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O episódio do World Trade Center causou preocupação internacional. O fato parecia estar dando início a uma nova etapa na defesa mundial. Na realidade, os EUA e outros países mais poderosos, se prepararam. O caso do Brasil merece atenção. Abbot (2005, p. 25), tenente- coronel do Exército dos EUA, comenta que a existência de células terroristas em qualquer local da América Latina não é um mito, e complementa: ―Isso só será evitado se os países da região fizerem mudanças nos seus sistemas judiciais, melhorarem seus programas de segurança pública e suas capacidades militares, impuserem duras medidas contra a corrupção e cooperarem uns com os outros.‖

No Brasil, ―a atuação das Forças Armadas [...] há quarenta anos [...] é discutida, sem ser conclusiva, sobre seus resultados positivos e negativos, e ainda existem feridas, que para alguns jamais cicatrizaram‖ (ALCÂNTARA, 2007, p. 27). Longe de conflitos de maior intensidade, o Brasil vive há tempos, uma época de paz relativa.

De pouca repercussão, nos idos de 1962/1963, a França tentou impor seus interesses ao Brasil, com o emprego de uma força naval, que redundou uma crise, pouco estudada, conhecida como a Guerra da Lagosta. Os franceses pescavam lagosta em nossa plataforma continental sob a alegação de que estavam fora do mar territorial brasileiro. Independente do imbróglio que estes fatos causaram às nossas Forças Armadas faz-se mister recordar o pouco, ou nenhum, entendimento, que, no caso, a Marinha do Brasil teve com os outros Ministérios. Em curso à crise, os navios franceses estavam em nossos mares. Nossa esquadra se mobilizou, bem como o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira. Em 14 de junho de 1962 foi apresado um navio francês. A crise estava instalada11. Tantos outros episódios de tal vulto ocorreram. ―Nesse mês a Corveta Ipiranga [brasileira] apresou os barcos franceses Folgor e Françoise Christine, quando capturavam lagosta no litoral cearense (BRAGA, 2004, p. 45).

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O Contratorpedeiro de Escolta Babitonga (brasileiro) apresou o lagosteiro Plomarch (frances) a 17 milhas do litoral do Estado do Rio Grande do Norte, sendo escoltado até a Base Naval de Natal. (BRAGA, 2004, p. 42)

Em plena crise, surpreende o relato de Costa Braga (2004), acerca do abastecimento de combustível, entre dois navios nacionais: um da MB o outro da Marinha Mercante:

O abastecimento de combustível constituiu-se em constante preocupação do setor logístico. A MB não possuía um navio que pudesse abastecer os navios da Esquadra onde fosse necessário. Para suprir essa necessidade, recorreu-se a Fronape [Frota nacional de Petroleiros], que disponibilizou com dificuldade e cobrando o preço do mercado, o NT (Navio Tanque) Mato Grosso (cerca de 1 milhão CR$ por dia). Outra restrição era a de que a MB somente possuía um tanque de óleo combustível em Recife arrendado a Esso [...]

O presidente João Goulart, nada preocupado com os fatos, embarcou para São Borja, Rio Grande do Sul, para passar o carnaval (BRAGA, 2004, p. 82). Enquanto isso, De Gaulle, presidente francês, enviou um navio de guerra, o contratorpedeiro Tartu, para intimidação. A Força Aérea Brasileira se deslocou para a área de operações para observar e localizar a força naval francesa. Aconteceu uma mobilização nacional das Forças Armadas e, por pouco, não entramos em guerra.

Felizmente, em 11 de março de 1963, com o auxílio de nossa diplomacia, terminava a crise conhecida como Guerra da Lagosta. Os fatos ajudam a reforçar a importância da Defesa. Oliveira (2001) relembrou que continua o pouco caso da sociedade para suas Forças Armadas: ―Se falta à defesa nacional o caráter da nossa diplomacia e da vida partidária, não se atribua a responsabilidade aos militares, mas aos dirigentes civis que relegaram as Forças Armadas a um silêncio que não convém ao País.‖

Jungman (2009, p. 12) sugere Políticas Públicas para esclarecer a sociedade sobre a Defesa:

Concluindo, precisamos dispor de políticas públicas que levem a sociedade os necessários esclarecimentos e informações em relação às questões relativas à Defesa Nacional, não para doutriná-la ou enquadrá-la, mas para provocar sadio e necessário debate em relação à própria Segurança do País em um mundo que vive sob ameaças de todas as ordens, de caráter político, econômico, social e ambiental.

Flores (2002, p. 14) cita Canudos como nosso pior conflito após a guerra do Paraguai.

O desinteresse é explicável pela não percepção de ameaças bélicas plausíveis e porque o Brasil não foi ator protagonista em guerra externa desde 1870 (Canudos foi nossa penosa campanha terrestre depois da Guerra do Paraguai), foi coadjuvante de pequena relevância nas duas guerras mundiais do século 20 [...].

São necessárias Forças Armadas preparadas, coordenadas e fortes. Enquanto houver um interesse e dois interessados haverá conflito; e se o Brasil quiser ocupar o lugar que lhe cabe no mundo, precisará estar pronto para defender-se não somente das agressões, mas também das ameaças; daí a importância da Defesa Nacional.

3 METODOLOGIA

Foi utilizada como Método de Pesquisa a análise de conteúdo. Vergara (2006) observa que este método refere-se ao estudo de textos e documentos. É uma técnica de análises de comunicações, tanto associada aos significados, quanto aos significantes da mensagem. Vergara (2005) conceitua o método como uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema. Por estas características, serão aplicados nos pronunciamentos dos Presidentes da República que assumiram o poder a partir do período dos Governos Militares no intuito de se verificar o nível de importância, que cada um dos mandatários, atribuiu à questão da Segurança Nacional.

Segundo Bardin (1977), o pesquisador que trabalha seus dados a partir da perspectiva da análise de conteúdo está sempre procurando um significado atrás de outro texto, um texto que não está aparente na primeira leitura e que precisa de uma metodologia para ser desvendado. Esta metodologia é a análise de conteúdo.