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Fitorremediação de solos contaminados

No documento Manejo e conservação da água e do solo (páginas 119-124)

Capítulo 6. Manejo da água e erosão do solo

7.5 Fitorremediação de solos contaminados

Em solos contaminados com metais pesados, além de suspender as aplicações de resíduos que contenham metais em sua composição, é necessário desenvolver estratégias de remediação desses solos, mantendo-os férteis e produtivos. Isso contribui à redução do risco de contaminação ambiental pela transferência desses elementos a outros ambientes, além de ser uma forma de reduzir o risco de contaminação de animais e das pessoas que habitam as regiões próximas ao local contaminado. Dentre as estratégias de remediação dos solos contaminados, as principais incluem o uso de plantas para fitorremediação dos solos contaminados com metais pesados. Neste sentido, a utilização de plantas, para a cobertura do solo, possui grande importância na conservação do solo e ciclagem de nutrientes. Além disso, essas plantas também podem reduzir os efeitos fitotóxicos do excesso de metais no solo, por absorção e pelo acúmulo no tecido e, também, pela exsudação de íons e compostos orgânicos, como aminoácidos e ácidos orgânicos de baixo peso molecular, que influenciam no valor de pH, solubilidade e distribuição das espécies solúveis (LI et al., 2013).

A fitorremediação é o processo em que as plantas e os microrganismos da rizosfera sequestram, degradam ou imobilizam poluentes do solo (PILON-SMITS, 2005). Dentre as técnicas de fitorremediação, a fitoextração baseia-se no uso de plantas, para a remoção de metais dos solos, mediante a absorção pelas raízes, transporte e concentração na parte aérea. Para isso, é essencial que o solo não apresente altos níveis de contaminação e que a planta seja tolerante ao metal, tenha um sistema radicular abundante, uma taxa de crescimento rápido, grande produção de biomassa e acúmulo de grandes quantidades do metal na parte aérea (MARQUES; RANGEL; CASTRO, 2009). Após o crescimento no campo, as plantas devem ser retiradas da área e destinadas a um aterro sanitário ou incineradas.

A fitoestabilização é outra técnica de fitorremediação, utilizada principalmente em solos com elevados níveis de contaminação. Nesses casos, o tempo necessário para a remediação seria muito longo e, então, com o intuito de diminuir o risco ambiental, as plantas são utilizadas, para estabilizar o metal no solo, proporcionando a redução da movimentação pela erosão e percolação, a exposição aos animais e a probabilidade de entrarem na cadeia alimentar (WONG, 2003).

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CAPÍTULO 7. CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA E DO SOLO POR RESÍDUOS UTILIZADOS NA AGRICULTURA

7.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os solos apresentam diversas características físico-químicas que interferem diretamente no comportamento e na dinâmica dos nutrientes, elementos tóxicos e moléculas orgânicas com potencial contaminante. Por isso, apresentam diferentes capacidades para suportar o aporte de resíduos de origem animal ou oriundos de atividades industriais e urbanas. Tais resíduos, geralmente, são utilizados como fertilizantes para as plantas e são uma excelente estratégia ao reaproveitamento dos seus nutrientes, visando à sustentabilidade do sistema produtivo. Contudo a sua utilização necessita de parâmetros e indicações técnicas para o seu uso racional, sem a ocorrência de desequilíbrios nutricionais na água, no solo e nas plantas.

Como esses resíduos apresentam concentrações desequilibradas de nutrientes e, muitas vezes, elevadas concentrações de elementos tóxicos, há diversos relatos da ocorrência de contaminação da água e de solos que recebem sucessivas aplicações de resíduos com os mais variáveis tipos de contaminantes. Por isso e com o intuito de melhorar o potencial produtivo dessas áreas contaminadas, algumas medidas remediativas podem ser adotadas, como a aplicação de amenizantes no solo ou técnicas de fitorremediação, para reduzir a biodisponibilidade e os potenciais riscos de contaminação ambiental, especialmente, da água e do solo.

7.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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