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2.2 ESCOLAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

2.2.3 Manifestações patológicas mais incidentes em edificações educacionais

2.2.3.1 Fissuramento

As manifestações patológicas observadas com mais incidência em alvenarias, vigas, pilares, lajes, pisos e demais elementos, são as fissuras, trincas e rachaduras. Essas manifestações patológicas são causadas, principalmente, por tensões atuantes nos materiais, ou seja, quando eles são solicitados a uma tensão maior do que podem suportar. Isso provoca uma abertura, que é classificada de acordo com sua espessura (OLIVEIRA, 2012).

Ainda sob o mesmo ponto de vista, Muci, Netto e Silva (2013) salientam que a anomalia de fissuração é de grande interesse nos diversos setores que englobam a engenharia civil, pois a mesma está diretamente relacionada a resistência dos materiais. Sendo assim, o seu surgimento pode provocar altos custos no período pós-obra e provocar transtornos para os proprietários dos imóveis.

Segundo Vitório (2003, p. 25), “um dos sintomas mais comuns é o aparecimento de fissuras, trincas, rachaduras e fendas e podem ser classificadas das seguintes formas”, conforme o quadro 02 abaixo:

Quadro 02 – Sintomas mais comuns de fissuramento e classificação quanto ao tamanho da abertura

Sintomas Descrição

Fissura

Abertura em forma de linha que aparece nas superfícies de qualquer material sólido, proveniente da ruptura sutil de parte de sua massa, com espessura de até 0,5mm.

Trinca

Abertura em forma de linha que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de evidente ruptura de parte de sua massa, com espessura de 0,5mm a 1,00mm.

Rachadura

Abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, podendo-se ver através dela e cuja espessura varia de 1,00mm até 1,5mm.

Fenda

Abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, com espessura superior a 1,5mm.

Fonte: Adaptado de Vitório, 2003, p. 25.

Os sintomas descritos no quadro 02, que também podem ser chamados de aberturas, podem ou não se movimentar: quando isso acontece, chama-se de aberturas ativas, quando não, chama-se de aberturas passivas. As ativas são as aberturas que se movimentam, fazendo com que suas dimensões sejam alteradas ao longo do tempo, ou seja, são progressivas. Já as aberturas passivas são aquelas que já se encontram estáveis, ou seja, que não demostram mais alterações em suas dimensões (CORSINI, 2010).

Quanto às causas desses fissuramentos, Vitório (2003, p. 23) ressalta algumas das mais usuais, quais sejam: “[...] a cura mal realizada, a retração, a variação de temperatura, a agressividade do meio ambiente, o carregamento, os erros de concepção, o mal detalhamento do projeto, os erros de execução, os recalques dos apoios e os acidentes.”. Outro fator responsável pelo aparecimento de fissuras é a má execução das técnicas construtivas (MUCI, NETTO e SILVA, 2013). Do mesmo modo Thomaz (1989), evidencia algumas causas desses fissuramentos como demostra o quadro abaixo:

Quadro 03 – Causas, mecanismo de formação e configurações típicas de fissuramento

(continua) Causas Mecanismo de formação Configurações típicas

Por movimentações térmicas

Os elementos e componentes de uma construção estão sujeitos a variações de temperatura, sazonais e diárias. Os movimentos de dilatação e contração são restringidos pelos diversos vínculos que envolvem os elementos e componentes,

desenvolvendo-se nos

materiais.

-Fissuras inclinadas;

-Fissura com abertura regular no topo da parede;

-Trincas verticais; -Fissuras regularmente passada no piso externo;

Por movimentações higroscópicas

As mudanças hidroscópicas

provocam variações

dimensionais dos materiais porosos que integram os elementos e componentes da construção. O aumento do teor de umidade produz uma expansão do material enquanto que a diminuição desse teor provoca uma contração, no caso da existência de vínculos que

impeçam essas

movimentações poderão ocorrer as fissuras.

-Trincas horizontais na alvenaria provenientes da expansão dos tijolos;

- Trincas verticais

provenientes da expansão dos tijolos por absorção de umidade;

-Destacamento entre

argamassa e componentes de alvenaria;

Por atuação de sobrecargas

A atuação de sobrecarga pode produzir a fissuração de componentes estruturais, tais como pilares, vigas e paredes. Essas sobrecargas atuantes podem ter sido consideradas no projeto estrutural, caso em que a falha decorre da execução ou do próprio cálculo estrutural, como pode também estar

ocorrendo por uma

sobrecarga superior da prevista.

- Fissuras ramificadas na base da viga;

- Trincas horizontais a meia altura de painel pré-moldado de concreto armado;

-Trincas inclinadas devido a torção da laje;

(Continuação)

Causas Mecanismo de formação Configurações típicas

Por deformabilidade excessiva de estruturas de

concreto armado

A deformação causada por solicitações de compressão (pilares), cisalhamento ou torção; a ocorrência de flechas em componentes fletidos tem causado, entretanto, repetidos e graves transtornos em edifícios.

- Trincas em parede de

vedação: deformação

maior que a deformação que a viga superior;

-Fissuração de uma parede com abertura de janela; - Trinca horizontal na base da parede;

Por recalques de fundação

Os solos são constituídos basicamente por partículas sólidas, entremeadas por água, ar e não raras vezes material orgânico. Sob efeito de cargas externas todos os solos, em maior ou menor proporção, se deformam. No caso em que estas deformações sejam diferenciadas ao longo do plano das fundações,

tensões de grande

intensidade serão

introduzidas na estrutura da mesma, podendo gerar o aparecimento de trincas. -Fissuras de flexão na alvenaria; -Trincas inclinadas na direção do pilar; -Fissura de recalque vertical; -Fissura de recalque horizontal;

-Fissura com inclinação típica em aberturas;

Por retração de produtos à base de cimento

Em função da

trabalhabilidade

necessária, os concretos e argamassas normalmente são preparados com água em excesso, o que vem acentuar a retração.

-Fissuras horizontais nos pilares;

- Fissuras horizontais em lajes;

-Fissuração generalizada em aberturas;

Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.

De uma maneira geral, se deve executar a restauração de tais fissurações somente após a realização de todas as verificações necessárias e a minimização ou eliminação dos agentes causadores (mecanismo de ocorrência) das manifestações patológicas (ZANZARINI, 2016). Além disso, Thomaz (1989, p. 159) salienta que “a forma de recuperação deverá basear- se sempre nas medidas preventivas, quanto maior a aproximação entre a medida preventiva recomendada e a solução corretiva adotada, maior será a eficiência do reparo”.

Dessa forma, após a realização dos itens acima citados, deve-se iniciar a reabilitação e reforços das paredes ou demais locais em que as referidas anomalias estiverem instaladas.

Sendo assim, as técnicas utilizadas com maior frequência, de acordo com Thomaz (1989), são: recuperação com grampos de fixação, argamassa armada ou reboco armado, criação de juntas de revestimento e substituição das peças danificadas, substituição de revestimento (reboco e emboço), recuperação de revestimentos rígidos, aplicação de tela de náilon ou polipropileno, injeção de resina epóxi, utilização de tela metálica ou a interseção de bandagem de dessolidarização, recuperação com selantes flexíveis, restauração com pintura acrílica, aplicação de telas metálicas e colocação de vigas e colunas de aço.

Em vista disso, compreende-se a relevância da identificação e restauração das manifestações patológicas de fissuramento, partindo do princípio que a não reabilitação dessas estruturas podem comprometer toda sua segurança, ocasionando maiores problemas futuros e colocando em cheque a edificação.

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