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Foto: Keilla Lopes (2019) Fonte: Arquivo pessoal

O autor ainda menciona aspectos das principais ruas que, posteriormente, tornaram- se avenidas, uma estimativa de população em torno de três a quatro mil pessoas e outras características urbanísticas de Feira de Santana: “as ruas não são calçadas, mas as duas principais, paralelas, bastante largas e bordadas de casas, algumas de sobrado e boas, têm passeios calçados. Há três igrejas, estando a matriz por acabar, e três praças, não contando com o campo da feira” (TEIXEIRA, 2011, p. 297).

Freitas (2014) também expõe características de Feira de Santana. No entanto, faz uma análise comparativa com a capital do estado da Bahia:

Não é cidade que surge como fortaleza, funda-se para dar proteção ao projeto colonizador, mas cidade fundada do constante pisotear dos animais que seguem para o litoral. Solo urbano que foi moldado, esculpido pelo insistente cavalgar dos tropeiros, trotar das mulas e dos rebanhos que se arrastavam em direção ao litoral, emblema da pecuária associada ao comércio, arquitetando o porvir urbano: cidade que é valor de uso, mas tão somente custo de troca no capitalismo - obra de arte concreta para hospedar o processo de urbanização (FREITAS, 2014, p. 215).

No entanto, foi no século XX que Feira de Santana se revelou mais vigorosamente a ponto de se destacar no cenário do Nordeste e até nacional. O Gráfico 4 expõe esses dados e, ainda, é possível uma melhor visualização de análise comparativa entre as taxas de urbanização de Feira de Santana com a do Nordeste e nacional. Assim, percebe-se que a primeira supera a segunda no Censo de 1950 e prevalece neste sentido até o último Censo de 2010. Diante desse dado, comprova-se a relevância de Feira de Santana no Nordeste desde a década de 1940.

Fonte: IBGE (s/d). Séries Históricas e Estatísticas; IBGE (s/d). SIDRA. Elaboração: LOPES, Keilla P. S. (2020)

16,9 32 49,3 70,3 80,1 86 89,8 91,7 23,42 26,4 33,89 41,81 50,46 60,65 69,04 73,13 31,24 36,16 44,67 55,92 67,59 75,59 81,23 84,36 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

F. de Santana Nordeste Brasil

Gráfico 4: Comparativo entre as taxas médias de urbanização de Feira de Santana, do Nordeste e a média nacional (1940-2010).

No entanto, a urbanização de Feira de Santana apresentou-se inferior à média nacional até o Censo de 1950 e somente no censo seguinte, 1960, supera a média nacional e segue assim até o último Censo (2010). Alguns marcos podem explicar esses dados ocorridos no século XX. A partir da década de 1950 ocorreram, e ainda ocorrem, diversas mudanças estruturais em Feira de Santana, principalmente vinculadas a incentivos estatais, que intensificaram a urbanização do município, como: expansão de rodovias, criação de centro educacional, estímulos à industrialização e transferência de local da principal feira-livre. Iniciativas privadas também passaram a se destacar e manter o processo de urbanização. A seguir, serão demonstradas essas mudanças de uma forma resumida.

Na década de 1950, novos eixos viários, que ainda passam internamente na cidade, são implantados pelo governo federal, tais como a BR-324 e a BR-116 que se tornam importantes ligações entre Feira de Santana e a capital do estado, bem como a menores localidades do estado. Assim, amplia o viés comercial da cidade e expande toda a dinâmica local. Nesse momento, o poder municipal também teve participação na expansão urbana ao criar novas avenidas. Destarte, surgiram os primeiros loteamentos de áreas que foram agrárias, mas, por se encontrarem nas proximidades dessas novas avenidas, passaram a modificar seu cotidiano e se tornaram urbanas (SANTO, 2012).

Feira de Santana, desde os tempos coloniais, tornou-se conhecida como um entreposto comercial de vida própria e, em 1950, era conhecida em todo o Nordeste do Brasil, principalmente devido ao importante mercado de produtos agrícolas e pecuários (POPPINO, 1968).

Em 1964, foi construído na cidade um anel rodoviário12, com o objetivo de evitar a circularidade de caminhões e veículos grandes, além das cargas perigosas no espaço intraurbano, e assim preservar a cidade de maiores congestionamentos em vias estruturantes e do perigo de desastres com cargas perigosas. No entanto, em Feira de Santana e em outras cidades, ambos permanecem.

Em 1968, foi inaugurada, no centro de Feira de Santana e no prédio onde havia funcionado a Escola Normal (1920-1950), a primeira instituição que servia ao então denominado ensino superior: Faculdade de Educação de Feira de Santana. Neste período, o governo da Bahia participa de uma política de educação (Plano Integral de Educação) voltada

12 Segundo o Ministério dos Transportes, através da Norma do Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (DNIT) número 003/2002, anel rodoviário é trecho de rodovia destinado à circulação de veículos na periferia das áreas urbanas, de modo a evitar ou minimizar o tráfego no seu interior, circundando completamente a localidade. Cidades e zonas metropolitanas têm o objetivo descrito na norma como motivação para a construção de anéis rodoviários.

à “interiorização” do sistema de ensino em todos os níveis, com o objetivo de preparar pessoal para o processo de industrialização. Esta política baseava-se na inauguração de faculdades para a formação de professores nas principais cidades do interior do estado, consideradas como sedes das regiões administrativas do Estado, que passariam a atuar como distritos geoeducacionais. Assim, no âmbito do citado Plano, através da Lei Estadual nº 2.784, de 24 de janeiro de 1970, tem-se a instalação da Fundação Universidade de Feira de Santana (FUFS) que, solenemente, em 31 de maio de 1976 foi instalada como universidade com os seguintes cursos: Licenciatura de 1º e 2º graus em Letras – Inglês/Francês; Licenciatura Plena em Ciências, com habilitação em Matemática e Biologia e em Ciências 1º grau; Licenciatura Plena em Estudos Sociais, com habilitação em Educação Moral e Cívica e em Estudos Sociais 1º grau; e mais os cursos de Enfermagem, Engenharia de Operações – Modalidade Construção Civil, Administração, Economia e Ciências Contábeis (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, S/D).

Atualmente, o prédio onde funcionou a Escola Normal e a primeira Faculdade de Educação de Feira de Santana abriga o Centro Universitário de Cultura e Arte - CUCA (Foto 3), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Foto 3: Fachada preservada da edificação onde funcionou a Escola Normal, depois a