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Schimith (2013, p. 13) apud Ferreira, (2006), define finanças pessoais como, “o processo de planejar, organizar e controlar, tanto em curto quanto em médio prazo”. Neste caso, para desenvolver o campo das finanças pessoais, é importante desenvolver um modelo de planejamento financeiro que auxilie o indivíduo no processo de gerenciamento do dinheiro para atingir os seus objetivos.

Pensando nisso, buscou-se conhecer e compreender de forma mais específica o comportamento dos gestores com relação as suas finanças pessoais. Deste modo, foram estruturadas sete questões diretamente relacionadas ao planejamento e controle financeiro pessoal, onde os respondentes deveriam indicar a alternativa que melhor representasse seu

comportamento tendo em consideração a pergunta realizada. Os resultados encontrados são apresentados a seguir.

A primeira questão estava relacionada a realização de planejamento financeiro que incluísse uma previsão de gastos, receitas e investimentos, a ideia estava em identificar, a partir das alternativas, se o planejamento ocorre ou se apenas é realizado um acompanhamento de despesas e receitas a partir de anotações, ou ainda, se não ocorre nenhum tipo de planejamento ou acompanhamento. O resultado obtido apresenta-se no gráfico 5.

Gráfico 5:Você faz um planejamento financeiro que inclua uma previsão dos seus gastos, das suas receitas e dos seus investimentos?

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Tendo em vista a importância que o planejamento financeiro representa no dia a dia das pessoas, pode-se afirmar que foram encontrados resultados significativos com a questão de número 1 (um), isto porque, 53,13% dos respondentes fazem planejamento, além de anotar os gastos e guardar os valores que sobram. Outros 37,50% não fazem planejamento, porém realizam anotações acerca de seus gastos, o que já é considerado um ponto bem positivo.

No entanto, a preocupação se dá com 9,37% do total de participantes da amostra, em virtude que estes, optaram pela alternativa que aponta o fato de nunca fazer planejamento financeiro e deste modo também não realizam anotações acerca de seus gastos e rendimentos.

Apesar de ser um número expressamente pequeno se comparado aos demais resultados, é um fator preocupante, visto que, a falta de planejamento em ralação as finanças pode resultar em alto índice de endividamento e consequências negativas futuras, isto por que, o planejamento é considerado item básico no dia a dia das pessoas, por sua realização não possuir grandes complexidades, além disso segundo matéria do site W1 Consultoria Financeira (2017),

“quando o básico não é feito, toda vida financeira é colocada em risco. Os boletos continuam chegando e, junto de gastos que podem até ser desnecessários, vão comendo o salário todos os meses”.

Sendo assim, segundo Bitencourt (2004, p. 52), “o processo de planejar envolve, portanto, um modo de pensar. E um salutar modo de pensar envolve indagações e questionamentos sobre o que fazer, como fazer, quando fazer, quanto fazer, por que fazer, para quem fazer, por quem deve ser feito e onde deve ser feito”.

Em virtude de tal definição tem-se, a questão de número 2 (dois), diretamente relacionada ao planejamento do uso do dinheiro dos participantes, neste sentido, as alternativas voltavam-se para aspectos relacionados a planejamento de curto e longo prazo ou até mesmo a inexistência do mesmo. Essa questão era voltada para facilitar a compreensão em relação ao cuidado que os gestores possuem com o seu dinheiro de maneira específica, sem abranger demais fatores.

Vale ressaltar que segundo menciona Bitencourt (2004, p. 53),

o planejamento financeiro de uma pessoa e de sua família para uma vida inteira não é, de maneira alguma, um conceito rígido e inflexível, Ao contrário cada um pode estabelecer suas próprias metas, Mas, uma vez que as defina deve sempre mantê-las em mente e lutar com determinação para alcança-las, Assim, como nenhuma empresa pode progredir a longo prazo se não tiver um foco ou objetivo, também o indivíduo precisa saber antecipadamente o que pretende atingir.

Em razão disso, considera-se as respostas obtidas como sendo bastante satisfatórias, conforme os dados apresentados no gráfico 6.

Gráfico 6:Você planeja o uso do seu dinheiro?

Analisando o gráfico 6, percebe-se que do total de 64 respondentes apenas 3,12% nunca planejam o uso do dinheiro, ou seja, neste caso a presença de qualquer que seja o planejamento, é inexistente. Observa-se ainda que, embora nem todos os respondentes possuem um planejamento mensal, pode-se dizer que 96,88% dos participantes realizam planejamento a longo prazo, isto porque, 48,44% optaram pela alternativa que diz respeito a possuir um planejamento financeiro que o norteia mensalmente, ou seja, esse planejamento é de curto e longo prazo, e tal resultado somado aos 48,44% dos participantes que apenas realizam planejamento para longo prazo gera o total de 96,88% de respondentes que realizam algum tipo de planejamento no que se refere a forma de utilização do seu dinheiro.

Em sua pesquisa, Wohlemberg et al (2011, p. 134) explica que,

o planejamento do orçamento doméstico não se limita a gastos e despesas eventuais. Deve ser elaborado com uma visão mais ampla, no sentido de projetar além daquilo que se tem no dia a dia, situações adversas e imprevistas, como desemprego, doença e outros que podem surgir a qualquer momento.

Seguindo esta linha de pensamento, a próxima questão voltou-se para o controle do uso do dinheiro, ou seja, como ocorre, e se o mesmo de fato ocorre, nesta questão os gestores participantes possuíam um total de quatro alternativas, as quais eram de sua livre escolha, considerando a opção que mais se enquadrasse ao seu perfil, buscando assim a veracidade nas respostas.

Conforme Hoji (1999, p. 328), “a função de controle envolve também a geração de informações para a tomada de decisões e correção do eventual desvio do desempenho em relação ao originalmente projetado”.

Ainda conforme o estudo de Wohlemberg et al (2011, p. 134),

as práticas que norteiam o controle de entradas e saídas de recursos financeiros auferidos mensalmente por pessoas físicas no contexto familiar ou individual podem variar das mais rústicas, que se compõe de decisões ocasionais – tomadas por necessidade momentânea, realizadas sem prévio planejamento – até as mais bem elaboradas, caracterizadas como controle orçamentário, as quais requerem bastante disciplina por parte do indivíduo no controle dos recursos, como exemplo disso, o hábito de se usar constantemente anotações manuais e planilhas eletrônicas para a realização do orçamento doméstico.

Além disso, segundo matéria do site W1 Consultoria Financeira (2017), “a falta do hábito de controlar o orçamento ajuda a explicar o porquê de pouquíssimas pessoas conseguirem guardar dinheiro mensalmente”. Assim, a partir das respostas obtidas nessa

questão, será possível relacionar com a próxima questão, a qual está relacionada justamente ao hábito de poupar.

Gráfico 7: Você faz algum tipo de controle do uso do seu dinheiro?

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Conforme gráfico 7, os resultados obtidos foram que, 48,44% dos gestores participantes anotam e controlam seus gastos pessoais mensais, outros 26,56% apenas realizam a conferência do seu extrato mensal para não exceder seus gastos gastando mais do que possuem.

Ainda, 20,31% dos participantes realizam o controle e fazem orçamento doméstico mensal, cabe destacar que segundo Hoji (1999, p. 328), “o orçamento é, também, um importante instrumento de controle”, deste modo o mesmo auxiliará em uma tomada de decisão mais assertiva, o que tende a gerar resultados bastante positivos para aqueles que optarem pela realização do mesmo. Os demais, 4,69% dos respondentes não fazem nenhum tipo de controle de uso do seu dinheiro.

Quando se possui um controle detalhado acerca do uso do dinheiro, torna-se muito mais fácil eliminar gastos com itens supérfluos, visto que, é possível identificar exatamente para onde vai o dinheiro, e de tal modo o controle tende a ser um importante aliado na economia mensal doméstica, contribuindo fortemente para o hábito de poupar.

Sabe-se que poupar é um fator muito positivo e que pode resultar em ganhos futuros e ser muito satisfatório para aqueles que possuem tal hábito. Pensando neste aspecto a questão quatro visava identificar se os participantes possuem tal hábito e se o mesmo ocorre mensalmente ou somente em casos específicos.

Conforme Bitencourt, (2004, p. 48) apud Frankenberg (1999, p. 39), “poupar com sabedoria, investindo com segurança e supervisionando regularmente os ganhos e, gastar com prudência distinguindo o essencial do supérfluo, é o lema dos vencedores”.

Gráfico 8: Você tem o hábito de poupar? Poupa mensalmente sem ter necessariamente a intenção de consumir algo com o dinheiro poupado?

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Assim, observando os resultados ilustrados no gráfico 8, é possível verificar que 50% dos participantes tem o hábito de poupar mensalmente uma quantia, ou seja, independente de querer ou não adquirir algo, costumam guardar determinado valor. Já, 21,88% dos respondentes, guardam dinheiro somente quando sobra, um índice considerado bem elevado.

Outros 18,75% dos gestores pesquisados, não conseguem guardar dinheiro, esse resultado é bastante preocupante demonstrando que as pessoas tendem a gastar tudo que ganham e por vezes gastam além disso, ficando endividadas. Para Bitencourt, (2004, p. 48), “a origem de todos os problemas financeiros está em conciliar os maus hábitos com a renda líquida de cada um. Numa análise simples, existem apenas duas coisas a fazer com cada real ganho: gastá-lo ou poupá-lo. O segredo do sucesso financeiro está em encontrar o equilíbrio”.

Ainda considerando os resultados da questão 4 (quatro), tem-se aqueles participantes que guardam dinheiro apenas quando possuem necessidade de adquirir algo de maior valor, somando 9,37% do total de respondentes, neste caso, os participantes acabam por não pensarem a longo prazo, visto que, é importante possuir reservas de dinheiro para eventuais emergências. Em pesquisa sobre o hábito de guardar dinheiro realizada pelo SPC Brasil no ano de 2017, a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti fez a seguinte colocação:

Muitos consumidores só percebem a importância do hábito de poupar quando se confrontam com uma urgência. Desenvolver esse hábito é importante pois, além de trazer segurança, afasta o mau costume de gastar mais do que a renda permite, que pode até trazer uma satisfação imediata, mas compromete o bem-estar financeiro.

Os participantes precisaram ainda, definir a sua situação financeira atual, assim na questão de número 5 (cinco), os mesmos precisaram classificar sua atual situação financeira, os resultados encontrados, são apresentados no gráfico 9.

Gráfico 9: Sua situação financeira atual está:

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Nesta questão, 73,44% dos participantes consideram que sua situação financeira se encontra organizada, pois tem controle sobre o dinheiro, não possuem dívidas que comprometem o orçamento e poupam sempre que possível. Já para 25% dos participantes, a situação financeira é considerada um pouco desorganizada, pois não sabem exatamente quanto gastam por mês, além de possuírem algumas dívidas que apesar de conseguirem pagar, faz com que não consigam poupar.

Esta situação poderia ser facilmente melhorada adotando um planejamento e controle das finanças adequado às necessidades de cada um. Diante disso, certamente em pouco tempo esses respondentes passariam a ter uma situação financeira organizada e conseguiriam guardar dinheiro. Apenas 1,56% do total de participantes considera sua situação financeira desorganizada, neste caso não sabe quanto gasta, nem quanto deve, mas sabe que possui muitas dívidas.

Em relação à está questão, cabe fazer um comparativo de resultados com a pesquisa realizada por Marques, (2016, p. 42), onde o mesmo ao realizar tal questão encontrou um percentual bem semelhante de gestores que possuem um vida financeira organizada (76,9% do

total de participantes), contudo a alternativa que refere-se a possuir uma vida financeira desorganizada, apresenta uma discrepância muito significativa entre uma pesquisa e outra, ou seja, a pesquisa de Marques apontou para 23,1% de gestores que consideram sua vida financeira desorganizada, enquanto na pesquisa atual apenas 1,56% dos respondentes optaram por tal alegação.

Em razão da importância do controle, planejamento e devida organização das finanças pessoais e considerando que, em empresas de pequeno porte, é muito comum ocorrer a mistura dos controles das finanças particulares com as empresariais sendo isto certamente um aspecto preocupante, visto que, o ideal é controlá-los separadamente, em virtude de que facilitará a assertividade na tomada de decisões, pois deste modo torna-se possível ter uma visão da situação financeira real, e considerando a publicação realizada no Blog Sage (2018) onde é mencionado que,

a mistura desses dois mundos também é a causa de sérias complicações financeiras ou da falência de muitos negócios. Independentemente do tamanho de sua empresa, é preciso fazer uma gestão financeira regrada e organizada, separando suas despesas pessoais das suas despesas profissionais. Somente assim será possível definir sua margem de lucratividade com precisão e identificar se existem gargalos financeiros a serem corrigidos no negócio.

Buscou-se a partir da questão 6 (seis), conhecer como ocorre tal processo, ou seja, os gestores realizam a separação ou não, dos gastos pessoais dos empresariais. Cabe destacar que a mesma questão foi realizada por Maturama et al (2015, p.11) em pesquisa realizada com Microempreendedores da cidade de Giruá – RS, o que possibilita um comparativo entre os resultados encontrados.

Gráfico 10:Você separa os gastos pessoais dos empresariais?

Conforme apresentado no gráfico 10, 46,88% dos gestores participantes da pesquisa fazem a separação dos gastos, possuindo assim um controle para cada, 28,12% têm consciência do que gastam e ganham na parte pessoal e empresarial embora não realizem controle formal. Ainda, 21,88% controlam os dois juntos e 3,12 % alegam não ser possível separar os dois pois se considera como sendo a própria empresa.

Os resultados demonstram que apesar de ainda possuírem um índice alto de casos em que ocorre um controle só para os dois, ou seja, as finanças são misturadas como se fossem um só, o profissionalismo na gestão das finanças das empresas vem aumentando, visto que, em sua maioria existe a consciência de controlar e cuidar de ambos separadamente.

Maturama, et al (2015, p.11), em sua pesquisa encontrou os seguintes resultados, somente 37,5% realizam a separação das duas finanças, para os demais segundo a autora ocorre uma atuação conjunta e, até mesmo, misturada. Neste caso analisando as duas pesquisas pode- se dizer que foram encontrados resultados bem semelhantes em relação a se ter um controle para cada.

Para finalizar a seção das finanças pessoais, os participantes foram questionados quanto a satisfação com a forma que exercem o controle de suas finanças, onde possuíam três alternativas para escolha, as quais estavam relacionadas a estarem satisfeitos ou não e ainda ao fato da inexistência de controle das finanças e por esse motivo não possuir satisfação ou não.

Gráfico 11:Está satisfeito com o sistema de controle de suas finanças?

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Conforme ilustrado no gráfico 11, dos 64 gestores participantes da amostra, 60,94% está satisfeito com o controle das finanças pessoais que adotou, considerando que o mesmo está adequado as necessidades. Já 34,38%, não está satisfeito com a forma que vem controlando

suas finanças, preocupando-se em gerenciar melhor as mesmas. Os demais 3,12% não possuem nenhum tipo de controle sobre as finanças pessoais não estando satisfeitos nem insatisfeitos, nesta questão um dos entrevistados não assinalou nenhuma das opções correspondendo a 1,56%.

Por fim, a partir das perguntas realizadas, elaborou-se o Quadro 1, onde, são apresentadas as opções de respostas consideradas ideias.

Ao realizar uma análise dos dados coletados, considerando apenas as alternativas apresentadas no quadro 1, tem se que, apenas 12,5% dos gestores pesquisados, optaram por tais respostas simultaneamente, embora este seja um número expressamente pequeno, cabe destacar que, todos os gestores pesquisados, assinalaram pelo menos uma destas alternativas, o que significa que, estes tem adotado pelo menos uma destas práticas.

Quadro1:Alternativas consideradas ideais para as questões de finanças pessoais

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Além disso, é importante destacar que, fazendo uma análise geral dos resultados encontrados neste tópico, tem-se que, em todas as questões houve a predominância de resultados possitivos, para o cuidado das finanças pessoais.

Ainda, com a finalidade de verificar as práticas adotadas por estes gestores nas finanças empresariais, caracterizando assim o comportamento destes, no tópico a seguir são analisados os dados obtidos nas questões voltadas para a gestão financeira das empresas.

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