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O folheto presente na comunicação

3. INFORMAÇÃO E COTIDIANO: O FOLHETO PUBLICANDO SOLUÇÕES

4.3 O folheto presente na comunicação

“A literatura de cordel não subsiste por si, mas concomitantemente com outros sistemas comunicativos.” Luyten (1984, apud FROTA, 2004).

O folheto vem ganhando cada vez mais espaço na publicidade e na mídia, como já foi falado anteriormente. Os folhetos publicitários são elaborados a todo o momento por encomenda.

Analisaremos agora cordéis diversos de acordo com os aspectos a seguir: a) intenção e predisposição para a informação; b) o modo como o cordel transforma fatos em notícias; c) o modo como o cordel divulga essas notícias; d) a tendência midiática do cordel à espetacularização, como ele exagera os fatos; e) o potencial opinativo do cordel, que o faz parecer com os editoriais dos jornais; f) ancoragens de notícias, mensagens e informações; g) como o cordel pauta nosso dia-a-dia: pegando coisas das datas comemorativas e fazendo cordéis; h) como o cordel agenda informações.

a) Intenção e predisposição para a informação: nesse tipo de folheto está presente a preocupação em informar os fatos, e passar com fidelidade adiante os conhecimentos.

Podemos perceber essa característica nos versos de Audifax Rios (2000),

Bode Ioiô: vida e morte.

Bem danado foi o bode Apelidado de Ioiô

Fez o que deve e não pode E vestiu até maiô

Que aconteceu prumode Ver se senhora ou senhô [...]

A razão do apelido Deste bode aqui citado Era por ter percorrido Fortaleza lado a lado Sem mostrar tenha sofrido Ou ter ficado cansado (RIOS, 2000, p.1-2)

Na primeira estrofe citada vemos a descrição do personagem título do folheto, seu nome, traços de sua personalidade, como no trecho em que é dito, “fez o que deve e não pode”, quer dizer que ele fez de tudo um pouco, até o que não se imaginava ser feito por um bode. E tudo para apresentar aos leitores um personagem muito ilustre que Fortaleza teve no início do século passado.

Portanto, vê-se aí uma das marcas da mídia contemporânea. O fenômeno informacional parece ditar os modos de interferência da mídia nos cotidianos. Do mesmo modo, o cordel sempre está atento às coisas a fim de obter delas informações que se julgue necessárias para as pessoas.

Em Os Mestres da Literatura de Cordel, de Antônio Américo de Medeiros(s.d), também podem ser vistos versos que demonstram a intenção de informar.

Nosso cordel começou Com Silvino Pirauá

E Leandro Gomes de Barros. Como na história está De vitória pro Recife Começou tudo por lá.

Pirauá filho de Patos E Leandro de Pombal Todos dois paraibanos Deixaram a terra natal. Foram para o Pernambuco Pararam na capital. (MEDEIROS, s.d., p.1)

Esse folheto de Medeiros relata o surgimento de grandes mestres da literatura popular e essas estrofes mostram mais particularmente o início da vida dos poetas Leandro Gomes de Barros e Silvino Pirauá, tratando da exploração desse assunto que deve ser mais conhecido.

b) O modo como o cordel transforma fatos em notícias. Ao transformar tudo o que acontece – e que merece tal destaque – em notícia, o cordel mostra que também tem aquilo que muitos pensam só pertencer à mídia contemporânea: pautar o nosso cotidiano de informações noticiosas, antecipando-se às demandas e, às vezes, aos próprios fatos. Ao colocar juntos, fatos banais que podem gerar uma reviravolta, o cordel acaba por construir realidades, uma vez que noticiado, a coisa passa a existir como notícia. Em O esperado

encontro de Coxinha com Seu Lunga, de Rouxinol do Rinaré (2005), é feita

toda uma preparação para adentrar no mundo do humor cearense. Veremos um pouco no trecho a seguir:

Mais um cordel de gracejo Assim, pretendo narrar: O encontro do Coxinha (Do famoso Iran Delmar) Com o seu Lunga afobado Um personagem afamado, Já bastante popular.

Lunga é sempre muito exato, Fala com sinceridade

Coxinha é dissimulado, Fingindo grande amizade, Pior do que mau vizinha O danado do Coxinha É o rei da falsidade! (RINARÉ, 2005, p.1-2)

Esses dois personagens são bastante famosos na cultura popular cearense. Seu Lunga ficou famoso ”um personagem afamado, já bastante popular” (RINARÉ, 2005, p.1) através de causos e estórias que aconteceram e foram repassadas de umas pessoas para outras até chegarem a uma proporção grandiosa. Coxinha é um personagem de um humorista cearense, que participa de um programa de televisão, um verdadeiro gozador cearense. O primeiro muito impaciente e sincero, e o segundo muito falso e dissimulado. O encontro dessas duas figuras que na verdade nunca aconteceu, posto que o primeiro é real e o outro é uma personagem – com certeza viraria um marco, e justificaria uma grande notícia. Essa predisposição para o espetáculo também é uma das características midiáticas da contemporaneidade e o cordel sempre assumiu esse papel. Com esses dois trechos se percebe o que está por vir na disputa de Seu Lunga e Coxinha.

Temos ainda nessa categoria de folhetos noticiosos, o cordel O cachorro dos

tinha um vínculo muito próximo com seu dono.

Calar, um cachorro velho Que Floriano criou, Viu Floriano sair

Depressa o acompanhou, Floriano quis voltá-lo Porém Calar não voltou.

Passava ali Floriano A fera logo o enfrentou, Disparou o bacamate, Sem vida em terra o lançou, Calar partiu ao sicário, O assassino o amarrou. (BARROS, 2000, p.5)

Este é um dos folhetos do grande poeta Leandro Gomes de Barros, por esse motivo ele é histórico e possui bastante representatividade. Além da estória de companheirismo entre cão e dono, em que um arrisca sua vida pelo outro. Trata de um fato que foi marcante para a região, para a sua família e para os leitores, e nesses versos percebe-se o relato de um dia em que estava ao lado do filho de seu dono. Tem uma estória marcante e que ganhou um teor de notícia.

c) O modo como o cordel divulga essas notícias. A forma irreverente, cômica e única de transmitir essas notícias ao público é característica marcante do cordel.

Entre os cordéis que podem exemplificar esse caso, citaremos O sol vaiado

na praça, de Audifax Rios (2002). Onde é relatado um fato acontecido na capital

cearense e que a muitos espantou, já que a história conta que, por se tratar de algo ligado à Natureza (o Sol), a vaia seria vista como falta de respeito e a outros o fato muito agradou, por ser associado à molecagem e algazarra que o episódio causou.

Ferreira, em que num certo dia em que o tempo estava “bonito pra chover”, de repente surgiu o sol e irradiou luz na cidade e o povo, espantado e assustado, teve a inusitada idéia de vaiá-lo.

Lá pras dez horas do dia A Praça super lotada Da coluna se ouvia Carrilhão em badalada Um raio forte riscou Todo o céu alumiou Naquela hora marcada [....]

O povo então achou O sol meio arrogante E como não é de engolir Empáfia semelhante Ensaiou uma vaia breve Que qual uma bola de neve Foi ficando galopante (RIOS, 2002, p.16)

A notícia é transmitida de forma engraçada – da mesma forma que as pessoas agiram ao vaiar o sol na Praça do Ferreira, neste dia – e construída através de muitos recursos cômicos e hiberbólicos. Ao narrar um fato bastante inusitado como esse, que já traz aspectos cômicos no próprio fato, o que o cordel faz é exacerbar e apresentar de modo mais engraçado, ainda que o mesmo cordel não perca seu teor informacional e noticioso, já que o fato realmente aconteceu e foi noticiado à época. No trecho “o povo então achou o sol meio arrogante”, deixa-se clara a idéia de torná-lo mais cômico do que ele consegue ser sozinho, e norteia o leitor na realidade desse povo, que não gosta de levar desaforo pra casa e responde à altura, mesmo que seja com vaias.

Outro cordel que podemos usar é Carta de um jumento a Jô Soares, de Arievaldo Viana e Klévisson Viana (2002). Nesse caso um jumento se revolta com uma notícia transmitida por Jô Soares em seu programa televisivo. A notícia dada foi que em Quixadá, interior cearense, o jumento está sendo vendido pela quantia de

R$ 1,00 (Hum Real). E a partir disso ele passa, de modo “sobrenatural”, a falar, e com a ajuda de Raquel de Queiroz, ilustre escritora cearense envia uma resposta a Jô Soares, informando o quão valoroso é um jumento.

Creio que o Jô Soares Não disse aquilo por mal Que em Quixadá, o jerico Só está valendo Um Real Quando o jumento assistiu Grande desgosto sentiu Por ser um pobre animal [...]

Nobre jornalista Jô

Nestas linhas mal traçadas Confesso que seu programa Sempre rende gargalhadas Porém me sinto ofendido E lhe peço comovido Defenda meus camaradas . (VIANA, 2002, p.2,4.)

Mais uma vez, encontramos estórias fantásticas que resultaram num mote (assunto inspirador) perfeito para cordéis. Um animal que com poderes sobrenaturais, consegue reivindicar uma causa e pessoas que o auxiliam a fazê-lo. No trecho “quando o jumento assistiu grande desgosto sentiu” é enfatizado o sentimento do animal. Mas, outro detalhe percebido é o poder de fazer da TV como mídia, uma fonte de inspiração para outras mídias. Eis aqui mais uma das características midiáticas: as redes e sistemas de informação que acabam se estabelecendo entre os tipos de mídia, quando um rádio se apropria da notícia nas páginas de um jornal para difundir pelas ondas do rádio ou quando uma tevê se reporta à artistas de outras, etc. Nesse tocante, a linguagem midiática acaba mostrando-se metalingüística, como o foi o cordel acima citado ao se reportar sobre uma notícia televisiva, interferindo nela também.

d) A tendência midiática do cordel à espetacularização, como ele exagera os fatos. Trata de assuntos polêmicos ou cotidianos e os explora e manipula de

tal forma que convence o público.

O folheto O poder que a bunda tem, de Mestre Azulão (2002) faz essa espetacularização com maestria. Veremos nos seguintes versos:

Mulher batida sem bunda É a maior negação Busto pequeno, magrela Não tem a mínima atração Mulher que tem bunda cheia Ainda que seja feia

A bunda chama atenção [...]

Todo tipo de piadas Cai na bunda da mulher Um diz, que coisa gostosa É desta que o papai quer Outro diz, é boa à bessa Quem tem uma bunda dessa Só é pobre se quiser.

(AZULÃO, 2002, p.4,7)

Diante das colocações desse folheto é percebido um machismo exacerbado e uma desvalorização da mulher. Tendo a mulher ganhado essa imagem, devido às dançarinas que se apresentam seminuas nas bandas musicais, por conta das celebridades cultuando a beleza e por ser confirmado através da mídia a preferência nacional no corpo de uma mulher, que seria a bunda.

No folheto A dança do Clodoaldo, de Jair Moraes (2006) é feita uma sátira sobre o caso de um jogador cearense que assinou contrato com dois times ao mesmo tempo.

Andei lendo comentários Relativo ao que passou O assunto Clodoaldo Foi mais um que emplacou Quem não gosta de dizer

Sua estrela já brilhou [...]

Enquanto o ano acabava O Fortaleza dormia Clodoaldo muito vivo Outro contrato assumia Foi por debaixo dos panos Pra muitos foi covardia (MORAES, 2006, p.3)

Nessas estrofes vemos o seguinte: um acontecimento que foi notícia muito falada por todos os cantos de Fortaleza, tomou forma de poesia. E esta ao contar os fatos, ilustra a história e também expõe mais a situação, que já estava mais do que exposta.

e) O potencial opinativo do cordel, que o faz parecer como os editoriais dos jornais. Este é o momento em que os cordelistas expõem seus pensamentos, criticam, elogiam ou emitem juízos de valor.

Primeiramente, analisamos o folheto Valentino, o covardão (ou a história

do pittboy), de Gadelha do Cordel (2005), que critica os “pitboys”, termo utilizado

para definir jovens de classe média ou alta, exibicionistas e violentos, que gostam de brigas mesmo que não tenha motivo para que haja uma.

Filhinho da zona sul Pittboy, o marombado Passeia sempre posista Num lindo carro importado Não esconde ser “playboy” Muito mais: é Pittboy Com ar de mau encarado [...]

Amigos do Pittboy Ajudaram o linchamento, Houve muita correria Ba fá fá e movimento Neste instante, semi-morto

O corpo do moço torto Foi jogado ao calçamento. (CORDEL, 2005, p.1,3)

É uma crítica social, um papel muito nobre desempenhado pelo cordelista, pois utiliza seu espaço e sua influência para defender causa que considera insustentável e, com isso espera – e talvez consiga – que a população concorde e, muito provavelmente aprove a opinião do cordel. A crítica utiliza termos para designá-lo e para criticá-lo, pois temas como esse, que tratam de violência são de interesse geral. Dessa forma, o cordel assume aquilo que a mídia faz, que é emitir juízo de valor sobre os fatos, assumindo sua função social de informar e transformar a sociedade.

Agora o folheto a ser utilizado será A mulher de antigamente e a mulher de

hoje em dia, de Manoel Monteiro (s.d). Como o próprio título já diz fala das

mudanças ocorridas no comportamento da mulher no decorrer dos anos.

A mulher hoje é igual A um homem destemido Lavar prato e lavar pano Acha que é tempo perdido Mas se vê uma barata Grita chamando o marido [...]

Naquele tempo a mulher Era um ser quase divino. Vivia para o marido E para fazer menino. Mulher não falava grosso Homem não falava fino! (MONTEIRO, s.d., p.3,5)

Este folheto remete ao espaço social ocupado pela mulher antigamente, e que com o passar do tempo e a luta pela igualdade foram sendo modificados pouco a pouco, tornando hoje a diferença entre a mulher de antigamente e a mulher de hoje enorme. O autor mostra um juízo de valor em “a mulher de hoje é igual a um

homem destemido”, pois afirma ser a mulher valente e o tempo todo a compara ao homem, pois antes aquela que era o sexo frágil, hoje é independente e opiniosa. Mas, no fim do folheto afirma ser tudo uma comédia e que as mulheres são indispensáveis à vida dos homens.

f) Ancoragens de notícias, mensagens e informações. Ou seja, o modo como traduz as informações e as mensagens para suas demandas, onde ele emite opiniões, suscita criticas e direciona pontos de vistas.

Em A diferença do pobre para o rico, de Jesus Rodrigues Sindeaux (2000), percebe-se que as mensagens e informações nele contidas estão ancoradas nos fatos e nos pontos de vista do autor, ensejando que seus interlocutores (as recepções) atentem para as questões presentes nos fatos ou nas situações apresentadas.

O rico vive estribado

Com o dinheiro na poupança O pobre só na miséria Perde toda a esperança Falta dinheiro no bolso E o pão para as crianças (SINDEAUX, 2000, p.2)

Na estrofe citada é visivelmente claro o teor de uma crítica social, apontando para as diferenças e sugerindo que elas não deveriam existir, apesar de serem a tônica das desigualdades e o teor principal do poema. Assim, as mensagens e as informações presentes na estória são ancoradas por uma inclinação do autor a criticar tais diferenças. “O rico vive estribado” e “o pobre vive na miséria” são trechos utilizados para enfatizar a diferença e o descaso com tal situação, ele faz do folheto um filtro para fazer seus pensamentos e suas mensagens chegarem a todos.

O folheto Greve do voto, do Movimento Crítica Radical tendo recebido a colaboração de Rouxinol do Rinaré (200-), é todo específico e especialmente inspirado em um tipo de acontecimento que mobiliza o país, que são as eleições. Esse folheto foi elaborado por um movimento chamado A morte do Capitalismo com

a colaboração de Rouxinol do Rinaré, a fim de se falar de eleições e de seu resultado na vida da população.

O fim de Dona Política Que do Estado era espoleta Foi mesmo um deus nos acuda Foi “guerra” de picareta

Pobre da Dona Política Que já vinha bem raquítica Pou! Bateu a caçoleta [...]

É que a tal democracia Farsa representativa Nascida na Grécia antiga Virou comédia lasciva Na tal pós-modernidade É templo da impunidade E da corrupção massiva... (CRÍTICA RADICAL, 200-, p.3,5)

Diante desses versos percebemos a defesa de um ponto de vista e a tentativa de persuasão aos leitores. São visões críticas e realistas, fundamentadas em teorias e ideais, como é visto no trecho “é templo da impunidade e da corrupção massiva”. Apresenta-se a visão deste grupo desacreditada em política ou qualquer tipo de governo e que divulga as irregularidades e erros cometidos por vários políticos.

g) Como o cordel pauta o nosso dia-a-dia, usando como temas assuntos do cotidiano e de eventos ou datas comemorativas.

O primeiro exemplo a ser citado é Se um livro é importante imagine uma

biblioteca, de Otávio Menezes (2005). É um folheto que foi criado para uma

campanha de doação de livros de uma biblioteca na cidade de Fortaleza. Percebe- se que – como a mídia – também o cordel é convocado à participação e ao engajamento de causas. E isso acontece pelo grau de alcance que o cordel tem junto à população e pela credibilidade que adquiriu.

Digo em forma de “repente” A verdade com clareza Aquele que tem à mesa Um livro tem um presente Quem o abre diariamente Lendo o impresso nos papéis Ganha sempre nota dez E eu digo ainda mais: O leitor que é contumaz Tem o mundo a seus pés. [...]

Biblioteca é o lugar Onde tudo está presente Ali a pessoa sente Que tudo pode encontrar O que se imaginar O assunto, a questão O tema de predileção Não está na hemeroteca Você tem na Biblioteca Bem ao alcance da mão. (MENEZES, 2005, p.1,7)

Esse folheto foi criado com o intuito de convencer os usuários da biblioteca de sua importância e de como eles poderiam ajudá-la a se desenvolver mais. São feitos elogios ao livro, à biblioteca e colocados em pauta inclusive os benefícios da leitura, baseados no pressuposto de que, quem ler “tem o mundo a seus pés”. É um folheto de ocasião, mas que serve pra qualquer época e além de tudo tem grande papel social. Do ponto de vista da análise que vimos desenvolvendo neste trabalho, temos a inclinação do cordel a não só pautar nossas vidas com as mensagens e informações que produz, mas a se engajar nas ações ditadas pelos cotidianos.

O folheto Canto a Fortaleza de Assumpção, de Audifax Rios (2002), remonta um pouco do espaço urbano da cidade de Fortaleza. Este folheto foi elaborado em comemoração do aniversário da cidade de 276 anos.

Duzentos e setenta e seis Janeiros são completados

Neste treze de abril Com gosto comemorados Fortaleza está em festa Uma alegria que atesta Os bons momentos passados [...]

A ti, Fortaleza, eu louvo Com bairrismo exagerado Ufano e envaidecido Menino apaixonado De tuas praias eu sou De tua gente eu vou Ser eterno enamorado (RIOS, 2002, p.3,6)

São colocados nestes versos sentimentos bons com relação à cidade, além da empolgação com o seu aniversário, como vemos em “com gosto comemorados”. No folheto, além de tudo há uma declaração de amor à cidade com suas belezas e suas dores, como pode ser visto no trecho “menino apaixonado de tuas praias eu sou”.

g) Como o cordel agenda informações, geralmente se pautando pelo noticiário da mídia ou dos acontecimentos diários que ele pauta nas suas produções de cordel. O cordel também se pauta nas informações atualizadas a fim de criar uma espécie de agendamento de informações que julga importantes para o desenvolvimento das pessoas.

Como exemplo, podemos mostrar a postura do cordelista e advogado Dr. Valdecy Alves, que elaborou um folheto com um tema bastante atual e que têm sido assunto nos jornais e nas rodas de conversas, A Lei Maria da Penha em cordel (2007). Este folheto discute um tema polêmico e o divulga também através da literatura. Veremos algumas estrofes:

Criada em dois mil e seis No dia sete de agosto A Lei Maria da Penha Veio ocupar o seu posto

Fim à violência doméstica Às relações novo rosto

Objetivando proibir A violência familiar Conforme a Constituição Impõe estando a ditar Também violência doméstica Na busca de erradicar (ALVES, 2007, p.2)

Através desses versos, o autor mostra o que é essa lei e para que foi criada. Esmiúça o assunto por ser ele próprio do meio jurídico e entender bastante do assunto. Então esse folheto pauta o cotidiano, traduzindo um momento e uma questão atual para os seus versos, ao mesmo tempo em que difunde uma lei que precisa entrar nos imaginários das pessoas como sendo de vital importância para a convivência harmoniosa entre os gêneros feminino e masculino e para as relações sociais como um todo.

Outro folheto que faz o mesmo é Artimanhas do fenômeno Chico Pezão: o

maior craque do mundo, de Francisco Melquíades Araújo (2006). Esta figura a qual

o titulo se refere é um personagem criado por um humorista cearense. E que virou atração por suas respostas e comentários altamente desconexos, pois ele é um

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