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Ferramentas para a colaboração científica apoiada por computador

2.4 Investigação científica colaborativa apoiada por computador

2.4.7 Ferramentas para a colaboração científica apoiada por computador

Nos últimos anos, diversas ferramentas computacionais vêm sendo propostas para a- poiar a colaboração científica. No Workshop realizado durante a conferência CSCW 2000

(CSCW 2000 Workshop on Lifecycle Support for Collaborative Science5) sobre o apoio ao ciclo de vida para colaboração científica, as seguintes ferramentas foram apresentadas:

• ScienceOrganizer: ferramenta de gestão do conhecimento que possibilita a um grupo de pesquisa acessar e organizar informações sobre um projeto, incluindo dados, documen- tos, imagens e associar registros científicos com experimentos de laboratório e de cam- po. Desenvolvida em 1999, está atualmente sendo utilizada em equipes distribuídas de astrobiologia da NASA, pesquisadores universitários e pesquisadores do Instituo de Sa- úde Nacional dos EUA (National Institutes of Health).

• Shared Image Annotator: ferramenta de colaboração que possibilita usuários a visuali- zar e escrever, simultaneamente, em imagens disponibilizadas na Web.

• InvestigationOrganizer: é uma ferramenta colaborativa de modelagem e gerência da in- formação baseada na Web para apoiar equipes de investigação de acidentes. Disponibi- liza um repositório centralizado de informações que podem ser usados por um grupo distribuído de investigadores para armazenar artefatos digitais relevantes ao andamentos das investigações. Usuários podem criar e visualizar modelos de análise que identificam os fatores causais ou seqüências de eventos hipotéticos que podem ter levado ao aciden- te. Os modelos causais são relacionados a itens do repositório que fornecem evidências à sustentação ou refutação das causas hipotéticas. Tais modelos podem ser vistos como diagramas lineares, hierárquicos e em rede apresentado pela interface do usuário.

Abaixo na figura 4, é apresentada uma tabela comparativa entre as principais Ferra- mentas para a colaboração científica apoiada por computador:

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Ferramenta Tipo Objetivo Processo Utiliza Questão ScienceOrganizer Gestão do conheci- mento Pesquisar e organizar informações

Associa a registros científicos dados, do- cumentos, imagens com experimentos de laboratório e campo.

Construção individual e Repositório central

Não possibilita a construção colaborativa e cooperativa de conceitos

Shared Image An- notator

Colabora- tiva

Visualizar e escrever imagens

Usuários, via web, visualizam e escrevem simultaneamente em imagens

Construção individual e Repositório central

Não possibilita a construção colaborativa e cooperativa de conceitos InvestigationOr- ganizer Colabora- tiva Modelagem e gerência da informação Baseada na web.

Usuários podem criar e visualizar mode- los. Modelos podem ser vistos como dia- gramas lineares, hierárquicos e em rede. São relacionados a itens do repositório fornecendo evidencias a sustentação ou refutação das causas hipotéticas

Construção individual e Repositório central

Não possibilita a construção colaborativa e cooperativa de conceitos

Além dessas ferramentas de CSCW e CSSC, destacam-se ainda as seguintes ferramen- tas no contexto CSCL para a colaboração científica:

1) CmapTools / IHMC (Institute for Human & Machine Cognition): é o resultado das pesqui- sas de Novak & Gowin (1984) sobre aprendizagem humana e construção do conhecimen- to, que os levaram à noção de Mapa Conceitual. Para Novak (1977 apud CAÑAS et al., 2004), conceitos são os elementos primários do conhecimento e proposições são os rela- cionamentos entre eles. Segundo Cañas et al., (2004), mapas conceituais têm demonstra- do ser um meio efetivo de representação e comunicação do conhecimento. CmapTools foi desenvolvido segundo uma arquitetura modular e com o objetivo de apoiar a construção e o compartilhamento de modelos do conhecimento (mapas conceituais). CmapTools traba- lha como uma ferramenta local, permitindo que o usuário construa modelos do conheci- mento por meio dos seus mapas conceituais e armazene-os em seu computador. Por meio de um servidor acessível via Internet ou Intranet, esses modelos do conhecimentos podem ser acessados e comentados por colegas. A finalidade da rede do CmapTools é incentivar e facilitar o compartilhamento público do conhecimento (CAÑAS et al., 2004). Apesar dos mapas conceituais e da ferramenta CmapTools não serem específicas para a colaboração científica apoiada por computador, existe uma lista de referências6 que relaciona diversos trabalhos desenvolvidos com base em CmapTools e mapas conceituais, inclusive na cola- boração científica.

2) CLARE (WAN & JOHNSON, 1994, apud CAMPOS et al., 2003): seu uso começa pela conversão de um texto cientifico para um formato interno de hipertexto. A partir daí, os estudantes podem analisar o texto utilizando uma linguagem de representação semiformal (RESRA – Representational Schema of Research Artifacts), de acordo com um processo de trabalho definido no ambiente SECAI (Sumarização, evolução, comparação, argumen- tação e integração). No ambiente CLARE, os participantes seguem um roteiro de ativida- des encadeadas em que se espera a produção de alguns resultados para que se possa passar para as atividades seguintes. Wan & Hohnson (1994) concluem que a aprendizagem coo- perativa não é exclusiva da sala de aula ou artefatos científicos, mas é parte de qualquer situação de trabalho na qual a colaboração baseada em artefatos é requerida, tais como de- senvolvimento de software, desenvolvimento de propostas de trabalhos e projetos. Preten- de-se, com essa ferramenta, que pessoas aprendam com o próprio desenrolar do processo,

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3) BELVEDERE (SUTHERS & WEINER, 1995, apud CAMPOS et al., 2003): ambiente para suporte à prática de discussão critica de teorias científicas, cuja interface assemelha- se a um editor gráfico. Provê aos estudantes formas concretas de representar componentes abstratos e relacionamentos entre teorias e argumentos. Assim, idéias e relacionamentos são representados como objetos que podem ser apontados, ligados a outros objetos e co- mentados. A interface gráfica do ambiente e os construtores definidos para utilização na discussão científica têm papel importante, na medida em que auxiliam os estudantes a formalizar seu pensamento e, com isso, entender melhor o processo científico. O processo de cooperação no Belvedere não é explícito, porém as discussões são estruturadas, o que força os estudantes a trabalharem com um certo grau de formalidade.

Abaixo, na figura 5, é apresentada uma tabela comparativa entre as principais ferra- mentas no contexto CSCL para a colaboração científica:

Ferramenta Tipo Objetivo Processo Utiliza Questão CmapTools Colaborativa

e Cooperativa

Construção do conhe- cimento

Construção de um Mapa conceitual que representa modelos do conhecimento

Construção individu- al e Coletiva Reposi- tório central

O processo de coopera- ção e colaboração não é explícito CLARE Collaborative Learning and Research Envi- ronment

Cooperativo Conversão de um Tex- to científico para um formato interno de hipertexto

Construção de um mapa da estrutura do conhecimento que reflete o modelo men- tal do grupo sobre a intenção do autor do texto científico

(Representação de conhecimento e Me- mória do grupo)

Construção individu- al e Coletiva

Repositório central

Não permite o processo de construção de uma proposta ou texto cientí- fico

BELVEDERE Cooperativo Suporte a pratica de discussão critica de teorias científicas

Representação de componentes abstratos e relacionamento entre teorias e argumen- tos

(representação gráfica de um entendimen- to)

Construção individu- al e Coletiva Reposi- tório central

O processo de coopera- ção e colaboração não é explícito

2.4.8 Discussão

A complexidade e o tamanho das tarefas atualmente têm exigido maior interação entre as pessoas, compondo grupos inter e multidisciplinares que precisam cooperar e colaborar para atingir os resultados esperados. Sendo assim a comunicação e a coordenação nas intera- ções em grupo, de diferentes áreas do conhecimento e geograficamente dispersos, passam a ser pontos críticos na sua realização e na criação de novos conhecimentos e disciplinas.

Sendo assim, a colaboração científica apoiada por computador, onde atividades de pesquisa são processos de descoberta e aprendizagem visando a inter e multidisciplinaridade, se apóia nas soluções tecnológicas de groupware no suporte às atividades do grupo. Além disso, conta com as teorias em CSCW, no que se refere ao trabalho cooperativo e CSCL, onde as teorias de aprendizagem apontam para os principais aspectos dos ambientes de aprendiza- gem colaborativa.

Durante a 8ª. Conferência Européia em Trabalho Cooperativo Apoiado por Computa- dor (ECSCW 2003), observou-se a necessidade de negociação e coordenação de ações contí- nuas entre seus participantes, identificando padrões e formas de compartilhamento de dados. Nesse Workshop em CSSC (ECSCW 2003), três questões foram levantadas:

(i) Questão dos dados – de que forma o campo de CSSC pode auxiliar as organizações na

criação de padrões para projetos de base de dados?

(ii) Comunicação de resultados – quais as melhores formas de apresentar os resultados cien-

tíficos ao público em geral?

(iii) Participação colaborativa – de que forma as intervenções em um grupo podem ser me-

lhoradas? Que novos métodos precisam ser criados para a participação colaborativa nas atividades da ciência e tecnologia?

Diversas ferramentas foram propostas para auxiliar comunidades científicas na cons- trução, compartilhamento e análise do conhecimento gerado por seus componentes. Algumas buscam discutir o conhecimento científico, ao invés de construí-lo. Outras apenas organizam os artefatos gerados e oferecem os meios para que sejam compartilhados. Sendo assim, é ca- bível desenvolver ferramentas que possibilitem, além de todas essas características, a constru- ção de conceitos de forma colaborativa.