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Fernando Henrique Cardoso foi presidente da República Federativa do Brasil por dois mandatos consecutivos: o primeiro, de 1º de janeiro de 1995 a 1º de janeiro de 1999; e o segundo, de 1º de janeiro de 1999 a 1º de janeiro de 2003. É sociólogo e autor de vários livros sobre mudança social e desenvolvimento no Brasil e na América Latina. Em 2005, foi eleito um dos cem maiores intelectuais públicos do mundo, em levantamento das revistas Prospect e Foreign Policy.

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Disponível em http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/itamar-franco/discursos- 1/1992/01/at_download/file, acesso em 29 de agosto de 2011.

Teve participação destacada na campanha das Diretas-já e na articulação da candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, em 1984. Foi um dos relatores da Constituinte de 1988. Em maio de 1993, tornou-se ministro da Fazenda e conseguiu mobilizar maioria parlamentar e amplo apoio da opinião pública a favor do seu plano de estabilização, o Plano Real. Realizou uma reforma monetária, que se completou com a entrada em circulação de uma nova moeda, o real, em julho de 1994. Deixou o Ministério da Fazenda em março de 1994 para assumir a candidatura à Presidência da República. Foi eleito presidente em 3 de outubro de 1994, em primeiro turno, e empossado em 1º de janeiro de 1995. Em 3 de outubro de 1998, foi reeleito, também em primeiro turno.

Foi o primeiro presidente democraticamente eleito desde Juscelino Kubitschek (1956-1961) a completar seu mandato e transmitir o cargo a outro presidente democraticamente eleito4. A seguir, trechos selecionados do discurso de posse do presidente Fernando Henrique Cardoso no Congresso Nacional5, em Brasília, 1 de janeiro de 1995, que têm alguma alusão à Defesa nacional:

[...] Pertenço a uma geração que cresceu embalada pelo sonho de um Brasil que fosse ao mesmo tempo democrático, desenvolvido, livre e justo. Vem de longe a chama deste sonho. Vem dos heróis da Independência. Vem dos abolicionistas. Vem dos "tenentes" revolucionários da Velha República. Essa chama eu vi brilhar nos olhos de meu pai, Leônidas Cardoso, um dos generais da campanha do "petróleo é nosso", como já brilhara no fim do Império nos olhos de meu avô, abolicionista e republicano. Para os estudantes que jogavam, como eu, todo o seu entusiasmo nessas lutas, petróleo e industrialização eram o bilhete de passagem para o mundo moderno do pós-guerra. (grifo nosso)

[...] Pacificamente, com tranqüilidade, apesar das mágoas e cicatrizes que ficam como um símbolo para que novas situações de violência não se repitam, viramos

a página do autoritarismo que, com nomes e formas diferentes, desvirtuou nossa

República desde a sua fundação. (grifo nosso)

[...] Para os jovens de hoje, que pintaram a cara e ocuparam as ruas exigindo decência dos seus representantes, assim como para as pessoas da minha geração, que aprenderam o valor da liberdade ao perdê-la, a democracia é uma conquista

definitiva. Nada nem ninguém nos fará abrir mão dela. (grifo nosso)

[...] Também nós nos horrorizamos vendo compatriotas nossos - e ainda que não fossem brasileiros - vendo seres humanos ao nosso lado subjugados pela fome, pela doença, pela ignorância, pela violência. Isto não pode continuar! (grifo nosso)

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Notícias retiradas do site do Instituto Fernando Henrique Cardoso, disponível em <http://www.ifhc.org.br/index.php?module=conteudo&class=fixo&event=ver&id_conteudo=7>. Acesso em 9 jan. 2012.

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[...] Nada disso implica renunciar a uma fração que seja da nossa soberania, nem

descuidar dos meios para garanti-la. (grifo nosso)

[...] Como Comandante-em-Chefe das nossas Forças Armadas, estarei atento

às suas necessidades de modernização, para que atinjam níveis de operacionalidade condizentes com a estatura estratégica e com os compromissos internacionais do Brasil. (grifo nosso)

[...] Nesse sentido, atribuirei ao Estado-Maior das Forças Armadas novos

encargos, além dos já estabelecidos. E determinarei a apresentação de propostas,

com base em estudos a serem realizados em conjunto com a Marinha, o Exército

e a Aeronáutica, para conduzir a adaptação gradual das nossas Forças de defesa às demandas do futuro. (grifo nosso)

[...] No mundo pós-Guerra Fria, a importância de países como o Brasil não depende somente de fatores militares e estratégicos, mas sobretudo da estabilidade política interna, do nível geral de bem-estar, dos sinais vitais da economia - a capacidade de crescer e gerar empregos, a base tecnológica, a participação no comércio internacional - e, também, de propostas diplomáticas claras, objetivas e viáveis. (grifo nosso)

[...] É tempo de debater às claras qual deve ser o perfil do Brasil, como Nação soberana, neste mundo em transformação, envolvendo no debate a Chancelaria, o Congresso, a universidade, os sindicatos, as empresas, as organizações não- governamentais.

Comentários sobre o discurso: Dos discursos de posse, foi o mais incisivo com os temas da Defesa. Como já possuía a intenção de criar o Ministério da Defesa, FHC não poupou alusões à Defesa Nacional. Com orgulho, inicia citando seu pai, o general Leônidas Cardoso. Lembra que foi virada a página do autoritarismo, responsável pelo desvirtuamento de idéias no período republicano. Aponta a Democracia como uma conquista definitiva e lembra das impiedades advindas da violência interna.

No trecho seguinte, FHC fala sobre soberania, posiciona-se como Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, comenta sobre as necessidades de modernização das Forças e lembra da posição do País em relação aos compromissos internacionais. Como já idealizava a criação do Ministério da Defesa, adianta que atribuirá ao EMFA novos encargos6: o que foi feito.

Finalizando o discurso, observou o mundo pós-Guerra Fria e lembrou que o Brasil não depende, somente, de fatores militares e estratégicos. Encerra, mostrando disposição para o debate entre Chancelaria, Congresso, Universidade, sindicatos, empresas e ONG para um Brasil soberano. Nesse ponto, portanto, há alguma intenção de aproximação entre sociedade e militares.

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[...] E o general Leonel era mais político: então, eu [FHC] o coloquei no Estado-Maior das Forças Armadas (Emfa) com a função específica de lá desenvolver o Ministério da Defesa, ao qual ele foi de longe o mais receptivo, até porque se desenvolveria no seu Ministério. Zenildo [Ministro de Exército] não discutiu, aceitou. (OLIVEIRA, 2005, p. 432 e 433)