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Firmas As Organizações Capitalísticas e sua Leitura Sociológica, Econômica e

2.4. CAPITAL SOCIAL ORGANIZACIONAL: A CONFIANÇA NAS

2.4.2. Firmas As Organizações Capitalísticas e sua Leitura Sociológica, Econômica e

Econômica e Organizacional

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- (A Sociologia Econômica e as

organizações capitalísticas)

As organizações capitalísticas têm sido analisadas tanto por economistas como por sociólogos, buscando teorias que expliquem adequadamente o comportamento das organizações em seu ambiente. Porém, essas análises têm sido feitas de formas diferentes. Enquanto os economistas analisam as organizações, baseados na “teoria da firma”, analisando uma organização capitalística típica, os sociólogos estudam as organizações, no plural, e analisam também o seu ambiente.

Os economistas focam separadamente o tema “interesses”, enquanto os sociólogos contextualizam. Os economistas comentam muito pouco sobre as relações sociais das

organizações, contrariamente aos sociólogos e ainda assumem a existência de poucos atores típicos em um tipo específico de organização, enquanto os sociólogos distinguem diferentes grupos atuando dentro de diferentes tipos de organizações (Swedberg, 2003).

A teoria da firma, como é economicamente conhecida, originou-se no trabalho de Cornout, durante a década de 1830 (Blaug, 1980). Cornout basicamente conceituou a firma como buscando maximizar o lucro, sujeita às restrições da tecnologia e da demanda.

Swedberg (2003, p. 75) destaca:

Já no século XX, uma ferramenta básica para a análise da firma na Economia foi a assim denominada “função produção”, tipicamente definida como “uma relação técnica que demonstra a quantia máxima de saída capaz de ser produzida por cada conjunto de entradas específicas (ou fatores de produção); assim definida para um conjunto dado de conhecimento técnico” (Samuelson, 1970, p.516). Além disso, muita da informação que a firma necessita é conseguida via preços, de acordo com a moderna economia, e não por meio dos contatos e das relações sociais (Hayek, 1945).

De acordo com o autor a análise econômica via as relações entre a organização e as pessoas (mão-de-obra) bem como os restantes fatores de produção de uma forma puramente racional.

Ele continua (2003, p. 75):

Nas últimas décadas, entretanto, a teoria da firma, foi duramente criticada por suas falhas em tratar com a estrutura interna da organização. Putterman (1986, p.5) esclarece que “na teoria de preços, a firma é um átomo primitivo da economia, um agente com mente única, não individualizado, interagindo com consumidores não individualizados e fornecedores dos fatores de produção na economia de mercado”. Mesmo que alguns atores básicos sejam identificados na firma, sua estrutura interna, bem como o meio ambiente no qual ela está inserida, são tratados como uma caixa preta.

Swedberg destaca a visão econômica atomística das organizações na teoria da firma bem como as razões pelas quais ela tem sido criticada.

Ao analisar a firma, os economistas atuais referem-se a uma das teorias que compõem a “economia organizacional” ou tentam analisar a estrutura da firma com a ajuda da microeconomia. Essa é uma versão atualizada da tradicional teoria da firma, que nasceu nos anos 70 (Barnes & Ouchi, 1986). A Economia Organizacional consiste de vários tipos diferentes de análises, dos quais a análise de custo de transação e teoria da agência são as mais conhecidas. Além dessas, teoria dos jogos, teoria evolucionária, e Direito e Economia fazem também parte dela. As análises da Economia Organizacional misturam várias dessas teorias. Swedberg conclui a análise das teorias econômicas sobre as firmas (2003, p.79):

14 Esse item relaciona-se ao tema já que o Capital Social Organizacional – a confiança – foi estudada em

O que une as teorias que fazem parte da Economia Organizacional é todas se centrarem no indivíduo e no seu interesse econômico individual. Diferentemente dos historiadores, os economistas organizacionais não começam estudando seus tópicos historicamente e desenvolvem um modelo analítico. Ao invés, constroem suas teorias primeiramente utilizando raciocínio analítico. E diferentemente dos sociólogos, os economistas organizacionais não partem da premissa de que as relações sociais são cruciais para a economia e que é necessário embasá-las empiricamente. Eles iniciam com o interesse econômico individual e introduzem as relações sociais ou instituições em um estágio posterior, buscando explicar porque é eficiente utilizar uma instituição ou como um interesse pode ser alcançado pela criação de certas relações sociais. Um argumento lógico é normalmente suficiente, e dados empíricos, freqüentemente estão ausentes.

De acordo com o autor, muitas das teorias econômicas referenciadas carecem de fundamentação empírica para sua comprovação, além de serem extremamente focadas nos interesses econômicos individuais, inserindo as relações sociais como meramente instrumentais. Após uma visão de algumas das principais teorias econômicas sobre a firma vamos à visão sociológica das organizações.

Organizações – Quando falamos em visão social das organizações, podemos analisar abordagens sociológicas que estudam organizações e buscam compreender suas interações sociais internas, interações com outras organizações e interações com o Estado, sindicatos, trabalhadores, comunidade, e outros atores sociais.

Como a importância das organizações, no grupo das instituições sociais, vem crescendo, também os estudos sociológicos sobre elas têm aumentado. Uma das linhas sociológicas que primeiramente buscou estudar as organizações como atores sociais foi a Sociologia Industrial, por volta da década de 1930. Suas análises normalmente incluíam a Sociologia do Trabalho e de que modo os atores individuais se relacionavam com o trabalho nas organizações.

Com o passar do tempo surgiu a Sociologia das Organizações, e, por volta da década de 1970, muitas das preocupações da Sociologia Industrial haviam sido absorvidas pela Sociologia das Organizações, que abordava relações dos trabalhadores, sindicatos e a vida diária nos escritórios e nas fábricas (Swedberg, 2003). Alguns estudos interessantes foram realizados analisando a importância das relações informais no local de trabalho, mostrando que pessoas em fábricas e escritórios tendem a formar pequenos grupos de trabalho e que esses grupos têm influência sobre assuntos importantes como produtividade e auto-estima (Hughes, 1971).

Também a Sociologia do Trabalho tem importantes contribuições ao estudo das organizações, que principalmente a partir da década de 1970 deu maior atenção a relações de gênero. Um estudo interessante é Men and Women of the Corporation (1977) de Rosabeth Moss Kanter, com a sua discussão de secretárias, mulheres de executivos e mulheres que buscavam fazer carreira no trabalho. Ela dizia que quando as mulheres são poucas em uma posição profissional, elas são vistas como representantes das “mulheres”, não como indivíduos. Outros estudos sobre o assunto parecem mostrar que muitas das dificuldades que as mulheres encontram no trabalho nas organizações estão relacionadas à diferenciação de status dos gêneros na sociedade em geral (Miller, 1988).

O assédio sexual é um caso em destaque, desde que está relacionado à posição (no geral assimétrica) de poder dos homens na sociedade e à forma que seus interesses sexuais têm permissão para se expressar. A posição das mulheres no trabalho também está conectada a sua posição em casa, especialmente com relação a sua responsabilidade desproporcional em relação a trabalho da casa e filhos15 . A análise do uso do tempo em casa e no trabalho em relação a gênero é bem expressa por Siqueira & Bandeira (1988, p.11):

A mulher profissional tenta escapar do labirinto construído sobretudo pelo doméstico, mas se defronta com a subjugação do mensurável. Assim, ela “não tem tempo” para pensar seu ritmo, recuperar sua história em seu tempo mágico e construir seu extraordinário através de seus desejos, suas fantasias e seus sonhos. No salto não há ponte: o social lhe exige o cumprimento tanto do espaço doméstico, quanto o do profissional. Em lugar de suporte há ambigüidade social com relação ao que seria a nova mulher e sua nova identidade: em lugar de criação de serviços para a mulher que se ausenta de casa, há a cobrança de novas atribuições e novas expectativas são expressas.

Um parágrafo de destaque com relação à importância de gênero e confiança. Embora nosso estudo sobre confiança não esteja focado nas relações entre gênero e confiança, há estudos que demonstram que pode haver variação na forma como mulheres e homens lidam com a confiança (Brewer, 2005). Esse é um assunto que colocamos como de importância destacada para pesquisas posteriores sobre confiança.

A Sociologia das Organizações certamente tem dado importantes contribuições para o melhor entendimento das organizações como instituições e atores sociais. Porém, é importante ter-se em mente que ela pretende analisar o inteiro espectro das organizações e desenvolver teorias sobre organizações de forma geral, e não destaca as firmas/corporações – organizações capitalísticas - como uma categoria especial com suas características

15 Em um estudo de Anne Shelton Beth (1992 p. 83) de nove atividades relacionadas à casa tais como preparar

distintivas (Bernoux, 1995). Essa mesma tendência de considerar as organizações de forma geral deu-se, ao longo do século XX, na Teoria Organizacional.

Davis & McAdam (2000) mencionam que tem sido uma falha na Teoria Organizacional contemporânea não haver uma clara distinção entre organizações lucrativas – as típicas organizações capitalistas, também denominadas firmas, que podem ir de pequenas organizações individuais até as grandes corporações – e organizações com objetivos não lucrativos, como o Estado, ONGs, igrejas, sindicatos, associações civis, cooperativas, e várias outras. Essa pode ser umas das razões pelas quais há uma certa relutância entre os sociólogos organizacionais em estudar os interesses econômicos nas organizações.

No entanto, com o contínuo crescimento do número de organizações e crescentes especificidades diferenciais entre elas, uma análise que, se não as caracterizasse tipologicamente, ao menos as diferenciasse para reduzir o universo de estudo e destacar algumas características básicas, torna-se importante para o nosso trabalho. Portanto, vamos verificar na seqüência a análise social das firmas.

Firmas – Organizações Capitalísticas

Ao se pensar em organização capitalística, é importante ir a Weber, assim como a Marx, em O Capital (2002), além de Douglass North e Robert Paul Thomas em The Rise of the Western World (1973). Todos discorreram sobre o nascimento do capitalismo. Não obstante Marx tenha dado uma contribuição fundamental para a compreensão do capitalismo, Weber foi quem melhor, entre os clássicos, caracterizou a “organização capitalística” (firma), detacando-a em termos de sua ação social econômica e suas características específicas (Nee & Swedberg, 2005).

Nos primeiros capítulos de Economia e Sociedade, Weber (1978) cuidadosamente expõe a base de como conceptualizar a firma por uma perspectiva da ação social. As ações sociais que são orientadas uma em relação a outra constituem relações sociais; e quando elas continuam ao longo do tempo, elas podem se constituir numa ordem.

investimento de tempo, em média, de menos de 50% em relação às mulheres. E apenas em duas atividades: manutenção de veículos e tarefas externas os homens tinham mais investimento de tempo.

Uma organização é definida por Weber como uma relação social fechada ou restrita, que se tornou uma ordem e que é impulsionada por um indivíduo ou um staff. Relações são formadas porque as pessoas sentem que têm algo em comum (relações comunais ou comunitárias) ou porque têm interesses comuns (relações associativas16). As organizações econômicas são de natureza associativa e freqüentemente voluntária (Tocqueville, 2000). Algumas são envolvidas na economia apenas parcialmente, enquanto outras podem regular partes da economia - por exemplo, sindicatos; ou ser responsáveis por manter a ordem econômica geral: o Estado. Algumas organizações econômicas, entretanto, lidam primeiramente com a economia. A firma é uma delas.

Baseado na visão de Weber (1978), Swedberg (2003, p. 90) declara:

A firma, em uma sociedade capitalista, é orientada para a consecução de lucros, em oposição à administração da casa e ao consumo. A moderna firma racional faz uso da conta capital em sua contabilidade, que representa uma forma de estabelecer exatamente quanto de lucro ela obteve em um determinado período. Ela é dirigida por um empreendedor, e seus funcionários típicos incluem burocratas obedientes e eficientes, bem como disciplinados trabalhadores. A moderna firma se apropria das oportunidades de lucro de uma forma racional e pode operar efetivamente só se apoiada por um Estado racional e um sistema legal racional, porque demanda grande previsibilidade para operar eficientemente.

A partir da análise weberiana, Swedberg focaliza fatores componentes da firma, destacando, porém, que esse “tipo ideal” depende de condições “ideais” para funcionar eficientemente.

Relacionadas às características weberianas da moderna firma, pode-se destacar os seguintes aspectos distintivos da firma atual (Swedberg, 2003, p.98):

- Firmas têm como principal objetivo a lucratividade, e isso influencia sua natureza e seu comportamento. Firmas são criadas para obter lucro e são fechadas se não o conseguem de forma contínua.

- Firmas são tratadas diferentemente de outras organizações pela lei, ou, pelo sistema jurídico. Há procedimentos especiais para sua abertura e para seu fechamento.

16 É interessante destacar que essa relação associativa é destacada variadas vezes no trabalho de Tocqueville

(2000), Democracia na América , mostrando a importância que tinham, na sua época, as relações associativas na sociedade americana (por exemplo, p. 131, 132, 135 e 141).

- Firmas têm formas institucionais; e essas formas têm uma história diferente daquelas que caracterizam outras organizações.

- Muitos tipos diferentes de interesses econômicos têm um papel fundamental nas firmas e influenciam profundamente seu comportamento.

- De forma geral, mais empregados dependem (para sua sobrevivência) de firmas que de qualquer outro tipo de organização. Os investidores dependem das firmas para obter lucro. As firmas controlam mais recursos econômicos, sobre os quais têm poder para decidir como utilizar, do que qualquer outro tipo de organização.

- A luta em relação a quem controlará uma organização econômica é muito mais acirrada que a luta pelo controle em muitos outros tipos de organização.

Weber (1978) continua mencionando que a predecessora da firma moderna foi a comenda, um tipo de sociedade comercial de risco em que um sócio estava mais relacionado à produção e o outro à comercialização. Dada a característica da comenda, ela necessitava de uma conta capital que demonstrasse o investimento proporcional de cada sócio para calcular o valor da empresa antes e depois da venda.

Um outro aspecto importante para a formação da firma, segundo Weber, foi a separação da propriedade da firma em relação aos bens familiares dos proprietários, o que começou a acontecer na Itália medieval. A partir daí, segundo Weber (1981, p.228) “evoluiu o conceito de capital”.

É significativo que a forma organizacional da firma, descrita por Weber (1978, p.202) como burocracia significava que a administração, os burocratas e os trabalhadores funcionariam de forma sistêmica, sincronizada. Como “uma máquina”, ou seja, com precisão e velocidade. Na época, as máquinas eram vistas como símbolos da modernidade e do sucesso científico. Talvez por isso Weber tenha utilizado essa figura.

Swedberg (2003, p.89) menciona que “uma tarefa importante da Sociologia Econômica é reintroduzir os interesses econômicos na análise sociológica das firmas, enquanto aprofunda insights da Sociologia em relação à estrutura social das organizações”.

Quanto à ação social econômica das firmas, conforme Weber (1978, p. 4): “A ação é social na medida em que seu significado subjetivo leva em conta o comportamento dos

outros e, em função disso, é orientada em seu curso”. A partir daí, a ação (social econômica17), unidade básica da Sociologia Econômica weberiana, se diferencia da ação econômica, unidade básica da Teoria Econômica, no sentido de não ser movida só por interesses materiais nem dirigida apenas para a utilidade, mas também por levar em consideração o comportamento dos outros (Swedberg, 2003).

Ao se falar em interesses, Weber considerava que as Ciências Sociais, ou Culturais, tais como Sociologia, Teoria Econômica, História e Psicologia, estudam fenômenos constituídos por intermédio do significado que as pessoas lhes atribuem. Somente as ciências naturais podem estudar fenômenos sem levar em conta o significado. Logo, “para um interesse tornar-se um interesse, ele tem de ser investido de um significado distinto pelo agente” (Swedberg, 2005, p.15).

Weber categorizava os interesses em interesses materiais e interesses ideais, sendo que tanto um quanto o outro pode levar o agente à ação. Interesses ideais incluem nacionalismo, status, desejo de salvação religiosa e outros. Na esfera econômica, são os interesses econômicos que se destacam. Mas Weber buscava compreender também o que acontece quando as pessoas, buscando realizar interesses ideais, precisam cuidar de seus interesses materiais quando eles entram em conflito, se reforçam ou se bloqueiam.

Weber também cita que não apenas os interesses, mas também a tradição e as emoções impulsionam o comportamento do indivíduo, mostrando que as pessoas que dirigem, trabalham, prestam serviços ou negociam com as firmas capitalistas, não são homo oeconomicus, somente com uma dimensão econômica, nem também um típico homo sociologicus, conforme expressão criada na década de 50 por Ralf Dahrendorf, mas pessoas, com interesses ideais e econômicos e que levam em consideração o comportamento dos outros, portanto, com uma ação social econômica (Swedberg, 2005).

As Firmas na atualidade

Qual é a busca infindável das organizações capitalísticas? Uma resposta clássica é: o lucro. No entanto, Fligstein (1997, p.38-41), em Markets, Politics, and Globalization,

17 Weber utiliza o conceito de ação social econômica – focando três aspectos: Ação, como comportamento

investido de sentido; econômica – como dirigida a interesses econômicos; e social – como ação orientada a algum outro ator (Swedberg, 2003, p. 15). “Quando é aplicada aos fenômenos sociais, a sociologia (econômica) considera o comportamento que é movido principalmente pelos interesses materiais e também orientado pelo comportamento dos outros” (Swedberg, 2005, p.17).

começa apresentando a teoria dos mercados, centrada na idéia de que as organizações capitalísticas modernas não buscam a competição, mas estabilidade, perpetuação; e a não-existência de surpresas em relação ao futuro. De acordo com Fligstein (1996), as organizações só podem operar eficientemente se forem apoiadas pela sociedade de diversas formas. Os trabalhadores precisam ser educados, é necessária adequada infra-estrutura, bem como um sistema legal que funcione. Tudo isso é pago pelos impostos de toda a sociedade, não apenas das organizações; e “isso significa que as pessoas e os governos têm o direito de cobrar reciprocidade das organizações” (1997, p.40).

Fligstein explicita que seu argumento vai muito além da idéia de direitos de stakeholders ou que não somente os acionistas e proprietários, mas muitos outros atores sociais, que são parte do contexto das organizações, têm direitos semelhantes – tais como, empregados, comunidades, clientes e fornecedores. A verdade é que a sociedade toda tem demandas em relação às organizações. Fligstein (1997, p.41) sugere que essas demandas incluem:

Deveria haver uma substituição ordenada de facilidades obsoletas. Os governos e as organizações deveriam trabalhar ativamente para retreinar os trabalhadores para trabalhos reais. Incentivos deveriam ser dados para empresas que mantivessem a produção local e promovessem serviços de alto valor agregado e trabalhos industriais. Deveria haver um corte nos subsídios de organizações que produzem no exterior e quaisquer proteções tarifárias remanescentes ou outras barreiras não tarifárias em relação a essas organizações deveriam ser removidas. Impostos e tarifas em relação a lucros enviados para o exterior e bens vindos do exterior são legítimos. Organizações estrangeiras não deveriam ser permitidas operar sob condições diferenciadas.

Stakeholders como políticos e trabalhadores deveriam sentar-se nos comitês diretivos para assegurar que as decisões de investimentos sejam economicamente dirigidas.

Com relação à importância atual de uma relação maior das organizações com outros atores sociais, stakeholders, a comunidade e a sociedade em geral, Almeida (2002, p.3 e 4) assim coloca:

Entretanto, nos últimos anos, um novo conceito tem emergido. A necessidade de conciliar os propósitos da organização com os objetivos dos diversos segmentos que com ela interagem tem exigido dos executivos a adoção de um novo modelo de gestão, que contemple a participação efetiva dos principais atores nas decisões emanadas pela cúpula dirigente. Pensando a organização como uma entidade cuja existência se justifica pela busca da satisfação das necessidades das pessoas, esses segmentos, denominados stakeholders, seriam vistos como atores relevantes na identificação dos reais interesses da gestão das organizações. A visão descortinada por meio da teoria dos stakeholders é a de que as empresas devem ser administradas de acordo com o interesse público, e portanto, devem prestar contas a diversos outros grupos tais como empregados, fornecedores, clientes e comunidade em geral, sendo forte a cobrança por responsabilidade social e ambiental.

Percebe-se, portanto, que a ação social das firmas, relacionada à ação social econômica weberiana tem sido solicitada por outros atores sociais; e linhas da Teoria Organizacional percebem essa ação como relevante na relação da firma com outros atores sociais.