD, contribuindo para uma posterior melhoria da minha capacidade de análise e observação de erros evidenciados durante a aula.

“Na seleção dos conteúdos a lecionar, procurei fundamentar as minhas decisões e escolhas com suporte na bibliografia existente, nomeadamente manuais escolares e programa nacional de Educação Física, realizando as adaptações necessárias para estruturar uma organização de conteúdos enquadrada com as características da minha turma […]”

(Excerto retirado da reflexão da UD de basquetebol)

No que concerne à tipologia de feedbacks existentes, o seu conteúdo informativo “ […] é classificado em duas grandes categorias: conhecimento de performance (CP) e conhecimento do resultado (CR). Enquanto a primeira categoria nos remete para a informação centrada na execução dos movimentos, ou seja, para o processo, a segunda referencia-se à informação relativa ao resultado pretendido através da execução da habilidade.” (Rosado & Mesquita, 2011, p. 82).

Durante a minha prática pedagógica apliquei, maioritariamente, feedbacks direcionados para a execução correta dos movimentos (CP), uma vez que a minha intenção primária era que os alunos desempenhassem com qualidade técnica as diversas habilidades motoras apresentadas, através de uma compreensão dos processos e movimentos das mesmas. Segundo Rosado & Mesquita (2011, p. 83), “[…] no que diz respeito à fase inicial da aprendizagem das habilidades, a importância do feedback centrado no

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conteúdo informativo é acrescida pelo facto de os praticantes necessitarem de referências concretas acerca da forma como executam os movimentos e dos processos a desenvolver para melhorar a performance.”

Na minha intervenção junto dos alunos optei por seguir uma sequência constituída pelas seguintes fases: feedback descritivo (FD), indicando os principais erros a corrigir no desempenho da habilidade motora, feedback prescritivo (FP), apresentando as soluções para os erros apresentados, e reforço positivo, elogiando o esforço dos alunos e motivando-os para a prática. Como complemento do feedback, procurei demonstrar os aspetos técnicos a aprimorar, com o intuito de promover uma imagem mais precisa das competências a desenvolver pelos alunos. De acordo com Rosado & Mesquita (2011, p. 91), “[…] as correções devem, sempre que possível, ser complementadas por demonstrações ou pequenos simulacros de aspectos básicos do movimento, de forma a tornarem-se mais inteligíveis pelos jovens.”. Na emissão de feebacks, optei por dar primazia à intervenção individual, pois considero que é fundamental especificar a informação transmitida de acordo com as limitações e capacidades de cada aluno. O uso do feedback mais generalizado apenas ocorreu em situações pontuais, em que os erros ou dificuldades apresentadas eram transversais a toda a turma. Como refere Rosado & Mesquita (2011, p. 90), “[…] se os níveis de prática são muito idênticos, se são frequentes erros comuns de execução, os feedbacks podem ser dirigidos a um grupo ou a toda a classe.”. Nos jogos desportivos coletivos, o uso do feedback coletivo foi particularmente decisivo, na medida em que me permitia instruir a equipa e transmitir uma mensagem generalizada para todos os elementos.

Nos feedbacks transmitidos procurei sempre atribuir uma conotação positiva à informação, em detrimento de uma abordagem negativa focada apenas no erro, de forma a promover um clima favorável à aprendizagem e integrar os erros como uma condicionante inerente ao desenvolvimento das aprendizagens. “Na realidade, todas as aprendizagens envolvem erros, nenhuma execução é perfeita e é a errar que se aprende. Importa, portanto,

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olhar para os erros, não como um sinal de fracasso, mas como uma condição necessária para aprender.” (Rosado & Mesquita, 2011, p. 113).

A minha principal dificuldade consistiu em observar a resposta dos alunos aos feedbacks transmitidos, devido à minha preocupação de circular, constantemente, pelas diversas situações de aprendizagem e intervir junto do maior número de alunos possível. Contudo, durante a prática, comecei a aprender a gerir, com maior eficiência, a minha atenção pelas diversas tarefas da aula. O que me ajudou a melhorar a minha capacidade de observação e a percecionar, com maior eficácia, as respostas dos alunos à minha intervenção.

“Relativamente à minha intervenção ao nível do feedback e instrução, preocupei-me em circular constantemente pelas diversas estações e garantir um correto desempenho motor em todas as habilidades técnicas propostas, apesar de reconhecer que incidi mais frequentemente, ao nível da correção, no desempenho dos alunos no salto completo, uma vez que era a situação na qual os mesmos iriam ser, posteriormente, avaliados.”

(Excerto retirado da reflexão da aula nº 93 e 94 de salto em altura)

A melhoria da minha capacidade de observação permitiu-me articular com maior eficiência as diferentes etapas do ciclo de feedback, nomeadamente na avaliação da resposta dos alunos à informação transmitida, facilitando o processo de reformulação de novos feedbacks necessários para o aperfeiçoamento do nível da prestação motora dos alunos.