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Fontes de dados da Abordagem Contemporânea da Mecânica

3. Encaminhamentos Metodológicos

3.3. Fontes de dados da Abordagem Contemporânea da Mecânica

Como fontes de dados pesquisa serão considerados os registros obtidos de 6 (seis) atividades desenvolvidas em sala de aula e de 4 (quatro) atividades publicadas no site FISQUIM.

3.3.1 Análise Qualitativa

A análise das respostas das atividades desenvolvidas na Abordagem Contemporânea da Mecânica foi realizada à luz de um tratamento qualitativo, com enfoque no procedimento de análise de conteúdo. Segundo Taylor e Bogdan (1998, p.19), “[...] metodologia qualitativa se refere em seu mais amplo sentido à investigação que produz dados descritivos: as próprias palavras das pessoas, faladas ou escritas e a conduta observável”. Já para Poll (1959 apud Bardin 1988, p. 21), “[...] na análise qualitativa é a presença ou a ausência de uma dada característica num determinado fragmento de mensagem que é tomado em consideração”. Sendo assim, serão considerados os fragmentos escritos dos

106 registros para a identificação de características e informações que permitam responder as perguntas apresentadas no problema de pesquisa.

Segundo Moreira (2011), a denominação qualitativa vem sendo utilizada para denotar várias abordagens em pesquisas de ensino. No entanto, alguns autores, como, por exemplo, Erickson (1986 apud Moreira, 2011, p. 47), prefere o termo pesquisa interpretativa, por ser mais incluso e não dar à pesquisa a característica de não ser essencialmente quantitativa. Para Moreira (2011),

[...] o interesse central dessa pesquisa está em uma interpretação dos

significados atribuídos pelos sujeitos a suas ações em uma realidade socialmente construída, através de observação participativa, isto é, o

pesquisador fica imerso no fenômeno de interesse. Os dados obtidos por meio dessa participação ativa são de natureza qualitativa e analisados correspondentemente. As hipóteses são geradas durante o processo investigativo. O pesquisador busca universais concretos alcançados através do estudo profundo de casos particulares e da comparação desse caso com outros estudados também com grande profundidade. Através de uma

narrativa detalhada, o pesquisador busca credibilidade para seus modelos

interpretativos. (MOREIRA, 2011, p. 76).

Dessa forma, a presente pesquisa se ajusta aos pressupostos da pesquisa interpretativa, tendo em vista que os dados obtidos nos registros das atividades desenvolvidas em aula darão suporte para a interpretação das narrativas produzidas pela professora, que permaneceu imersa no fenômeno de interesse.

A análise dos dados obtidos nos registros está baseada no procedimento de análise de conteúdo proposta por Bardin (1988). Segundo a autora, as diferentes fases da análise de conteúdo se organizam em torno de três pólos cronológicos:

 Pré-análise;

 Exploração do material;

 Tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

Para a autora, a pré-análise “[...] corresponde a um período de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema mais preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise” (BARDIN, 1988, p. 95). No caso dessa tese, esse período consistiu na escolha das metodologias que permitiram a interpretação das respostas às atividades propostas em aula. A exploração do material é a fase de sistematizar as decisões estabelecidas na pré-análise. Posto de outra forma, colocar em prática o que foi planejado. Na fase de exploração do material, buscaram-se nos

107 registros, obtidos por meio das atividades realizadas em aula, indícios de que as dimensões do conhecimento foram incorporadas. Na fase de tratamento, os resultados obtidos são tornados significativos e válidos. Nessa fase, a descrição das aulas, juntamente com os trechos das narrativas, produzidas por mim nos diários de aula, permitiram interpretações e reflexões sobre a prática docente. Essas reflexões dão subsídios para possíveis reformulações no planejamento das aulas.

3.3.2. Uso dos diários de aula no Ensino e Pesquisa

Os trechos dos diários de aula produzidos na implementação da Abordagem Contemporânea da Mecânica complementarão a análise das atividades desenvolvidas, tendo em vista que estes fornecem elementos que permitirão dar significados às ações desenvolvidas na realidade da sala de aula.

Além disso, serão analisados elementos presentes nos diários de aula que indiquem o potencial dos mesmos em fornecer informações que estimulem a reflexão da prática docente. A partir dessa reflexão, buscar-se-á elementos para modificações no planejamento para próximas implementações.

Para Cunha (1997), as informações presentes nas narrativas17 dos sujeitos “[...] são a sua representação da realidade e, como tal, estão preenchidas de significados e reinterpretações” (CUNHA, 1997, p. 186). Assim, justifica-se a utilização dos diários de aula, tendo em vista que estes representam narrativas dos processos vivenciados, por permitir interpretações acerca do trabalho realizado que os outros registros sozinhos não dariam conta. Nesse sentido, as narrativas produzidas nos diários de aula carregam consigo a representação da realidade em sala de aula, mostrando dificuldades e êxitos que estão presentes na prática docente cotidiana. Em relação à prática reflexiva, Cunha (1997) aponta que, ao

17 Neste trabalho a autora utiliza o termo “narrativo” para a descrição dos processos de

investigação qualitativa que envolve a reflexão sobre a experiência do pesquisador. Nesse sentido, as narrativas fornecem informações para a observação dos processos vivenciados.

108 mesmo tempo em que o sujeito organiza suas ideias para o relato, quer escrito, quer oral,

[...] ele reconstrói sua experiência de forma reflexiva e, portanto, acaba fazendo uma auto-análise que lhe cria novas bases de compreensão de sua própria prática. (CUNHA, 1997, p. 187).

Desse modo, as narrativas presentes nos diários de aula trazem consigo elementos que permitem a autoanálise do professor que, ao relatar sua prática, busca criar novas formas e estratégias que enriqueçam os processos de ensino- aprendizagem. Dessa forma, as narrativas utilizadas no presente trabalho, além de complementar os registros obtidos por meio das atividades desenvolvidas em aula, darão subsídios para a busca de informações que revelem o caráter de autoanálise e reflexão desenvolvido pelas mesmas.

Ao escrever sobre o uso de diários de aula como instrumento de pesquisa, Zabalza (2004) aponta que não menos importante nesse uso do diário como recurso de pesquisa é o próprio fato de que torna os que o escrevem.

Dessa maneira, no diário se integram três posições complementares: a do ator (o que provoca as ações narradas no diário ou participa nelas); a do narrador (o que a conta, situando-se fora da ação) e a do pesquisador (o que se aproxima dos fatos com espírito de busca, com hipóteses a comprovar, com esquema conceitual e operativo que lhe permita ler, analisar, avaliar e melhorar as condições narradas. (ZABALZA, 2004, p. 26).

Por meio dessas características apresentadas, observa-se que as narrativas produzidas a partir dos diários de aula são de grande potencial para a reflexão da prática docente. Além disso, como comenta Zabalza (2004), o profissional que faz uso desse instrumento assume diferentes funções na pesquisa. Funções essas que se complementam com a finalidade de fornecer informações capazes de provocar o autoconhecimento e a busca por novas estratégias que visem à melhora dos processos descritos.

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