• Nenhum resultado encontrado

Fontes formais do direito ambiental

CAPÍTULO IV CONSIDERAÇÕES PARA COMPREENSÃO DO

4.5. Fontes do direito ambiental

4.5.2. Fontes formais do direito ambiental

As fontes formais envolvem a forma sob a qual as fontes materiais serão exteriorizadas a toda a sociedade, através de um instrumento normativo.

As fontes formais do direito, também conhecidas como fontes de cognição da norma jurídica, versam o modo como as normas jurídicas se manifestam, isto é, instrumentos ou formas pelos quais o Direito se manifesta perante a sociedade.

O direito ambiental tem como fonte formal primordial a Lei Suprema de todas as obrigações, sem qualquer exceção. A lei impõe a todos proteção ao meio ambiente, de forma direta e objetiva.

Dentre as fontes formais admitidas no direito, em especial, o direito, ambiental temos: a Constituição Federal, a legislação, os Tratados Internacionais, e a jurisprudência.

Como foi observado anteriormente477, a Constituição Federal de 1988 exerce papel importantíssimo na proteção ambiental, expressando o norte para sua proteção, segundo preceitos fundamentais do Estado de Direito, como a dignidade da pessoa humana.

Da mesma forma, as leis ambientais, como já foi visto anteriormente, mesmo se apresentando de forma esparsa e fragmentária, exercem papel primordial na defesa do meio ambiente, em especial a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, pois manifesta uma sistematização, como será analisada nos capítulos seguintes478.

É importante esclarecer que, ao tratar de fontes formais de direito, a legislação não se restringe apenas à lei, mas abrange todas as espécies de legislação (leis ordinárias, decretos, leis complementares etc).

Isso porque, em matéria ambiental, temos alguns órgãos que possuem competência regulamentadora, e que fazem parte do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA479, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA que editam Resoluções; o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA; as Secretarias Estadual e Municipal do Meio Ambiente; as Agências Reguladoras etc.

477 Capítulo II – A Constituição Federal de 1988 e o Meio Ambiente.

478 Capítulo V – Princípios de direito ambiental previstos na Política Nacional do Meio Ambiente Lei

6.938/81

479 Art. 3º da Lei nº. 6.938/81.

IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiofusão; XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza.

Temos ainda que considerar as legislações das três esferas da federação, com competência legislativa em âmbito federal480, estadual481 e, em alguns casos, municipal482.

Os Tratados Internacionais na defesa do meio ambiente, principalmente os documentos assinados, proclamados nas Convenções que conduziram à construção do sistema jurídico de proteção ambiental, objeto do próximo capítulo483.

Esses documentos internacionais servem como referência para a adoção de políticas nacionais, acompanhando as atitudes de outros povos, garantindo uma convivência harmônica e uma relação de cooperação internacional.

Temos, ainda, como fonte formal do direito ambiental a jurisprudência, que é o conjunto de reiteradas decisões dos Tribunais sobre uma determinada matéria.

Embora a jurisprudência não represente uma obrigatoriedade de vinculação das decisões do juiz (salvo em casos de Súmulas Vinculantes), essas decisões acabam sendo acompanhadas pelos julgadores, em razão da tendência de uniformização das decisões em casos semelhantes.

A jurisprudência exerce influência nas decisões judiciais, pois estabelece um entendimento a respeito da norma a ser subsumida ao caso em

480 Constituição Federal de 1988, no art. 22. Compete privativamente à União Legislar sobre:

IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiofusão; XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza.

481 Constituição Federal de 1988, no art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal

legislar concorrentemente sobre:

I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII – proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e pasagístico.

482 Constituição Federal de 1988, no art. 30. Compete aos municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

julgamento, e é assim que é considerada fonte formal, pois é através dela que se manifesta o Direito, em sua aplicação prática e real.

As jurisprudências não podem ser ignoradas no estudo de um determinado assunto jurídico, pois se aproximam das manifestações do Poder Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal, que desempenha sua missão constitucional de árbitro da Federação, guardião da Constituição e uniformizador da jurisprudência, manifestando-se a respeito dos mais diversos temas jurídicos.

Como exemplo, a Constituição Federal destacou a importância da interpretação da norma pelos órgãos do Poder Judiciário, com fundamento do seu art. 119, III, "d", que dispõe sobre o cabimento de recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal na hipótese de divergência jurisprudencial.

E assim, temos como fontes formais que versam sob qual forma, as fontes materiais serão exteriorizadas a toda a sociedade, em matéria ambiental: a Constituicao Federal com diretrizes supremas; a legislação em todas as suas esferas, inclusive no âmbito do SISNAMA; os tratados internacionais e a jurisprudência.

Tanto as fontes de inspiração da formulação das normas ambientais, quanto os meios pelo qual elas se manifestam, completam a investigação das peculiaridades que envolvem o direito ambiental, dentro do âmbito da autonomia, do relacionamento com os outros ramos do direito, à apresentação esparsa de sua legislação.

Compreende-se que a razão da legislação dispersa é confirmada pelas diversas fontes formais admitidas em direito ambiental, especialmente, na sua manifestação constitucional, quanto legislativa, incluindo nesse rol, não só as ordinárias e extraordinárias, mas também as complementares, estaduais, municipais, administrativas etc.

É verificada a influência de suas fontes materiais, sendo capaz de alterar decisões e planos de ações, visto que considera como inspiração os movimentos populares e as descobertas científicas, que ultrapassam a fronteira territorial e espacial.

Portanto o estudo das fontes do direito ambiental possibilita o conhecimento de quais aspectos podem influenciar na elaboração de normas jurídicas, e quais os meios que podem ser conhecidas, tudo extremamente necessário para uma aplicação correta do direito ambiental.

Não podemos esquecer que, para uma aplicação correta do direito ambiental, é imprescindível o conhecimento de seus princípios, pois estes prescrevem valores, como um padrão avaliativo para apreciação de casos concretos, que não são escolhidos aleatoriamente484 pelo intérprete em sua aplicação.

Os princípios exercem importante papel na atividade dos operadores do direito, pois servem de orientação para a decisão do juiz nos casos de omissão485, que deverá decidir, de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Os princípios servem como fontes de direito486, pois, além de incidir como regra de aplicação do Direito no caso prático, eles também influenciam a produção das demais fontes do Direito.

É com base nos princípios jurídicos que são feitas as leis, a jurisprudência, a doutrina e os tratados e convenções internacionais, já que é a partir deles que se traduzem os valores mais essenciais da Ciência Jurídica.

484 GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria da ciência jurídica. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 116. 485 Decreto-Lei 4.657 de 04 de setembro de 1942, que disciplinou a Lei de Introdução ao Código Civil.

Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”

Na opinião de Joaquim José Gomes Canotilho487, os princípios desempenham um papel mediato, ao servirem como critério de interpretação e de integração do sistema jurídico, e um papel imediato, ao serem aplicados diretamente a uma relação jurídica.

Para o autor, as três funções principais dos princípios são: impedir o surgimento de regras que lhes sejam contrárias, compatibilizar a interpretação das regras e dirimir diretamente o caso concreto frente à ausência de outras regras.

Dessa forma, os conflitos normativos são muito comuns nessa área e deverão ser resolvidos por meio da aplicação dos princípios do Direito Ambiental, e na omissão legislativa, estes poderão servir de norte para a defesa do bem jurídico tutelado.

A evolução da sociedade e o aparecimento de novas tecnologias fizeram com que, a cada dia, surjam novas situações capazes de interferir na qualidade do meio ambiente e que, por isso, não podem deixar de ser reguladas pelo Direito Ambiental.

A exemplo disso, temos o próprio surgimento das primeiras fontes formais do direito ambiental internacional, as Convenções Internacionais, que expressaram os primeiros fundamentos e conceitos para a proteção jurídica dos recursos naturais, inclusive em relação ao surgimento dos princípios de direito ambiental, que, por sua razão e causa, foram responsáveis pela sua variação e numerosa quantidade.

487 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª ed., 4ª

CAPÍTULO V – PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL EXPOSTOS NAS