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CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.8. Estudos psicométricos da escala de atitudes

4.8.1. Fiabilidade – consistência interna

A fiabilidade dos resultados num questionário indica o grau de confiança ou exactidão que se pode ter na informação obtida. Existem vários métodos para o cálculo da fiabilidade dos resultados, mas todos eles baseados nos coeficientes de correlação dos resultados. O método de cálculo que utilizamos para determinar essa fiabilidade baseia- se na análise da consistência interna dos itens.

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Por consistência interna entende-se o grau de uniformidade e de coerência existente entre as respostas dos sujeitos a cada um dos itens que compõem a prova. O procedimento estatístico mais usado nas escalas com itens do tipo Likert é designado por coeficiente de alpha de Cronbach (α). Estes coeficientes procuram avaliar em que grau a variância geral dos resultados no inquérito se associa ao somatório da variância item a item. O que indica um determinado valor de alfa de Cronbach? O índice alpha (α) estima quão uniformemente os itens contribuem para a soma não ponderada do instrumento, variando numa escala de 0 a 1. Esta propriedade é conhecida por consistência interna da escala, e assim, o α pode ser interpretado como coeficiente médio de todos as estimativas de consistência interna que se obteriam se todas as divisões possíveis da escala fossem feitas (Maroco, 2003).

O valor de α aumenta com o número de itens que compõem o inquérito e com correlações mais elevadas entre os itens. Esta medida de correlação, quanto mais próximo estiver de 1, maior é a consistência interna dos itens e da escala. De acordo com Hill, (2002, p. 147), a comparação dos coeficientes de fiabilidade faz-se da seguinte forma: maior que 0,9 = Excelente; entre 0,8 e 0,9 = Bom; entre 0,7 e 0,8 = Razoável; entre 0,6 e 0,7 = Fraco; abaixo de 0,6 = Inaceitável.

De um modo geral, um instrumento ou teste é classificado como tendo fiabilidade apropriada quando o α é pelo menos 0.70. Contudo, em alguns cenários de investigação das Ciências Sociais, um α de 0.60 é considerado aceitável desde que os resultados obtidos com esse instrumento sejam interpretados com precaução e tenham em conta o contexto de computação do índice (Maroco 2003).

Quadro 4 – Coeficiente de alpha de Cronbach’s/consistência interna da escala de atitudes

Alpha de Cronbach (α) Número de itens

0,832 32

Fonte: Elaboração própria com recurso ao software SPSS

No que se refere à fiabilidade, a escala produzida para o domínio das atitudes do questionário “Auto-avaliação de escolas: Atitude dos professores” é constituída por 32 itens e revela uma boa consistência interna, pois o valor de α é de 0,832, pelo que se

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conclui que este inquérito apresenta uma boa fiabilidade, ou seja, verifica-se a condição necessária que garanta a validade adequada da escala.

Sucintamente, verifica-se que existe uma boa consistência interna do inquérito face aos bons índices de inter-correlação entre os itens e o resultado total da escala. Contudo, apenas alguns itens apresentam uma correlação significativa (cf. anexo 5). Destaca-se a correlação entre os itens “A auto-avaliação é uma estratégia de responsabilidade que levará a escola a um melhor desempenho” e “A função mais importante da escola é promover processos de mudança e inovação” com “ A auto-avaliação permite conhecer os pontos fortes e os pontos fracos da organização” com valores de α 0,702 e 0,697 respectivamente.

Também existe uma correlação considerável entre “A auto-avaliação promove a melhoria de cultura de escola” e o item “Constitui boa prática o recurso à auto-avaliação como forma de melhorar o desempenho da organização”, com valor de α de 0,694. Assim, quanto menor for a soma das variâncias dos itens, relativamente à variância total dos sujeitos, mais o coeficiente se aproxima de 1, significando que mais consistente e, consequentemente, mais fiável é o instrumento de medida. Os valores da diagonal principal são iguais a 1, devido à perfeita correlação entre as mesmas variáveis.

No que se refere à escala de atitudes, a análise dos dados (cf. anexo 6) permite constatar que nem todos os itens contribuíram de um modo semelhante para o inquérito, com valores próprios a variar entre 0,007 e 8,408 e com 3,736 de média dos itens (quadro 5), apresentando desde o item 1 ao item 10 (itens formulados em sentido favorável), valores de correlação superiores a um. Neste sentido, é possível concluir que do item 19 ao 32 existem valores de correlação item-total inferiores a 0,3, pelo que não é significativo o seu contributo para o instrumento de avaliação. Na escala de atitudes, estes itens correspondem aos formulados inicialmente em sentido negativo. Em geral, considera-se como critério de exclusão do item o valor do coeficiente de correlação item - total inferior a 0,3 (Hill e Hill, 2002).

Com vista a realizar uma análise prévia dos itens que compõem a escala, também estudámos a correlação de cada item com a escala, através do coeficiente de correlação do item com o resultado total da escala. Após análise dos dados, (cf. anexo 7) “Estatística Item Total”, que apresenta o efeito da remoção de cada um dos itens no total

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da escala, verificamos que se o item “incomoda” fosse removido, a média da escala passaria a ser 116,87 e a variância 124,564.

De maior interesse são as colunas com correlação entre os valores do item e o total da escala (Correlação item total), e o valor de α se determinados itens fossem eliminados da escala (eliminação do item e índice de α ).

No nosso estudo, o item que está pior correlacionado, quer com o total da escala, quer com os outros itens, é o item “pouco incentivo”. Se este item fosse eliminado, o α de Cronbach passaria a ser 0,842 (em vez do 0,832 actual). Do mesmo modo, se o item “incomoda” fosse eliminado, o novo valor de α seria 0,840. Se o item “questionários” fosse eliminado, o valor de α passaria para 0,838. A análise conjunta do R2 (coeficiente de determinação múltipla) e dos valores do α, se o item for eliminado,” permite perceber qual a qualidade dos itens e o seu contributo para a consistência interna da escala.

Naturalmente, podem eliminar-se os itens cuja remoção aumente consideravelmente o α da escala. É contudo de referir que outros critérios, nomeadamente a relevância do item, podem contrapor à sua remoção (Maroco, 2003).