Efficienza Energetica
7.1.1. Motivações e Enquadramento Legal
Até há bem pouco tempo a promoção de eficiência energética nos sectores de consumo final não estava no topo das prioridades da agenda energética e ambiental italiana. A escolha de um esquema de Certificados Brancos em Itália está ligada ao facto do país ser caracterizado por um consumo de energia
per capita relativamente baixo quando comparada com outros países Europeus, tendo esta situação
sido interpretada (mas mal) como uma indicação de elevada eficiência no consumo de energia. No entanto, esta situação revela em primeiro lugar que a estrutura económica é caracterizada por indústrias de baixa intensidade energética, com predominância da agricultura e sector terciário, da
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O primeiro esquema operacional com um elemento de Certificados Brancos transaccionáveis foi introduzido a 1 de Janeiro de 2003, em New
South Wales na Austrália ‐ Greenhouse Gas Reduction Scheme (GGAS). Os certificados de E.E. são criados como parte integrante de um
presença de um clima favorável e de uma carga fiscal elevada em actividades relacionadas com energia (Capozza et al., 2006). Outras questões relevantes para a aplicação deste instrumento de políticas foram:
• A obrigação de redução das suas emissões em 6,5% em 2008‐2012 relativamente a 1990 de acordo com o estabelecido no Protocolo de Quioto. Cerca de 26% do objectivo total de reduções irá ser atingido através de melhorias na eficiência energética do lado da procura do mercado energético.
• A necessidade de integração na lei italiana das duas directivas Europeias (96/92/CE e 98/30/CE) sobre a liberalização dos mercados de electricidade e gás.
• O estipulado nos decretos‐lei 79 de 16 de Março de 1999 e 164 de 23 de Maio de 2000 que determinam que as concessões para os distribuidores de energia devem considerar um aumento da eficiência energética na utilização final de acordo com os objectivos definidos pelos Ministérios da Indústria e Ambiente.
• A necessidade de fixar objectivos de E.E para utilização final. Os decretos‐lei, chamados de “Decretos Gémeos” de 24 Abril de 2001, actualizados a 20 de Julho de 2004, estabeleceram definitivamente os objectivos quantitativos de redução, as acções para atingir esses objectivos e o mecanismo de negociação de Certificados Brancos (Pagliano, 2005). A estrutura foi desenvolvida com a participação de todas as partes interessadas (Pavan, 2006).
• A implementação do estipulado na Directiva Europeia sobre eficiência energética e serviços energéticos (Pagliano, 2005). Em 1995 surgiu a Lei 481/95, que criou a Autoridade Reguladora, a qual estipulou que as tarifas devem ter como objectivo a promoção do uso eficiente dos recursos e a existência de um price cap para estimular a eficiência económica (Pagliano, 2005). O Ministério da Indústria e o Ministério do Ambiente definiram as regras gerais para o esquema de certificados, presentes nos “Decretos Gémeos” (Capozza et al., 2006).
7.1.2. Objectivos de Eficiência Energética e Responsabilidade dos Agentes
O início do esquema de certificados em Itália foi em Janeiro de 2005, tornando a Itália o primeiro país onde surgiu de forma isolada um esquema de Certificados Brancos. Nos “Decretos Gémeos” de 20 de Julho de 2004, são quantificados os objectivos nacionais de poupança de energia primária. Como apresentado no Quadro 7.1 o primeiro período de compromisso é de 2005 a 2009 (Fumagalli, 2007; Oikonomou & Patel, 2004). As metas obrigatórias de redução consideradas no esquema Italiano referem um crescimento anual gradual do seu valor, expressas em Mtep/ano de poupança absoluta de energia primária. Os objectivos de cada ano são verificados no ano seguinte a 31 de Maio, começando em 2006 (Capozza et al., 2006). Os objectivos para o período pós 2009 serão fixados pelo governo em 2008 (Bertoldi & Rezessy, 2008).O objectivo global é partilhado entre dois tipos de agentes – distribuidores de electricidade e distribuidores de gás com mais de 100 000 clientes à data de 31 Dezembro de 2001, considerando como referência a sua quota de mercado (Capozza et al., 2006; Pagliano, 2005). Actualmente existem dez distribuidores de electricidade, que servem 98% dos consumidores totais e vinte e quatro distribuidores de gás que servem 9 630 000 de pessoas (cerca de 60%) (Capozza et al., 2006; Capozza, 2006).
O parâmetro de referência considerado para divisão das metas é o rácio entre a electricidade/gás distribuído a consumidores finais em relação ao total nacional, no ano anterior (Capozza et al., 2006). Quadro 7.1 ‐ Objectivos globais de redução de energia primária em Itália (Adaptado de Capozza et al, 2006) Ano Objectivos Anuais de Redução (Mtep/ano) Distribuidores de Electricidade (Mtep/ano) Distribuidores de Gás (Mtep/ano) 2005 0,2 0,1 0,1 2006 0,4 0,2 0,2 2007 0,8 0,4 0,4 2008 1,5 0,8 0,7 2009 2,9 1,6 1,3
Assim que os projectos de poupança energética forem aprovados pela AEEG, os respectivos Certificados Brancos associados ao quantitativo de energia reduzida são emitidos. Os certificados emitidos reflectem a energia poupada de acordo com a regra:
A legislação nacional Italiana permite às suas regiões definirem metas específicas, tanto globalmente consistentes com as nacionais como metas suplementares às mesmas. Também é permitido às regiões definir alternativas suplementares para recuperação dos custos associados à aplicação das medidas de eficiência energética ou para executarem outras acções de modo a melhorar a eficiência energética no seu território (Capozza, 2006). As autoridades regionais poderão ainda promover a criação de ESCO’s (Oikonomou & Patel, 2004). Dois exemplos destas regiões são a Regione
Piemonte (Turin) e a Regione Lombardia (Milão).
Poder‐se‐á dizer que a finalidade dos Certificados Brancos é dupla:
• Servem como ferramenta contabilística para provar que uma quantidade correspondente de energia primária foi poupada. No final de cada período de conformidade, os distribuidores têm de entregar à Autoridade para a Electricidade e Gás o número de Certificados Brancos equivalentes, em valor de energia (tep), correspondentes à obrigação que tinha sido definida para esse período.
• Podem ser transaccionados tanto bilateralmente como numa plataforma de mercado especificamente elaborada para esse objectivo pelo Gestore Mercato Elettrico (GME) (Capozza et al., 2006). No mercado bilateral a GME apenas regista as quantidades transaccionadas e não o preço das transacções (Capozza, 2006).
Para corresponder com os objectivos atribuídos os agentes com obrigações têm quatro opções (Pagliano, 2005):
• Desenvolvimentos internos de projectos de eficiência energética;
• Desenvolver projectos de eficiência energética em conjunto com terceiros (e.g. instituições financeiras, ESCO’s);
• Comprar em mercado aberto ou bilateralmente Certificados Brancos que representam poupanças energéticas de terceiros (e.g. outros distribuidores);
• Pagar uma sanção por não cumprimento da sua obrigação.