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3- algumas variáveis sociossanitárias podem ser mais favoráveis que outras na infestação do

3.2 Fonte de Dados

Os dados de dengue utilizados neste trabalho são oriundos do Ministério da Saúde e referem- se aos casos notificados por local de residência. Consideraram-se os municípios do NEB e o período de 2001 a 2015. Para 2001 a 2012, utilizaram-se dados disponíveis no site do Departamento de Informática do SUS, o DATASUS, do Ministério da Saúde. (http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php). Os demais dados utilizados, correspondentes aos anos de 2013, 2014 e 2015, foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde via solicitação pelo Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão - e-SIC, do Governo Federal (protocolo de número 25820001317201797).

Para estimar as taxas de incidência de dengue para os municípios do NEB utilizando o método Bayesiano Empírico (BE), escolheu-se dividir o período de análise em três triênios, que são representados pelos anos centrais (2001-2002-2003; 2009-2010-2011 e 2013-2014-2015). A escolha de cada triênio fundamenta-se: a) 2001 é o ano inicial de disponibilização de dados de dengue no site do DATASUS; b) 2010 é o ano censitário; c) 2015 apresenta dados mais atuais da dengue.

Para efeito do cálculo da taxa de incidência da dengue do período (TI) de cada município, calculou-se a média do número de casos da doença nos três anos em cada período, dividindo- se essa média pela população residente de cada município correspondente no ano intermediário de cada triênio (2001-2002-2003, 2009-2010-2011 e 2013-2014-2015), ou seja, para 2010, dividiu-se pela população residente do Censo de 2010 e para os anos de 2002 e 2014, pelas estimativas populacionais do IBGE. Em seguida, esse resultado foi multiplicado por 100.000 habitantes como estabelece a fórmula a seguir.

TI = Casosi Popi

x 100.000 hab. (1)

sendo: TI referente à taxa de incidência da dengue do período; 𝐶𝑎𝑠𝑜𝑠𝑖, a média do total de casos

da doença no período por município e 𝑃𝑜𝑝𝑖, a população residente ou estimada por município.

Para a classificação das taxas de incidências de dengue calculadas, seguiu-se o padrão estabelecido pelo Programa Nacional de Controle de Dengue do Ministério da Saúde, que

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estabelece baixa incidência (até 100 casos por 100 mil hab.), média incidência (101 a 299 casos por 100 mil hab.) e alta incidência (300 casos ou mais por 100 mil hab.) (BÖHM et al., 2016). O Índice de Infestação Predial (IIP) é um dos índices larvários do Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa), adotado pelo Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde do Brasil. O LIRAa tem como um dos principais objetivos monitorar a densidade larvária do mosquito Aedes aegypti e disponibilizar informações entomológicas de maneira rápida, antes do início do verão, para aqueles que operam os programas de controle da dengue no que se refere aos municípios. O propósito é antecipar-se aos altos índices de infestação larvária e aos elevados números de casos que a doença tem atingido ao longo do tempo. O IIP, disponibilizado pelo LIRAa, é calculado a partir de uma relação entre os imóveis com registros da presença do Aedes aegypti (imóveis positivos) e os imóveis pesquisados.

O índice é utilizado em muitos programas de controle do Aedes aegypti (FOCKS, 2003; WHO, 2009; BOWMAN et al., 2014). Para Focks (2003), o IIP é um dos índices que, mesmo havendo críticas em relação a sua eficácia para medir o risco de transmissão da dengue e das operações de controle do mosquito, continua a ser uma das principais ferramentas de vigilância de muitos programas de controle da infestação larvária no mundo. Gomes (1998) afirmou que a vigilância vetorial pode orientar as intervenções nos ciclos de transmissão da dengue, no sentido de otimizar a eficácia do combate ao mosquito transmissor dessa doença.

Foram utilizados dados do IIP, dos anos 2014 e 20176, disponibilizados pelo Ministério da Saúde, via solicitação pelo Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão (e-SIC) do Governo Federal. Constatou-se que é crescente a participação dos municípios do NEB nas edições do levantamento ao longo do tempo, considerando desde a sua primeira edição em 2003. Em 2014, foram 773 municípios do NEB que realizaram o LIRAa e obtiveram o IIP. É preciso ressaltar que, em termos de Brasil, o LIRAa teve a participação efetiva de 1.463 municípios em 2014, ou seja, mais da metade (52,83%) dos municípios no Brasil que realizaram o LIRAa localizavam-se no NEB. É importante destacar esse fato porque demonstra que o NEB, mesmo apresentando números preocupantes com relação à dengue, buscou aumentar a participação municipal no LIRAa e, consequentemente, dispor de mais informações que

6 Para a composição das variáveis para aplicação do GoM (2º artigo), utilizou-se o IIP 2017. Os dados do IIP 2017

não foram utilizados anteriormente, tendo em vista a data de sua divulgação e o andamento dos resultados desta pesquisa. O levantamento larvário teve a participação efetiva de 1.646 municípios do NEB em 2017, ou seja, quase a totalidade (91,75%) dos municípios da região realizaram o LIRAa/IIP.

IIP = Imóveis positivos

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pudessem colaborar com medidas preventivas que contribuíssem com a diminuição do risco de dengue para a região7.

Neste trabalho, considerou-se a classificação das categorias estabelecidas para o IIP adotada pelo Ministério da Saúde: Satisfatório (IIP < 1,00), Alerta (1,00 ≤ IIP ≥ 3,99) e Risco (IIP > 4,00) (VARGAS et al., 2015).

Optou-se pela utilização de algumas variáveis socioeconômicas, demográficas, sanitárias e de infraestrutura, aqui denominadas de variáveis sociossanitárias, que pudessem estar, direta ou indiretamente, influenciando as condições de vida da população nos municípios do NEB, contribuindo com a infestação do mosquito Aedes aegypti nos espaços municipais e, consequentemente, a proliferação da dengue. Utilizaram-se dados do Censo Demográfico (2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Atlas Brasil 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

As variáveis sociossanitárias foram divididas em duas dimensões de indicadores: 1) sanitária e de infraestrutura e 2) socioeconômica e demográfica (Quadro 2).

Quadro 2: Variáveis das condições sociossanitárias dos domicílios e da população do NEB

INDICADORES DEFINIÇÃO DA VARIÁVEL FONTE DA

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