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Investigação das manifestações patológicas mais incidentes nas edificações escolares da rede municipal de Tubarão/ SC

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Academic year: 2021

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JULIA WAPPLER

INVESTIGAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MAIS INCIDENTES NAS EDIFICAÇÕES ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE TUBARÃO/SC

Tubarão 2018

FERNANDA JÉSSICA DE OLIVEIRA TAVARES JULIA WAPPLER

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INVESTIGAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MAIS INCIDENTES NAS EDIFICAÇÕES ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE TUBARÃO/SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Msc. Rennan Medeiros

Tubarão 2018

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Dedicamos a realização desse trabalho aos nossos pais que se fazem presentes em todos os momentos de nossas vidas, nos guiando e incentivando para que possamos atingir todos os nossos objetivos. Aos nossos irmãos que são pessoas essenciais em nossas vidas e aos nossos namorados que nos acompanharam e incentivaram durante toda nossa trajetória.

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É certa a impossibilidade de fazermos alguma coisa, qualquer coisa, sozinhos. Sempre há um pouquinho ou mesmo muito de outras pessoas naquilo que somos, pensamos e fazemos. Nesse sentido, acredito que este trabalho final possui um caráter muito maior que o pedagógico e o educacional, ganhando uma importância, sobretudo, simbólica. Simboliza um conjunto de esforços de várias pessoas que me proporcionaram a oportunidade de estar aqui, agora, escrevendo as últimas palavras do fim de um ciclo que me fez uma profissional, uma estudante e, sobretudo, uma pessoa melhor. Por isso, é reconhecendo e valorizando cada um desses esforços que, brevemente, deixo aqui meus agradecimentos.

Primeiramente, agradeço a Deus por conceder-me sabedoria e discernimento para concluir esta tarefa considerada, por mim, tão importante e árdua.

Agradeço meu pai, Fabrício, por todo o apoio e carinho para comigo durante toda essa trajetória, sempre me orientando e incentivando a cada obstáculo que surgia, fazendo-me enxergar que tudo tem seu tempo e quão forte eu podia ser mesmo estando distante da família. Agradeço minha mãe, Cristina, por ter sido a melhor mãe desse mundo durante todo o seu tempo de vida e que infelizmente nos deixou no meio da minha graduação, mas que sempre esteve viva e presente dentro do meu coração. O fechamento desse ciclo é um sonho nosso, e essa vitória é por você e para você.

Agradeço meus irmãos, Ygor e Jayanne, por sempre estarem ao meu lado e serem meus alicerces nos momentos mais difíceis de minha vida, amo-os e tenho imensa gratidão por todos esses anos de convivência e parceria.

Agradeço meu namorado, Murilo, por todo apoio, companheirismo, parceria e paciência durante todos esses anos e principalmente nos últimos quatro anos em que me mantive morando longe dos meus familiares. Ele que me acompanha até mesmo antes da graduação, foi fundamental para o meu desenvolvimento durante todo o decorrer da mesma, sempre me auxiliando e ajudando no que foi preciso. Não teria conseguido sem você, te amo.

Agradeço meus tios, Janaína e Ricardo, por toda a dedicação e cuidado nesses anos em que estive morando aqui em Tubarão, vocês foram minha representação de família, me fortalecendo para a concretização desse sonho.

Agradeço minha parceira de jornada e amiga, Julia, pela total parceira e dedicação durante não só a realização deste trabalho, mas também na graduação como todo. Contrariando a tudo e a todos fizemos esse trabalho em dupla e tenho certeza que não poderia ter escolhida uma parceira melhor. Obrigada por toda a paciência e companheirismo. Cumprimos nosso papel com maestria.

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paciência e dedicação, sempre nos auxiliando e nos impulsionando a sermos melhores.

Que o ciclo que se encerra abra as portas para tantos outros e que, a partir deles, eu possa retribuir, com toda a honestidade e carinho que me cabe, a cada uma dessas pessoas que, individualmente e conjuntamente, representam tanto na minha vida.

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No início da faculdade, não sabia qual curso que eu gostaria de fazer. Hoje, depois de cinco anos, nunca tive tanta certeza de ter escolhido o curso certo. É como se fosse um quebra cabeça da minha vida e esse se encaixou perfeitamente no que eu queria. Sinto-me orgulhosa e feliz.

Gostaria de agradecer a Deus, por todos os dias que pedi proteção e força, na qual nunca me deixou faltar. Como diz a música do Padre Marcelo Rossi, que me acompanhou em muitas noites, “O mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo”. Todas as vezes que eu pensei em desistir você esteve ao meu lado.

À minha mãe, a qual é a pessoa que dedico todas as minhas conquistas.

À minha família que sempre me apoiou, incentivando-me e confiando no meu potencial.

Ao meu amor, Jean. Obrigada por tudo que fizesse por mim, você foi a pessoa que mais me incentivou em todos os meus sonhos e objetivos, sem você não sei se conseguiria alcançá-los. Obrigada, eu amo muito você!

À Fernanda, agradeço pela parceria do TCC e de todo o curso que esteve ao meu lado. Não poderia ter escolhido uma parceira melhor. Obrigada por todos os momentos e amizade.

Minha gratidão a vocês, professores, que repartiram seus conhecimentos colocando em nossas mãos as ferramentas com as quais abriremos novos horizontes. Principalmente ao meu orientador de estágio, iniciação científica e TCC, Rennan Medeiros.

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“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não houver flores, valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas, valeu a intenção da semente.” (Henfil)

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Este trabalho tem como objetivo geral determinar o diagnóstico das manifestações patológicas mais incidentes em edificações utilizadas para funcionamento das escolas básicas da rede municipal de Tubarão/SC. Para tanto, os seguintes objetivos específicos foram buscados: a) levantar as localizações, a quantidade, o tipo de edificação e o tempo de funcionamento das escolas básicas da rede municipal de Tubarão; b) identificar os principais problemas patológicos incidentes nessas escolas; c) apontar seus possíveis sintomas, causas, origens, mecanismo de ocorrência e prognóstico; d) propor uma possível solução para as manifestações patológicas mais incidentes e e) ordenar o grau de gravidade de cada edificação escolar com base nas investigações realizadas. Nesse intuito, quanto a sua metodologia, essa pesquisa trabalhou com uma amostra de treze das quatorze escolas da rede pública municipal da cidade e caracteriza-se enquanto uma pesquisa de campo, qualitativa e exploratória. Como resultado, os objetivos propostos foram alcançados, tendo sido diagnosticadas as manifestações patológicas mais incidentes nas edificações pesquisadas e apontado, em relação a tais manifestações, possíveis causas, possíveis origens, reparos sugeridos e prognóstico, além de terem sido classificadas de acordo com sua gravidade. Como conclusão, apontou-se a precariedade da maioria das estruturas das edificações escolares da rede pública de Tubarão/SC, de modo que há uma necessidade iminente de maior atenção por parte das autoridades da administração pública municipal para com elas e futuros projetos.

Palavras-chave: Manifestações patológicas. Edificações escolares. Construção civil. Desempenho.

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The general objective of this work is to determine the diagnosis of pathological manifestations of higher incidence to buildings used for the operation of the basic schools of the municipal network of Tubarão / SC. To achieve this, the following specific objectives were sought: a) to set up the locations, quantity, type of construction and time of operation of the basic schools of the municipal network of Tubarão; b) to identify the main pathological problems in these buildings; c) to point out its possible symptoms, causes, origins, occurrence mechanisms and prognosis; d) to propose a possible solution for the most incidental pathological manifestations and e) to order the severity degree of each school building based on the investigations carried out. In this regard, in relation to its methodology, this research worked with a sample of thirteen of the whole fourteen schools of the city's basic schools and is characterized as a qualitative, exploratory and field research. About the research results, the proposed objectives were reached and it was diagnosed the most incidental pathological manifestations in the buildings studied, besides pointed out, in relation to such manifestations, possible causes, possible origins, suggested repairs, possible prognosis and a sugestion of classification of each one of the pathological manifestations according to their severity. Regarding the conclusion, it was pointed out the precariousness of most of the school buildings in the public network of Tubarão / SC, so that there is an imminent need for greater attention on the part of the municipal public administration authorities towards them and future building projects.

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Figura 01 – Distribuição relativa da incidência de manifestações patológicas em estruturas com

relação as etapas de produção e uso nas obras civis ... 25

Figura 02 – Mapa de localização de Tubarão/SC ... 31

Figura 03 – Mapa de localização das escolas municipais de ensino básico de Tubarão/SC .... 46

Figura 04 – Quantidade de escolas inauguradas por décadas ... 49

Figura 05 – Quantidade de escolas por tipo de estrutura ... 51

Figura 06 – Quantidade de escolas com presença de cupins ... 52

Figura 07 – Quantidade de escolas com manchas de umidade... 53

Figura 08 – Quantidade de escolas com o projeto compatível para ser edificação escolar ... 54

Figura 09 – C.E.I. Feliciana Corrêa da Silva ... 54

Figura 10 – E. E. B. Luís Pacheco dos Reis ... 55

Figura 11 – Quantidade de escolas com projetos alterados se comparados com o original ... 56

Figura 12 – Quantidade de manifestações patológicas diferentes encontradas por escola ... 57

Figura 13 – Número de escolas por tipo de manifestação patológica ... 58

Figura 14 – Manchas de umidade na laje ... 60

Figura 15 – Descascamento de pintura ... 61

Figura 16 – Descolamento de placas cerâmicas ... 62

Figura 17 – Fissura horizontal ... 63

Figura 18 – Fissura vertical ... 64

Figura 19 – Fissura transversal ... 65

Figura 20 – Deterioração da estrutura do telhado/forro ... 66

Figura 21 – Mofo ... 67

Figura 22 – Corrosão ... 68

Figura 23 – Eflorescência ... 69

Figura 24 – Umidade ascendente... 70

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Quadro 01 – Fatores endógenos, exógenos, naturais e funcionais ... 22

Quadro 02 – Sintomas mais comuns de fissuramento e classificação quanto ao tamanho da abertura ... 35

Quadro 03 – Causas, mecanismo de formação e configurações típicas de fissuramento ... 36

Quadro 04 – Etapas de recuperação da armadura com corrosão ... 43

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ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMUREL - Associação dos Municípios da Região de Laguna CEI – Centro de Educação Infantil

EMEB – Escola Municipal de Educação Básica

fck - Resistência Característica do Concreto à Compressão

IBAPE/SP- Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícia de São Paulo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

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1 INTRODUÇÃO... 18

1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA ... 18

1.2 OBJETIVOS ... 19

1.2.1 Objetivo geral ... 19

1.2.2 Objetivos específicos ... 19

1.3 RELEVÂNCIA SOCIAL E CIENTÍFICA DO ESTUDO ... 19

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 21

2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ... 21

2.1.1 Sintomas ... 22

2.1.2 Causas ... 23

2.1.3 Origens ... 24

2.1.3.1 Manifestações patológicas geradas nas etapas de planejamento e projeto ... 25

2.1.3.2 Manifestações patológicas oriundas de materiais utilizados ... 26

2.1.3.3 Manifestações patológicas geradas na etapa de execução ... 27

2.1.3.4 Manifestações patológicas geradas na etapa de utilização ... 28

2.1.4 Mecanismo de ocorrência ... 29

2.2 ESCOLAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA ... 30

2.2.1 Educação Básica ... 31

2.2.2 Estrutura escolar ... 32

2.2.3 Manifestações patológicas mais incidentes em edificações educacionais ... 33

2.2.3.1 Fissuramento... 34

2.2.3.2 Manchas de umidade ... 38

2.2.3.3 Bolor ... 39

2.2.3.4 Eflorescência ... 40

2.2.3.5 Descolamento de placas cerâmicas ... 41

2.2.3.6 Corrosão ... 42

2.2.3.7 Manifestações patológicas geradas por cupins ... 44

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 45

3.1 IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ... 45

3.2 A INVESTIGAÇÃO REALIZADA ... 46

3.3 TRATAMENTO DOS DADOS ... 47

4 ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 49

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4.2.1 Análise das manifestações mais incidentes... 59

4.3 ANÁLISE DO GRAU DE GRAVIDADE DAS EDIFICAÇÕES ESCOLARES ... 71

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 74

REFERÊNCIAS ... 76

APÊNDICES ... 81

APÊNDICE A – RELAÇÃO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE TUBARÃO... 82

APÊNDICE B – CHECKLIST ... 84

APÊNDICE C – DECLARAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO ... 85

APÊNDICE D – ESCOLA ARINO BRESSAN ... 86

APÊNDICE E - ESCOLA BOM PASTOR...86

APÊNDICE F - ESCOLA CLETO DA SILVA...87

APÊNDICE G - ESCOLA FAUSTINA DA LUZ PATRÍCIO...87

APÊNDICE H - ESCOLA FRANCELINO MENDES...88

APÊNDICE I - ESCOLA JOÃO HILÁRIO DE MELO...88

APÊNDICE J - ESCOLA JOÃO PAULO -CAIC...89

APÊNDICE K - ESCOLA MANOEL JOSÉ ANTUNES...89

APÊNDICE L - ESCOLA MANOEL RUFINO FRANCISCO...90

APÊNDICE M - ESCOLA PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHECK...90

APÊNDICE N - ESCOLA PROFESSORA MARIA EMÍLIA ROCHA...91

APÊNDICE O - ESCOLA SÃO JUDAS TADEU...91

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1 INTRODUÇÃO

Nesta seção, apresentam-se os elementos introdutórios ao trabalho em questão:

1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA

No Brasil, o avanço da construção civil no decorrer dos últimos anos não é uma novidade. Ressalvadas oscilações próprias de momentos de instabilidade econômica, o setor vem crescendo e se desenvolvendo de forma bastante ágil. Por outro lado, projetos não adequadamente elaborados, compatibilizados e detalhados, além de falhas no processo de execução implicam em déficits bastante significativos e negativos para a área.

Desta maneira, o aquecimento do ramo e o consequente aumento do número de obras fez com que a fase de projeto e execução passasse a ser uma preocupação secundária. A necessidade pela rápida entrega e minimização dos custos, ou seja, construir no menor tempo possível e com o mínimo de recursos, tornaram-se fatores mais importantes e até mesmo determinantes.

Por conta disso, tais falhas cometidas na fase de projeto e execução tendem a resultar no aparecimento de manifestações patológicas. Essas manifestações afetam de maneira negativa o desempenho da estrutura das edificações e, muitas vezes, podem até mesmo colocar em cheque seu conforto e segurança. Além disso, comprometem sua aparência e estética. Em outras palavras, podem afetar relevantemente aquilo que de mais primordial uma edificação oferece: um local seguro, confortável e agradável para os usuários.

Partindo desse princípio, pode-se observar construções civis com anomalias aparentes nos locais mais cotidianos, como edificações privadas e públicas. Nestas últimas, muitas vezes, somam-se aos déficits provenientes do processo de construção aos oriundos da falta de manutenções preventivas e corretivas. As escolas de caráter público e municipal se configuram como bons exemplos do exposto, já que, em sua maioria, quando observadas, mesmo que de forma genérica, constata-se certa situação de precariedade e até de esquecimento por parte da administração pública própria. Em Tubarão, Santa Catarina, há 46 escolas da rede municipal, sendo 14 Escolas Municipais de Educação Básica (EMEB) e 32 Centros de Educação Infantil (CEIs), número bastante considerável para o tamanho da cidade. Além disso, acrescenta-se o fato de que as autoras deste trabalho de conclusão de curso são ex-alunas de escolas da rede pública e, durante todo seu período escolar, acompanharam as condições precárias em que as mesmas se encontravam.

(18)

Diante do exposto, julga-se relevante indagar: quais os principais sintomas,

causas, origens, mecanismos de ocorrência e possíveis prognósticos das manifestações patológicas de maior incidência em edificações utilizadas para o funcionamento das escolas básicas da rede municipal de Tubarão/SC em investigação realizada no ano de 2018?

1.2 OBJETIVOS

Neste item são apresentados os objetivos geral e específicos desta pesquisa.

1.2.1 Objetivo geral

Determinar o diagnóstico das manifestações patológicas mais incidentes em edificações utilizadas para funcionamento das escolas básicas da rede municipal de Tubarão/SC.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Levantar as localizações, a quantidade, o tipo de edificação e o tempo de funcionamento das escolas básicas da rede municipal de Tubarão;

b) Identificar os principais problemas patológicos incidentes nestas escolas;

c) Apontar seus possíveis sintomas, causas, origens, mecanismo de ocorrência e prognóstico;

d) Propor uma possível solução para as manifestações patológicas mais incidentes nas escolas básicas municipais de Tubarão;

e) Ordenar o grau de gravidade de cada edificação escolar com base nas investigações realizadas.

1.3 RELEVÂNCIA SOCIAL E CIENTÍFICA DO ESTUDO

As manifestações patológicas são um dos problemas de maior magnitude na construção civil, podendo ser observadas em obras de caráter público e privado. O estudo em questão, ao tratar das anomalias mais incidentes em escolas básicas da rede municipal de ensino, assume uma importante relevância social. Isto porque permitirá que os leitores, tal como a comunidade local e a gestão pública, tenham conhecimentos sobre as reais condições destas

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edificações escolares. A partir disso, ficarão evidenciadas essas principais anomalias e suas causas.

Dentre as instituições sociais, as escolas possuem uma importância de destaque. Entretanto, não são lhes dada a devida atenção e relevância por parte das autoridades. Estima-se que, tanto acadêmicos e docentes de Engenharia Civil, quanto engenheiros atuantes e as próprias autoridades públicas, ao melhor conhecer a então situação das escolas, possam refletir sobre estratégias e políticas públicas que visem a qualificar seus processos de construção civil. Além disso, ao apontar possíveis soluções aos casos mais incidentes, além de evidenciar problemas, este trabalho também tem um caráter propositivo, isto é, se propôs a realizar proposições que visem a resolver os problemas evidenciados, levando em consideração a relação custo benefício para definição dos sistemas construtivos de recuperação determinados.

Por outro lado, este estudo também apresenta uma relevância acadêmico- científica, já que correlaciona o tema em estudo com sua incidência em edificações escolares. Desta forma, poderá servir, por exemplo, como material didático para disciplinas de cursos de Engenharia Civil e Arquitetura, bem como material de consulta para trabalhos de iniciação científica ou mesmo trabalhos de conclusão de curso que explorem temáticas semelhantes à aqui proposta.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo, serão apresentados os principais conceitos operatórios inerentes ao trabalho em questão, tal como as concepções de sintomas, causas, origens e mecanismos de ocorrência das manifestações patológicas. Em seguida, serão relatadas as condições das edificações escolares e abordado os problemas patológicos mais incidentes em edificações escolares da cidade de Tubarão, Santa Catarina.

2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Desde sempre, o homem tem se mostrado preocupado com as construções de estruturas adaptadas as suas necessidades, sejam elas de caráter habitacional, laboral ou de infraestrutura. Desta forma, a humanidade acumulou um grande acervo científico e técnico, permitindo a expansão de novas tecnologias no ramo da construção civil e maximizando seus conhecimentos sobre a tecnologia de materiais e de novos métodos construtivos. Com o referido crescimento e as necessidades de inovação na área, evoluiu-se historicamente nos processos de construção. Isso, de certa forma, implicou em maiores riscos, já que, tendo se ampliado os conhecimentos e técnicas sobre estruturas e materiais, surgiram novas necessidades, novas demandas, novos desafios e alguns tantos outros continuaram se aplicando e desafiando construtores e engenheiros. Exemplos desses desafios recorrentes são as falhas inerentes às construções, sejam elas involuntárias ou por imperícia, o que contribui para um desempenho insatisfatório de edificações quando comparados ao seu propósito inicial (SOUZA; RIPPER, 1998).

O desempenho insatisfatório dessas estruturas possivelmente origina manifestações patológicas que são estudadas por meio de uma ciência denominada Patologia das Construções, descrita da seguinte forma: “Patologia pode ser entendida como a parte da Engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema” (HELENE, 1992, p. 19).

Outra definição que pode ser dada para a patologia das edificações é defini-la como a ciência que estuda as causas, as origens, os sintomas, os mecanismos de ocorrência, as possíveis soluções e como evitar que qualquer componente de uma edificação deixe de atender os requisitos mínimos para quais foram projetados (CAPORRINO, 2015).

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Do mesmo modo, Iantas (2010, p. 18) define as manifestações patológicas como “modificações estruturais e/ou funcionais causadas por doença no organismo, ou seja, tudo que promove a degradação do material ou de suas propriedades físicas ou estruturais”.

É importante dizer que as anomalias construtivas e falhas nas edificações podem ocorrer de fatores endógenos, exógenos ou naturais que, quando somados aos fatores funcionais, como a falta de manutenção predial, podem ser causadores de danos pessoais e materiais significativos tanto aos usuários da edificação, quanto à sociedade em geral (SIQUEIRA et al, 2009). No quadro 01 pode-se observar a origem dos fatores mencionados. Quadro 01 – Fatores endógenos, exógenos, naturais e funcionais

Fatores Origens

Endógenos ou internos Provenientes de irregularidades, de projeto ou de execução, dos materiais utilizados ou, ainda, da combinação dessas etapas.

Exógenos ou externos

Provenientes da intervenção de terceiros na edificação, tais como os danos causados por vizinhos, choques de veículos em partes da edificação ou vandalismo, o que pode ameaçar seriamente a edificação, havendo a necessidade de imediata correção.

Naturais

Provenientes da imprevisível ação da natureza, tais como as excessivas descargas atmosféricas, as enchentes, os tremores de terras e outros.

Funcionais

Provocam falhas decorrentes de uso inadequado, envelhecimento ou falta de manutenção, tais como as sujidades e desgastes dos revestimentos e fachadas, as incrustações e corrosões das tubulações hidráulicas, cupins, infiltrações e outros.

Fonte: Adaptado de Siqueira et al, 2009, p. 21.

Diante do exposto, compreende-se que uma manifestação patológica pode ser proveniente de vários fatores. Para que se obtenha um tratamento adequado, necessita-se de um diagnóstico preciso e eficiente, onde se deve deixar explícito todos os aspectos da anomalia como: sintomas, causas, origens e mecanismo de ocorrência.

2.1.1 Sintomas

As manifestações patológicas nas edificações são fenômenos muito frequentes, elas podem se manifestar em variados grupos estruturais da construção, ou seja, podem surgir na fundação, nas alvenarias, nos pilares, nas vigas, nas lajes, nas coberturas, dentre outros locais (FREIRE, 2010).

Os problemas patológicos, com algumas exceções, apresentam características externas a partir das quais já se consegue deduzir sua natureza (s), origem (ns) e mecanismo (s)

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envolvido (s), podendo, assim, estimar-se um possível prognóstico e algumas prováveis soluções. Os sintomas também são denominados de lesões, defeitos ou manifestações

patológicas, podendo ser relatados e classificados a partir de minuciosas e experientes

observações visuais (HELENE, 1992).

Deste modo, evidencia-se que a manifestação patológica é o sintoma, ou seja, “fissura não é uma patologia, mas sim um sintoma cujo mecanismo de degradação poderia ser corrosão de armaduras, deformação excessiva da estrutura, reação álcali-agregado, e cuja terapia deve levar em conta as causas da doença” (FRANÇA et al. 2011, p. 02).

Os sintomas mais comuns e de maior incidência nas edificações são as fissuras, as desagregações, os deslocamentos, as falhas de concretagem, as eflorescências, as manchas de umidade, a corrosão de armaduras, o mau funcionamento de esquadrias e o bolor e/ou outros microrganismos (HELENE, 1992; LIMA, 2010).

Desta forma, a verificação dos sintomas torna-se imprescindível, pois é por meio dele que é diagnosticado possíveis causas e origens das anomalias em questão.

2.1.2 Causas

As causas das anomalias em edificações geralmente são analisadas de forma posterior à visualização de sintomas oriundos das mesmas.

Ao analisar uma estrutura doente, é totalmente necessário entender-se o porquê do surgimento e do desenvolvimento da presente manifestação patológica, procurando, assim, conhecer suas causas, origens e o mecanismo de ocorrência, não apenas para se executar os reparos exigidos, mas também para assegurar que, após o reparo, a estrutura não volte a se deteriorar (SOUZA; RIPPER, 1998).

Conforme Helene (1992, p. 22), “os agentes causadores dos problemas patológicos podem ser variados: cargas, variações de umidade, variações térmicas intrínsecas e extrínsecas ao concreto, agentes biológicos, incompatibilidade de materiais, agentes atmosféricos e outros”. Mediante ao exposto, evidencia-se que cada causa necessitará de uma específica terapia, de modo que a mesma seja a mais adequada e que proporcione um resultado eficiente e duradouro.

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2.1.3 Origens

O processo de construção de uma edificação envolve diversas etapas. Sendo assim, para que o resultado do produto seja satisfatório é preciso que as mesmas sejam cautelosamente executadas, uma vez que as origens das manifestações patológicas estão diretamente interligadas aos processos executivos dessas etapas.

Diante disso, Helene (1992, p. 20) menciona que o “processo de construção e uso pode ser dividido em cinco etapas, sendo elas: planejamento, projeto, fabricação de materiais e componentes fora do canteiro, execução propriamente dita e uso”.

Sob o mesmo ponto de vista, Vieira (2016, p. 05) ressalta que as “manifestações patológicas aos quais as edificações estão expostas podem ocorrer em qualquer fase, considerando que cada fase haverá um responsável”. Portanto, evidencia-se a importância da identificação adequada do problema, pois a partir dela, pode-se apontar em qual etapa do processo construtivo se originou a anomalia (HELENE, 1992).

Sendo assim, é possível indicar o responsável, já que, se o caso ocorreu na etapa de projeto, ou seja, por um projeto inadequado, cabe ao projetista se responsabilizar por tais falhas; se os problemas se originaram por falhas no processo construtivo, relacionado a falhas da mão de obra e à escolha dos materiais, o construtor ou até mesmo engenheiro de execução serão responsabilizados pelo mesmo; já se os problemas forem provenientes da falta de manutenção ou do uso inadequado, a responsabilidade será do usuário da edificação (VIEIRA, 2016).

Em muitos casos as manifestações patológicas quando percebidas ou diagnosticadas, geralmente, encontram-se em adiantado estado de desenvolvimento (LAPA, 2008). Portanto, adiar as intervenções dessas anomalias, pode resultar em maiores custos em progressão geométrica de razão cinco, assim aumentando o custo dessa correção e ficando até cinco vezes mais caro do que se o problema tivesse sido resolvido com antecedência (SITTER, 1983).

Na figura 01, ilustra-se a incidência dos problemas patológicos em relação às etapas de produção e uso das obras civis.

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Figura 01 – Distribuição relativa da incidência de manifestações patológicas em estruturas com relação as etapas de produção e uso nas obras civis

Fonte: Adaptado de Helene, 1992, p. 19.

Assim sendo, o diagnóstico das origens é de fundamental importância, principalmente quando considerado que, de modo geral, as manifestações patológicas são evolutivas e tendem a se agravar com o tempo, além de, potencialmente, gerar-se novos problemas decorrentes dos iniciais.

2.1.3.1 Manifestações patológicas geradas nas etapas de planejamento e projeto

As etapas de planejamento e projeto são vistas por diversos profissionais como fases extremamente importantes. O sucesso dessas fases está diretamente relacionado à qualidade e resultado do empreendimento, demonstrando, assim, que ele se manteve dentro dos parâmetros estabelecidos, sendo que o projeto nada mais é que a fase de planejamento colocada no papel. Eventuais falhas nessas fases geram inúmeras preocupações, já que um erro de grande e até mesmo de pequena proporção na fase de planejamento pode comprometer toda a estrutura projetada.

Em vista disso, evidencia que, apesar do projeto ser uma fase importante para o sucesso da edificação, verifica-se constantes falhas nesse processo. Deste modo, uma grande parte dos contratempos enfrentados durante o processo construtivo e uso da edificação origina-se de um projeto inadequado, ou origina-seja, da ausência de informações ou da incidência de falhas (BERTIZINI, 2006).

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Estudos destacam que cerca de 40% das manifestações patológicas diagnosticadas frequentemente em perícias poderiam não ocorrer na fase de projeto, ressaltando ainda que essas falhas dificilmente são corrigidas no canteiro de obra (GRANDISKI, 2004).

Souza e Ripper (1998) reafirmam o que fora atestado, constatando que diversas falhas são possíveis de se manifestarem no decorrer da fase de projeto. Elas podem se originar durante o estudo preliminar, na execução do anteprojeto ou durante a elaboração do projeto de execução. Segundo os autores:

Originadas de um estudo preliminar deficiente ou de anteprojetos equivocados, são responsáveis, principalmente, pelo encarecimento do processo de construção, ou por transtornos relacionados à utilização da obra, enquanto as falhas geradas durante a realização do projeto final de engenharia geralmente são as responsáveis pela implantação de problemas patológicos sérios e podem ser tão diversos como: elementos de projeto inadequado, falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, especificação inadequada de materiais, detalhamento insuficiente ou errado, falta de padronização de representações e erros de dimensionamento. (SOUZA; RIPPER, 1998, p. 24).

Com isso, destaca-se que um planejamento bem elaborado é imprescindível para o sucesso de um projeto. Deste modo, um projeto adequadamente elaborado pode não ser garantia de que as manifestações patológicas não ocorram, porém, essa fase se mostra de fundamental importância para que os mesmos sejam minimizados, evitando, assim, retrabalhos durante o processo de execução (LIMA, 2010).

2.1.3.2 Manifestações patológicas oriundas de materiais utilizados

As manifestações patológicas oriundas de materiais utilizados é uma falha que apresenta alto índice de incidência, sendo que em alguns casos será difícil classificar o problema como resultante desta causa (SOUZA; RIPPER, 1998).

As falhas decorrentes desses materiais podem ser classificadas como graves, já que as escolhas dos mesmos são de responsabilidades dos engenheiros ou responsáveis pela obra, representações e autoridades que, de fato, deveriam prezar pela qualidade da estrutura, escolhendo materiais de boa qualidade e procedência.

Segundo Freire (2010 p. 21), “o mercado, constantemente, é contemplado com novos materiais, os quais nem sempre são previamente avaliados para verificar se estão em concordância com os requisitos de critério e desempenho”. Ainda sob o mesmo ponto de vista, com relação aos materiais, muitas vezes suas propriedades, características e composições não correspondem ao que está sendo especificado em seus manuais e catálogos, levando, assim, a uma aplicação indevida dos materiais utilizados na obra (GUIMARÃES, 2003).

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Nos dias atuais, muitas construtoras utilizam materiais de baixa qualidade de forma antiética ou empregam materiais de forma inapropriada por falta de especialização técnica a fim de economizar no orçamento da obra. O autor cita, também, que a utilização de materiais genéricos, ou seja, apenas similares àqueles especificados em projeto, podem não atender ao mesmo desempenho pretendido para a função que foi destinado (PIANCASTELLI, 2005).

Souza e Ripper (1998, p. 33), apontam alguns casos mais incidentes de utilização incorreta de materiais, quais sejam:

1) Utilização de concreto com fck inferior ao especificado, quer no caso de encomenda errada ou de erro no fornecimento de concreto pronto, quer por erro em concreto virado na própria obra; 2) Utilização de aço com características diferentes das especificadas, quer em termos de categorias, quer de bitolas; 3) Assentamento das fundações em camadas de solo com capacidade resistente – ou com características, de uma maneira geral – inferior à requerida; 4) Utilização de agregados reativos, instaurando, desde o início, a possibilidade de geração de reações expansivas de concreto, e potencializando os quadros de desagregação e fissuração do mesmo; 5) Utilização inadequada de aditivos, alterando as características do concreto, em particular as relacionadas com resistência e durabilidade; 6) Dosagem inadequada do concreto, seja por erro no cálculo da mesma, seja pela utilização incorreta de agregados, do tipo cimento ou de água.

Em vista disso, percebe-se o quanto é importante se informar sobre a procedência e qualidade dos materiais que estão sendo utilizados, bem como seu modo de aplicação. Nota-se também que, decorrente da grande diversidade de materiais preNota-sentes no mercado atual, é imprescindível e necessário que os profissionais responsáveis especifiquem e controlem a utilização dos mesmos, fazendo com que as manifestações patológicas sejam minimizadas e garantindo, assim, o sucesso do empreendimento e consequentemente a satisfação dos clientes que investiram nele (GUIMARÃES, 2003).

2.1.3.3 Manifestações patológicas geradas na etapa de execução

No processo da etapa de execução, podem surgir inúmeras anomalias, portanto, deve-se ter o máximo de cautela ao iniciá-lo. Essas anomalias podem ser decorrentes de diversos fatores como: a ineficiência da mão de obra utilizada, a escassez de controle de qualidade para execução, as mudanças do projeto durante a fase de execução e etc. (IANTAS, 2010).

A incidência de problemas patológicos originadas na etapa de execução é basicamente devido ao processo de produção, que é diretamente afetado com os problemas socioeconômicos. Tais problemas provocam diminuição da qualidade técnica dos trabalhadores menos qualificados e até mesmo das pessoas com alto grau de qualificação profissional (SOUZA; RIPPER, 1998).

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Ainda conforme Souza e Ripper (1998, p. 24), “a sequência lógica do processo de construção civil indica que a etapa de execução deve ser iniciada apenas após o término da etapa de concepção, com a conclusão de todos os estudos e projetos que lhe são inerentes”.

Sendo assim, qualquer medida que não tenha sido inclusa no projeto e seja tomada no decorrer da fase de execução, incluindo nesse tempo a obra recém-construída, acarretará um custo cinco vezes maior ao custo inicialmente previsto se a mesma tivesse sido tomada à nível de projeto (HELENE, 1992). Além disso, umas das grandes causas da manifestação de anomalias durante ou após a etapa de execução seria o fato de muitas empresas, que atualmente possuem objetivos de se tornar mais competitivas, estarem buscando alternativas que ampliem a velocidade de suas obras. Porém, estas alternativas reduzem o período de execução da estrutura e, consequentemente, modificam o período de todos os processos que se englobam na etapa de execução (MEDEIROS, 2005). Isto é feito sem a troca por um processo construtivo mais rápido, mas sim acelerando as etapas construtivas do processo tradicional, com estruturas em concreto armado, e vedações com blocos, cerâmicos, de concreto, sílico-calcário entre outros, revestidos com argamassa a base de cimento Portland.

Conclui-se, assim, que podem ser inúmeras as causas do surgimento de anomalias provenientes da execução e que, quando se realiza esta etapa de forma adequada e cautelosa, minimizam-se os danos causados pela mesma e maximiza-se a qualidade e desempenho da estrutura, indo ao encontro da vida útil requerida e especificada no projeto.

2.1.3.4 Manifestações patológicas geradas na etapa de utilização

Após a finalização de todas as etapas construtivas e vistorias necessárias, finalmente são entregues as edificações para que, enfim, sejam habitadas por seus proprietários. Deste modo, mesmo que nenhuma anomalia seja gerada nas etapas construtivas e que a etapa de execução tenha sido adequadamente executada com materiais de alta qualidade, ainda assim, as edificações podem apresentar manifestações patológicas decorrentes da inapropriada utilização dos usuários ou pela falta de manutenção periódica adequada (SOUZA; RIPPER, 1998).

O uso indevido das estruturas pode ocorrer em consequência de diversos fatores, como: sobrecarga na estrutura em função da utilização da mesma para fins os quais não foi projetada; recebimento de cargas superiores às definidas em projeto; possíveis alterações estruturais executadas durante reformas; mudança de materiais de revestimento utilizados em reparos; limpeza com utilização de produtos agressivos e inadequados ou até mesmo a ausência

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de limpeza; falta de manutenção; ausência de inspeções periódicas e operações de reparo, recuperação ou reforço (PIANCASTELLI, 2005).

Tais fatores que implicam em problemas patológicos podem ser evitados quando informa-se aos usuários sobre as possibilidades e as limitações da obra (SOUZA; RIPPER, 1998). Por meio da posse e uso do manual do proprietário, onde constam todas as informações referentes ao imóvel, especificação de materiais utilizados no mesmo (marcas e tipos), localização das tubulações (elétricas e hidráulicas) e práticas de conservação da estrutura, o proprietário pode ter acesso às informações necessárias para o bom e correto uso de sua edificação. Além disso, o proprietário pode ter acesso ao manual do condomínio, manuseado, geralmente, pelo síndico do prédio e sendo utilizado como auxílio para manutenção e conservação do mesmo.

Outro fator determinante para o surgimento das referidas manifestações patológicas é a falta de disponibilidade de verbas para manutenção preventiva ou corretiva. Esse fator torna-se responsável pelo surgimento dessas manifestações, implicando em gastos excessivos ou, em casos mais complexos, pode resultar na demolição da estrutura (HIRT, 2014).

Por fim, salienta-se a importância do uso adequado da edificação por parte de seus usuários, juntamente às inspeções periódicas e manutenções. Além disso, toda e qualquer mudança realizada na estrutura deve ser informada e acompanhada por um especialista, preferencialmente pelo engenheiro projetista e de execução responsável pela edificação.

2.1.4 Mecanismo de ocorrência

Os mecanismos de ocorrência de um problema patológico, conforme Helene (1992 p. 20) são denominados em “linguagem jurídica de vício oculto ou vício de construção”. Esses mecanismos decorrem de um processo, ou seja, de um mecanismo. Assim, é fundamental conhecer o mecanismo do problema para que o mesmo receba uma terapia adequada.

Sem a correta identificação do mecanismo de ocorrência de determinado problema patológico, a terapia utilizada poderá não dar conta de sanar totalmente o problema que, preponderantemente, irá se manifestar novamente. Isto poderá provocar uma deterioração muito mais expressiva no sistema que compõe a edificação, onde o problema está instalado. A identificação do mecanismo de ocorrência geralmente é feita por um profissional com expertise no material ou no sistema construtivo onde o problema está instalado.

Com isso, pode-se eleger a identificação do mecanismo de ocorrência como uma das principais etapas de uma inspeção de diagnóstico. Enquanto a origem identificará onde o

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problema começou, e a causa mostrará o que desencadeou a manifestação do problema, o mecanismo de ocorrência mostrará como o problema está funcionando e qual o prognóstico se mantida a condição atual. Isto possibilitará a identificação correta do diagnóstico, proporcionando o estabelecimento da técnica de recuperação mais adequada.

2.2 ESCOLAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Na introdução deste trabalho, trabalhou-se a ideia de economia da construção civil, onde o elemento econômico-monetário sobrepõe-se ao desempenho dos processos construtivos, colocando em risco a segurança e o conforto das pessoas em prol da redução de custos e maior lucro dos empreendedores investidores da edificação. No que tange à seara da educação, vários autores parecem acusar um fenômeno parecido.

Paulo Freire (2006), um pedagogo brasileiro de referência internacional, por exemplo, vai falar sobre a educação bancária, aquela de metodologia estanque, inflexível e não dialógica, voltada para formar profissionais muito mais que para formar cidadãos conscientes, conhecedores e capazes de refletir e questionar a realidade a sua volta. O alemão Theodor Adorno (1995), expoente da filosofia no século XX, atesta que a educação só faz sentido se for voltada para a autorreflexão crítica. Deve-se superar o que ele chama de consciência

coisificada, isto é, uma materialização de tudo, como se as pessoas fossem pessoas tecnológicas mais que, simplesmente, pessoas. Achyle Mbembe (2016), um professor e

pesquisador camaronês, diz que os estudantes são tratados enquanto clientes e consumidores e a educação como um produto.

Nesse sentido, o problema da materialização em meio a um contexto de minimização de custos e maximização de lucros, muito menos voltada para o real objetivo social das coisas que seu sentido econômico, não é uma prerrogativa do setor da construção civil. Ao contrário: perpassa várias áreas da sociedade.

É também a partir dessa ideia e preocupação que se julga interessante tratar as escolas municipais da cidade de Tubarão, Santa Catarina, em suas características estruturais e de construção. Para tanto, faz-se necessário conhecer um pouco melhor a realidade e prática das escolas tubaronenses, conforme as subseções que seguem.

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2.2.1 Educação Básica

O Brasil possui 183.743 escolas de educação básica, sendo que 113.455 (61.75%) são escolas municipais (INEP, 2017). De acordo com a Lei nº 9.394 (1996), as escolas de educação básica são divididas em três sistemas, os quais possuem finalidades próprias e formas de organização variadas:

Educação Infantil - Art. 29: a educação infantil tem como finalidade o

desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade;

Ensino Fundamental - Art. 32: o ensino fundamental obrigatório, com duração de 9

(nove) anos, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão; Ensino Médio - Art. 35: o ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos.

O município de Tubarão, cidade do estudo em questão, está localizado na região sul de Santa Catarina, tendo sido criado no dia 27 de maio de 1870. O referido é sede da Associação dos Municípios da Região de Laguna (Amurel), formado por 17 municípios (PREFEITURA DE TUBARÃO, 2017). Desde o último censo, estimado em 2017, Tubarão possui uma população de, aproximadamente, 104.457 pessoas, com densidade demográfica de 322,23 hab/km2 e com uma área territorial de 301,755 km² (IBGE, 2017). Na figura 02, ilustra-se um mapa com a localização da cidade.

Figura 02 – Mapa de localização de Tubarão/SC

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A cidade possui, ainda, 121 escolas, das quais 46 (38%) são municipais de ensino básico, segundo dados do Censo Escolar de 2017 (INEP, 2017). Além disso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

Em 2015, os alunos dos anos iniciais da rede pública da cidade tiveram nota média de 5.9 no IDEB. Para os alunos dos anos finais, essa nota foi de 5. Na comparação com cidades do mesmo estado, a nota dos alunos dos anos iniciais colocava esta cidade na posição 170 de 295. Considerando a nota dos alunos dos anos finais, a posição passava a 101 de 295. A taxa de escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) foi de 98.8% em 2010. Isso posicionava o município na posição 99 de 295 dentre as cidades do estado e na posição 834 de 5570 dentre as cidades do Brasil.

Nesse sentido, Tubarão está em um processo de desenvolvimento, já que progrediu, relevantemente, mostrando uma posição de escolarização satisfatória em relação a outras tantas cidades brasileiras, assim, como quando comparada aos demais municípios catarinenses, encontrando-se em uma posição consideravelmente boa, em relação a sua taxa de escolarização. Na tabela 01, observa-se a quantidade de alunos das escolas da rede municipal de Tubarão no decorrer dos últimos três anos.

Tabela 01 – Alunos da Rede Municipal de Educação – Tubarão/SC

ANO EDUCAÇÃO INFANTIL ENSINO FUNDAMENTAL1 TOTAL 2016 2996 2799 5765 2017 3154 2767 5921 2018 3243 2753 5996

1 A diminuição da quantidade de alunos do Ensino Fundamental deu-se pela transferência dos mesmos para Rede Estadual de

Ensino.

Fonte: Modificado da Secretaria de Educação, 2018.

Deste modo, conclui-se que o município de Tubarão possui um considerável número de escolas e, também, número de alunos, sendo assim, demonstra-se a importância de a cidade possuir escolas com estruturas adequadas e dentro dos parâmetros que as considerem um ambiente seguro e propício ao ensino.

2.2.2 Estrutura escolar

A escola é Patrimônio Público e, consequentemente, deve ser bem cuidada, ou seja, ela é um bem comum de todos, assim, todos são responsáveis por zelar por sua manutenção e boas condições (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2018). Além disso, evidencia-se que a infraestrutura escolar pode exercer uma influência sobre a qualidade da educação. Desta forma, entende-se que edificações e instalações apropriadas, podem melhorar o desempenho acadêmico dos alunos (SÁ; WERLE, 2017).

Partindo desse princípio, a grande preocupação com o local apropriado para o desenvolvimento de tarefas escolares deve se entender a estrutura dos prédios escolares, como

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eles acomodam alunos com a intenção de adquirir conhecimentos, o mesmo deve apresentar condições mínimas para recebê-los. Com isso, é indispensável que as estruturas dos prédios escolares se encontrem apropriados, proporcionando as condições necessárias de aprendizagem (SILVA; SANTOS, 2016).

Por conta disto, toda intervenção ocorrida na estrutura do edifício escolar deve ser submetida a uma avaliação técnica por um engenheiro responsável para que alcance o resultado desejado, pois o que está relacionado vai além dos aspectos formais e funcionais. Além disso, é fundamental que o ambiente escolar seja visto como um espaço de todos, assim todos têm o dever da preservação e manutenção da escola (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ, 2018).

Por outro lado, as escolas não possuem um plano de inspeção e manutenção preventiva, o que deveria ser repensado, sendo estabelecido conforme a NBR 15575 (ABNT, 2013), norma que determina critérios técnicos para requisitos importantes de edificações, evidenciando o desempenho acústico e térmico, durabilidade, garantia e vida útil da estrutura. A referida norma possui um documento onde constam informações necessárias para auxiliar os usuários da edificação no seu uso, preservação e manutenção. Segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013, p. 09), “também conhecido como manual do proprietário, quando aplicado para as unidades autônomas, e manual das áreas comuns ou manual do síndico, quando aplicado para as áreas de uso comum”. Sendo assim, se as edificações escolares seguissem os critérios de desempenho estabelecidos para edificações residenciais pela citada norma, a preservação e manutenção dessas estruturas seria uma tarefa mais fácil e alcançável.

Em virtude do exposto e toda preocupação referente as condições de utilização da infraestrutura das escolas de ensino básico, na próxima subseção serão evidenciadas as manifestações patológicas mais incidentes manifestadas nas escolas municipais de ensino básico de Tubarão, onde posteriormente, serão relatados possíveis terapias e prognósticos que tragam soluções economicamente viáveis para a adequação destas edificações ao desempenho mínimo satisfatório.

2.2.3 Manifestações patológicas mais incidentes em edificações educacionais

A identificação das manifestações patológicas, como dito anteriormente, é de fundamental importância. Para que isso se realize, conta-se com o auxílio das inspeções prediais. A inspeção predial, de acordo com Siqueira et al. (2009, p. 25), pode “ser entendida

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como uma avaliação técnica do estado de conformidades de uma edificação, com base nos aspectos de desempenho, vida útil, segurança, estado de conservação e manutenção [...].”.

Conforme a Norma de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícia de São Paulo (IBAPE/SP, 2012), a inspeção predial propicia uma avaliação sistêmica das edificações. Essa avaliação deve ser executada por profissionais capacitados, onde serão classificadas as conformidades e não conformidades identificadas na edificação, de acordo com suas origens grau de risco e sendo realizadas indicações de reparos necessários para a manutenção geral ou parcial da edificação. Sob o mesmo ponto de vista, Gomide, Neto e Gullo (2009, p. 121) destacam que “a inspeção pode ser considerada como uma vistoria mais aprimorada devido ao caráter interpretativo já abordado, motivo de ser melhor conceituada como uma análise”.

Por meio da realização desse processo, é possível identificar o objeto de estudo desta pesquisa como as manifestações patológicas mais incidentes em edificações das escolas básicas da rede municipal de Tubarão/SC, conforme melhor descrito a seguir.

2.2.3.1 Fissuramento

As manifestações patológicas observadas com mais incidência em alvenarias, vigas, pilares, lajes, pisos e demais elementos, são as fissuras, trincas e rachaduras. Essas manifestações patológicas são causadas, principalmente, por tensões atuantes nos materiais, ou seja, quando eles são solicitados a uma tensão maior do que podem suportar. Isso provoca uma abertura, que é classificada de acordo com sua espessura (OLIVEIRA, 2012).

Ainda sob o mesmo ponto de vista, Muci, Netto e Silva (2013) salientam que a anomalia de fissuração é de grande interesse nos diversos setores que englobam a engenharia civil, pois a mesma está diretamente relacionada a resistência dos materiais. Sendo assim, o seu surgimento pode provocar altos custos no período pós-obra e provocar transtornos para os proprietários dos imóveis.

Segundo Vitório (2003, p. 25), “um dos sintomas mais comuns é o aparecimento de fissuras, trincas, rachaduras e fendas e podem ser classificadas das seguintes formas”, conforme o quadro 02 abaixo:

(34)

Quadro 02 – Sintomas mais comuns de fissuramento e classificação quanto ao tamanho da abertura

Sintomas Descrição

Fissura

Abertura em forma de linha que aparece nas superfícies de qualquer material sólido, proveniente da ruptura sutil de parte de sua massa, com espessura de até 0,5mm.

Trinca

Abertura em forma de linha que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de evidente ruptura de parte de sua massa, com espessura de 0,5mm a 1,00mm.

Rachadura

Abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, podendo-se ver através dela e cuja espessura varia de 1,00mm até 1,5mm.

Fenda

Abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, com espessura superior a 1,5mm.

Fonte: Adaptado de Vitório, 2003, p. 25.

Os sintomas descritos no quadro 02, que também podem ser chamados de aberturas, podem ou não se movimentar: quando isso acontece, chama-se de aberturas ativas, quando não, chama-se de aberturas passivas. As ativas são as aberturas que se movimentam, fazendo com que suas dimensões sejam alteradas ao longo do tempo, ou seja, são progressivas. Já as aberturas passivas são aquelas que já se encontram estáveis, ou seja, que não demostram mais alterações em suas dimensões (CORSINI, 2010).

Quanto às causas desses fissuramentos, Vitório (2003, p. 23) ressalta algumas das mais usuais, quais sejam: “[...] a cura mal realizada, a retração, a variação de temperatura, a agressividade do meio ambiente, o carregamento, os erros de concepção, o mal detalhamento do projeto, os erros de execução, os recalques dos apoios e os acidentes.”. Outro fator responsável pelo aparecimento de fissuras é a má execução das técnicas construtivas (MUCI, NETTO e SILVA, 2013). Do mesmo modo Thomaz (1989), evidencia algumas causas desses fissuramentos como demostra o quadro abaixo:

(35)

Quadro 03 – Causas, mecanismo de formação e configurações típicas de fissuramento

(continua) Causas Mecanismo de formação Configurações típicas

Por movimentações térmicas

Os elementos e componentes de uma construção estão sujeitos a variações de temperatura, sazonais e diárias. Os movimentos de dilatação e contração são restringidos pelos diversos vínculos que envolvem os elementos e componentes,

desenvolvendo-se nos

materiais.

-Fissuras inclinadas;

-Fissura com abertura regular no topo da parede;

-Trincas verticais; -Fissuras regularmente passada no piso externo;

Por movimentações higroscópicas

As mudanças hidroscópicas

provocam variações

dimensionais dos materiais porosos que integram os elementos e componentes da construção. O aumento do teor de umidade produz uma expansão do material enquanto que a diminuição desse teor provoca uma contração, no caso da existência de vínculos que

impeçam essas

movimentações poderão ocorrer as fissuras.

-Trincas horizontais na alvenaria provenientes da expansão dos tijolos;

- Trincas verticais

provenientes da expansão dos tijolos por absorção de umidade;

-Destacamento entre

argamassa e componentes de alvenaria;

Por atuação de sobrecargas

A atuação de sobrecarga pode produzir a fissuração de componentes estruturais, tais como pilares, vigas e paredes. Essas sobrecargas atuantes podem ter sido consideradas no projeto estrutural, caso em que a falha decorre da execução ou do próprio cálculo estrutural, como pode também estar

ocorrendo por uma

sobrecarga superior da prevista.

- Fissuras ramificadas na base da viga;

- Trincas horizontais a meia altura de painel pré-moldado de concreto armado;

-Trincas inclinadas devido a torção da laje;

(36)

(Continuação)

Causas Mecanismo de formação Configurações típicas

Por deformabilidade excessiva de estruturas de

concreto armado

A deformação causada por solicitações de compressão (pilares), cisalhamento ou torção; a ocorrência de flechas em componentes fletidos tem causado, entretanto, repetidos e graves transtornos em edifícios.

- Trincas em parede de

vedação: deformação

maior que a deformação que a viga superior;

-Fissuração de uma parede com abertura de janela; - Trinca horizontal na base da parede;

Por recalques de fundação

Os solos são constituídos basicamente por partículas sólidas, entremeadas por água, ar e não raras vezes material orgânico. Sob efeito de cargas externas todos os solos, em maior ou menor proporção, se deformam. No caso em que estas deformações sejam diferenciadas ao longo do plano das fundações,

tensões de grande

intensidade serão

introduzidas na estrutura da mesma, podendo gerar o aparecimento de trincas. -Fissuras de flexão na alvenaria; -Trincas inclinadas na direção do pilar; -Fissura de recalque vertical; -Fissura de recalque horizontal;

-Fissura com inclinação típica em aberturas;

Por retração de produtos à base de cimento

Em função da

trabalhabilidade

necessária, os concretos e argamassas normalmente são preparados com água em excesso, o que vem acentuar a retração.

-Fissuras horizontais nos pilares;

- Fissuras horizontais em lajes;

-Fissuração generalizada em aberturas;

Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.

De uma maneira geral, se deve executar a restauração de tais fissurações somente após a realização de todas as verificações necessárias e a minimização ou eliminação dos agentes causadores (mecanismo de ocorrência) das manifestações patológicas (ZANZARINI, 2016). Além disso, Thomaz (1989, p. 159) salienta que “a forma de recuperação deverá basear-se basear-sempre nas medidas preventivas, quanto maior a aproximação entre a medida preventiva recomendada e a solução corretiva adotada, maior será a eficiência do reparo”.

Dessa forma, após a realização dos itens acima citados, deve-se iniciar a reabilitação e reforços das paredes ou demais locais em que as referidas anomalias estiverem instaladas.

(37)

Sendo assim, as técnicas utilizadas com maior frequência, de acordo com Thomaz (1989), são: recuperação com grampos de fixação, argamassa armada ou reboco armado, criação de juntas de revestimento e substituição das peças danificadas, substituição de revestimento (reboco e emboço), recuperação de revestimentos rígidos, aplicação de tela de náilon ou polipropileno, injeção de resina epóxi, utilização de tela metálica ou a interseção de bandagem de dessolidarização, recuperação com selantes flexíveis, restauração com pintura acrílica, aplicação de telas metálicas e colocação de vigas e colunas de aço.

Em vista disso, compreende-se a relevância da identificação e restauração das manifestações patológicas de fissuramento, partindo do princípio que a não reabilitação dessas estruturas podem comprometer toda sua segurança, ocasionando maiores problemas futuros e colocando em cheque a edificação.

2.2.3.2 Manchas de umidade

As manifestações patológicas oriundas de umidade podem surgir em variadas partes da edificação. Tais manifestações podem ocorrer nas paredes, nos pisos, nas fachadas e nas peças de concreto armado, dentre outros locais. Conforme Ripper (1996, p. 06),

A umidade é o maior inimigo das construções e da saúde dos seus ocupantes. E é justamente contra este mal que não se tomam muitos cuidados nas obras, por falta de conhecimentos das soluções corretas ou por falta de senso de responsabilidade, partindo-se para soluções mais baratas, mesmo por simples negligência do pessoal encarregado da execução. É de se admirar que justamente em regiões como a nossa, onde são frequentes chuvas em grandes quantidades e intensidades, notam-se frequentemente falhas neste particular. Principalmente nas residências, não é bem cuidada a proteção da alvenaria e dos pisos, contra a umidade, a negligência no tratamento dessa proteção é como que um crime contra a saúde dos ocupantes.

Quando há uma infiltração localizada em alguma região da edificação, essa água pode ao entrar em contato com o revestimento, ficar aderente e originar uma mancha. Caso a quantidade de água seja muito grande, esta pode virar uma goteira ou até mesmo fluir. Tal tipo de ocorrência não deixa de ser um defeito e não pode ser admitido em uma construção, já que a infiltração gera a umidade e isso, quando permanente, pode deteriorar qualquer material de construção e desvalorizá-lo (VERÇOZA, 1991). Ainda de acordo com o mesmo autor, vale ressaltar que existem outros tipos de mecanismos que geram a ocorrência da umidade, eles podem ser: umidade decorrente de intempéries, umidade por condensação, umidade ascendente por capilaridade e a umidade por infiltração, como foi citada acima.

Pode-se evidenciar, que as manchas de umidade são um dos sintomas mais frequentes nas edificações em geral, onde podemos observá-las no dia-a-dia e dificilmente uma edificação em algum momento de sua vida útil não apresentará esse sintoma. Além disso, a

(38)

presença da umidade pode trazer outros malefícios para a vida útil e para a estética da estrutura, pois elas podem desencadear outros problemas patológicos como, por exemplo, o descascamento de pinturas que passou a ser um problema visualizado cotidianamente nas edificações.

Deste modo, fica cada vez mais evidente a importância de uma edificação ser bem executada e devidamente impermeabilizada, para que a referida manifestação patológica não apareça, evitando assim, danos ao edifício e incômodo aos seus usuários.

2.2.3.3 Bolor

Atualmente, o bolor, que também é conhecido como mofo, é uma das manifestações patológicas mais recorrentes em processos judiciais. Nesses casos, geralmente, levanta-se a questão sobre de quem é a responsabilidade: da construtora, do responsável pela construção do imóvel, quem deve responder por isso ou trata-se de casos de descuido e uso impróprio por parte do proprietário? (KIEßL; SEDLBAUER, 2001).

De acordo com Shiwakawa et al. (1995, p. 02), as expressões de bolor ou o mofo “são empregados para descrever a colonização por diversas populações de fungo filamentosos sobre vários tipos de substratos, que vão desde os de gênero alimentício, até os mais diversos tipos de materiais, destacando-se aqui as argamassas inorgânicas”. Além disso, sob o ponto de vista do mesmo autor, o surgimento de fungos nos revestimentos das edificações pode causar alterações estéticas em tetos e paredes, gerando manchas indesejáveis de tonalidades escuras que podem levar até mesmo à desvalorização comercial do imóvel.

Além do fator estético, outros fatores devem ser considerados, como: a saúde e higiene do usuário, pois quando considerado que os fungos podem ser alergênicos e que os mesmos favorecem a proliferação de doenças respiratórias como renite e asma; os níveis de desempenho térmico da edificação, considerando que a umidade ajuda na elevação da condutibilidade térmica dos materiais; e a durabilidade dos materiais e do próprio edifício, levando em consideração que a umidade pode ocasionar processos de deterioração na estrutura (OLIVEIRA; MOREIRA; FILHO, 2006).

A referida anomalia apenas aparecerá se as condições para sua formação forem propícias, ou seja, quando a superfície da parede exibir uma umidade maior ou igual a 80% por mais de 6 horas por dia, podendo, assim, surgir o bolor ou mofo. Dessa forma, tal manifestação patológica é formada pelas posteriores causas: falta de ventilação, umidade nas paredes, piso e tetos da edificação, alta resistência superficial, nível de isolamento escasso e fontes de calor

(39)

(KIEßL; SEDLBAUER, 2001). Outro fator que está diretamente ligado ao surgimento do bolor é a existência de uma possível infiltração de água ou vazamento de tubulações localizadas no interior das paredes, pisos ou tetos (ALUCCI; FLAUZINO; MILANO, 1988).

Já quando se trata da restauração ou tratamento dos ambientes afetados e quando não for possível a prevenção do surgimento da anomalia, deve-se realizar alguns procedimentos para sua recuperação. Esses procedimentos devem ocorrer da seguinte forma: primeiramente, deve-se verificar a existência de vazamentos ou infiltrações, realizar a limpeza da superfície utilizando soluções fungicidas ou até mesmo realizar a troca do revestimento contaminado, quando necessário aplicar algum tipo de impermeabilizante para evitar que a umidade se instale novamente no ambiente e quando possível refazer a pintura (SOUZA, 2008).

Considerando as informações descritas acima, destaca-se que o tratamento do bolor é essencial e inquestionável, pois este é prejudicial não apenas para a edificação, mas também para os usuários que nela residem, influenciando, assim, na durabilidade da estrutura, bem como na saúde dos indivíduos.

2.2.3.4 Eflorescência

Conforme Bauer (2015, p. 433), a anomalia eflorescência é decorrente de “depósitos salinos, principalmente de sais de metais alcalinos e alcalino-terrosos na superfície de alvenarias, provenientes da migração de sais solúveis nos materiais e componentes da alvenaria”.

Já Roscoe (2008, p. 55) define a anomalia como:

Do latim eflorescentia, esse fenômeno se caracteriza pelo aparecimento de formações salinas sobre algumas superfícies, podendo ter caráter pulverulento ou ter forma de crostas duras e insolúveis em água. Na grande maioria dos casos, o fenômeno é visível e de aspecto desagradável, mas em alguns casos específicos pode ocorrer no interior dos corpos, imediatamente abaixo da superfície.

Os fatores para que ocorra essa manifestação patológica podem ser vários, porém, os mais incidentes e mais propícios são: os sais solúveis, a presença de água e pressão hidrostática, a porosidade de materiais e os agentes externos. Dessa forma, para se evitar o surgimento da eflorescência, deve-se inibir a presença dos fatores citados acima (BAUER, 2015; GONZAGA, 2014).

A região em que se visualiza a eflorescência nem sempre é o seu local de origem, pois pode ocorrer o transporte dos sais pela água, distanciando a anomalia do seu ponto de ocorrência. Deste modo, é preciso entender como se comportam os sais, sua fonte e de onde se origina a água que realiza o seu transporte (ROSCOE, 2008).

Referências

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