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O Alvará assinado por D. João V, [cria] a Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. A origem histórica da Marinha do Brasil (MB) remonta ao régio Alvará, datado de 28 de julho de 1736, que criou a "Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios de Ultramar2‖. Contudo, a versão com que se tem maior familiaridade é a que coincide com o retorno da família real para Portugal, por necessidades de problemas internos naquele País. Neste retorno à Europa o Príncipe D. Pedro permaneceu no Brasil.

A Revolução Liberal, iniciada no Porto, em Portugal, exigiu o regresso da coroa portuguesa e isso terminava com o poder absoluto do rei que, mesmo se distanciando para o Velho Mundo, tentou, ainda, fazer com que o Brasil retornasse à condição de colônia. Desta forma criam-se duas facções, os que apoiavam a Coroa e os que ficaram para, a princípio, prestar seu apoio ao Príncipe D. Pedro. Por conseguinte a Marinha Imperial portuguesa também se dividiu. Foi este o fato que se tornou o embrião da Marinha do Brasil (MB).

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Pesquisa IBOPE entre 26 de abril e 2 de maio de 2008. Disponível em <http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=cal db&comp=IBOPE+Intelig%EAncia&docid=BAEA9F385E5CAFCC83257474004DE21D>. Acesso em 26 jul.2011

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Disponível em < http://www.mar.mil.br/menu_v/ccsm/perguntas/perguntas_mb.htm#not41>. Acesso em 26 jul.2011.

Segundo Bittencourt3, desde 1822 alguns comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Príncipe e o apoiaram nas ocasiões em que houve ameaças de uso de força. Começava a ser formada a Marinha do Brasil.

Em 1º de dezembro de 1822, Pedro foi coroado Imperador do Brasil. Nesta época, havia a necessidade de formar uma força para diminuir os focos contra o Imperador Pedro; ficar em condições de rechaçar as forças navais portuguesas que se preparavam para retomar a colônia brasileira; e manter as linhas de comunicações marítimas. O quadro não era animador, porém as instalações do antigo Arsenal do Rio estavam satisfatórias para a construção de embarcações e navios. Mas não havia dinheiro.

Conforme o site da MB4, o quadro das belonaves, em fins de1822, era desolador. Eram navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o primeiro núcleo da Esquadra brasileira, composto pelas Fragatas União e Real Carolina; Corvetas Maria da Glória e Liberal; Brigue Real Pedro, Brigue-Escuna Real, 13 escunas – das quais sete encontravam-se estacionadas no Prata – e de, aproximadamente, 20 navios-transportes e canhoneiras. Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro, somente três eram utilizáveis, a Nau Martins de Freitas, a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unid - os quais foram prontamente reparados no Arsenal de Marinha. A Nau Príncipe Real, que trouxe D. João VI ao Brasil, só pôde ser utilizada como navio prisão, devido ao seu péssimo estado.

Sobre a dificuldade de se criar uma nova marinha, organizada, liderada e com meios navais compatíveis com a tarefa que estava para receber, Bittencourt observa5: ―A tarefa de preparar com brevidade [...] a Armada brasileira para guerra foi designada ao novo Ministro da Marinha, Capitão-de-Mar-e-Guerra (CMG) Luís da Cunha Moreira. Primeiro brasileiro nato a ocupar esse cargo. Era um patriota convicto e experimentado homem do mar [...]‖. Contudo, era pífia esta estrutura inicial.

Em janeiro de 1823, foi lançada subscrição pública nacional visando a angariar recursos que ajudassem a acelerar o aparelhamento da Esquadra brasileira. O Imperador e a Imperatriz tomaram a liderança com a compra de 350 ações, sendo seguidos por patriotas de toda nação. O plano alcançou grande êxito tendo atingido, em junho de 1823, uma soma de 33 mil réis. Em abril de 1823, a Esquadra estava constituída por uma nau, quatro fragatas, duas corvetas,

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Idem. 4

Disponível no site oficial da Marinha do Brasil: <www.mar.mil.br>. Acesso em 15 jun. 2011.

5 Artigo intitulado ―A Marinha Imperial e a Independência do Brasil‖. Disponível em <http://www.mar.mil.br/diversos/Artigos_selecionados/Documentos/marinha_imperial.pdf>. Acesso em 17 jul. 2011.

três brigues-escunas, 12 escunas e 20 navios-transportes e canhoneiras6. O nome que virá a tomar de ―Marinha do Brasil‖ deve-se ao fato de que por tantos brasileiros terem colaborado, voluntariamente, para a construção desta Força, que esta Marinha passou a pertencer ao Brasil – era do Brasil. Nascia a Marinha do Brasil.

Em relação ao seu pessoal havia uma preocupação. Embora houvesse uma quantidade razoável de oficiais que aqui permaneciam, não se tinha certeza da fidelidade de cada um, se pelo Brasil ou por Portugal. Os marinheiros de vocação ou de vontade que aqui estavam muitos deles eram portugueses. Diante da dúvida de a quem esses homens iriam obedecer, fez-se uma espécie de juramento onde coube a cada um sua decisão, sem retaliações. Os que optaram pela Coroa retornaram a Portugal.

Conforme relata Vale (1971, p. 10) o Ministro da Marinha, CMG Cunha Moreira, estabeleceu uma comissão, em 5 de dezembro de 1822, para saber de cada oficial sua intenção de servir ao Brasil ou voltar para Portugal. A grande maioria aderiu à causa brasileira, mas quando foram retirados os mais velhos e os incapazes, restaram 94. Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores em número suficiente, mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas para guarnecer os navios já em comissão nos estabelecimentos de guerra.

Outro problema era a pouca ou nenhuma experiência que possuíam esses ―homens do mar‖. Não havia nenhuma certeza de suas capacidades em navegar. Urgia-se por um comandante. De acordo com Bittencourt7: ―O Governo brasileiro resolveu então convidar o Almirante Cochrane, oficial de grande experiência e que fez brilhante carreira na Royal Navy como comandante de fragatas durante as Guerras Napoleônicas, para comandar a Esquadra brasileira‖. Enquanto Cochrane apreciava o convite, o Governo Imperial recrutou outros oficiais estrangeiros para seu serviço, dentre eles: David Jewett – que foi oficial na Marinhas dos Estados Unidos – e John Taylor, oficial da ativa da Royal Navy. Cochrane finalmente aceitou o convite brasileiro e foi nomeado Primeiro Almirante – posto criado em caráter excepcional – e trouxe consigo mais quatro oficiais britânicos, dentre eles John Pascoe Grenfell.

Conclusão parcial: Este é um breve histórico da criação da Marinha do Brasil, chamada à época de Armada brasileira, que, entendida por D. Pedro, havia a necessidade premente de sua existência para fazer frente às invasões, que vieram a acontecer, pelos portugueses para recuperar a Colônia - Brasil. Sua tripulação inicial veio do povo, comandada por um

6 Idem. 7

estrangeiro, um Almirante britânico Alexander Thomas Cochrane, dado que não havia um brasileiro com traquejo suficiente para a marinharia tampouco um português, mesmo com dons náuticos, fiel à causa da independência da colônia portuguesa. O Brasil e a Marinha nasceram, praticamente, juntas. Sua denominação anterior foi Marinha de Guerra. E passou a ser Marinha do Brasil por este nascido de uma colaboração financeira do povo brasileiro e, por conseqüência, ser brasileira. Foi por clamor e vontade do povo que nasceu a Marinha do Brasil. Fora hoje, se diria que foi por intermédio de uma Política Pública.