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3 MÉTODO DE PESQUISA

3.2 FONTES E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Todos os dados analisados nesta pesquisa foram provenientes de fontes secundárias, sendo retirados das bases de dados ImpactBase e ImpactAssets 50 e dos sites dos próprios fundos de investimento de impacto indicados nessas bases de dados. Informações e documentos que não estavam em inglês, francês, espanhol ou português não foram considerados para a pesquisa. O Apêndice 5 lista as fontes de informações e os documentos consultados para cada um dos fundos da amostra.

Em casos de informações discrepantes entre duas fontes, foram consideradas, primeiramente, as informações dos relatórios publicados nos sites dos fundos e depois as que estavam nas bases de dados. Para os campos de informações qualitativas, isto é, de natureza mais geral da gestora e não especifica do fundo, e quando não foram encontradas informações relacionadas ao fundo de investimento de impacto, foram considerados os dados relacionados à gestora do fundo.

Outra fonte de dados foi o site do IRIS. As gestoras dos fundos de investimento de impacto que utilizam o sistema de métricas do IRIS estão listadas no site do IRIS, onde podemos ver algumas informações, como uma pequena descrição da gestora, os setores-objetivos, o objetivo social e a lista de métricas IRIS usada pela gestora. Para os fundos que utilizam o padrão IRIS para medir seu desempenho foram consideradas as métricas listadas pela sua gestora no site de IRIS.

Para mapear os fundos de investimento de impacto constantes da amostra foram criadas duas matrizes de informações.

Na primeira, são apresentados dimensões e campos de informação de cada fundo. As dimensões foram ancoradas na revisão de literatura e o Apêndice 6 mostra a relação de cada dimensão da matriz com as referências apresentadas no capítulo 2. É interessante observar a diversidade de definições de diferentes autores para cada dimensão da matriz. Os campos de informação são os dados coletados de cada fundo. Cada campo está relacionado a uma dimensão e tem por objetivo reunir elementos

quantitativos ou qualitativos para possibilitar as análises. O Apêndice 7 relaciona as dimensões a cada campo de informação da matriz.

A segunda é uma lista de métricas utilizadas pelos fundos, derivada dos campos referentes a métricas da primeira matriz. Enquanto na primeira matriz queremos observar se os fundos seguem categorias padronizadas de métricas, na segunda queremos especificar essas métricas.

A seguir, encontra-se uma breve descrição de cada uma das dimensões das matrizes de informações, de seus campos associados e do protocolo de pesquisa. Dividiu-se entre três blocos: critérios de seleção de ativos; métricas de desempenho financeiro; e métricas e divulgação do desempenho socioambiental.

3.2.1 Critérios de Seleção de Ativos

Nesse bloco, procurou-se entender algumas características do processo de seleção de ativos dos fundos. Foram analisadas 7 dimensões: intencionalidade; classes de ativos; temas de impacto; due diligence; opções de saída; relatório de impacto; e avaliador independente.

A intencionalidade está relacionada com o fato do objetivo central do investimento de impacto ser a geração de impacto socioambiental positivo, simultaneamente com retorno financeiro. Para isso, buscamos elementos que confirmassem essa ideia. O campo foi preenchido como “verdadeiro”, caso a intencionalidade se verificasse ou “falso”, caso não se verificasse ou não se encontrasse dados para verificá-la. Para considerar a intencionalidade como verdadeira, procurou-se resposta para as seguintes perguntas: O objetivo socioambiental é explícito no processo de seleção de ativos? O impacto socioambiental faz parte da estratégia declarada do fundo e da empresa a ser investida? A missão, visão e os valores retratam o objetivo socioambiental?

A dimensão “classe de ativos” está ligada ao fato de que investimento de impacto não é uma classe específica de ativo, mas um estilo de investimento que permeia todas as classes de ativo. Para analisar essa dimensão, foram considerados dois campos de informações: o primeiro, onde se considerou “verdadeiro” caso o fundo utilizasse mais de uma classe de ativo e “falso” caso utilizasse somente uma;

não sendo encontrados dados suficientes para preencher o campo, considerou-se vazio. O segundo campo foi a lista das classes utilizadas pelo fundo de investimento.

A dimensão “temas de impacto” está relacionada aos setores onde os fundos atuam. A ideia foi entender se as gestoras e os fundos têm prioridade por alguns setores e se existe alguma tendência na América Latina. Foram considerados dois tipos de informações: um campo, onde se considerou “verdadeiro” caso o fundo ou a gestora declarasse os setores em que atua e “falso” caso não declarasse; outro com a lista dos setores em que os fundos e gestoras atuavam. Nessa dimensão, também foram consideradas informações divulgadas no site e nos relatórios das gestoras e não somente dos fundos.

A dimensão “due diligence” tem por objetivo entender se os fundos e/ou as gestoras realizam o processo de due diligence na seleção de ativos. Considerou-se “verdadeiro” caso fundo ou a gestora mostrasse, de alguma forma, que realiza o due diligence, e “falso” caso não ficasse claro a sua realização. Nessa dimensão também foram consideradas informações divulgadas no site e nos relatórios das gestoras e não somente dos fundos.

A dimensão “opções de saída” está relacionada com o desafio do desinvestimento do fundo. Para analisar essa dimensão, foram tratados dois tipos de informações: um primeiro campo, onde se considerou “verdadeiro” caso fundo ou a gestora mencionasse os desinvestimentos de seus ativos e “falso” caso o processo não ficasse evidente. O outro campo foi a lista destas opções. Também nessa dimensão foram consideradas informações divulgadas no site e nos relatórios das gestoras dos fundos e não somente dos fundos.

A divulgação de relatório de impacto é importante para garantir a transparência do impacto socioambiental gerado pelos investimentos. Nessa dimensão, dois campos foram preenchidos. O primeiro investigou se o fundo elaborava um relatório periódico interno e/ou para os seus investidores. O segundo buscou saber se o fundo divulgava um relatório para o mercado, no site ou nas bases de dados, referentes ao ano de 2015 ou 2016. Em caso de fundos que se encontravam fechados, foi considerado o relatório do ano de fechamento do fundo.

A dimensão “avaliador independente” tem por objetivo entender se os fundos utilizam esse tipo de avaliador para monitorar o impacto gerado pelos investimentos, já que a ideia de um auditor independente para os resultados socioambientais é um

ponto chave para o avanço do setor. Considerou-se “verdadeiro” caso o fundo ou a gestora mostrasse, de alguma forma, que utilizava um avaliador e “falso” caso não ficasse claro a sua utilização. O GIIRS foi considerado como avaliador independente.

3.2.2 Métricas socioambientais

Pela revisão de literatura, pode-se concluir que medir e reportar o impacto do investimento é fundamental para definir um investimento de impacto. Dessa forma, para entender melhor sobre esse aspecto dos fundos de investimento de impacto, foram extraídas dimensões para análise, a saber: métricas IRIS; outros padrões de métricas; métricas próprias; e classificação/comparabilidade.

A dimensão “métricas IRIS” buscou saber se o fundo utilizava o padrão de métricas definido pelo IRIS e quais métricas pertenciam a cada bloco. A ideia foi levantar quantos fundos utilizam esse padrão, que parece ser referência do setor, outros padrões ou métricas próprias. A matriz de métricas relacionou as métricas divulgados pelos fundos para uma análise mais detalhada.

A dimensão “outros padrões de métricas” teve por objetivo saber se os fundos utilizavam outros padrões para medir desempenho, que não fosse o IRIS. Caso se verificasse a utilização de outros padrões, a análise mais detalhada seria feita na seção de destaques qualitativos.

Da mesma forma que a dimensão “outros padrões de métricas”, a dimensão “métricas próprias” teve por objetivo entender se os fundos utilizavam métricas próprias para avaliar o desempenho de seus ativos, com o detalhamento da análise sendo também direcionado para a discussão dos destaques qualitativos.

A dimensão “classificação/comparabilidade” teve por objetivo entender se os fundos utilizavam agências classificadoras para aumentar a comparabilidade e a transparência dos seus desempenhos socioambientais. Para isso, três campos foram preenchidos. O primeiro para saber se o fundo estava associado ao GIIRS e, no segundo, se estava associado a outra avaliadora independente. Como as informações sobre cada fundo no site do GIIRS não são publicadas abertamente, a ideia foi buscar nos sites dos fundos informações sobre o relacionamento entre eles e as avaliadoras independentes. O terceiro campo buscou verificar se os fundos divulgavam os

impactos gerados segregados por cada ativo. Neste campo, foi considerado como “verdadeiro” caso o fundo mostrasse, em alguma das fontes, informações sobre seus ativos de forma discriminada. A ideia foi que a comparabilidade entre os ativos ressaltasse boas práticas que impulsionem o avanço do setor. Para fundos atrelados ao GIIRS, foi considerado o campo como “verdadeiro”.

3.2.3 Métricas financeiras

O terceiro e último bloco da matriz de informações correspondeu às métricas financeiras, sendo analisadas três dimensões: expectativa de retorno; histórico do fundo; e liquidez.

A expectativa de retorno é uma caraterística ligada a qualquer tipo de investimento. Como a ideia do investimento de impacto é ser uma “filantropia financeiramente sustentável”, a expectativa de retorno financeiro positivo é uma característica fundamental, seja com uma taxa de retorno ajustada ao risco ou com taxa abaixo do mercado. Para essa dimensão, foram estabelecidos três campos: a categoria da taxa de retorno, a taxa de retorno alvo divulgada e o benchmark perseguido pelo gestor. A categoria da taxa de retorno visou entender se os fundos perseguem taxas ajustadas ao risco ou taxas concessionárias. A taxa de retorno alvo é a taxa que o fundo persegue, enquanto o benchmark é a taxa em que o fundo se baseia como referência, que pode ser uma porcentagem ou uma taxa de mercado. Os campos “taxa de retorno alvo” e “benchmark” foram são do tipo “verdadeiro” ou “falso”, enquanto o campo “categoria da taxa de retorno” podia ser preenchido com duas opções: taxas concessionárias ou taxas ajustadas ao risco.

A dimensão “histórico do fundo” visava saber se o fundo tinha e divulgava o histórico de seus investimentos. A ideia era que o histórico mostra a viabilidade dos investimentos e aumenta a credibilidade do setor. Para isso, dois campos foram concebidos, um para saber se o fundo possuía histórico e/ou divulgava para seus investidores e o outro para saber se divulgava o histórico para o mercado.

Para analisar a dimensão “relatório de impacto”, dois campos foram preenchidos. O primeiro investigou se o fundo elabora um relatório de impacto, onde se considera verdadeiro caso fundo ou a gestora mencione que produz relatórios de

impacto. O segundo campo busca saber se o fundo de alguma forma divulga o relatório para o mercado, seja no site ou nas bases de dados. Considera verdadeiro caso encontre-se o relatório em qualquer uma das fontes.

A última dimensão da matriz foi a liquidez do investimento, que teve como objetivo entender a preocupação do fundo em relação à liquidez dos recursos dos investidores. Para isso foi criado um campo que registrou se o fundo divulgava ou não informações sobre a liquidez dos investimentos.

O Apêndice 8 apresenta um sumário com as descrições das informações que cada campo buscou nas fontes. Todas as informações, tanto nas bases de dados quanto nos sites e nos documentos publicados pelos gestores dos fundos, foram coletadas no mês de dezembro de 2016.

3.2.4 Matriz de métricas

A matriz de métricas teve por finalidade listar as métricas socioambientais utilizadas pelos fundos de investimento de impacto. No caso do padrão IRIS, classificamos as métricas por setores. Foi utilizada a própria classificação que o IRIS utiliza, que pode ser encontrada na taxonomia IRIS 4.0, lançada em março de 2016. Trata-se de um catálogo com 559 métricas de desempenho, com diversas classificações, como: identidade (ID); nome; definição; seção; subsecção; setor; forma de cálculo; orientação de uso e etc. A matriz é uma lista das métricas utilizadas pelos fundos e possui 5 colunas: fundo; métrica; ID; setor; seção; e subseção. Para cada fundo, listamos as métricas de desempenho utilizadas encontradas no site do IRIS.

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