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QUADRO 09 ESTRUTURA DO PLANEJAMENTO POR COMPLEXOS DE ESTUDO

No documento LUCIANA MARIA DE MATOS E SILVA (páginas 197-200)

MEIO EDUCATIVO ATUALIDADE

QUADRO 09 ESTRUTURA DO PLANEJAMENTO POR COMPLEXOS DE ESTUDO

objetivos de ensino e os organiza por Complexo e no conjunto

deles, para o semestre; a partir disso, destaca os pré-requisitos necessários para a realização do trabalho; e por fim, apresenta as definições sobre a avaliação, que indica os êxitos esperados,

critérios e possíveis situações de avaliação [grifos nossos ou do autor?] (BAHNIUK et al, 2015, p. 105).

O quadro a seguir, demonstra a organização do Planejamento por Complexos de Estudo.

QUADRO 09 - ESTRUTURA DO PLANEJAMENTO POR COMPLEXOS DE ESTUDO

PLANEJAMENTO POR COMPLEXOS DE ESTUDO PARA: TURMA

I. ESCOLA ITINERANTE CAMINHOS DO SABER: Acampamento Maila Sabrina, Ortigueira/PR. Turnos: Matutino, Vespertino e Noturno. Níveis de Ensino: Ensino Infantil, Fundamental e Médio.

II. EDUCADORES ENVOLVIDOS:

III. TRABALHO SOCIALMENTE NECESSARIO IV. DISCIPLINAS ENVOLVIDAS:

V. PORÇÕES DA REALIDADE PRESENTES NOS COMPLEXOS: VI. OBJETIVOS FORMATIVOS

VII. APRESENTAÇÃO DA PORÇÃO DA REALIDADE E

JUSTIFICATIVAS DO ENVOLVIMENTO DE CADA DISCIPLINA Disciplina Conteúdo Objetivo

de ensino Metodologia Avaliação Êxitos Esperados Critérios e instrumentos de avaliação

FONTE: Arquivos da Escola Itinerante Caminhos do Saber

A porção da realidade, os conteúdos escolares, os objetivos formativos, objetivos de ensino, a metodologia escolhida, assim como a avaliação, formam um

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complexo que deve ser articulado, não desvinculado da realidade e deve também organizar o trabalho pedagógico, porque os planos de ensino e os momentos de planejamento coletivo e interdisciplinar poderão levar a encaminhamentos pedagógicos que envolverão toda a escola, toda a organização de um dia de trabalho, semanas, semestres, articulando nos complexos os diferentes tempos educativos, núcleos setoriais, trabalho socialmente necessário, e auto-organização dos estudantes. O complexo é um composto (KRUPSKAYA, 2017) que precisa ser articulado coerentemente e por todo coletivo escolar.

O PCE é semestral e deve conter até quatro complexos por semestre em relação de simultaneidade. Este planejamento não é do professor, mas é da escola. O coletivo de professores e coordenação pedagógica farão juntos o esforço de construir esse documento com um nível de detalhamento que possibilite, a quem assumir o trabalho futuramente, compreendê-lo e levá-lo adiante. Por esta razão deve ser sempre retomado, avaliado e aperfeiçoado (BAHNIUK et al, 2015).

Esse Planejamento por Complexos de Estudo não é da disciplina, mas da turma de escolarização e deverá ser apresentado para os estudantes das respectivas turmas, sendo que o documento deve ser socializado e também acompanhado pelos estudantes, além de avaliado por eles. Os estudantes poderiam ir grifando as atividades que já acontecem, poderiam se preparar para os conteúdos que serão tratados no semestre e, principalmente, perceber que a organização do trabalho pedagógico também pode ser pautada e organizada pelos estudantes, quando os mesmos participam desse processo de planejamento.

Cada turma/ano da escola tem seu PCE organizado por complexo e por semestre, o qual agrega tudo que aquele grupo de estudantes vai vivenciar num determinado período, ou os aspectos que a escola oferece no seu currículo a ele, como os conteúdos escolares, conceitos, vivências educativas, práticas culturais, o trabalho, a auto-organização, a leitura, entre outros, estabelecendo como desafio pedagógico coletivo que estes aspectos sejam trabalhados e compreendidos pelos educadores e pelos estudantes em relação (BAHNIUK et al, 2015, p.105).

Em relação à construção dos planos de ensino, a primeira tarefa do educador, mediado pela coordenação pedagógica, seria então conhecer o inventário da realidade e o Plano de Estudos (no que se refere ao domínio dos conteúdos de sua

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disciplina ou área de conhecimento) para poder fazer a relação entre os conteúdos e os itens do Inventário, que são chamados de “porção da realidade”. Sendo assim,

o Plano de Estudos serve como referência também para definição dos conteúdos, de acordo com a fala da educadora ela busca na lista de conteúdos de sua disciplina e busca no inventário da realidade, qual aspecto ela vai conectar (MARIANO, 2016, p.194).

Mariano (2016), pesquisando a realidade da Escola Itinerante Caminhos do Saber e analisando os planos de ensino e as relações dos conteúdos com a vida, chama a atenção para a importância de retomar anualmente os planejamentos construídos anteriormente. Com a rotatividade dos professores, a Coordenação Pedagógica deve, no início de cada ano letivo, apresentar aos novos professores, ou mesmo aos que retomam o trabalho na escola, os planos praticados no ano letivo anterior. Eles poderão ser mantidos se estiverem bem elaborados e poderão ser modificados se os professores sentirem necessidade.

Esse trabalho de construção e reconstrução dos planos deve sempre estar embasado na relação entre conteúdo e inventário da realidade, ou seja, na materialidade dos estudantes. Não é uma tarefa tranquila e exige que os pedagogos articulem esse processo de construção, garantindo qualidade ao processo, pois

[...] esse exercício de conexão exige uma capacidade de domínio dos conteúdos e também da materialidade (compreensão da realidade) por parte dos educadores(as), sendo essencial para movimentarem os complexos, pois, isso exige não cair na simplificação das conexões (MARIANO, 2016, p. 195).

Simplificar as conexões, ou mesmo ignorá-las, é o que não pode ocorrer. “Portanto, o elemento mediador do trabalho de professores e pedagogos é o conhecimento” (HADDAD, 2016, p. 259). A autora chama a atenção para a necessidade de os pedagogos e professores conhecerem os documentos oficiais da escola que, no caso da Escola Itinerante Caminhos do Saber, são: Projeto Político Pedagógico por Ciclos de Formação Humana com incorporação dos Complexos de Estudo; o Plano de Estudos; e o Inventário da Realidade. Se, conforme Haddad (2016), nas escolas do sistema estadual de educação a mediação do trabalho pedagógico se expressa no “acompanhamento ao planejamento de ensino do professor na hora-atividade e também nos momentos

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de Conselho de Classe”, porque nesse espaço se pode fazer a “retomada do planejamento de ensino com mudanças nas estratégias metodológicas utilizadas pelo professor” (HADDAD, 2016, p. 259), nas Escolas Itinerantes a mediação do trabalho pedagógico está na condução do trabalho de construção coletiva, no qual o pedagogo se insere na construção dos planos, articulando com os professores os elementos da materialidade dos estudantes com o conhecimento curricular. Assume com o coletivo, na construção dos planos articulada com todos os elementos dos Complexos, uma pauta para a organização do trabalho pedagógico, fazendo do trabalho do pedagogo uma mediação e articulação constante dos elementos dos PCEs da escola, cumprindo com sua função, e fazendo de seu trabalho auto realizador.

Na escola Caminhos do Saber, a Coordenação Pedagógica recebe as primeiras versões dos planos de ensino e devolve com pareceres de como e onde podem aprofundar a conexão com a realidade.

A coordenação pedagógica da Escola Caminhos do Saber tem consciência desse limite e da necessidade de avançar. Relatam que nas semanas pedagógicas fazem exercícios para levar os professores a refletirem sobre as possibilidades de conexões. Lima (2017)86 relata a construção do girassol87 como uma metodologia

de trabalho dos pedagogos com os professores, para levá-los a buscar relações entre conteúdo e vida, realidade. Quando questionado sobre se conseguiria ver na prática a utilização do inventário da realidade para o planejamento do professor, e se o educador consegue utilizar as porções da realidade e fazer essa ligação do conteúdo com a porção da realidade, Lima (2017)88 respondeu:

Às vezes. Hoje consegue fazer a conexão de um conteúdo, mas depois, três, quatro conteúdos, não consegue. No planejamento deles fazemos um trabalho inicial de conexão dos conteúdos com a realidade para eles próprios tentar conectar, é o girassol do

86 Entrevista concedida em 07/10/2017.

87 O girassol do conhecimento consiste em centralizar no miolo do girassol a porção do conhecimento escolhida pelo coletivo de educadores, cada pétala é a partícula da realidade que a disciplina ajudará a compreender e avançar para o estudo profundo do conteúdo escolar. Fica desenhado os conteúdos escolhidos para serem tratados em relação com a porção da realidade. Essa representação se registra de forma sistematizada no Planejamento por Complexo de Estudo (LIMA, Entrevista concedida em 28/03/2018);

No documento LUCIANA MARIA DE MATOS E SILVA (páginas 197-200)