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Figura 6.10 ‐ Consumo per capita vs Consumo per PIB para Portugal (Dados: DGEG 1990‐2006) 

CAPÍTULO 5 

Figura 6.10 ‐ Consumo per capita vs Consumo per PIB para Portugal (Dados: DGEG 1990‐2006) 

 

  A Figura 6.11 mostra como tem evoluído (1997‐2006) a posição relativa de alguns países da U.E.  no que se refere à intensidade energética e ao consumo de energia final per capita. O ideal para todos  países seria encontrarem‐se na situação da Alemanha, ou seja, no terceiro quadrante, o que significaria  uma  redução  da  intensidade  energética,  assim  como  uma  redução  do  consumo  de  energia  final  per 

capita.  Todos  os  outros  estão  representados  no  segundo  quadrante,  à  excepção  de  Portugal.  Isto 

demonstra  que  estes  países  têm  reduzido  a  sua  intensidade  energética,  e  portanto  demonstrado  um  esforço  em  desacoplar  a  sua  economia  do  consumo  energético.  Já  Portugal  situa‐se  no  primeiro  quadrante, o que revela não apenas um aumento do consumo per capita como uma correlação positiva  entre  consumo  de  energia  e  crescimento  económico.  Note‐se  o  caso  da  Irlanda  que  apesar  de  se  encontrar no segundo quadrante, e com uma redução significativa da intensidade energética, apresenta  um aumento significativo do consumo de energia final per capita, i.e. apesar do consumo elevado por  pessoa, o seu PIB não depende deste.  

  Figura 6.11 ‐ Variação Consumo per capita vs Consumo per PIB (1997‐2006) (Dados: Eurostat) 

  Os  indicadores  agregados,  energia  final  consumida  pelo  PIB  e  a  energia  final  consumida  per 

capita  são  duas  maneiras  diferentes  de  olhar  para  a  relação  entre  os  desenvolvimentos  de  consumo 

final e algumas motivações importantes subjacentes. Ambos os indicadores podem ser construídos para  uma grande gama de países e são úteis para comparações inter‐países. Todavia, estes indicadores não  incluem informação suficiente para o que está efectivamente a acontecer em cada país. É fundamental  informação  relacionada  com  a  utilização  final  para  que  se  consiga  identificar  estes  factores.  A  desagregação de alguns indicadores ao nível de sectores de actividade pode fornecer uma informação 

mais  completa,  em  termos  de  utilização  de  energia  final  consumida  e  as  respectivas  emissões  de  CO2 

associadas. 

6.4.

Potencial de Poupança Energética em Portugal 

Como verificado pela análise aos gráficos, são muitas as oportunidades de melhoria do consumo  de  energia  em  Portugal.  A  elevada  dependência  energética  do  país  em  conjunto  com  a  elevada  intensidade energética e, por consequência, elevada ineficiência, fazem com que, tanto a um nível geral  como especificamente para cada sector, exista um grande potencial de redução. 

  Cada  vez  mais  tem  sido  dada  atenção  às  necessidades  de  aumento  da  eficiência  energética.  Segundo  o  Ministério  da  Economia  e  Inovação  (2008)  num  cenário  de  referência,  Portugal  demoraria  cerca  de  quinze  anos  a  atingir  o  actual  nível  europeu  (120  tep/106  euros),  portanto  é  necessária  intervenção eficaz. Afirma‐se no Livro Verde de 2005 sobre eficiência energética, que é possível técnica  e economicamente poupar até 20% do consumo de energia na U.E.  

  A produção e distribuição de energia eléctrica têm uma grande capacidade de poupança. Só as  perdas na produção representam a maior fatia do consumo de energia primária na U.E., valendo 33% do  total (Adnot et al., 2006). 

  Pelo  lado  dos  consumos,  o  maior  potencial  de  poupança  de  energia  eléctrica  verifica‐se  nos  edifícios,  sobretudo  em  iluminação  e  conforto  térmico.  Existe  um  forte  potencial  de  poupança  de  energia através da implementação de medidas de E.E no sector residencial (Gonçalves da Silva, 2008),  pois  cerca  de  um  terço  dos  fogos  residenciais  carecem  de  algum  tipo  de  intervenção  na  área  da  reabilitação (MEI, 2008). 

De  acordo  com  a  informação  presente  no  PNAEE  e  relativamente  aos  sectores  onde  os  Certificados  Brancos  melhor  se  adaptam,  Portugal  apresenta  um  potencial  de  E.E.  nos  sectores  dos  serviços de 166 ktep (≈9%46), no residencial de 318 ktep (≈10%) e no Estado de cerca de 50 ktep (≈12%).  Segundo  o  Ministério  da  Economia  e  Inovação  (2008)  a  iluminação  apresenta  um  forte  potencial  de  melhoria de eficiência energética, sendo responsável por cerca de 14% do consumo eléctrico nacional, o  equivalente a um consumo de 6,4 TWh/ano. A iluminação representa em termos médios cerca de 12 %  do consumo de energia eléctrica do sector doméstico (1,5 TWh/ano), 20 % no sector dos serviços (3,3  TWh/ano)  e  10  %  na  indústria  (16  TWh/ano).  Segundo  o  PNAEE,  o  potencial  de  poupança  energética  estimado para actuação nesta área é de 75 ktep até 2015, implicando a substituição de cerca de 22,6  milhões de lâmpadas incandescentes. Ainda no sector residencial, outras medidas como substituição de  janelas, isolamento de paredes apresentam elevados potenciais de poupança. O potencial de poupança  energética  estimado  para  a  substituição  de  janelas  é  de  3,76  ktep  até  2015,  abrangendo  anualmente        

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cerca  de  20  000  fogos  e  a  instalação  anual  de  cerca  de  200  000  m2  de  vidros  eficientes.  Para  o  isolamento  o  potencial  de  poupança  energética  estimado  é  de  1,99  ktep  em  2015,  abrangendo  anualmente  cerca  de  10  000  fogos  e  a  instalação  anual  de  cerca  de  500  000  m2  de  isolamentos.  O  impacte desta medida traduz‐se na redução do consumo de energia para climatização no ano de 2015.  Outros  potenciais  elevados  de  redução  estão  identificados  na  utilização  de  recuperadores  de  calor  no  sector  residencial  como  complemento  e  alternativa  aos  meios  tradicionais  de  aquecimento  ambiente;  na  substituição  de  computadores  de  secretária  (desktops)  de  baixa  eficiência,  por  computadores  portáteis de reduzido consumo energético; na certificação energética de edifícios particulares e estatais  e na iluminação pública sendo apresentados no PNAEE. 

Para  além  dos  sectores  doméstico  e  serviços,  os  transportes  (706  ktep  –  ≈10%)  e  a  indústria  transformadora (536 ktep – ≈10%) apresentam potenciais também muito significativos. Planos de acção  devem  para  além  de  prever  uma  diminuição  dos  padrões  de  utilização  energética,  ou  hábitos  de  consumo, alcançar mais eficiência investindo em melhores tecnologias (MEI, 2008; Gonçalves da Silva,  2008). 

Apesar da extensão destes potenciais de redução serem conhecidos, muitas das possibilidades  de  actuação  em  E.E  não  foram  realizadas.  Este  estado  de  coisas  actual  é  devido  a  ineficiências  das  características  dos  mercados,  tecnologias,  e  questões  culturais  dos  consumidores  finais,  escolhas  de  poupanças de energia na arquitectura, construção e operações, assim como a aquisição e utilização de  equipamentos.  Estas  barreiras  e  falhas  de  mercado  podem  ser  divididas  em  quatro  categorias:  financeiras, custos e benefícios escondidos e constrangimentos comportamentais (Koeppel et al., 2008)    A eficiência energética é vista como uma forma custo eficaz de reduzir emissões atmosféricas,  reduzir a intensidade energética, aumentar a segurança de abastecimento, desenvolvimento de serviços  energéticos, aumento da competitividade, entre outros.  

Dado  que  o  PNAEE  já  identificou  o  potencial  de  poupança  de  energia  associados  à  implementação  de  diversas  medidas,  sendo  muitas  delas  com  recurso  a  subsídios  e  financiamento  do  Estado,  considera‐se  que  a  implementação  de  um  esquema  de  Certificados  Brancos,  que  fornece  incentivos  para  agentes  económicos  privados,  poderá  complementá‐lo  ou  até  mesmo  substitui‐lo  através  de  instrumentos  e  medidas  mais  custo‐eficazes.  De  entre  a  variedade  de  políticas  e  medidas,  aplicação de um esquema de Certificados Brancos surge como uma opção a ser avaliada a fundo. 

   

 

CAPÍTULO 7 

Esquemas de Certificados Brancos 

Existentes na Europa 

 

 

7. ESQUEMAS  DE  CERTIFICADOS  BRANCOS  EXISTENTES  NA 

EUROPA 

Na Europa existem sete países (Bélgica (região de Flandres), França, Itália, Reino Unido, Irlanda,  Dinamarca47)  que  introduziram  instrumentos  baseados  no  mercado  para  encorajar  investimentos  em  E.E.  e  serem  atingidos  objectivos  nacionais  de  poupança  de  energia.  Alguns  destes  esquemas  são  baseados em poupanças energéticas quantificáveis e obrigatórias, sendo impostas aos distribuidores e  comercializadores  de  energia  com  a  certificação  das  respectivas  poupanças  (via  Certificados  Brancos)  com  a  possibilidade  de  os  comercializar.  Outros  países  Europeus,  tais  como,  a  Holanda  e  mais  recentemente  a  Polónia,  têm  vindo  a  expressar  interesse  na  introdução  de  esquemas  de  Certificados  Brancos (Bertoldi & Rezessy, 2008). 

  As obrigações mostraram‐se extremamente flexíveis e provaram funcionar de forma eficaz tanto  nos mercados monopolistas tradicionais como em mercados totalmente liberalizados. A experiência da  implementação  dos  certificados  assim  como  as  características  do  esquema  Francês  e  Italiano  são  apresentadas  seguidamente.  Em  Itália  os  certificados  são  chamados  de  “Títulos  de  Eficiência  Energética”, enquanto em França são chamados de “Certificados de Poupança Energética”. A escolha de  desenvolvimento destes dois casos, e não de outros, deveu‐se sobretudo a estes serem os únicos que  consideram  obrigações  de  E.E.  com  possibilidade  de  transacção  de  certificados  (e.g.  no  Reino  Unido  transaccionam‐se obrigações de redução e em Flandres não há qualquer possibilidade de transacção).    

7.1.

Esquema  de  Certificados  Brancos  em  Itália  ­  Titoli  di