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XI O PAPEL DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: INDICADOR GUARDADOR OU CONSTRUTOR/DESCONSTRUTOR DE LUGARES?

I – O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

XI O PAPEL DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: INDICADOR GUARDADOR OU CONSTRUTOR/DESCONSTRUTOR DE LUGARES?

Dante Galeffi expõe neste texto, sua preocupação em relação ao fato da Filosofia ser uma referência obrigatória no ensino médio, de acordo com a nova Lei de Diretrizes e Bases, ele questiona: o que pretendem os profissionais de filosofia no uso de suas atribuições? Em seu relato, Dante Galeffi nos leva a uma reflexão sobre as questões que decidem sobre os rumos da própria filosofia no mercado de trabalho. Dirigindo para o que ele denomina como "comunidade de interesses/filósofos de profissão", as seguintes provocações: "(1) O que vocês têm a dizer a propósito do retorno obrigatório da filosofia no ensino médio? (2) Qual a filosofia a ser ministrada neste grau de escolaridade? (3) Como pensam em preparar o professor para esta maestria? (4) Como organizam a ação para que isto se realize? (5) De que modo criticam e divulgam os resultados deste investimento formador?”¹ É de fundamental importância a reinserção da filosofia na formação escolar como construtor/desconstrutor de lugares. Devemos, então, criar um projeto para o ensino da filosofia que recoloque o filósofo de profissão no rol das pesquisas. Dante Galeffi alerta para um acontecimento que requisita um posicionamento crítico de todos os profissionais que se encontrem empenhados com a qualificação do presente/futuro professor de filosofia, e isto porque o licenciado em uma instituição qualificada de ensino superior, tende, naturalmente, a reproduzir aquilo que ouviu e aprendeu

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de seus mestres, e, quando ele não está preparado para enfrentar a realidade de um ensino de filosofia para adolescentes, o que em geral ocorre é uma absoluta falta de diálogo filosofante, fato que só depõe contra a possível utilidade de uma disciplina chamada de Filosofia no rol das disciplinas escolares obrigatórias.

Ele salienta a necessidade da formação do professor de filosofia que seja capaz de seguir o seu próprio caminho filosófico, construindo ele mesmo o seu estilo filosofante. É neste sentido que se pode dizer que a maioria dos licenciandos e licenciados em filosofia se encontra indecisa quanto ao que seja filosofia, justamente porque não lhes foi suficientemente esclarecida a função dialética e própria da construção do saber filosófico.

182 XII - INTRODUCÃO A CRÍTICA DA RAZÃO PURA DE IMMANUEL KANT

(1724-1804)

O empirismo, sobretudo de Hume, terá influência fundamental no pensamento de Kant. Pode-se considerar a obra kantiana do período crítico, em parte ao menos, como uma tentativa de responder às críticas do empirismo ao racionalismo e, ao mesmo tempo, de conciliar ambas posições.

Kant encontrou na crítica de Hume alimento para suas próprias reflexões acerca do papel da experiência sensível no conhecimento. Kant entendeu que, para Hume, somente os conhecimentos factuais totalmente sintéticos e a posteriori teriam garantia de certeza, visto que, esta depende da constatação empírica. No entanto, reconheceu também que não se pode negar que nas ciências como na Matemática e Física existe um acervo de verdades definitivamente adquiridas e que o caráter experimental da ciência moderna não pode, de forma alguma, ser confundido com a detecção de evidência momentânea: as verdades científicas possuem uma validade universal e necessária.

Para Kant, a ciência experimental leva em conta o dado sensível e é por isso que os fatos comprovam as teorias. No entanto, o acordo entre sujeito e objeto não está alicerçado unicamente na assimilação e simples generalização dos fatos particulares pelo espírito. Se dependêssemos estritamente da indução, jamais chegaríamos a uma verdadeira universalidade, que deve ser a marca do juízo científico. Deve haver, portanto, uma atividade do espírito quando da formulação de juízos sintéticos acerca do mundo dos fenômenos; esta atividade consiste precisamente no ato de sintetizar os dados da sensação e da percepção a partir de formas lógicas que fazem parte da estrutura do entendimento. Aquilo que Aristóteles chamava de gêneros supremos e que Descartes entendia como idéias inatas (substância, causa), para Kant são formas ou funções a priori do entendimento. Isto significa que o sujeito exerce sobre o objeto da sensação e da percepção

um poder do qual resulta a organização dos dados sensíveis na forma de juízos universais necessários. Kant afirma que o entendimento possui as regras do conhecer, e as possui de forma a priori. Isso significa que, ao contrário de Hume, são conhecimentos a priori. Mas não da forma como Descartes, por exemplo, os entenderia. Pois se possuímos em nós as formas ou as regras do conhecer, não possuímos os conteúdos do conhecimento, não possuímos conhecimentos completos inatos.

Segundo Kant, os conteúdos provêm de fora, da diversidade sensível e são recolhidos pela sensação e pela percepção. Tais conteúdos, submetidos às regras a priori do conhecer que Kant chama de conceitos puros ou de categorias, transformam-se em conhecimentos ou juízos que possuem ao mesmo tempo o caráter sintético próprio do conhecimento factual e o caráter a priori que lhes é dados pelo próprio entendimento através de suas regras. Kant os chama de juízos sintéticos a priori. Tais juízos podem ser formulados porque o conhecimento tem dupla origem: a posteriori ou sensível; outra a priori, ou puramente lógica, que são das categorias do próprio entendimento. Assim, para que haja juízos sintéticos a priori, é preciso que duas condições sejam satisfeitas: que haja um dado sensível para ser trabalhado pelo entendimento, e que haja categorias intelectuais que efetuem o trabalho de síntese.

184 Texto escrito pelo Professor Dante Augusto Galeffi, extraído da Revista Ideação.