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PARTE IV CONCLUSÕES

5. Síntese das principais conclusões

5.4. Perspectivas para trabalho futuro

Chegados ao final do presente estudo, é evidente a ausência de investigação complementar atinente à temática da atitude dos docentes face à AAE. Existem questões latentes que seria fundamental estudar, mas que requerem mais tempo e disponibilidade. Destacamos a articulação entre a avaliação interna e a avaliação externa e a sua indexação à avaliação de desempenho do pessoal docente, ao condicionar a atribuição das menções de Muito Bom e Excelente.

Destacamos, ainda, o conhecimento como factor estratégico para o desenvolvimento da organização, a comunicação como ferramenta que os gestores podem usar no processo de mudança cultural, de modo a suscitar a credibilidade e aumentar a confiança, numa perspectiva de escola que aprende a aprender, pois a vontade de aprender e a experiência acumulada serão factores de sucesso no futuro.

Somos de opinião que os inquiridos e a escola ficarão a ganhar se acederem aos resultados obtidos, de modo a proporcionar momentos de reflexão, análise, partilha e discussão, e iniciar o processo de mudança, numa primeira fase, nos domínios considerados prioritários, de modo a alcançar as metas traçadas no PE. Assim, a envolvência das pessoas, nesta complexa tarefa de avaliar a escola, seria o início da desejada mudança rumo à construção da melhoria.

A avaliação interna é levada a cabo por pessoas no desempenho da sua profissão, por profissionais interessados em melhorar o desempenho da organização. A auto-avaliação é algo demasiado sério para ser tratado apenas por uma equipa, requer o contributo de todas as pessoas, requer, na hora certa, pessoas certas no lugar certo. Outro aspecto muito importante a estudar, de forma mais proficiente, seria a dimensão da liderança, por se tratar de um elemento fundamental na sustentabilidade e no sucesso da avaliação interna da organização. Os bons líderes preparam e desenvolvem os que trabalham com eles.

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Imbuídos deste espírito, a intersecção entre a(s) liderança(s) de gestão educacional e o trabalho dos professores poderá constituir um factor estratégico no (re)lançamento da valorização e (re)construção da identidade do professor. Partilhamos as ideias de Oliveira (2003, p. 14) ao assegurar que “o tema gestão escolar e trabalho docente não se tem constituído num campo específico de pesquisa, apesar de se tratar de uma relação indissociável”.

Neste sentido, os professores continuam empenhados em defender a Escola Pública, valorizar a profissão e os profissionais docentes, melhorar a organização e o funcionamento das escolas, dar mais qualidade ao ensino e à educação. Esta preocupação ecoa no Memorando com “Problemas da Educação, de abordagem e resolução prioritárias, a apresentar à nova equipa ministerial”, datado e entregue a 18 de Julho de 2011, ao Ministério da Educação e Ciência (cf. anexo 10).

Este memorando consubstancia um conjunto de reivindicações dos docentes e corporiza um pacote de estratégias conducentes a uma melhoria efectiva de resultados escolares, sendo de relevar uma alteração profunda das políticas, de medidas e de atitude por parte dos governantes face ao estado da educação em Portugal. Adianta que a promoção do sucesso e da qualidade educativa e o combate ao abandono escolar perpassam uma série de medidas que vão desde uma verdadeira reorganização curricular ao reforço da acção social escolar. O enfoque desta reorganização assenta numa revisão cuidada dos programas e dos modelos de avaliação dos alunos. Enfatiza, ainda, a flexibilização das estruturas intermédias de gestão e um maior envolvimento dos vários actores educativos, em particular dos professores e educadores na vida das escolas.

Indo de novo ao encontro das ideias explanadas por Oliveira (2003), ao sustentar que a gestão escolar e o trabalho docente são indissociáveis, parece-nos pertinente a visão da liderança de topo, ao mencionar, em tempos não muito distantes, que sobre o estado actual da educação “se há culpas nos professores, também as há do Ministério da Educação”. (Jornal Público, 18 de Junho de 2006).

Crato adianta que a palavra ensinar foi banida do vocabulário do Ministério da Educação”. Refere que “as funções dos professores deixaram de ser ensinar”. Nesta linha, concordamos que o papel do professor é o de ensinar bem, transmitir conhecimentos, formar cidadãos mais cultos, com capacidade de pensar por si mesmos e

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capacidade de intervenção cívica. Um bom professor é, acima de tudo, um profissional dotado de competência científica e de capacidade de comunicação.

Contudo, nos últimos anos, os professores têm sido obrigados a abreviarem a exigência na avaliação dos seus alunos, sob pena de correrem o risco de serem vistos como maus profissionais, o que permite concluir que o ensino não tem estado nivelado pela excelência. Queremos acreditar que sopram ventos de mudança, quer no sentido de acentuar a tónica da valorização da identidade e da profissão de professor, quer da sua função primordial - ensinar.

E a avaliação dos alunos e a sua auto-avaliação desencadeiam mecanismos que propiciam momentos de reflexão a todos os actores envolvidos e permite a adopção de estratégias de melhoria face aos resultados obtidos. Este passo poderá constituir o início do estudo da situação de cada organização escolar e desencadear o processo de auto- avaliação da escola. Assim, é na sala de aula que a avaliação da escola, em sentido lato, se inicia.

Constatamos que no processo de avaliação interna da escola coexistem duas vertentes: por um lado, a obrigatoriedade da regulação, onde o controlo, a verificação e a exigência provocam nos professores um clima de angústia, “medo” e stress profissional; por outro lado, a possibilidade de reflexão, de partilha, de colaboração e de relação interpessoal permite aos professores encontrar estratégias adequadas para intervir, de modo a alterar positivamente os pontos fracos da organização, e as lacunas no processo de ensino/aprendizagem.

No futuro, seriam pertinentes estudos mais abrangentes, com uma população mais diversificada, de forma a contemplar alunos, encarregados de educação, assistentes operacionais. Poder-se-ia, assim, determinar o nível ou grau de implicação dos resultados da auto-avaliação e da atitude dos diferentes actores face à mesma, quer nos resultados académicos dos alunos, quer no grau de satisfação dos encarregados de educação.

Sugere-se, ainda, o aprofundamento da temática no tocante à categoria das atitudes nas subcategorias: cognitivo, afectivo e comportamental, em três momentos: antes, no decorrer e depois da primeira etapa de auto-avaliação, de modo a comparar diferentes momentos diagnosticados e, com o contributo de toda a comunidade escolar, caminhar

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rumo à excelência e à escola que queremos. Para finalizar, queremos relevar a importância dos recursos humanos como aposta das sociedades modernas, porque pessoas críticas, pensantes, investigadoras e inovadoras constituirão, decerto, as sementes da evolução e da melhoria da qualidade da organização educativa e, em última análise, das aprendizagens dos nossos alunos.

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