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4. Um percurso com várias etapas

4.2 Planeamento – Os mapas de um ensino fundamentado

4.2.4 Plano de aula

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Após uma extensa análise dos níveis de planeamento, chegamos, por fim, ao documento em que se organizam e determinam as sequências de aprendizagem de cada sessão de ensino: o PA. Este nível de planeamento deve seguir a orientação dos planos anteriores, nomeadamente o plano anual e a UD, como forma de estabelecer entre os mesmos uma articulação concreta dos objetivos e estabelecer estratégias conduzentes às metas. Como refere Bento (2003, p. 164), “[…] sem se elaborar e ter em atenção o plano anual e o plano da unidade temática, sem se analisar e avaliar o ensino anterior, não se pode falar propriamente de preparação das aulas. Mesmo que, aparentemente, este último aspecto pareça ter lugar!”. Já Metzler (2011, p. 141), destaca a importância de um bom planeamento e da articulação entre a UD e o PA como meio facilitador da construção deste último, “good planning at the unit level greatly facilitates the planning for each lesson in the unit. The unit and lesson plans should be strongly aligned.”.

Na construção dos meus PA, procurei dar sempre resposta a estas duas premissas, respeitando os princípios dos níveis de planeamento anteriores. Defini como rotina obrigatória a consulta da UD da modalidade que ia lecionar, com a finalidade de organizar o ensino de acordo com a progressão de conteúdos e objetivos nela contidos. De facto, esta estratégia facilitou bastante a realização dos PA e permitiu enquadrar a minha intervenção no contexto global do processo de aprendizagem.

Devido às rotinas implementadas pelo PC no início do ano letivo, todos os elementos do NE tiveram de entregar os PA no fim de semana anterior à prática pedagógica. Esta condição revelou-se uma mais-valia na minha formação enquanto EE, uma vez que permitiu antecipar os problemas que podiam resultar da minha prática, através de uma reflexão conjunta em núcleo e, por vezes, de cariz individual. Pontualmente, estas conversas e discussões resultaram em adaptações do PA, traduzindo-se em melhorias do meu planeamento e intervenção.

A estrutura utilizada no PA foi desenvolvida em NE, através da participação de todos na procura de um documento que incluísse as diversas componentes essenciais ao planeamento eficaz da aula. A partilha de ideias

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deu origem a uma estrutura constituída por um cabeçalho e uma tabela tripartida, correspondentes às fases inicial, fundamental e final da aula.

No cabeçalho decidimos introduzir algumas informações básicas, tais como o número da aula, a data, a hora, a duração da sessão e a turma. Nas informações mais específicas, incluímos a função ou funções didáticas, os conteúdos de ensino, contemplados no planeamento das UD, e os objetivos para aula, organizados segundo as 4 categorias propostas por Vickers (1990). Na tabela propriamente dita, para cada exercício, definimos os objetivos comportamentais, ou seja, os comportamentos que expectávamos observar nos alunos durante as situações de aprendizagem, explicando de forma sucinta a forma de realização do exercício e das suas variantes, a organização didático metodológica, referente à organização dos alunos e do material e à posição adotada pelo professor para cada exercício e, por fim, as componentes críticas, que remetem para comportamentos, atitudes, ações táticas ou técnicas que almejamos observar nos alunos no desempenho das tarefas propostas.

Os principais desafios neste nível de planeamento, foram, principalmente, a capacidade de conseguir antecipar com clarividência o impacto e a resposta da turma aos exercícios da aula. Esta foi uma competência que fui desenvolvendo ao longo da prática e que comecei a dominar à medida que fui conhecendo os alunos. Se numa fase inicial dificilmente conseguia cumprir o plano na sua íntegra, numa fase mais avançada do EP, devido a uma seleção mais consciente das situações de aprendizagem, consegui estruturar PA adequados às condições reais da prática.

“As limitações técnicas da turma, ao nível da ginástica, são um fator determinante a ter em conta em sessões futuras. Reconheço que assumi uma atitude demasiado otimista no planeamento de alguns exercícios, e como consequência limitei a minha autonomia e realizei diversas alterações ao plano de aula.”

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“No que concerne à gestão da aula, consegui cumprir os tempos previstos da mesma. Considero que consigo assumir uma atitude bastante mais consciente do tempo disponível e necessário para o desenvolvimento de cada exercício, o que se traduz num planeamento da aula mais preciso e ajustado à realidade prática.”

(Excerto retirado da reflexão da aula nº46/47 de Voleibol)

Os elevados tempos de espera foram superados com a implementação de rotinas, que permitiram articular as diversas fases da aula e limitar o tempo de transição entre exercícios, contribuindo para um aproveitamento mais eficaz do tempo útil disponível. A realização de circuitos e estações de prática foram algumas das estratégias introduzidas para aumentar a dinâmica da aula e prevenir comportamentos desviantes, como consequência da redução dos tempos de espera e aumento do tempo de empenhamento motor dos alunos. Adicionalmente, a partir do momento em que comecei a conhecer a turma optei por deixar de efetuar a chamada no início da aula, reservando um maior período de tempo para a ativação geral e transmissão de informações iniciais relevantes.

A elaboração dos PA foi uma das tarefas do EP que mais desenvolveu o meu pensamento crítico e reflexivo. Neste sentido, enquanto ferramenta crucial à minha intervenção prática, destaco a importância deste nível de planeamento na minha formação docente. A minha capacidade de perspetivar e compreender o ensino foi amplamente melhorada pela necessidade de pensar e planear cada aula.