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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.9. Ferramentas de Avaliação de Indicadores de Desempenho

A literatura apresenta diversos trabalhos com o objetivo de definir e avaliar indicadores, fazendo uso de ferramentas também diversas. Nesta parte do trabalho, serão apresentados algumas ferramentas que se mostraram mais viáveis e melhor associadas à finalidade do presente estudo.

Rosa (2006) aplicou o Sistema Activity Based Costing (ABC) para mapear as atividades que geram custos em apenas uma empresa, dentre as três maiores do distrito industrial de Itajubá (MG). A seleção da empresa considerou os seguintes critérios: i) maior faturamento anual, ii) atendimento às características de mercado (liderança, dinamismo, processo evolutivo constante), iii) contribuição tecnológica ao país, resultando na empresa Mahle Componentes de Motores do Brasil Ltda. Para o desenvolvimento do trabalho, o pesquisador elaborou um questionário de 8 quesitos11 com 10 questões cada, de modo a avaliar o grau de importância dos indicadores aos gerentes das principais áreas da empresa (vendas, logística, contabilidade, produção e manutenção), em uma escala discreta de resposta que variou de 0 a 4 pontos. Os indicadores foram agrupados por critérios de desempenho (qualidade, velocidade de entrega, confiabilidade na empresa, flexibilidade, custo) e as respostas obtidas foram interpretadas com o suporte da Análise de Correlação (r) e do teste ‘t’ Student. Tais análises comparam os índices calculados com o índice crítico: se o índice calculado (tn-2) for maior que o crítico (tn-2 crítico) máximo ou menor que crítico mínimo, existe correlação entre indicadores. Quanto maior é a correlação (maior é o r) entre esses indicadores, maior é a importância do indicador da atividade estudada.

Este método permitiu identificar quais atividades estão causando maior impacto (negativo e positivo) nos custos da empresa, uma vez que identifica os indicadores mais relevantes no processo de gestão do produto. O método possibilitou visualizar o aperfeiçoamento de processos, devido ao intenso detalhamento das atividades por departamentos da empresa, produzindo melhores resultados pelo Sistema ABC. Cabe ressaltar que o nível de detalhamento das informações obtidas pelo questionário foi de fácil acesso, porque a empresa selecionada (certificada pelo ISO 9001) estava aberta à pesquisa e com

11Quesitos “são questões sobre determinado tema no qual se requer esclarecimento ou parecer de alguém com conhecimento técnico e/ou científico e especializado” (ADESP, 2006).

interesse na melhoria contínua de processos; caso contrário, os resultados poderiam ter sido comprometidos e a pesquisa inviabilizada.

Conceição e Quintão (2004) analisaram as relações da cadeia de refrigerantes por elos (fornecedores de matéria-prima, de embalagens, e de ingredientes; indústria de refrigerante; atacadista e supermercado) em 54 empresas, entre as 140 inicialmente pretendidas. Para tanto, utilizaram os indicadores de logística interna (custo de pedido, custo de estoque e armazenagem, custo de transporte, produtos perdidos, entre outros) e externa (entregas no prazo, devoluções, tempo de entrega, recebimento do produto dentro das especificações, entre outros) das referidas organizações para avaliar o desempenho delas quanto à logística. Assim, foram levantados os indicadores mais adequados para mensurar o desempenho da logística nestas empresas e foi elaborado um questionário eletrônico com 11 indicadores selecionados, cujas respostas variam de acordo com a escala de Rensis Likertd12, de 1 (péssimo) a 5 (ótimo).

A seleção das empresas para aplicação do questionário foi aleatória, porém, baseada no cadastro das duas associações nacionais de fabricantes de embalagens (de alumínio e de plástico) para refrigerantes. Com as respostas obtidas, os autores fizeram uma análise descritiva dos dados (média e desvio padrão), por elos da cadeia, observando um dos indicadores logísticos mais utilizados como tempo de entrega. Também identificaram qual elo da cadeia (supermercados) apresentou dificuldades na participação da pesquisa (ausência de e-mail próprio e não entendimento da finalidade da pesquisa).

As ferramentas estatísticas empregadas foram o Teste H (Kruskal-Wallis), através do qual os pesquisadores avaliaram o comportamento dos indicadores (H0 – igual ou H1 – desigual), considerando nível de significância de 0.05, ou seja, para os valores obtidos maiores que 0.05, há igualdade entre os indicadores logísticos e, assim, esses indicadores têm o mesmo desempenho. Para os resultados menores que 0.05, foi empregado o Teste U (Mann-Whitney), identificando em quais elos da cadeia o desempenho não era igual.

Esse método permitiu comparar os desempenhos entre indicadores do elo da cadeia estudada e, sobretudo, identificar qual indicador tinha comportamento desigual entre esses elos, o que facilitou a indicação de diretrizes para melhorar a organização das empresas que atuam na cadeia de refrigerantes.

12 Rensis Likert, em 1932, desenvolveu uma escala de resposta frequentemente usada em questionários de pesquisa. As respostas são

baseadas em um nível de concordância com o tema em estudo em uma faixa que varia até 5 pontos (CT = Concordo totalmente; C = concordo; I = indiferente; D = discordo; DT = discordo totalmente), segundo FECAP (2006); SILVA et. al (s/d).

Pierrini (2004) avaliou a qualidade do serviço em linhas de trens urbanos da cidade de São Paulo, SP, considerando como fatores de influência o preço, a segurança, a rapidez, o conforto, a utilidade, a capacidade de atendimento e as condições de tráfego. Foram entrevistados 400 usuários por linha de trem (A, B, C, D, E e F), totalizando 2.400 respostas, em uma escala de até 5 pontos de variação por fator. Cada fator foi detalhado através de seus atributos, e estes foram avaliados pela Análise Fatorial. Desta avaliação, foi possível observar quais atributos estão mais diretamente associados a cada fator13, ou seja, explicam melhor cada influência das variáveis sobre cada fator. Na sequência, o pesquisador empregou a Regressão Múltipla para relacionar os 7 fatores iniciais a cada uma das 6 linhas de trem existentes. Assim, foi possível estabelecer um método de mensuração e avaliação de fatores por linhas de trem. De acordo com o referido método, quanto maior o valor obtido na regressão, melhor é o desempenho do fator.

O método mostrou-se satisfatório em mensurar a influência de um dado fator sobre um conjunto de informações baseadas em opiniões de usuários, pois permitiu relacionar fatores de qualidade, satisfação do usuário e linhas de trem disponíveis. Desta forma, foi possível verificar as maiores relações entre os atributos e os fatores. Os fatores com desempenho abaixo do desejável (menores valores obtidos pela regressão) devem ser melhor investigados por outras metodologias, pois o método utilizado não permitiu identificar as causas que geraram esse desempenho.

Krajnc & Glavic (2005) aplicaram o método Analitical Hierarchy Process (AHP) a uma empresa de portifólio variado (adesivos, produtos químicos, lavanderia e cuidados domésticos, cosméticos e produtos de higiene industrial) para estabelecer as matrizes de comparação par a par, com a finalidade de estimar os pesos relativos dos grupos de indicadores, identificados como sociais, ambientais e econômicos. Os atributos14 anuais dos indicadores selecionados por grupo foram padronizados e ponderados pelos respectivos pesos para compor o índice anual desse grupo. A evolução desses valores ao longo dos anos foi utilizada para ajuste de uma reta, cuja declividade – denominada taxa de SD (Sustainable

Development) – prestou-se à avaliação da progressão do índice ao longo do tempo. A média

dessas taxas representa, segundo os autores, o índice composto para o período analisado.

13 “Os fatores explicam parte da variabilidade total dos dados, expressa através da soma das variâncias das variáveis originais.” (Artes, 2006).

Para Oishi (2006), os fatores representam um conjunto de variáveis não observáveis que descrevem o fenômeno a ser estudado, sem perder

as informações originais do problema.

14“Um atributo é um valor de dado assumido pelos objetos de uma classe”. Exemplo: Nome, idade e peso são exemplos de atributos do objeto Pessoa. “Cada atributo tem um valor para cada instância de objeto”. Para o atributo idade, o valor é 29 no objeto Pedro. Assim, Pedro Y tem 29 anos de idade (Unicamp, 2006).

O referido método permitiu avaliar os indicadores por grupo (sociais, ambientais e econômicos) ao longo do tempo, pois o número de indicadores foi reduzido (agregado em grupos) a um único índice geral. Os índices por grupo variam conforme os valores (positivos e negativos) atribuídos aos impactos de cada indicador. Além disto, se o período analisado (6 anos) fosse mais amplo, o índice resultante provavelmente demonstraria resultados mais concretos sobre o desempenho da empresa.