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FIGURA 03 PASTA DE ACOMPANHAMENTO DOS ESTUDANTES

No documento LUCIANA MARIA DE MATOS E SILVA (páginas 162-172)

CAPÍTULO I: A CONSTRUÇÃO SÓCIO HISTÓRICA DO CURSO DE PEDAGOGIA: ELEMENTOS PARA REPENSAR O TRABALHO E A

FIGURA 03 PASTA DE ACOMPANHAMENTO DOS ESTUDANTES

Fonte: Escola Itinerante Caminhos do Saber.

Também na Escola Caminhos do Saber, essa mesma pasta é adotada. Lima (2018)52 explica que na Escola Itinerante Caminhos do Saber “a equipe pedagógica

é a que faz a divisão de qual educador será responsável pela aplicação da escrita na pasta”, ou seja, qual educador ficaria responsável para coordenar a atividade de escrita com as turmas de escolarização. Também define qual a tipologia textual e a temática do texto. Lima (2018)53 relata que no mês de março de 2018, o tema foi

52 Entrevista concedida em 28/03/2018. 53 Entrevista concedida em 28/03/2018.

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“o papel da mulher na sociedade atual”, já no mês de abril será “a luta pela reforma agrária” e a tipologia exigida será texto dissertativo.

Importante apontar o trabalho dos Pedagogos em relação aos textos da pasta de Acompanhamento. Segundo Lima (2018)54,

Também é papel nosso mediar para que esses textos sejam utilizados para a própria intervenção do educador a partir daquela escrita, de análises daqueles textos, mesmo que não há correção, o educador precisa analisar para potencializar a escrita deles. Então, essa é uma tarefa nossa, fazer com que esses estudantes avancem na produção textual. Na maioria dos momentos nos orientamos os educadores a fazer isso. No ano passado fazíamos com o 6º e 7º ano indicações, mas é muito mais orientando os educadores, dizendo, identificamos isso e isso, promover com que ele avance a escrita nessa dimensão aqui, ou então, entregar os apontamentos e dar a própria produção textual para eles analisarem e entregamos para o educador de Língua Portuguesa para fazer os apontamentos também (LIMA, 2018).

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Também é papel da coordenação pedagógica da Escola Itinerante Caminhos do Saber orientar e acompanhar o desempenho da escrita no “Caderno de Avaliação”: que é um caderno de anotações sobre os conteúdos tratados em sala de aula e o aprendizado do estudante em relação ao conteúdo. São anotações realizadas semestralmente por todos os professores das diferentes disciplinas e que auxiliarão o professor coordenador de turma a elaborar o relatório/parecer final sobre ela. “O professor, ao corrigir uma avaliação, acostumou-se a atribuir uma nota, agora ele precisa expressar o resultado através de uma escrita” (HAMMEL, 2013, p.126). O PPP (2017, p. 80) orienta que “são anotações em diferentes aspectos e dimensões da formação humana, destacando aspectos da apropriação do conhecimento, questões atitudinais e comportamentais, das relações de convivência, iniciativa no trabalho”.

No entanto, Lima (2018)55 relata que esse mecanismo, de todos os avaliativos,

é o que menos tem atingido seu objetivo. Afirma que “é uma dimensão que nós não estamos conseguindo fazer conforme a proposta” (LIMA, 2018)56, e explica que:

54 Entrevista concedida em 28/03/2018. 55 Entrevista concedida em 27/03/2018. 56 Entrevista concedida em 28/03/2018.

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O caderno de avaliação é uma escrita permanente no mínimo mensal. É do educador, a partir dos objetivos dele, dos objetivos de ensino quanto formativa, então ele vai descrever, avaliar e sistematizar como ele vai estar desenvolvendo aquele estudante em relação ao conhecimento científico, juntamente com as outras dimensões, trabalho em grupo, comportamento e todas as outras dimensões sistematizadas nesse caderno de avaliação que teria que ser ao menos cinco escritas por semestre e que infelizmente é uma ou duas [sic] (LIMA, 2018).

Aponta que, em relação a essa ação, o Pedagogo deveria desempenhar o trabalho de, a partir das descrições e considerações dos professores, contribuir propondo ações interventivas para que o estudante se aproprie do conhecimento proposto no planejamento do professor. Mas, segundo Lima (2018)57, a equipe

pedagógica tem se limitado a cobrar a escrita dos docentes, identificando que

[...] o problema é a quantidade de escrita e o acompanhamento mensal. Como os educadores fazem? No final do semestre que teria que ter quatro ou cinco linhas por mês pelo menos, eles jogam aquele monte de informações no final do semestre, muitas vezes esse monte de informações tem coerência, mas muitas vezes não tem. Se o educador esqueceu de registrar coisas de março e abril, lá em julho ele acaba perdendo informações, a informação acaba não sendo coerente. Nós orientamos a escrever e registrar a escrita, cobramos, fazemos ata, mas mesmo assim alguns educadores não estão garantindo, e os que mais sistematizam é duas vezes. Esse fato negativo impulsiona todo mundo a ser negativo [sic] (LIMA, 2018).

Esse é um limite presente porque se não registram as avaliações informais e formais (FREITAS, 2003) periodicamente, correm o risco de não realizarem a intervenção periódica. Este recurso também não cumpre com sua função de ser um instrumento coletivo de avaliação e que depois será referência para a escrita do parecer descritivo de cada estudante pelo professor referência de turma. Lima (2018) acrescenta:

Isso se torna uma atividade de preenchimento de formulário, só vou escrever porque precisa ter a minha escrita no caderno de avaliação, só pra dizer que realmente fez, mas o acompanhamento

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não foi periódico. Pode até ser que tenha sido periódico mas o educador acaba deixando no seu caderninho privado, quer ser individual, mas esse caderno já é específico para todo mundo escrever nele [sic] (LIMA, 2018)58.

E sobre o trabalho que os Pedagogos deveriam desempenhar, Lima (2018)59

complementa: “Nós temos o papel de cobrança apenas, nem de análise não dá, não tem escritas”. Destacamos que em todos os momentos de formação coletiva é reforçado o papel do Caderno de Avaliação, sua importância, seu fundamento pedagógico, pautado na avaliação permanente e concomitante.

Toda semana pedagógica falamos sobre isso. O interessante é que até hoje nem um educador disse que não concorda com o caderno de avaliação, não há negação, não alegam que é difícil, não alegam que não serve pra nada. Na verdade nem tem como dizer que não serve pra nada, a proposta pedagógica fundamenta muito bem (LIMA, 2018)60.

Pode-se apontar que momentos de estudo, aprofundamento teórico, oficinas de escrita e de interpretação das avaliações seriam importantes para a garantia de não se perder de vista esse importante instrumento de avaliação, pois a avaliação é um processo: aplica-se o instrumento (Provas, trabalhos) e depois afirmam o resultado (Parecer descritivo). Porém, como se chegou ao resultado é que “está sendo o nó”, segundo Lima (2018)61.

Hammel (2013) nos indica que esse é um fenômeno que reflete “o processo avaliativo consolidado na escola pública paranaense”, pois a maioria dos professores

Foram treinados para atuar numa lógica classificatória, no qual somar notas e atribuir valores, constitui-se em um fator mecânico que não exige necessariamente uma ação concreta sobre o processo. A exigência da escrita, do pensar sobre os resultados, acaba sendo um processo moroso, com inúmeras resistências [sic] (HAMMEL, 2013, p. 127). 58 Entrevista concedida em 28/03/2018. 59 Entrevista concedida em 28/03/2018. 60 Entrevista concedida em 28/03/2018. 61 Entrevista concedida em 28/03/2018.

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É uma questão que necessita de um amplo debate sobre os limites presentes e formas de superá-los, um planejamento coletivo e esforço individual em cumprir com a tarefa avaliativa da escrita do Caderno de Avaliação. A não realização da tarefa pode interferir em outras ações, como por exemplo, na construção do Parecer Descritivo.

“Parecer descritivo” é um registro semestral baseado na Pasta de

Acompanhamento, no Caderno de Avaliação e no Planejamento por área do conhecimento elaborado coletivamente pelos professores para cada turma, e de responsabilidade dos professores coordenadores da turma (que podem ser até dois) para não perder o caráter da coletividade (PARANÁ, 2017). O parecer visa registrar “o que foi aprendido e o que precisa ser retomado futuramente”, (HAMMEL, 2013, p. 126). O registro é base para intervenções pedagógicas necessárias para a organização do trabalho pedagógico, como por exemplo, apontar inserção na classe intermediária. Esses Pareceres também são arquivados na pasta de Acompanhamento.

São os relatos, observações, avaliações presentes no caderno de Avaliação que subsidiam a escrita do Parecer Descritivo que, segundo Hammel (2013, p. 126), “são sistematizações dos elementos escritos nos Cadernos de Avaliações”, organizados por área do Conhecimento. O PPP por Ciclos de Formação Humana com Complexos de Estudo orienta que:

A tarefa de sistematizar a versão preliminar do parecer será do(a) educador(a) coordenador(a) da turma, para tanto recorrerá ao Caderno de Avaliação, às Pastas de Acompanhamento e quantos outros recursos se fizerem necessários. De posse desta versão será feita a leitura para todos(as) os(as) educadores(as) da turma, que farão as revisões e correções pertinentes, para só, então, termos a versão final. Nas turmas com unidocência o processo é diferenciado, pois um único(a) educador(a) trabalha todas as disciplinas (PARANÁ, 2017, p. 81).

Na Escola Itinerante Caminhos do Saber, entre os anos de 2008 e 2011, o Parecer descritivo era construído conforme orientações do PPP, no entanto, Lima (2018)62 explica que os professores coordenadores de cada turma recorriam ao

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Caderno de Avaliações, que no período, contava com mais escritas dos educadores, ainda que rasas, muito mais ligadas à dimensão comportamental de cada estudante, do que sobre registros quanto a dimensão cognitiva e a compreensão do conteúdo ligado aos objetivos formativos e de ensino, sendo que “muitas vezes aquele parecer que o educador escrevia a partir do caderno saía esteticamente muito feio, ruim e limitado”.

Sendo assim, e com o objetivo de melhorar o Parecer Descritivo, o coletivo da escola encaminhou que a tarefa de sistematizar o Parecer deveria ser assumida pela coordenação pedagógica que recebe dos professores os pareceres e os sistematiza todos no documento final que será apresentado à família e será arquivado na escola (não existe o boletim com notas e sim o parecer descritivo detalhado). Lima (2018)63 relata que o pedagogo reúne os pareceres de todos os

professores sobre um estudante, o que é um trabalho necessário, mas demorado e pouco realizador.

Ele pega de Química e Biologia, o educador sistematiza e entrega para nós em um arquivo e depois o de Português sistematiza e entrega no arquivo, o de Artes entrega, Educação Física entrega e a gente tem a função de juntar e dá muito trabalho, tem que copiar e colar e é uma atividade mecânica, você fica tão cansado em juntar aquilo que você não olha a dimensão escrita, se é coerente, se é real. São 15 dias suados para a gente dar conta e entregar na reunião de pais, por isso a gente já pede com antecedência. Temos que entregar o parecer bonitinho, dentro das normas e impresso para o pai assinar. Não sei se deveríamos pensar em outra metodologia para cada educador ficar responsável por uma turma. Quando o pedagogo assume essa tarefa ele só vai fazer o técnico, só juntar. A análise não dá tempo [sic] (LIMA, 2018)64.

A preocupação do Pedagogo em relação ao acompanhamento dos Pareceres Descritivos é de extrema importância, pois o PPP e a organização por Complexos exigem uma articulação de todos os elementos. É muito mais que aprender conteúdos escolares. No Parecer Descritivo deveria aparecer a relação entre os conteúdos e a vida da comunidade; o trabalho nas suas diversas dimensões; como o estudante se apropriou desses elementos na relação com os

63 Entrevista concedida em 28/03/2018. 64 Entrevista concedida em 28/03/2018.

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conteúdos escolares conforme planejamento; os avanços dos estudantes em relação aos conteúdos propostos; e os limites presentes para alcançar os objetivos de ensino e formativos.

Lima (2018)65 enfatiza, como Pedagogo, que o trabalho em relação ao

acompanhamento do aprendizado do estudante acaba ficando limitado, segundo ele:

[...] eu não consigo ler no caderno de avaliação porque não tem escrito e o parecer descritivo que chega tudo junto, eu tenho que trabalhar muito a questão de organização dele, padronização, colocar nas normas, é um trabalho chato, mecânico e você não consegue olhar para a dimensão de como está o aprendizado daquele estudante [sic] (LIMA, 2018).

O pedagogo acredita que se o Caderno de Avaliação estivesse cumprindo sua função, com a devida tarefa de registro dos professores, a Coordenação Pedagógica poderia ter mais consciência de como está o processo educativo em relação ao aprendizado do estudante. Importante também seria perceber que deixar de escrever, de fazer os registros no caderno de avaliação, altera a organização do trabalho pedagógico proposta inicialmente pelo PPP, uma vez que não possibilita ao professor coordenador da turma elementos para a escrita dos Pareceres Descritivos dos estudantes. Essa tarefa, não sendo cumprida pelo professor coordenador, foi assumida pelos pedagogos/coordenadores, que dedicam um tempo grande na organização e junção dos pareceres de cada professor sobre cada estudante. A escola perde com isso, primeiro, porque o parecer perde o caráter de escrita coletiva do caderno de avaliação e passa ser uma junção de pareceres de cada professor; segundo, o tempo que o pedagogo dedica à tarefa de receber de cada professor o parecer dos estudantes, copiar do arquivo original e colar no arquivo do parecer, organizando um documento para cada aluno. O trabalho torna-se mecânico, sem promover uma análise maior sobre o aprendizado do estudante e da relação entre plano de estudos, planejamento do professor, objetivos pretendidos e avaliação.

Pode-se retomar aqui o conceito de cotidianidade (SCHVARZ, 2016), e os efeitos que a mesma causa alienando o sujeito de seu contexto, o sujeitando à

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situação de passividade, sem consciência da importância das ações no contexto de trabalho, e sem consciência, acaba deixando para trás coisas importantes, que não se dá conta, porque não consegue superar o cotidiano.

A pasta de acompanhamento, caderno de avaliação e pareceres descritivos são instrumentos de uma prática pedagógica que visa romper com a avaliação fragmentada e classificatória, e o Conselho de Classe é outro elemento que tem a forma clássica alterada. Segundo o PPP (2017),

[...] o Conselho de Classe Participativo é espaço-tempo de efetivar o que denominamos de avaliação dialógica, de chamada para o compromisso com o estudo e a formação e não para obter notas. Ele é, também, um espaço de divisão do poder da instituição escolar, avaliarmo-nos nas instâncias da escola envolvida no processo educativo. É na perspectiva de ‘fôlego’ (Luckesi,1986) que os Conselhos de Classe Participativos colocam-se com esta função, espaço-tempo, participativo e democrático com a finalidade de avaliar e diagnosticar o processo ensino aprendizagem e a formação humana como um todo no conjunto da escola (PARANÁ, 2017, p. 79).

Segundo Hammel (2013), o Conselho de Classe Participativo “é espaço e tempo para concretizar a avaliação dialógica que chama para o compromisso com os estudos e a formação” (p. 128). É também, um mecanismo para democratizar as relações de poder presentes na lógica da avaliação classificatória e seriada, “é um momento de avaliação dialógica, de tomadas de posições, de questionamentos e de assumir as responsabilidades de cada sujeito envolvido no processo educativo” (HAMMEL, 2013, p.128).

Em relação às práticas construídas na Escola Itinerante Caminhos do Saber, os pedagogos entrevistados afirmam que o Conselho de Classe Participativo tem se concretizado conforme as orientações do PPP por Ciclos de Formação Humana com Complexos de Estudo com incorporação dos Complexos de Estudo. Explicam que são várias etapas até chegar à reunião do Conselho. Anterior a esse momento coletivo, é necessário que todos os segmentos se auto avaliem e registrem suas impressões e certezas por escrito. Os Estudantes auto avaliam-se conforme critérios preestabelecidos, como “compreensão do conhecimento, assiduidade,

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trabalho no núcleo setorial” (LIMA, 2018)66, podendo incluir outros critérios que

considerarem. Em seguida, fazem o exercício de avaliarem todos os profissionais da escola, educadores, coordenadores, cozinheiras, profissionais da limpeza, e também utilizam de critérios. No caso da avaliação dos educadores, os critérios de “metodologia do educador, relação professor e estudante, assiduidade deles, eles no núcleo setorial porque alguns fazem parte do mesmo núcleo que o educador, e outros critérios que eles acharem necessário” (HAMMEL, 2013, p. 128).

No dia do Conselho de Classe participativo, e todos com suas avaliações em punho, reúnem-se estudantes, educadores, coordenadores e comunidade acampada (pais, mães, membros da direção do acampamento). O relato inicial é dos estudantes que, em ordem alfabética fazem a leitura de sua auto avaliação, em seguida recebem a avaliação dos educadores, e, por fim, os pais fazem suas considerações, que geralmente são em relação a ajudar o filho a melhorar ou exigir mais dele, nesse sentido.

Na sequência, a Coordenação Pedagógica faz a leitura de uma produção coletiva de cada turma sobre seus educadores e, nessa produção, os estudantes expressam suas impressões e experiências positivas ou negativas. Segundo Lima (2018), num acordo coletivo, decidiram por não autorizar os educandos a expressarem-se livremente nesse momento, pois o momento da avaliação do educador ainda é muito melindroso. Alguns acatam as considerações, outros não concordam. Então, para evitar conflitos futuros, a própria coordenação faz a leitura da avaliação dos educadores construída pelos educandos.

Esse relato, em relação aos melindres dos educadores, é reflexo de uma cultura ainda presente que valoriza a autoridade do professor como inquestionável, mas que aos poucos vem sendo desconstruída. Geralmente, o professor afirma “eu concordo, a escola deve sim abrir para os estudantes avaliarem, gosto da proposta, mas quando alguém avalia ele, ele sente dificuldade em aceitar” (LIMA, 2018)67.

Estas são atitudes pautadas na antiga prática, a de que só o educador pode avaliar e cabe ao estudante obedecer. O Conselho de Classe Participativo da Escola

66 Entrevista concedida em 28/03/2018. 67 Entrevista concedida em 28/03/2018.

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Itinerante Caminhos do Saber precisa organizar-se para ampliar a participação do estudante, uma ampliação necessária diante da proposta dialógica que se propõe. A intenção do presente estudo não é avaliar o processo do Conselho de Classe Participativo, mas o trabalho do Pedagogo, que é o de organizar o momento e preparar todos os participantes para que, de maneira autônoma e madura, participem apontando suas fragilidades e potencialidades, principalmente, em relação a apropriação do conhecimento.

Nessa perspectiva não há reprovação, “pois, o ensino deve ser previsto a partir do nível de aprendizagem em que se encontra cada estudante, a partir de seu contexto de idade” (HAMMEL, 2013, p.132). Parte-se do princípio, como já sinalizado, que “todos são capazes de aprender desde que sejam garantidas as condições e tempo necessários para isso” (HAMMEL, 2013). A fim de garantir o tempo necessário e respeitar o nível de aprendizagem de cada um, a Proposta Pedagógica por Ciclos de Formação Humana com Complexos de Estudo, prevê espaços de Agrupamento68, Reagrupamento69 e Classes Intermediárias70.

Outro aspecto importante a ser considerado, é a incorporação dos Complexos de Estudo na proposta, que reconfigura o PPP da Escola. A título de síntese, apresenta-se a Figura 04 que representa o movimento dos Complexos de Estudo, suas relações e mediações, que demarcam o trabalho do pedagogo materializado também no Plano de Estudos (MST, 2013).

68 Os Agrupamentos Referência são as turmas organizadas por idade.

69 Os Reagrupamentos são grupos organizados conforme a necessidade de reunir estudantes com as mesmas dificuldades de aprendizagem e também de potencialidades. Podem ser organizados semanalmente, sempre que o coletivo de educadores e os respectivos coordenadores de turma acharem necessário. Faz da forma escolar um constante movimento. “Normalmente são turmas pequenas, assumidas pelos professores, gestores, pedagogos, estagiários, pessoas que possam ajudar a superar os limites (HAMMEL, 2013, p. 133).

70 Uma turma de recuperação de estudos. Um espaço a mais de oportunidade de aprendizagem que acontece no fim de cada ciclo, apenas para o Ensino Fundamental. São matriculados na Classe Intermediária os estudantes que não alcançaram os objetivos propostos para cada ciclo, e esta possibilita superar a reprovação. São 15 horas semanais, sendo que 5 h/a para cada área do conhecimento, “na passagem do III para o IV ciclo e do IV para o V ciclo. Acontece concomitante e em contraturno às turmas dos Agrupamentos de Referência.

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