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Foto 20: Outro empreendimento privado com vários galpões para aluguel 2019

3 REGIÃO METROPOLITANA DE FEIRA DE SANTANA: URBANIZAÇÃO,

3.3 INDICADORES DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

3.3.2 Relacionamento empresarial com Feira de Santana

Esta segunda análise, ainda decorrente do IBGE (2008), baseia-se na intensidade de relacionamento empresarial. Foi realizado um recorte a este estudo maior, de modo que permitiu inferir acerca de certas relações empresariais existentes entre Feira de Santana e os outros municípios da RMFS.

Intensidade de relacionamento empresarial é conceituada na publicação como a soma do número de filiais existentes na cidade B de empresas com sede na cidade A, e com o número de filiais existentes na cidade A de empresas com sede na cidade B. Nesse contexto, revelam-se, com auxílio dos dados dispostos no Cadastro Central de Empresas (2004), disponibilizado no site do IBGE, os vinte principais municípios com relacionamento empresarial com Feira de Santana e a intensidade dessas relações, nesta ordem: Salvador (BA), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Aracaju (SE), Vitória da Conquista (BA), Recife (PE), Alagoinhas (BA), Rio de Janeiro (RJ), Santo Antônio de Jesus (BA), Petrolina (PE), Conceição da Feira (BA), São Gonçalo dos Campos (BA), Vitória (ES), Conceição do Jacuípe (BA), Serrinha (BA), Irecê (BA), Santo Estêvão (BA) e Ipirá (BA).

Dentre os vinte municípios mencionados, estão três dos cinco que se integraram ao município polo da RMFS, e não constam os municípios de Amélia Rodrigues e Tanquinho. Ressalta-se que, mais uma vez, Amélia Rodrigues não se apresentou em interseção com Feira de Santana, visto que na análise da seção anterior23 sobre a rede de influência desta cidade,

ocorreu este mesmo resultado. Foram dez as empresas com sede e filial em Feira de Santana e Conceição da Feira, nove em Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos e sete em Feira de

Santana e Conceição do Jacuípe. Com base nestes dados, a Figura 9 foi criada para ilustrar a intensidade de relacionamento empresarial - diante do conceito do IBGE - entre o polo e os municípios que compõem a RMFS.

Figura 9: RMFS - Mapa da Intensidade de relacionamento empresarial entre a sede e os outros municípios da RMFS em 2007

Na investigação de mais constatações sobre a temática empresarial dos municípios da RMFS, foi construída a Tabela 4.

Tabela 4: Total de empresas em 2006 e 2016 nos municípios da RMFS

Não foram identificadas relações explícitas entre a intensidade de relacionamento empresarial, com base na pesquisa IBGE (2007), e o número de empresas em cada município da RMFS segundo o site IBGE Cidades (2007) e a publicação IBGE (2018). No entanto, o quantitativo de empresas em cada município da RMFS é um dado importante, pois, em uma análise sucinta, revela a hierarquia empresarial entre esses municípios e demonstra a possibilidade de redes de empresas para trabalho cooperativo no sentido de atuarem conjuntamente, sem a obrigatoriedade de estabelecerem vínculos financeiros entre si, mas para a obtenção de vantagens competitivas. Admite-se que o tamanho dessas empresas, os ramos de atividade, as relações comerciais, os produtos comercializados e outros dados podem interferir nessa análise inicial e ocasionar múltiplos resultados, mas não a invalidam ao se considerar a ressalva inicial de que se trata de uma análise sucinta.

Em uma análise comparativa entre os períodos expostos na Tabela 4, percebe-se a redução no número de empresas nos municípios de Amélia Rodrigues e Tanquinho, ao passo que acresceu nos outros municípios. Quais fatores podem ter ocasionado essas atrações e retrações de negócios? Nas entrevistas realizadas com os prefeitos dos dois municípios onde o número de empresas diminuiu têm-se alguns relatos que ajudam a esclarecer o contexto no qual se encontram.

Na entrevista ao prefeito de Amélia Rodrigues, Paulo César Bahia Falcão, pelo menos três possíveis razões foram identificadas sobre a redução do número de empresas. Inicialmente, foi perceptível a insatisfação quanto à concentração fabril em Feira de Santana ao narrar: “os governantes deveriam ver que o mundo tem que existir para todos. A concentração

de indústrias que tem em Feira de Santana, isso não é justo, é irracional e imoral, porque os

Município Número de Empresas em 2006 Número de Empresas em 2016 Feira de Santana 12 646 15.348 Conceição do Jacuípe 711 1.019

São Gonçalo dos Campos 268 394

Amélia Rodrigues 290 279

Conceição da Feira 190 230

Tanquinho 99 92

Fonte: IBGE (2007); IBGE (2018). Elaboração: LOPES, Keilla P. S. (2019)

Fonte: IBGE (2007); IBGE (2016)

Elaboração: LOPES, Keilla P.

S. (2019)

Fonte: IBGE (2007); IBGE (2016)

Elaboração: LOPES, Keilla P.

S. (2019)

Fonte: IBGE (2007); IBGE (2016)

Elaboração: LOPES, Keilla P.

S. (2019)

municípios pequenos também precisam desse suporte.” Ainda ratifica sua opinião ao mencionar

a situação do município vizinho, Conceição do Jacuípe, definindo-o como autossustentável, visto ter uma empresa que gera 2.800 (dois mil e oitocentos) empregos diretos e que, em 2017, arrecadou 10 (dez) milhões só de Impostos Sobre Serviços (ISS) de qualquer natureza. Posteriormente, apontou: “nessa crise que nós vivemos, desde 2015, não tem uma empresa que

nos procurou.” Por fim, a terceira razão é identificada quando o entrevistado exemplifica uma

situação em que um empresário de fora do estado busca vantagens compensatórias para a instalação de sua empresa: “se ele não tiver um incentivo muito grande por parte do governo e

uma determinação que você vai para aquele município, ele não vai, ele vai preferir um centro muito mais desenvolvido, um centro que dê muito mais condições, até de pessoas qualificadas, infraestrutura etc.”

Além dessas razões identificadas a respeito da redução do número de empresas em certos municípios, há aspectos fundamentais nessas declarações, como: a concepção de que o Estado é o único definidor para a localização das empresas e as resistentes marcas deixadas pelos períodos de fortes incentivos fiscais da década de 1970 e 1990. Essas últimas ainda transmitem esperanças até o presente momento, embora já não se apresentem tão vigorosas na contemporaneidade. Quanto aquele primeiro aspecto, admite-se a parcela considerável de estímulos estatais, mas a realidade não é assim tão definitiva como o entrevistado aponta. Um contexto muito mais amplo que o assinalado na entrevista, com múltiplos fatores envolvidos, é que define a localização de uma empresa diante de uma análise comparativa de possibilidades. Seguindo no mesmo sentido de buscar indicações sobre a redução do número de empresas em certos municípios, na entrevista ao prefeito do município de Tanquinho, Luedson Soares Santos, foi reiterada uma razão dentre as já mencionadas pelo entrevistado de Amélia Rodrigues ao se referir à concentração fabril no CIS, em Feira de Santana. Ele assim expõe: “porque as empresas que chegam, logicamente, elas querem uma visibilidade maior, elas

jamais vão vir para uma cidade menor do que deixar Feira de Santana. Então, se tivesse uma reunião mostrando a viabilidade, quem sabe?”

No momento das entrevistas, não ocorreu uma indagação direta sobre o número de empresas em cada município, nem sobre as possibilidades de acréscimo ou de redução dessas; esse questionamento surgiu após a realização das entrevistas. As falas citadas ocorreram naturalmente diante da pergunta relacionada à possiblidade de parcerias intermunicipais.

Apesar de cada município responder por expectativas de relações específicas diante das condições econômicas individuais, de tal maneira que não permitem a generalização ou simplificação no tratamento da questão, e de se admitir a necessidade da análise de fatores

múltiplos nos dois municípios para se concluir a respeito das falas mencionadas, arrisca-se mencionar que ambos os prefeitos, além de criarem fortes expectativas de ação do governo do estado da Bahia para a desconcentração industrial, ainda se apresentaram passivos ao contexto.

Enquanto alguns aguardam a satisfação de suas expectativas pelo estado, por outro lado, no município de Conceição do Jacuípe, o entrevistado argumenta e enfatiza que este município é mais comprometido com o desenvolvimento local e regional que os outros municípios da região. A prefeita deste município, Normélia Maria Rocha Correia, designou o Secretário de Administração e Finanças do município, Manuel Elenon de Souza Ferreira, para responder à entrevista, e este assim afirmou: “Conceição do Jacuípe tem a economia muito

forte, embora seja provavelmente menor que Amélia Rodrigues, em termos de área e população. Conceição do Jacuípe é muito forte, é a maior economia que nós temos na RMFS, depois de Feira de Santana.” Segue a explicar a situação: “nós temos sorte? O trabalho está dentro do município. Temos é uma capacidade laboral da sociedade de Conceição do Jacuípe que é muito grande. Então, por isso, hoje é o segundo vetor de desenvolvimento na microrregião.” Mais adiante, depois de já ter salientado a posição do município frente à região,

reafirma: “nós temos uma capacidade de produção e desenvolvimento maior do que eles, até

pelo nosso parque industrial, que é um pouco maior. Então, a posição de Conceição do Jacuípe é muito forte dentro desse relacionamento.”

De maneira geral, considera-se que o discurso do secretário de planejamento de Conceição do Jacuípe é um tanto passional, mas compreensível, diante da posição profissional que ocupa. Embora a fala se apresente propagandista para o município, é perceptível um posicionamento mais ativo que dos outros dois prefeitos, anteriormente mencionados. Quanto aos dados mencionados na entrevista, em relação à área territorial, população e economia, buscou-se a confirmação e em IBGE24 e, apenas quanto à população, o entrevistado se equivocou, visto que a população de Conceição de Jacuípe é de 33.153 (trinta e três mil cento e cinquenta e três) pessoas e assim é maior que a de Amélia Rodrigues com 25.102 (vinte e cinco mil cento e duas) pessoas. Ressalta-se que, como exposto na Tabela 4, o número de empresas, bem como o acréscimo deste dado atestado entre 2006 e 2016 auxiliam na confirmação das afirmações do entrevistado.

Cumpre informar que o termo “microrregião”, utilizado pelo entrevistado, foi substituído em 2017 quando as mesorregiões e microrregiões do Brasil que constituíram a

24 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/conceicao-do-jacuipe/panorama e https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/amelia-rodrigues/panorama

divisão geográfica regional do país entre 1989 e 2017 foram substituídas, respectivamente, pelas regiões geográficas intermediárias e imediatas, com a revisão disposta em IBGE (2017c). Nas entrevistas realizadas nos outros municípios em que acresceram o número de empresas - São Gonçalo dos Campos e Conceição da Feira - não apareceram relatos que remetessem ao assunto de modo que pudessem indicar alguma análise. De maneira a concentrar o foco principal deste estudo, entrevistas com perguntas diretas sobre as mudanças no número de empresas em cada município foram delegadas para a oportunidade de uma nova pesquisa.

Ao analisar a intensidade de relacionamento empresarial existente entre Feira de Santana e os outros municípios e também o número de empresas em cada um dos municípios, demonstrado na Tabela 4, percebem-se também grandes disparidades no quesito empresarial entre os municípios da RMFS, como entre o município do primeiro e do segundo lugares com uma distância numérica considerável.

Além disso, como descrito em seção anterior25 a discrepância identificada entre os municípios da região em análise pode ser um entrave à organização da gestão e, até mesmo, às diversas articulações associativas, visto que os interesses municipais podem também ser díspares, devido ao porte de cada localidade.

Em síntese, esta seção forneceu elementos para compor interação entre os municípios da RMFS. De acordo com a análise realizada, baseada na variável intensidade de relacionamento empresarial de Feira de Santana, resultante do IBGE (2008), apoiada pela pesquisa de campo, 3 (três) municípios encontram-se com o maior relacionamento empresarial com a cidade polo, são eles: Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe e São Gonçalo. Já os municípios de Amélia Rodrigues e Tanquinho não se apresentam nessa variável considerada. Os resultados encontrados são analisados através da premissa de que essas relações podem influenciar na organização de uma estrutura de gestão na região.