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Fontes Observações à sistematização do direito do

O regime do arrendamento predial consta fundamentalmente, ainda hoje, do Cap. IV, referente à locação, do Título II do Livro II do Código Ci-

79 Note-se, porém, que a proteção dos interesses aludidos no texto nunca determinou

o congelamento das rendas, cuja actualização (a princípio quinquenal e, a partir de 1981, anual) a lei sempre admitiu relativamente aos arrendamentos comercias e equiparados, como bem se compreende, pois o senhorio tem aqui possibilidade de repercutir o maior cus-

vil (arts. 1022.º-1120.º). Há porém a notar que o art. 1029.º tem agora um

n.º 3, que lhe foi acrescentado pelo Decreto-lei n.º 67/75, de 19 de Feve- reiro, o art. 1041.º tem a redacção que lhe deu o Decreto-lei n.º 293/77, de 20 de Julho, o art. 1051.º foi modificado, sucessivamente, pelo Decreto-lei n.º 67/75, de 19 de Fevereiro, pela Reforma de 1977, pelo Decreto-lei n.º 328/81, de 4 de Dezembro, e pela Lei n.º 46/85, de 20 de Setembro, os

arts. 1052.º e 1083.º têm a redacção que lhes deram, respectivamente a

Reforma de 1977 e a “Lei das Rendas” de 1985, a qual deu ainda ao art.

1106.º a sua actual redacção, e, finalmente, o texto do art. 1111.º, em que

já tinham sido introduzidas modificações, sucessivamente, pelos Decre- tos-Leis n.ºs 293/77 e 328/81, tem presentemente a redacção que lhe deu o art. 40.º da Lei n.º 46/85, de 20 de Setembro.

Quanto à legislação anterior ao Código Civil e que este manteve em vigor, importa referir nomeadamente o Regulamento geral das edifi-

cações urbanas (Decreto-lei 38 382, de 7 de Agosto de 1951) e a Lei n.º 2088, de 3 de Junho de 1957 (alterada pelos arts. 42.º e 43.º da Lei n.º

46/85, de 20 de Setembro), relativa à denúncia do contrato de arrenda- mento para aumento do número de locais arrendáveis, nos termos dos arts. 1096.º, n.º 1, al. b) e 1100.º CC.

Da nova legislação locativa, posterior a 25 de Abril de 1974, des- tacam-se como mais importantes: o Decreto-lei n.º 445/74, de 12 de

Setembro, que, entre outras medidas referentes ao arrendamento para

habitação, estendia a todo o país a proibição de o senhorio pedir a ava- liação fiscal do prédio para efeitos de actualização da renda, fixava as rendas máximas dos fogos que, já tendo sido objecto de arrendamento, eram arrendados outra vez, impunha ao senhorio uma obrigação de ar- rendar, nos termos que já referimos, e instituía um sistema de controle do mercado do arrendamento para habitação pelas câmaras municipais80; o Decreto-lei n.º 67/75, de 19 de Fevereiro, que deu nova redacção aos arts. 1029.º e 1051.º CC, regulando em termos diversos, mesmo quanto aos arrendamentos de pretérito, os arrendamentos comerciais ou indus- triais não reduzidos a escritura pública e certas causas de caducidade do contrato de arrendamento; o Decreto-lei n.º 293/77, de 20 de Julho, que alterou a redacção de alguns preceitos do Cód. Civ. e procurou tutelar o

80 Conforme dissemos, o Decreto-lei n.º 445/74, de 12 de Setembro, deixou de vigorar

no território continental da Republica por força do art. 16.º do Decreto-lei n.º 148/81, de 4 de Junho, mas parece ter ainda aplicação à Região Autónoma da Madeira (supra, nota (54)).

interesse do inquilino nas acções de despejo, admitindo, nomeadamente, o diferimento da desocupação do prédio e a declaração de caducidade do direito à resolução do contrato em determinados casos81; o Decreto-lei

n.º 294/77, de 20 de Julho, que revogou a “Lei da Ocupações” anterior

(Decreto-lei n.º 198 - A/75, de 14 de Abril) e veio permitir em termos diver- sos a regularização das ocupações de fogos devolutos levadas a efeito até 14 de Abril de 1975; a Lei n.º 63/77, de 25 de Agosto, que atribuiu ao inquilino, nos arrendamentos para habitação, direito de preferência na compra e venda ou dação em cumprimento do prédio arrendado; a Lei

n.º 55/79, de 15 de Setembro (alterada pelo art. 41.º da Lei n.º 46/85, de

20 de Setembro), que modificou vários aspectos o regime da denúncia do arrendamento urbano pelo senhorio; a Lei n.º 35/81, de 27 de Agosto, que impõe o litisconsórcio necessário passivo nas acções, como a de desejo, que possam implicar a perda de direitos que só por ambos os cônjuges ou com o consentimento de ambos podem ser alienados; o Decreto-lei

n.º 329/81, de 4 de Dezembro, que, em vista de correcto ordenamento

urbano, instituiu mecanismos de controle da celebração de contratos de arrendamento para comércio, indústria ou exercício de profissão liberal; o

Decreto-lei n.º 330/81, de 4 de Dezembro, o Decreto-lei n.º 189/82, de 17 de Maio, e o Decreto-lei n.º 392/82, de 18 de Setembro, todos referentes

à actualização das rendas nos contratos de arrendamento para fins não habitacionais e que foram repristinados pela declaração de inconstitu- cionalidade do Decreto-lei n.º 436/83, de 19 de Dezembro, constante do Ac. do Trib. Constitucional n.º 77/88, publ. no DR, I série, de 28 de Abril de 1988; a Lei n.º 2/82, de 15 de Janeiro, respeitante aos contratos de arrendamento a “repúblicas” e “solares” de estudantes de Coimbra e cuja disciplina foi estendida a todo o país pela Lei n.º 12/85, de 20 de Junho; O Decreto Regional n.º 24/82/A, da Ass. Reg. dos Açores, publ. no DR, I

série, de 3 de Setembro de 1982, que contém o regime do arrendamento

para habitação da Região Autónoma dos Açores e substituiu o Decr. Reg. n.º 8/81/A, também da Ass. Reg. dos Açores, publ. no DR, I série, de 27 de Junho de 1981 e referente à mesma matéria; o Decreto-lei n.º 436/83,

de 19 de Dezembro, arts. 6.º e 7.º, n.ºs 1 e 2, preceitos que não foram

81 Note-se que o Decreto-lei n.º 293/77 revogou o Decreto-lei n.º 155/75, de 25 de

Março, que suspendera as acções e execuções de despejo propostas com os fundamentos das als. a) e b) no n.º 1 do art. 1096.º do Cód. Civ., e bem assim o Decreto-lei n.º 583/76, de 22 de Julho, que levantara em determinadas hipóteses a suspensão das acções e exe- cuções propostas com o fundamento da al. a) do n.º 1 do art. 1096.º.

atingidos pela declaração de inconstitucionalidade constante do Ac. do Trib. Constitucional n.º 77/88; a Lei n.º 46/85, de 20 de Setembro, que alterou o regime do arrendamento para habitação em numerosos aspec- tos, instituindo, designadamente, os princípios da actualização anual das rendas e da “correcção extraordinária” das rendas antigas82; o Decreto

Regulamentar n.º 1/86, de 2 de Janeiro, que modificou o preceituado no

Decreto n.º 37.021, de 21 de Agosto de 1948, relativamente à composição e ao funcionamento das comissões de avaliação; o Decreto-lei n.º 13/86,

de 23 de Janeiro, que regulamenta a forma do contrato de arrendamen-

to para habitação e estabelece novo regime dos arrendamentos em re- gime de renda condicionada; o Decreto-lei n.º 68/86, de 27 de Março, que contém a regulamentação básica do subsídio de renda; o Decreto-lei

n.º 74/86, de 23 de Abril, que deu nova redacção ao art. 44.º da Lei n.º

46/85, de 20 de Setembro; o Decreto legislativo regional n.º 26/86/A da

Ass. Reg. dos Açores, publ. no DR, I série, de 25 de Novembro de 1986,

relativo à actualização das rendas de prédios urbanos destinados a fins não habitacionais; o Decreto regulamentar n.º 28/87, de 24 de Abril, rela- tivo à composição da comissão que procede à avaliação prevista no art. 15.º do Decr. n.º 37.021, de 21 de Agosto de 1948; a Portaria n.º 839/87,

de 26 de Outubro, que estabelece os valores máximos das rendas, nos

anos de 1988 e 1989, nos contratos de arrendamento rural; o Decreto-lei

n.º 9/88, de 15 de Janeiro, que deu nova redacção ao n.º 2 do art. 3.º do

Decreto-lei n.º 13/86, de 23 de Janeiro; o Decreto legislativo regional n.º

16/88/A da Ass. Reg. dos Açores, publ. no DR, I série, de 11 de Abril de 1988, que estabelece o regime do arrendamento rural na Região Autóno-

ma dos Açores; o Decreto-lei n.º 385/88, de 25 de Outubro, que contém a nova disciplina do arrendamento rural; a Portaria n.º 715/88, de 28 de

Outubro, que estabelece o coeficiente de actualização das rendas livres

e das rendas condicionadas, nos contratos de arrendamento para habita- ção, para vigorar durante o ano de 1989; a Portaria n.º 716/88, de 28 de

Outubro, que fixa os factores de correcção extraordinária das rendas ha-

82 Note-se que o Decreto-lei n.º 387/79, de 19 de Setembro, que estabelecia de-

terminados critérios de actualização periódica das rendas no arrendamento urbano, não chegou a ter aplicação efetiva, pois, tendo sido requerida a sua sujeição e ratificação, a Assembleia da Republica recusou a ratificação do diploma (Resolução n.º 82/80, aprovada em 26 de Fevereiro de 1980 e publicada no Diário da Republica de 10 de Março seguin- te). O Decreto-lei n.º 387/79 tinha sido regulamentado pela Portaria n.º 676/79, de 13 de Dezembro, no respeitante às características da construção a mencionar nas licenças de utilização concedidas pelas câmaras municipais.

bitacionais em vigor durante o ano de 1989; a Portaria n.º 725/88, de 31

de Outubro, que estabelece os valores unitários por metro quadrado do

preço da construção e das obras de beneficiação ou reparação a vigorar durante o ano de 1989, para o efeito do art. 7.º do Decreto-lei n.º 13/86, de 23 de Janeiro; a Portaria n.º 725 - A/88, de 31 de Outubro, que fica o coeficiente de actualização das rendas nos contratos de arrendamentos para comércio, indústria e exercício de profissão liberal, para vigorar no ano de 1989; e, por último, o Decreto-lei n.º 394/88, de 8 de Novembro, que estabelece o regime geral do arrendamento florestal.

Dado o modo como a matéria do arrendamento predial está regula- da no Código, é talvez útil advertir que essa matéria, deixando agora de parte o arrendamento rural e florestal, está aí repartida em três corpos

de normas: o das disposições gerais da locação (arts. 1022.º-1063.º), o

das disposições gerais do arrendamento urbano e rústico não rural nem florestal (arts. 1083.º-1106.º), e, finalmente, o das disposições especiais do arrendamento para habitação (arts. 1107.º-1111.º), comércio ou indústria (arts. 1112.º-1118.º) ou exercício de profissão liberal (arts. 1119.º-1120.º). E, havendo uma relação de especialidade entre as normas do segundo e ter- ceiro corpos e as do corpo anterior, a lei especial afasta a lei geral onde for

incompatível com ela, de modo que as disposições gerais da locação só

se aplicam ao arrendamento enquanto não forem contrariadas pelas dis- posições gerais do arrendamento urbano e rústico não rural nem florestal, assim como estas normas só se aplicam ao arrendamento para habitação, comércio e indústria ou exercício de profissão liberal na medida em que não haja normas que as contrariem nas disposições especiais relativas a cada uma destas modalidades de arrendamento. Em matérias reguladas, ao mesmo tempo, nas disposições gerais da locação e nas referentes ao arrendamento urbano e rústico não rural nem florestal, ou nestas últimas e nas disposições especiais do arrendamento para habitação, comércio ou indústria ou exercício de profissão liberal, a aplicação do primeiro corpo de normas deve pois fazer-se com cuidado, tornando-se necessário verificar se essa aplicação não é excluída pelas normas do segundo corpo. Assim p. ex., o art. 1093.º, como norma especial, prevalece sobre a norma geral do art. 1047.º, assim como os arts. 1108.º, n.º 1 e 1109.º, n.º 1, al. b) preva- lecem sobre o princípio do art. 1093.º, n.º 1, al. b); os arts. 1095.º e 1096.º prevalecem sobre o art. 1051.º, n.º 1, al. a) e os arts. 1111.º e 1113.º sobre o art. 1051.º, n.º 1, al. d); etc.