Sistemas de Escala Sinótica

Os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis - VCANs - (Figura 9) são sistemas caracterizados por

uma baixa pressão originada na alta troposfera, estendendo-se até os níveis médios dessa camada. São sistemas meteorológicos que se deslocam tanto na direção leste quanto oeste, podendo permanecer estacionário durante alguns dias. O centro do sistema é mais frio, e a subsidência inibe a nebulosidade no seu centro e, na periferia, ocorre o movimento vertical ascendente. Quando os VCAN se formam nas latitudes extratropicais, são denominados de

Palmén e, quando se formam nos trópicos, são classificados como Palmer. No Brasil, os de

origem tropical atuam com mais frequência entre os meses de dezembro e fevereiro e duram de 4 a 11 dias (FERREIRA et al., 2009).

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Ainda segundo os autores, os primeiros estudos estatísticos sobre os VCAN foram realizados por Kousky; Gan (1981) e Gan (1982), envolvendo o período de 1974 a 1981. Eles afirmam que, para compreender o papel dos VCAN no regime pluviométrico do Nordeste e parte do Norte do país, é importante levar em consideração outros dois sistemas que atuam na América do Sul: a Alta da Bolívia (AB) e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), pois os três, combinados, modulam o ciclo hidrológico, o balanço de energia e o clima em parte do continente. Os VCAN formam-se devido à grande quantidade de calor latente. A AB é uma circulação anticlônica de grande escala que ocorre na alta troposfera na região da Bolívia, e a ZCAS é um sistema típico de verão na América do Sul, caracterizando-se por uma faixa de nebulosidade sentido noroeste-sudeste (FERREIRA et al., 2009).

Figura 9: Imagens do satélite METEOSAT 7 com destaque da atuação de um VCAN

Fonte: Ferreira; Mello, 2005.

Segundo Coutinho; Gan; Rao (2010), que desenvolveram um método objetivo de identificação de VCAN na região Tropical Sul, baseado na vorticidade relativa e no escoamento horizontal do vento ao redor do centro dos sistemas, os VCAN podem ocasionar secas em algumas regiões ou inundações em outras, dependendo da posição sobre a área afetada e das condições atmosféricas. Os autores ainda afirmaram que a maioria dos VCAN se formou na área que abrange a costa do Nordeste do Brasil e Oceano Atlântico Sul na faixa latitudinal de 0° a 20° S e caracterizam-se por um lento deslocamento. Dessa forma, os vórtices influenciam diretamente a precipitação regional do Nordeste brasileiro provocando secas ou chuvas em áreas distintas.

Os Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) ou Ondas de Leste são perturbações que

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atividade máxima no inverno do hemisfério sul. Quando essas ondas atravessam o oceano Atlântico, podem evoluir para tempestades tropicais e se transformarem em furacões. As Ondas de Leste alcançam de 2.000 a 3.500 km, com duração de 3 a 5 dias, e uma velocidade para oeste de 8 m/s. No NEB, as Ondas de Leste têm uma grande importância na modulação da convecção em parte dos eventos de escala mesossinótica provenientes do Atlântico (MACHADO et al., 2009).

Para Alves et al. (2001), que estudaram o ciclo de vida e as características termodinâmicas da atuação de um intenso Sistema Convectivo de Mesoescala na costa leste do Nordeste, as Ondas de Leste caracterizam-se como o principal sistema atmosférico provocador de chuva do litoral leste do NEB, no período de maio a agosto.

Alves et al. (2001) citaram o estudo de Riehl (1954) como sendo o primeiro a apresentar um modelo para identificar as ondas com destaque na região do Caribe. Riehl (1954) mostrou uma visão tridimensional detalhada das ondas, nas quais os DOL são oscilações no campo de pressão e vento que se encontram em fase na superfície e que apresentam, a montante do sistema, divergência e movimento subsidente nos baixos níveis, com características de bom tempo. Por outro lado, na retaguarda, há convergência nos baixos níveis, predominando o movimento ascendente e convecção profunda.

A relação do DOL - como anomalias no campo de pressão - e chuvas no litoral leste do NEB, relatada por Riehl (1954) também foi citada por Torres; Ferreira (2011), que, ao analisarem eventos os quais induziram fortes precipitações na costa leste do NEB em maio de 2005 e junho de 2006, afirmaram que a intensidade e a posição do centro de pressão modulam o influxo de umidade para a costa nordeste brasileira.

A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) ocorre durante o verão e é uma banda de

nebulosidade e chuvas com orientação no sentido noroeste-sudeste, que vai da Amazônia até o Sudeste do Brasil e na região do Atlântico subtropical. A ZCAS é o principal sistema de grande escala responsável pelo regime de chuvas sobre as Regiões Sul e Sudeste do Brasil, durante os meses de primavera e verão, influenciando nas chuvas de alguns estados do Nordeste do Brasil. Mesmo ocorrendo regularmente nos verões, ocorrem variações na organização espacial, na intensidade das chuvas e na circulação (CARVALHO; JONES, 2009).

Segundo Kodama (1999), que retratou os papéis das fontes de calor atmosféricas na manutenção das Zonas de Convergência Subtropical, as regiões subtropicais do planeta são caracterizadas como zonas secas, porém, existem três zonas de convergência bastante significativas em termos

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pluviométricos e que são intensificadas no verão, a saber: a Zona Frontal Baiu/Mei-yu (BFZ), ao longo do leste asiático e no oeste do Pacífico Norte; a porção subtropical do Pacífico Sul (SPCZ) e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que abrange parte do Brasil e do Atlântico Sul.

Carvalho; Jones (2009), em referência a estudos realizados por Carvalho; Jones; Liebmann (2004), que buscaram compreender as relações entre a intensidade e características geográficas da ZCAS e os extremos pluviométricos sobre o Brasil, afirmaram que a ocorrência de intensa atividade convectiva associada à ZCAS pode aumentar em 95% a precipitação diária sobre parte do Centro-Leste brasileiro, incluindo alguns Estados do NEB. Quando a ZCAS é fraca, diminui o percentil.