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FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA AMÉRICA LATINA: SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO.

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EDUARDO ALBIERI COELHO DA SILVA

FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA AMÉRICA LATINA:

SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO.

Rio de Janeiro 2017

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FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA AMÉRICA LATINA:

SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

ORIENTADOR: Celso Funcia Lemme

Rio de Janeiro 2017

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FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA AMÉRICA LATINA: SELEÇÃO

DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada por:

__________________________________________ (Celso Funcia Lemme, DSc, UFRJ)

__________________________________________ (Luis Felipe Machado do Nascimento, PhD, UFRGS)

__________________________________________ (Istvan Karoly Kasznar, PhD, FGV)

Rio de Janeiro 2017

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Gostaria de agradecer a todos que me ajudaram durante o mestrado e na execução deste trabalho.

Primeiramente, gostaria de agradecer a minha mãe, que me apoiou de todas as formas possíveis para que eu concluísse essa etapa importante na minha vida. Aos amigos que fiz no Coppead que participaram junto comigo nesse longo e intensivo caminho até o diploma. Um agradecimento especial à Gabi, que esteve presente na maioria dos trabalhos e estudos e me ajudou revisando meus textos.

A todos meus amigos de fora do Coppead, que de alguma forma influenciaram e incentivaram a realização do mestrado.

A todos os professores do Coppead, pelo aprendizado proporcionado.

Ao meu orientador, Celso, pelas horas de reunião e paciência para me apoiar na realização desta dissertação.

Ao André Massa, pelo apoio e a indicação de um tema de dissertação atual e de relevância para a sociedade.

A toda equipe do Coppead, desde as secretárias, os seguranças, o pessoal da cantina, as equipes de manutenção, de TI, de limpeza e etc.

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SILVA, Eduardo Albieri Coelho da. FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA

AMÉRICA LATINA: SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO. 2017. 96f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

Apesar de incipiente, o setor de investimento de impacto tem apresentado um crescimento expressivo no mundo e na América Latina. A cada ano, novos investidores, fundos e negócios de impacto surgem com objetivo de resolver problemas socioambientais de maneira sustentável. Nesse contexto, esta pesquisa teve por objetivo mapear os fundos de investimentos de impacto que atuam na América Latina para entender melhor os processos de seleção e monitoramento de seus ativos e de mensuração de desempenho de impacto e financeiro. Para isso, selecionou-se uma amostra de 80 fundos de investimentos de impacto que tem atuação no mercado latino americano e uma matriz de informações foi concebida. O resultado mostrou que o mercado estudado ainda é incipiente e carece de boas práticas e transparência na divulgação de informações dos fundos. Processos como o due diligence, elaboração e divulgação de relatórios de impacto, histórico de retorno dos fundos não se mostraram acessíveis. No entanto, foram encontradas boas práticas que podem servir como referência para o desenvolvimento do setor. O mercado entende a importância de medir o impacto de seus investimentos, porém as métricas ainda são confusas e pulverizadas. As categorias acesso a serviços financeiros e acesso a serviços básicos apareceram ser os temas com maior foco na América Latina.

Palavras-chave: América Latina; fundos de investimento de impacto; métricas socioambientais; seleção de ativos.

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SILVA, Eduardo Albieri Coelho da. FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA

AMÉRICA LATINA: SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO. 2017. 96f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

Despite incipient, the impact investing sector has shown a significant growth in the world and in Latin America. Each year, new investors, funds and impact businesses arise with the objective of solving socio-environmental problems in a sustainable manner. In this context, this research aimed to map the impact investment funds that operate in Latin America to better understand the assets selection process and the impact and financial performance measurement and monitoring routine. Therefore, a sample of 80 impact investment funds was selected, which operates in the Latin American market and an information matrix was conceived. The result showed that the market studied is still incipient and lacks good practices and transparency in the disclosure of information from the funds. Processes such as due diligence, impact reports drafting and disclosure, track record were not accessible. However, good practices have been found that can serve as a benchmark for the development of the sector. The market understands the importance of measuring the impact of its investments, but the metrics are still confusing and pulverized. The categories of access to financial services and access to basic services appeared to be the focus in Latin America.

Keywords: Latin America; impact investing funds; socio-environmental metrics; asset selection.

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Tabela 1: Nº de fundos que atuam na AL, por região de origem de capital. ... 37

Tabela 2: Nº de fundos que atuam na AL por país de origem de capital. ... 37

Tabela 3: Frequências absolutas e relativas dos campos do bloco de critério de seleção de ativos ... 48

Tabela 4: Quantidade de fundos que utilizam uma ou mais classes de ativos discriminados por classe de ativos ... 50

Tabela 5: Temas de impacto divididos pelas categorias do ImpactBase ... 52

Tabela 6: Frequências absoluta e relativa das métricas socioambientais ... 53

Tabela 7: Frequências absoluta e relativa da avaliação independente ... 54

Tabela 8: Frequências absolutas e relativas das métricas IRIS classificadas por seção ... 55

Tabela 9: Frequências das métricas IRIS classificadas por setor ... 56

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Quadro 1: Resultados dos testes estatísticos de proporções para os diversos quesitos da matriz de informações ... 58 Quadro 2: Boas práticas dos fundos ... 63

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SRI: Socially Responsible Investing

ESG: Environmental, Social and Governance GIIN: Global Impact Investing Network

ICE: Instituto Cidadania Empresarial

IRIS: Impact Reporting and Investment Standards GIIRS: Global Impact Investing Rating System GIFE: Grupo de Institutos Fundações e Empresas ONGs: Organizações não Governamentais

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1 APRESENTAÇÃO _______________________________________________________ 13

1.1 CONTEXTO E RELEVÂNCIA _________________________________________________ 13 1.1.1 Mudança Cultural da Sociedade ___________________________________________________ 14 1.1.2 Mercado de Investimento de Impacto ______________________________________________ 18 1.2 OBJETIVO DA PESQUISA ___________________________________________________ 21

2 REVISÃO DE LITERATURA ________________________________________________ 23

2.1 CARACTERIZAÇÃO DE INVESTIMENTO DE IMPACTO ____________________________ 23 2.2 PRINCIPAIS DESAFIOS ____________________________________________________ 26 2.2.1 Métricas, Indicadores e Avaliação _________________________________________________ 28

3 MÉTODO DE PESQUISA _________________________________________________ 34

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA ___________________________________________________ 34 3.2 FONTES E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ______________________________ 38 3.2.1 Critérios de Seleção de Ativos _____________________________________________________ 39 3.2.2 Métricas socioambientais ________________________________________________________ 41 3.2.3 Métricas financeiras ____________________________________________________________ 42 3.2.4 Matriz de métricas ______________________________________________________________ 43 3.3 ANÁLISE DOS DADOS _____________________________________________________ 43

3.3.1 Aspectos complementares da análise dos dados ______________________________________ 44 3.3.2 Discussão sobre a origem dos fundos da amostra _____________________________________ 46 3.3.3 Destaques qualitativos __________________________________________________________ 46 3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO _________________________________________________ 47

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ______________________________________________ 48

4.1 DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIAS E AS ANÁLISES DOS BLOCOS DA MATRIZ DE

INFORMAÇÕES ________________________________________________________________ 48 4.1.1 Critérios de seleção de ativos _____________________________________________________ 48 4.1.2 Métricas socioambientais ________________________________________________________ 53 4.1.3 Métricas financeiras ____________________________________________________________ 56 4.1.4 Testes de hipótese ______________________________________________________________ 58 4.2 DISCUSSÕES QUALITATIVAS _______________________________________________ 59

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________________________________ 64 REFERÊNCIAS _____________________________________________________________ 66 APÊNDICE 1: Tipos de informações da ImpactBase _______________________________ 72 APÊNDICE 2: Exemplos de informações da ImpactAssets __________________________ 74 APÊNDICE 3: Fundos que atuam na AL listados na ImpactBase _____________________ 78 APÊNDICE 4: Fundos e empresas que atuam na América Latina listadas na base

ImpactAssets50 ___________________________________________________________ 80 APÊNDICE 5: Amostra da pesquisa e as fontes de dados ___________________________ 81 APÊNDICE 6: Definição das dimensões da matriz de informações ___________________ 86 APÊNDICE 7: Definição dos campos da matriz de informações ______________________ 93 APÊNDICE 8: Descrições das informações dos campos da matriz ____________________ 94 APÊNDICE 9: Frequências absolutas e relativas das métricas IRIS classificadas por seção e subseção _________________________________________________________________ 96

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1 APRESENTAÇÃO

1.1 CONTEXTO E RELEVÂNCIA

Em meados do século 20, era senso comum que o governo tinha a responsabilidade principal de atender às necessidades sociais e ambientais, usando os tributos recolhidos da riqueza gerada pelas empresas privadas para pagar as contas do Estado. Com o avanço do século 21, torna-se cada vez mais aceito e esperado que filantropos ricos, empresas, instituições de caridade e empreendedores sociais participem e até mesmo liderem iniciativas para resolver grandes problemas sociais, especialmente quando as soluções exigem inovação e empreendedorismo (BISHOP & GREEN, 2015).

Dentro desse contexto, surge o campo das Finanças Sociais e Negócios de Impacto, que visa a conciliar o antagonismo entre retorno financeiro e impacto social. A Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais, uma organização que acredita que modelos de negócio podem resolver problemas sociais, diz: “O campo das Finanças Sociais e Negócios de Impacto desenvolveu-se no mundo e no Brasil com o propósito de buscar novos recursos para financiar modelos de inovação que possam gerar mudanças positivas, com produtos e serviços, para a população de baixa renda. Como os recursos financeiros provenientes das fontes tradicionais, como governo, organismos internacionais, investimento social privado e a filantropia, mostram-se insuficientes, as Finanças Sociais despontam como uma oportunidade para ampliar o capital disponível para financiar os Negócios de Impacto em saúde, educação, habitação, entre outras” (FORÇA TAREFA..., 2016).

No meio desse novo setor de Finanças Sociais e Negócios de Impacto surge o conceito de investimento de impacto que pode ser caracterizado como um modelo híbrido, que visa tanto o retorno financeiro quanto o impacto socioambiental. O termo investimento de impacto ou “impact investing” foi cunhado pela Rockfeller Foundation em 2007, em um encontro de líderes do setor. Segundo eles, investimento de impacto é “o processo de fazer investimentos que gerem valor social e ambiental, bem como retorno financeiro”. Vale ressaltar que dentro do contexto de investimento de impacto, o impacto tem conotação positiva.

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Outros termos, como Socially Responsible Investing (SRI) e Environmental, Social and Governance (ESG) têm significado e gênesis diferentes, porém visões semelhantes, com a finalidade de incorporar as questões socioambientais no campo dos investimentos. Esse movimento decorre uma mudança cultural da sociedade, que busca ser mais sustentável. A relevância desta pesquisa, de natureza exploratória, baseia-se no surgimento e crescimento do mercado de investimento de impacto e do crescente número de agentes que atuam nesse mercado e/ou se interessam pelo tema.

1.1.1 Mudança Cultural da Sociedade

O investimento de impacto surge das dificuldades encontradas nas ações de filantropia para manutenção de seus projetos ao longo do tempo. Nesse contexto, os investimentos de impacto podem ser vistos como uma ferramenta importante para prover sustentação financeira, escala, eficácia e eficiência para as soluções socioambientais.

Outra motivação para o avanço do setor está relacionada ao risco e retorno dos investimentos. Um exemplo foi o vazamento de petróleo que aconteceu em 2010 no golfo do México e que gerou um custo de U$ 20,8 bilhões para a British Petroleum (BP), a petrolífera inglesa responsável pela plataforma que explodiu e espalhou milhões de barris de petróleo no mar (JUDGE... , 2016). Os riscos relacionados aos impactos ambientais e às condições de trabalho têm preocupado os empresários e os investimentos de impacto buscam mitigar esses riscos, que antes não eram contabilizados.

A importância dos investimentos de impacto vem crescendo no mundo dos investimentos. Combs diz que o fato de organizações e instituições líderes terem assumido compromissos substanciais em investimento de impacto evidencia a importância do tema (COMBS, 2014). Barki (2015) acompanha esse raciocínio, ao observar que a maioria das grandes empresas privadas conta com uma área de sustentabilidade ou uma fundação ou instituto com o propósito de gerar benefícios sociais e/ou ambientais. Ele acrescenta que, por mais que se questione se a motivação dessas iniciativas é genuína ou movida por interesses econômicos, o poder

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e a força dessas empresas são muito grandes, assim como a influência por elas exercida.

A pesquisa realizada pela UN Global Compact (GLOBAL OPPORTUNITY..., 2015) evidencia as diferenças na forma como as oportunidades relacionadas à sustentabilidade são percebidas em todo o mundo. Em uma escala de -10 a 10, em que acima de 5 é considerado como resposta positiva, 37% dos jovens abaixo dos 30 anos percebem como positivos os benefícios de perseguir as oportunidades sustentáveis. Entre os adultos de 30 a 49 anos, essa taxa é de 34% e na população acima de 50 anos a taxa cai para 27%. Dessa forma, pode-se observar uma mudança de cultura com possíveis influências no modo como as empresas devem estabelecer suas estratégias. A geração mais jovem parece mais otimista em relação à sustentabilidade.

Barki (2015) diz que essa mudança de comportamento, em que o desempenho financeiro deixa de ser o principal objetivo das organizações e passa a ser, entre outros, um pilar fundamental para sua existência, não foi repentina:

”A busca por um propósito mais elevado não é algo recente, que tenha surgido de repente como um modismo. Ao contrário, foi construída ao longo de décadas e não é exclusiva dos negócios de impacto, podendo ser percebida em várias outras frentes, como na própria visão de sustentabilidade, no conceito de valor compartilhado – discutido por Michael Porter e Mark Kramer no livro Creating Shared Value – e na ideia de capitalismo consciente, debatida por John Mackey e Raj Sisodia em Conscious capitalism: liberating the heroic spirit of business. Percebe-se, assim, que os negócios de impacto são uma resposta ao desejo latente de uma parte da população que quer trabalhar com um propósito. Não é simplesmente uma pressão de consumidores mais conscientes, mas uma força que vem do próprio sistema interno das organizações, movida por uma nova geração de empreendedores e colaboradores mais engajados em causas sociais. “ (BARKI, 2015).

Um estudo realizado pela Morgan Stanley com 800 investidores individuais, dentre eles 200 Millennials com idade entre 18 e 32 anos1, concluiu que investidores

da geração Millennial e investidores do sexo feminino têm maior predisposição em prezar a sustentabilidade em seus investimentos. Os investidores Millennial são

1 O intervalo do ano de nascimento dos Millennials ou da Geração Y pode diferenciar ligeiramente

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aproximadamente duas vezes mais propensos a investir em empresas ou fundos que visam objetivos sociais e ambientais (SUSTAINABLE SIGNALS: …, 2015). Com a mesma ideia, Jackie VanderBrug, que trabalha como estrategista de investimento na U.S. Trust, defende que investimentos de impacto estão atingindo o mainstream. Ela e sua equipe no U.S. Trust pesquisaram 684 indivíduos com ativos passíveis de investimento no valor de US$ 3 milhões ou mais e encontraram que 93% dos Millennials, entre 18 e 35 anos, acreditam que o impacto social e ambiental de uma empresa é fundamental para as suas decisões de investimento. Na pesquisa de 2014, esse número foi de 74%. Da mesma forma, as gerações mais antigas passaram a conferir maior credibilidade aos investimentos de impacto. Na pesquisa de 2016, 51% dos investidores Baby Boomer acreditam que investimento de impacto é fundamental na hora de alocar o seu dinheiro, acima dos 46% de dois anos atrás. A pesquisa concluiu que todos os grupos etários aumentaram a sua preferência por investimentos de impacto ao longo dos últimos dois anos (HOW..., 2016).

Já o estudo do Morgan Stanley mostrou que os investidores têm uma visão positiva, porém conflituosa sobre investimentos sustentáveis. Do universo de 800 investidores, 71% têm interesse em investimentos sustentáveis, no entanto 54% acreditam que sustentabilidade e desempenho financeiro constituem um trade-off. Além disso, cerca de dois a cada três (65%) investidores individuais acreditam que investimentos sustentáveis serão prevalentes nos próximos cinco anos e que investimentos sustentáveis não são uma tendência de curto prazo (SUSTAINABLE SIGNALS: …, 2015).

Em relação ao gênero, a pesquisa mostra que as mulheres tendem a pensar mais em impacto quando tratam de investimentos. Quando comparadas a investidores do sexo masculino, elas são aproximadamente duas vezes mais propensas a considerar tanto a taxa de retorno como o impacto positivo de um investimento, além de se mostrarem mais interessadas em incorporar a sustentabilidade no seu comportamento de consumo. (SUSTAINABLE SIGNALS: …, 2015)

Outro nicho que se mostra interessado pelos investimentos sustentáveis é o de alta renda. Em 2016, a U. S Trust lançou o U.S. Trust Insights on Wealth and Worth Survey (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016), o sexto estudo anual sobre Wealth and Worth, realizado pela primeira vez em 2011. É um dos estudos mais aprofundados para explorar as atitudes, comportamentos, objetivos e necessidades de adultos com

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alta renda (HNW – high net-worth e UHNW – ultra high net-worth) nos Estados Unidos. A U.S. Trust vem periodicamente pesquisando a perspectiva de indivíduos e famílias ricas desde 1993. Dentre os resultados, podemos destacar que um dos valores fundamentais entre as pessoas e as famílias mais ricas é encontrar soluções para problemas difíceis do mundo, amparar os financeiramente menos favorecidos e contribuir para o crescimento da economia, ou seja, gerar um impacto positivo na sociedade. As doações para organizações de caridade e sem fins lucrativos é a principal forma que os ricos sentem que estão contribuindo socialmente (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016).

O investimento de impacto está crescendo entre os jovens e os mais ricos. No geral, 27% têm interesse e 11% dos investidores HNW atualmente possuem investimentos focados em impacto na sua carteira. O uso e o interesse em investimentos de impacto estão crescendo em segmentos-chave: mulheres, Millennials, geração X e investidores UHNW. Em relação às pesquisas dos anos anteriores, a posse de investimentos de impacto continua a ser mais presente entre as mulheres (15%), Millennials (28%) e os investidores mais ricos (27%); o maior interesse ainda é dos Millennials - aproximadamente 60%. Durante o ano anterior ao da pesquisa, a percentagem de investidores UHNW que possuíam investimentos de impacto triplicou enquanto entre os homens, os investidores mais velhos e aqueles com menos riqueza permaneceu estável por três anos (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016).

Apesar de 62% dos respondentes não estarem interessados em investimento de impacto social, 58% do total de investidores concordam que o impacto social e ambiental das empresas em que investem é importante para as suas decisões de investimento. Esse número era 51% em 2014 (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016).

Na hora de tomar decisões sobre investimentos, a maioria dos entrevistados prefere investir em empresas que geram um impacto positivo, achando que pode alcançar taxas de retorno de mercado investindo nestes tipos de empresas. Os investidores mais jovens, as mulheres e os mais ricos são mais prováveis de achar que as decisões de investimento são uma forma de expressar valores morais (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016).

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore, é um investidor de impacto. Sua empresa investidora, Generation, tem sob gestão US$ 12 bilhões.

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"Os valores da sustentabilidade devem ser totalmente integrados no processo de investimento", disse Gore, em novembro, em uma conferência. (HOW..., 2016).

1.1.2 Mercado de Investimento de Impacto

Investimento de impacto é um termo relativamente novo, usado para caracterizar investimentos feitos por meio de muitas classes de ativos, setores e regiões, sendo por isso um mercado difícil de se mensurar. Como resultado, o tamanho do mercado ainda não foi totalmente quantificado. No entanto, os ativos totais levantados na pesquisa anual de investidores de impacto indicam que o mercado é substancial, com um potencial significativo de crescimento (GLOBAL OPPORTUNITY..., 2015).

A pesquisa anual de investidores de impacto feita pela GIIN (ANNUAL..., 2016) estudou 158 organizações que investem em impacto, abrangendo diversas áreas geográficas, tipos de organização e filosofias distintas de retorno financeiro. Em 2016, os entrevistados planejaram aumentar o capital comprometido em 16% e o número de negócios em 55%. Entre 97 entrevistados que forneceram informações completas, tanto na pesquisa de 2014 quanto em 2015, o capital comprometido diminuiu ligeiramente (7%), enquanto o número de negócios concluídos aumentou em 2%.

Na pesquisa do ano anterior (2015), o universo de 146 entrevistados pretendia investir 16% a mais em 2015 do que em 2014 e planejava aumentar o número total de negócios em 2015 em 17%. Na subamostra de 82 entrevistados que completaram o estudo tanto em 2013 quanto em 2014, o número de investimentos cresceu 13% em 2014 e seu capital comprometido em 7%. Os ativos sob gestão de impacto para este grupo aumentaram em 20%. Também foi feita a comparação dos investimentos realizados em 2014 com o que havia sido planejado para 2014. A conclusão foi que, para essa subamostra, o número de investimentos realizado ficou 8% aquém do planejado e o montante investido ficou 4% aquém da meta planejada (EYES..., 2015). Um estudo feito pelo JP Morgan aponta conclusões promissoras, que refletem um mercado que se desloca de uma fase de prova de conceito para uma fase de crescimento. De 2012 para 2013, os entrevistados indicaram que foi feito progresso por meio de vários indicadores de crescimento do mercado, incluindo a colaboração dos investidores e as práticas de medição de impacto. Em relação ao ano anterior,

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uma proporção maior de entrevistados indicou progressos significativos nos indicadores de colaboração dos investidores, das práticas de medição de impacto, do número de intermediários com histórico significativo de dados e da disponibilidade de pesquisas (MARKET..., 2014).

Em relação à America Latina, estudo feito pela Aspen Network of Development Entrepreneurs, LGT Venture Philanthropy, Quintessa Partners e University of St. Gallen identificou 78 empresas que fizeram investimentos de impacto na região entre 1997 e 2016. Vinte e oito investidores de impacto com sede na América Latina gerenciavam, em 2016, US$ 1,2 bilhão em ativos e trinta e uma empresas sediadas fora da América Latina que fizeram investimentos de impacto na região gerenciavam US$ 7,2 bilhões em ativos, considerando alocações latino-americanas e outras regiões. As empresas que investem exclusivamente no México gerenciavam US$ 392 milhões, no Brasil US$ 189 milhões e na Colômbia US$ 52 milhões em ativos (THE IMPACT INVESTING..., 2016).

O primeiro investimento de impacto foi realizado em 1997. Cerca de 80% dos entrevistados fizeram seu primeiro investimento depois de 2007, quando o termo investimento de impacto foi cunhado. O crescimento do setor tem sido relativamente estável desde 2007. Entre 1997 e 2007, em média, três ou quatro novos atores entraram no mercado a cada dois anos. Entre 2008 e 2015, o número de novos atores saltou para quatorze ou quinze a cada dois anos. Os entrevistados relataram US$ 1,3 bilhão investidos em 522 acordos de investimento de impacto entre 2014 e 2015, estando otimistas em relação a 2016. Eles esperavam arrecadar US$ 2,4 bilhões globalmente e investir US$ 796 milhões em 336 negócios (THE IMPACT INVESTING..., 2016).

No Brasil, o setor de investimento de impacto ainda é embrionário, mas o estudo feito pela Aspen Network of Development Entrepreneurs, LGT Venture Philanthropy, Quintessa Partners e University of St. Gallen mostra que o mercado brasileiro tem evoluído rapidamente, com o número de novos investidores aumentando. Entre 2012 e 2013, o número de novos investidores triplicou, passando de 7 para 20, enquanto entre 2003 e 2009 o setor desenvolveu-se gradualmente, com sete principais atores no mercado.

Em 2003, a Oikocredit, um fundo de microcrédito com sede na Holanda, foi o primeiro gestor de fundos de impacto a entrar no mercado brasileiro sendo que

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somente em 2009, a Vox Capital surgiu como o primeiro fundo fechado nacional de investimento de impacto. Apesar de o mercado crescer significativamente, o setor ainda é incipiente, com volume financeiro e número de transações relativamente baixo. De 2003 a 2013, apenas 68 transações foram completadas no Brasil, representando US$ 76,4 milhões em capital investido. No entanto, os investidores permaneciam otimistas, declarando intenção de investir em 68 transações em 2014, com total estimado entre US$ 89 milhões e US$ 127 milhões nos negócios (MAPA DO SETOR..., 2014).

Em estudo mais recente (THE IMPACT INVESTING..., 2016), entre 2014 e 2016, o número de investidores de impacto no país aumentou de 22 para 29. Em 2014, havia nove investidores brasileiros e 13 investidores internacionais. Em 2016, estes números aumentaram para 13 e 16, respectivamente.

Célia Cruz, diretora executiva do Inovação em Cidadania Empresarial (ICE), em uma reportagem para o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), diz que o movimento é ainda novo e tem ocorrido no mundo inteiro. No Brasil, há muitos negócios que já nasceram nesse formato e alguns já estão ganhando escala. Mas ainda não é possível saber seus resultados efetivos, pois não se tem o acompanhamento do ciclo e da história completa desses negócios (GIFE, 2016).

Até o final de 2013, entre os 20 investidores ativos no Brasil, 11 eram internacionais e 9 nacionais. Oito deles eram fundos fechados brasileiros e tinham aproximadamente US$ 177 milhões de ativos sob gestão (MAPA DO SETOR..., 2014). Em uma reportagem para o GIFE (GIFE, 2016), a Vox Capital estima que, em 2016, existiam 1100 negócios deste tipo no país. Um número bem modesto se comparado ao resto do mundo.

Alguns atores importantes no mercado brasileiro:

O Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE) é uma organização sem fins lucrativos que reúne associados de origem empresarial, familiar, independente ou comunitária, que investem em projetos de finalidade pública. O GIFE é marcado pela diversidade de seus investidores e reúne 137 associados que, somados, investem por volta de R$ 2,4 bilhões por ano na área social, operando projetos próprios ou viabilizando os de terceiros. Sua missão é aperfeiçoar e difundir conceitos e práticas do uso de recursos privados para o desenvolvimento do bem comum (GRUPO DE INSTITUTOS..., 2016).

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Outro grupo que atua no setor é a Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais que reúne representantes de diversos setores, com o intuito de buscar soluções sistêmicas para atrair mais capital para financiar inovações que aliem impacto social e sustentação financeira. A Força Tarefa atua na criação e disseminação de conceitos claros sobre finanças sociais, na articulação de atores estratégicos e na priorização e acompanhamento de ações, para acelerar o crescimento desse campo no país. Sua missão é articular sua rede de relações para atrair investidores, empreendedores, governos e parceiros, para que concretizem modelos de negócios rentáveis que resolvam problemas sociais ou ambientais e, com isso, mudem a mentalidade sobre como gerenciar recursos e necessidades da sociedade. (FORÇA TAREFA..., 2016)

A Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais (FTFS) lançou um estudo realizado pela Deloitte, com 15 recomendações prioritárias para a expansão e fortalecimento do campo das finanças sociais no Brasil. O documento “Finanças Sociais: soluções para desafios sociais e ambientais – uma nova mentalidade para gerenciar recursos e necessidades na sociedade” estabelece a meta de elevar os investimentos de impacto no Brasil de R$ 13 bilhões, em 2014, para R$ 50 bilhões até 2020. Os investimentos devem ser em ações e negócios que atrelem impacto social e sustentação financeira, ou seja, que ampliem a oferta de produtos e serviços que resolvam problemas sociais e tenham desempenho financeiro positivo. (FORÇA TAREFA..., 2016)

1.2 OBJETIVO DA PESQUISA

O objetivo desta pesquisa, de natureza exploratória, foi mapear os fundos de investimentos de impacto que atuam no mercado latino-americano, investigando os processos de seleção e monitoramento de seus ativos e buscando identificar as métricas utilizadas para medir e reportar o desempenho socioambiental e financeiro.

Uma vez que o conceito de investimento de impacto baseia-se na ideia de dar sustentação financeira a ações filantrópicas, a escolha da América Latina (AL) como área geográfica a ser estudada deveu-se ao fato de, além de incluir o Brasil, ser uma região em que as questões socioambientais são críticas. Outro motivo a destacar é que a realização desta pesquisa foi relacionada a uma dissertação de mestrado em uma universidade federal brasileira.

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Os próximos capítulos estão organizados da seguinte forma: o segundo capítulo apresenta a revisão de literatura; o terceiro trata do método utilizado no estudo; o quarto analisa os resultados; e, por fim, o quinto capítulo expõe as conclusões e propõe pesquisas futuras.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura foi estruturada em duas etapas. A primeira é uma análise sobre o conceito de investimento de impacto e suas principais características. A segunda refere-se a um estudo sobre os principais desafios que o setor de investimento de impacto enfrenta atualmente.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DE INVESTIMENTO DE IMPACTO

Para se fazer um estudo relacionado com investimento de impacto, primeiramente é importante entender como o investimento de impacto é percebido pelos diferentes agentes e organizações, qual é sua definição e suas principais características.

Como descrito no primeiro capítulo, o termo investimento de impacto ou “impact investing” surgiu em um encontro de líderes do setor de investimentos em 2007. Segundo a Rockfeller Foundation, investimento de impacto é “o processo de fazer investimentos que geram valor social e ambiental, bem como o retorno financeiro. Mais especificamente, envolve a implementação de capital, com a intenção de criar ativamente impacto social ou ambiental positivo”. Eles adicionam ainda que investimento de impacto pode ser melhor entendido como um subconjunto de um conceito mais amplo de investimento responsável ou social (UNLOCKING CAPITAL..., 2012).

De acordo com o Global Impact Investing Network (GIIN), investimentos de impacto são investimentos realizados em empresas, organizações e fundos com a intenção de gerar impacto social e ambiental simultaneamente ao retorno financeiro. Eles podem ser realizados tanto em mercados emergentes como nos desenvolvidos e obter retornos abaixo das taxas do mercado ou compatíveis com as taxas de mercado, dependendo das circunstâncias (GLOBAL IMPACT..., 2016). O GIIN é uma organização sem fins lucrativos dedicada a aumentar a escala e a eficácia do investimento de impacto. Para o GIIN, a prática de investimento de impacto pode ser definida por quatro características principais:

INTENCIONALIDADE: a intenção do investidor de realizar um impacto social ou ambiental positivo por meio do investimento é essencial;

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INVESTIMENTO COM EXPECTATIVAS DE RETORNO: espera-se gerar um retorno financeiro sobre o capital ou, no mínimo, o retorno do capital;

VARIEDADE NAS EXPECTATIVAS DE RETORNO E NAS CLASSES DE ATIVOS: as expectativas de retorno dos investimentos de impacto vão desde taxas abaixo do mercado (às vezes chamadas de taxas concessionárias) até as taxas ajustadas ao risco; e podem ser aplicadas em todas as classes de ativos;

MENSURAÇÃO DO IMPACTO: o cunho do investimento de impacto é o compromisso do investidor para medir e relatar o desempenho social e ambiental e a evolução dos investimentos correntes.

Para a US Trust (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016), o significado de "investimento de impacto" está passando por uma mudança. Esse termo pode ser usado de maneira genérica, para descrever uma série de estratégias de investimento focadas no aspecto social, como também pode se referir a uma estratégia de investimento específico. No sentido geral, ele refere-se a estratégias que buscam mudanças social, econômica ou ambiental positivas. Como investimento específico, os investimentos de impacto são caracterizados como um investimento direto em empresas ou projetos que têm potencial para criar resultados sociais e ambientais positivos, bem como retornos financeiros positivos. A US Trust argumenta que o sentido genérico tem sido utilizado por um número crescente de investidores, inclusive eles próprios. Eles acrescentam que o monitoramento dos investimentos pelos investidores, por meio do rastreamento de como essas empresas ou projetos estão progredindo em direção a uma meta de impacto, faz parte do processo, mas que, demanda gerência para informar sobre seus progressos.

Segundo o World Economic Forum (FROM THE MARGINS..., 2013), investimento de impacto é uma abordagem de investimento que, intencionalmente, visa criar tanto retorno financeiro como impacto social ou ambiental positivo, que é medido de forma ativa. Eles defendem que investimento de impacto é uma abordagem de investimento, um critério pelo qual os investimentos são feitos em todas as classes de ativos, e não uma classe de ativos por si só. Eles argumentam que uma classe de ativos é tradicionalmente definida como títulos ou investimentos que se comportam de forma semelhante em diferentes condições de mercado e que são regidos por um conjunto semelhante de regras e regulamentos. Sob esta definição, defendem que é

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evidente que o investimento de impacto é uma abordagem de investimento em classes de ativos ou uma lente por meio da qual as decisões de investimento são tomadas.

No campo empresarial, bancos também definem investimento de impacto como um modelo híbrido, cujos objetivos sociais e financeiros devem ser perseguidos. A JP Morgan, no relatório “Impact Investments - An emerging asset class” define investimentos de impacto como “investimentos que têm como finalidade criar impactos positivos além de desempenho financeiro” e aponta um modelo para caraterização de um investimento de impacto. Utilizando sua definição, o relatório determina quatro características de um investimento de impacto: têm o papel de fornecer capital; o negócio investido deve ser projetado com a intenção de gerar um impacto positivo (e se diferencia dos investimentos comuns que têm consequências sociais ou ambientais positivas não intencionais); o impacto social e/ou ambiental positivo deve ser parte da estratégia declarada de negócios e deve ser mensurado como parte do sucesso do investimento; e espera-se que o investimento retorne, pelo menos, o principal nominal. São consideradas taxas de retorno de mercado ou taxas que superam as de retorno de mercado. Doações são excluídas. (IMPACT INVESTMENTS…, 2010).

Com a mesma ideia, Morgan Stanley define investimento de impacto como uma abordagem de investimento que visa gerar retornos financeiros ajustados ao risco gerando, ao mesmo tempo, impacto ambiental e/ou social positivo. Ele adiciona que o foco do investimento é em empresas privadas estruturadas para entregar impactos sociais e/ou ambientais positivos específicos (INVESTING WITH IMPACT: ..., 2014).

O INSPER, uma instituição de ensino superior e de pesquisa, possui um Núcleo de Medição para Investimentos de Impacto Socioambiental que realiza estudos sobre investimentos e estratégias empresariais de alto impacto socioambiental. Para ela, investimentos de impacto buscam resultado socioambiental mensurável, além de retorno financeiro. Isto é, podem abranger não somente atividades de cunho específico socioambiental, mas também projetos de empresas, fundações, institutos e governos com foco em resultado econômico, mas com possibilidade de gerar impacto social positivo quantificável (NÚCLEO DE MEDIÇÃO..., 2016).

No mesmo caminho, alguns autores usam outros termos para designar uma ideia semelhante. Barki (2015) diz que negócios de impacto diferem das ONGs e das organizações da sociedade civil pelo fato de utilizarem mecanismos de mercado na

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busca de desempenho financeiro, não dependendo de doações ou outro tipo de apoio nesse sentido para sobreviver. Da mesma forma, diferem da visão de responsabilidade empresarial na medida em que o impacto social é o motivador da empresa, e não uma externalidade positiva ou uma ação não atrelada ao foco do negócio. A razão primeira da existência de um negócio de impacto é seu impacto social. Neste sentido, os negócios de impacto surgem como um conceito novo: são organizações híbridas que possuem tanto o objetivo social quanto o financeiro em seu escopo (BARKI, 2015). Com a mesma ideia, Mair & Martí (2006) dizem que no modelo de negócios tradicional, o foco está voltado à criação de valor econômico para os acionistas. Já nos negócios com impacto social, a criação de valor econômico é vista apenas como uma condição necessária para assegurar a viabilidade financeira tendo como finalidade a geração de valor social.

A Força de Tarefa de Finanças Sociais define negócios de impacto como: “Empreendimentos que têm a missão explícita de gerar impacto socioambiental ao mesmo tempo em que geram resultado financeiro positivo e de forma sustentável” (FORÇA TAREFA..., 2016) e apresenta quatro princípios que diferenciam os Negócios de Impacto das organizações não governamentais (ONGs) ou dos negócios tradicionais: 1- têm um propósito de gerar impacto socioambiental positivo explícito na sua missão; 2- conhecem, mensuram e avaliam o seu impacto periodicamente; 3- têm uma lógica econômica que permite gerar receita própria; 4- possuem uma governança que leva em consideração os interesses de investidores, clientes e a comunidade (FORÇA TAREFA..., 2016).

2.2 PRINCIPAIS DESAFIOS

Por ser um mercado ainda em formação, há muitos desafios para o crescimento da indústria de investimento de impacto. O primeiro é a própria definição de investimento de impacto. Investimento de impacto inclui uma ampla gama de assuntos, entre eles igualdade de gênero, energia renovável, habitação com preços acessíveis e políticas ambientais. Dessa forma, nem todos os investimentos de impacto se adequam às mesmas pessoas (HOW..., 2016).

O Instituto Cidadania Empresarial (ICE) entende que articular apenas uma definição para negócios sociais não se torna uma barreira para o desenvolvimento do

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campo. Porém, ele acredita que é importante construir mecanismos capazes de informar o impacto social gerado. Também defende que para avançar nesse debate é importante construir uma clara definição sobre o significado de impacto, termo que pode expressar diferentes concepções de acordo com cada contexto em que foi empregado (MÉTRICAS..., 2016).

Na última pesquisa do GIIN, os entrevistados classificaram os 5 maiores desafios enfrentados pela indústria de investimento impacto entre uma seleção de 9 opções. Em ordem do maior para o menor, são eles: “a falta de capital adequado em todo o espectro de risco/retorno”, “falta de oportunidades de investimento de alta qualidade com dados históricos”, “falta de opções de saídas”, “falta de estruturas de negócios/fundos inovadores para acomodar as necessidades dos investidores ou das empresas investidas”, “falta de entendimento comum da definição e segmentação do mercado de investimento de impacto”, “falta de pesquisas e dados sobre produtos e desempenho”, “falta de sofisticação das práticas de medição de impacto”, “falta de profissionais de investimento com habilidades pertinentes” e “falta de apoio do governo para o mercado” (ANNUAL..., 2016).

Os dois desafios mais críticos para o crescimento dessa indústria identificados pelos entrevistados no ano de 2016 (a falta de capital adequado em todo o espectro de risco/retorno e a falta de oportunidades de investimento de alta qualidade com dados históricos) são os mesmos que foram identificados nos últimos três anos. No entanto, a pesquisa mostra que a maioria dos entrevistados também viu pelo menos algum progresso nestas duas áreas. A área em que o menor número de respondentes viu pelo menos algum progresso foi a “falta de opções de saída” que foi classificada como o terceiro maior desafio global. As áreas em que os entrevistados indicaram maior progresso foram a de “profissionais de investimento com habilidades pertinentes”, a de “falta de pesquisas e dados sobre produtos e desempenho" e a de "falta de sofisticação das práticas de medição de impacto”. Outro dado interessante que a pesquisa divulga é que os dois principais desafios (a falta de capital adequado em todo o espectro de risco/retorno e a falta de oportunidades de investimento de alta qualidade com dados históricos) são consistentes em todas as áreas geográficas. No entanto, os entrevistados que investem principalmente em mercados emergentes classificaram a “falta de opções de saída” como o terceiro maior desafio ao mesmo tempo em que os investidores que têm como principal mercado os países

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desenvolvidos classificaram em terceiro lugar a “falta de pesquisas e dados sobre produtos e desempenho” (ANNUAL..., 2016).

Em geral, os entrevistados consideram o crescimento global da indústria de investimentos de impacto como um desenvolvimento positivo para a América Latina, mas observam que há vários desafios-chave para o crescimento contínuo do investimento de impacto na região. Alguns desses desafios parecem ser universais, enquanto alguns influenciam principalmente investidores locais ou globais.

Em relação as classes de ativos utilizadas, o estudo feito na América Latina (THE IMPACT INVESTING..., 2016) mostra que 68% dos entrevistados relataram usar mais de um instrumento para fazer investimentos, sendo equity o mais comum (71%) seguido de instrumentos de dívida (64%) e, em seguida, quasi-equity (46%).

2.2.1 Métricas, Indicadores e Avaliação

A abordagem dos investidores em relação à medição de impacto varia de acordo com os seus objetivos e suas capacidades. A escolha dos indicadores geralmente reflete os objetivos dos investidores e, por conseguinte, suas intenções. Em geral, os componentes de melhores práticas de medição de impacto para esse tipo de investimento incluem estabelecer e declarar os objetivos sociais e ambientais aos stakeholders; estabelecer métricas de desempenho relacionadas com esses objetivos usando métricas padronizadas sempre que possível; monitorar e gerenciar o desempenho das empresas investidas de acordo com os objetivos; relatar o desempenho social e ambiental aos stakeholders (GLOBAL IMPACT..., 2016).

Para o Instituto Cidadania Empresarial (ICE), o impacto se torna uma terceira dimensão que exige atenção e apresentação de resultados, além das tradicionais análises de “retorno” e de “risco” de um portfólio de um fundo. Ele ressalta a importância de se construir mecanismos capazes de informar o impacto social gerado e afirma que conhecer a capacidade de um negócio gerar impacto social é aspecto determinante para a constituição de sua identidade: “... avaliar o impacto do negócio social deixa de ser uma opção para os investidores e empreendedores, impondo-se como imperativo para sustentar as propostas que afirmam ser capazes de gerar lucros e transformação social. ” (MÉTRICAS..., 2016).

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Em relação à falta de sofisticação das práticas de medição de impacto, dos 125 investidores de impacto entrevistados por uma pesquisa do JP Morgan, 98% acreditam que a medição de impacto é pelo menos um pouco importante para o desenvolvimento da indústria de investimento de impacto. Desses, 27% acreditam ser muito importante, 44% acham importante, 27% pouco importante e somente 2% não veem nenhuma importância em medir os impactos. Os entrevistados também relataram alocar 15% do seu tempo na medição de impacto, contra 10% registrados no ano anterior. O relatório enfatiza que embora as respostas reflitam o valor da medição do impacto, um dos entrevistados comentou sobre os desafios que permanecem: "É importante definir e medir o impacto, mas ele precisa ser equilibrado com as realidades práticas de quão desafiador é medir o impacto autenticamente". Desses 125, 95% usam métricas para medir o impacto social/ambiental enquanto 5% não fazem nenhuma medição. O uso de métricas alinhadas com os padrões também é significativa: 56% dos entrevistados relataram o uso de métricas alinhadas com Impact Reporting and Investment Standards (IRIS), 24% utilizam padrões externos e 15% usam métricas não alinhadas com qualquer padrão externo (MARKET..., 2014). No estudo feito na América Latina (THE IMPACT INVESTING..., 2016), 85% dos entrevistados disseram que mediam o impacto. Em relação os padrões de métricas utilizados, a maioria (65%) utilizava padrões diferentes dos especificados na pesquisa, que a maioria dos entrevistados descreveu como um conjunto de métricas próprias ou uma estrutura interna de impacto. Os entrevistados podiam selecionar mais de um padrão para medir o impacto. O IRIS (46%) foi o padrão mais comum utilizado pelo conjunto de entrevistados, seguido pelo GIIRS (39%) e o PPI (7%). Entre os investidores sediados na América Latina, o GIIRS era mais comumente selecionado do que o IRIS.

No Brasil, dos entrevistados em 2016, 89% disseram que medem o impacto social e ambiental, embora muitos ainda enfrentassem desafios em encontrar métodos de medição adequados. Isso indica uma preocupação crescente com a medição do impacto, em comparação com os 75% que relataram dificuldade em medir o impacto em 2014 (THE IMPACT INVESTING..., 2016).

A pesquisa da U.S. Trust mostra que, entre os entrevistados que não estão interessados em investimento de impacto, a falta de medidas de desempenho de confiança ou de evidências de impacto continua a ser uma barreira, especialmente

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para os homens. Até que o desempenho seja comprovado, esses investidores preferem manter esse tipo de investimento como filantropia e, por isso, investem de forma distinta (U.S. TRUST INSIGHTS, 2016).

O ICE complementa: “A construção de ferramentas para orientar a avaliação de impacto de negócios sociais configura-se por duas questões chave: a necessidade de ter um instrumento objetivo que auxilie o trabalho de investidores, aceleradores e empreendedores no acompanhamento da performance dos negócios associada ao interesse em ter parâmetros comuns que permitem comparar o desempenho das iniciativas. A comparabilidade é um aspecto crucial a esse campo por permitir observar o desempenho de negócios entre si, de carteiras de investimentos (portfólio), de setores ou de territórios geográficos. Equacionar a comparação não é, entretanto, uma tarefa simples. ” (MÉTRICAS..., 2016).

O IRIS é um catálogo de métricas de desempenho geralmente aceito entre os principais investidores de impacto que o utilizam para medir o progresso social, ambiental e financeiro de uma organização. O catálogo inclui métricas quantitativas, que ajudam a medir várias dimensões de desempenho financeiro, ambiental e social das organizações e métricas qualitativas, que ajudam a colocar o desempenho das organizações em contexto. Pode-se encontrar: medidas de desempenho financeiro, incluindo métricas de relatórios financeiros padrão, tais como ativos circulantes e passivos financeiros; medidas de desempenho operacional, incluindo métricas para avaliar as políticas de governança das empresas investidas, as práticas de emprego e o impacto social e ambiental das atividades do dia-a-dia da empresa; medidas de desempenho do produto, incluindo métricas que descrevem e quantificam os benefícios sociais e ambientais dos produtos, serviços e processos exclusivos oferecidos pelas empresas investidas; medidas de desempenho do setor, incluindo métricas que descrevem e quantificam o impacto em determinados setores sociais e ambientais, incluindo agricultura, serviços financeiros e de saúde; medidas de desempenho do objetivo social e ambiental, incluindo métricas que descrevem e quantificam a evolução dos objetivos de impacto, como a geração de emprego ou o uso sustentável da terra. Não há uma combinação única de métricas que seja melhor para todos e é por isso que o IRIS é concebido como um catálogo, para que se possa escolher as métricas mais adequadas de acordo com as atividades da empresa (IMPACT REPORTING AND INVESTMENT STANDARDS, 2016).

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Outra iniciativa que tem o intuito de desenvolver as métricas de impacto é o Global Impact Investing Rating System (GIIRS). Enquanto o IRIS é um conjunto de métricas padronizadas para descrever o desempenho social, ambiental e financeiro, o GIIRS classifica esse desempenho. O GIIRS é um sistema abrangente e transparente para a avaliação do impacto social e ambiental de empresas para mercados desenvolvidos, emergentes e fundos. Seu sistema possui uma abordagem de classificações e análises análoga a rankings de investimento como o Morningstar e o Capital IQ financial analytics (GIIRS, 2016). Sempre que possível, o GIIRS utiliza os indicadores do IRIS ou suas definições nas questões de avaliação. O relatório IRIS é feito pela própria organização, de forma voluntária, para seus stakeholders, e a classificação GIIRS é relatada e validada pelo GIIRS em nome da empresa ou do fundo, com a assistência de um provedor de verificação independente. Segundo eles, para expandir o mercado de investimento de impacto, os investidores exigem um serviço de avaliações de impacto realizado por terceiros independentes que seja comparável, transparente e fácil de usar. Segundo o GIIRS, um impedimento chave para atrair capital para o mercado de investimento de impacto continua a ser a falta de ferramentas fáceis de usar para avaliar, referenciar e relatar o impacto. A maioria dos investidores de impacto não possui especialização, recursos humanos, dados e tecnologia para construir a sua própria abordagem para julgar o impacto. A falta de capacidade de comparar as oportunidades de investimento em todos os mercados, setores de atividades e áreas de impacto usando ferramentas comparáveis, transparentes e verificadas de forma independente faz com que os investidores permaneçam em segundo plano. Por estas razões, muitos agentes no âmbito de investimento de impacto manifestaram o desejo de ver uma plataforma de classificações e análises que podem facilitar o fluxo de capital e fornecer liderança em julgar o desempenho de impacto como um bem público (GIIRS, 2016).

A ideia do GIIRS, quando tiver escala, é ser uma parte normal do processo de investimento para empresas, fundos e investidores para investimentos de impacto em nível global. Como resultado, eles esperam: aumento no montante e no número de oportunidades de investimentos de impacto; aumento da eficiência da due diligence, do investimento e do processo de geração de relatórios para investimentos de impacto; melhorias mensuráveis no impacto das empresas e dos fundos classificados (uma vez que as empresas e os fundos buscariam melhorar as suas classificações

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GIIRS); e, por fim, melhorar compreensão do campo de investimento de impacto (uma vez que o GIIRS publica dados sobre o desempenho de impacto no mercado agregado e oferece educação para os investidores sobre como utilizar os dados recolhidos por meio do GIIRS) (GIIRS, 2016).

Por outro lado, há críticos que não acreditam em mensuração de impacto. O artigo Philantrocapitalism Rising (BISHOP & GREEN, 2015) menciona um escritor e crítico Michael Edwards que diz que a medição da filantropia é uma “incumbência de tolos”, e enquanto o mundo dos negócios usa medidas como o lucro para comparar as empresas que operam em todos os países e em todos os setores, o setor social não tem uma única unidade de valor. “Os mercados funcionam porque eles se apoiam em um indicador financeiro claro (lucro líquido), usando um mecanismo simples para alcançá-lo (a concorrência), necessitando de um número relativamente baixo de condições para fazer esse mecanismo funcionar”.

Porém, os autores do artigo criticam e dizem: “Se ao menos fosse tão simples no mundo dos negócios. Uma das importantes lições da crise financeira é que as medidas ‘simples’ de sucesso empresarial podem ser extremamente enganosas, tais como lucros trimestrais e preços de ações (ambos não sinalizaram o problema em que o Lehman Brothers se encontrava, por exemplo) ”. Em outra passagem, os autores comentam que Edwards está certo quando diz que medir é difícil, mas que isso não significa que não se deva tentar medir, aprender para depois medir melhor. E questionam: “Sem métricas, como sabemos quais as intervenções que funcionam e quais que não funcionam? Rejeitar a importância das métricas condena a filantropia a um mundo onde todos os investimentos podem ser considerados como sendo ‘acima da média’” (BISHOP & GREEN, 2015).

O Citibank diz que investimentos de impacto podem ser especialmente ilíquidos, uma vez que muitas vezes ocorrem por meio de empréstimos, títulos privados de dívidas, investimentos em private equity e outros instrumentos. Em investimentos tradicionais, a falta de liquidez é geralmente compensada com retornos potencialmente mais elevados. Mas não é claro que isso sempre acontece com o investimento social direto. Além disso, se os objetivos mensuráveis de um projeto de impacto do investimento não forem atendidos, os investidores podem sofrer uma perda de capital (CITIBANK, 2015).

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Uma pesquisa realizada pela Cambridge Associates e a Global Impact Investing Network (INTRODUCING..., 2015) apresenta conclusões de uma análise abrangente do desempenho financeiro em investimento de impacto. O relatório avalia especificamente o desempenho das taxas de mercado dos fundos de investimento privados no âmbito de investimento de impacto e conclui que é possível atingir as taxas de retorno de mercado com investimentos de impacto. O estudo faz uma comparação entre fundos de investimento de impacto e outros tipos de fundos que eles chamam de universo comparativo. O estudo diz que apesar de uma percepção entre alguns investidores que investir em impacto exige um retorno concessionário, o desempenho observado em alguns casos superou o do universo comparativo da pesquisa. No total, os fundos lançados entre 1998 e 2004, aqueles que já foram em grande parte realizados, superaram os fundos no universo comparativo. Ao longo do período total analisado (1998-2010), os fundos de investimentos de impacto tiveram retorno de 6,9% para os investidores contra 8,1% para o universo comparativo, mas grande parte do desempenho nos anos mais recentes ainda não foi concretizada. A pesquisa também conclui que a seleção do gestor é fundamental. Em todos os investimentos privados inclusive os investimentos de impacto, a seleção do gerente assim como a realização de due diligence são passos críticos no processo de investimento e são fatores importantes na obtenção de retornos superiores e na gestão de riscos.

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3 MÉTODO DE PESQUISA

O objetivo deste capítulo é apresentar o método utilizado para alcançar o objetivo estabelecido na pesquisa. Primeiramente, são definidos o universo e a amostra dos fundos de investimento de impacto. A segunda parte do capítulo aborda as fontes e os procedimentos de coleta de dados. A seção seguinte descreve como foi realizada a análise de dados e, por fim, são identificadas as limitações do método de pesquisa.

3.1 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da pesquisa consistiu de todos os fundos de investimento de impacto que têm por objetivo investir no mercado latino americano. A amostra dos fundos da pesquisa foi ancorada em duas bases de informações: a ImpactBase e a ImpactAssets50. A primeira foi escolhida por ser gerenciada pelo GIIN. A ImpactBase é um banco de dados, on-line e gratuito, de fundos de investimento de impacto e produtos projetados para investidores. Em julho de 2009, a ImpactBase surgiu da reunião de investidores e parceiros associados ao GIIN, com o objetivo de discutir ineficiências no mercado de investimento de impacto. Na época, os membros dessa comunidade de investimentos tinham dificuldades em se conectar a fundos, investidores e consultores de mentalidade semelhante. Para isso, foi concebida uma ferramenta de pesquisa on-line, com o objetivo de conectar os membros da comunidade de investimento de impacto por meio de uma única plataforma, que permitiria comunicação mais eficiente e desenvolvimento de uma rede de relacionamentos. A partir de então, os perfis de fundos ou produtos publicados na ImpactBase ganharam exposição para a comunidade de investimentos de impacto global (IMPACTBASE, 2016).

A ImpactBase lista fundos de diversas classes de ativos: Venture Capital/Private Equity, renda fixa, ativos reais e certos fundos que usam estratégias de hedge, mas o ImpactBase não inclui fundos cujo objetivo primário é a exposição a mercados de ações públicos. Para listar na ImpactBase, o GIIN requer a divulgação dos objetivos, medição e metas de impacto. Se o impacto social e ambiental não for

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central para a abordagem de investimento, a listagem no ImpactBase não é considerada adequada (IMPACTBASE, 2016).

A ImpactBase fornece informações sobre fundos abertos, fechados ou concluídos. Ao incluir todos os tipos de fundos, pretende fornecer uma visão abrangente dos fundos entre setores, classes de ativos e áreas geográficas, o que permite aos usuários acompanhar o desenvolvimento dos fundos e do setor ao longo do tempo. As submissões das informações dos fundos são revisadas por uma equipe própria antes de entrarem na base de dados e no site. Para que o perfil do fundo seja aprovado, seus gestores devem preencher todos os campos obrigatórios, podendo, ainda, ser chamados a responder perguntas específicas ou suportar as informações com documentos. Um exemplo do tipo de informações encontradas na base pode ser vista no Apêndice 1. Hoje são 407 fundos de investimento de impacto listados na ImpactBase, sendo que 79 possuem o mercado latino-americano como pelo menos um dos seus alvos (IMPACTBASE, 2016).

Em um segundo momento, com objetivo de enriquecer a amostra da pesquisa, foi feita uma varredura no Google à procura de outras fontes que pudessem conter listas de fundos de investimento de impacto. Encontrou-se a ImpactAssets 50, uma lista de 50 gestores de fundos de investimento de impacto gerenciada pela ImpactAssets, uma organização independente ligada à Fundação Calvert (IMPACTASSETS, 2016).

Antes da ImpactAssets, em 2001, a Fundação Calvert lançou um novo tipo de fundo, chamado fundo aconselhado pelos doadores (tradução livre para donor advised fund2). Este fundo proporcionou um aperfeiçoamento aos tradicionais fundos

aconselhados pelos doadores ao possibilitar investimentos socialmente responsáveis (SRI) e de investimentos de impacto, permitindo que os filantropos "doassem e investissem para um bem maior". Em 2010, a Fundação Calvert criou o ImpactAssets para assumir a responsabilidade por este fundo (DAF) e transformá-lo em algo maior. Nos anos que se seguiram, a equipe do ImpactAssets se multiplicou e acrescentou

2 Donor Advised Fund (DAF) é um veículo filantrópico estabelecido em uma instituição de caridade

pública. Ele permite que os doadores façam uma contribuição de caridade, recebam um benefício fiscal imediato e, em seguida, recomendem investimentos do fundo ao longo do tempo.

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novas funções, incluindo a iniciativa de construção do campo de investimento de impacto (IMPACTASSETS, 2016).

Ao fornecer produtos de investimento de impacto e recursos educacionais, o ImpactAssets 50 permite que o filantropo e os investidores individuais se envolvam nesse campo de investimento. Trata-se de uma lista com 50 empresas que foram selecionadas para demonstrar uma ampla gama de atividades de investimento de impacto em todas as áreas geográficas, setores e classes de ativos. Apesar de não extensa, essa lista é um recurso de informação para iniciar a pesquisa sobre o setor de investimento de impacto e oferece uma maneira fácil de identificar empresas de investimento de impacto experientes (IMPACTASSETS, 2016).

O ImpactAssets 50 é direcionado para gestores de fundos de dívida privada e de private equity, para fornecer uma fonte centralizada de informações que não estão publicamente disponíveis. Anualmente, um comitê seleciona as empresas que se candidataram, de acordo com um conjunto de critérios desenvolvidos para assegurar que a lista inclua um conjunto diversificado de empresas. Para ser incluído no ImpactAssets 50, um gestor de fundos deve atender padrões cumulativos, como ter experiência no campo de investimento de impacto, valor relevante de ativos, operar em mais de um país, demonstrar comprometimento significativo com o impacto social e monitorar medidas claras de impacto social e / ou ambiental (IMPACTASSETS, 2016). O Apêndice 2 apresenta um exemplo de informações que podem ser encontradas na base ImpactAssets.

Depois de escolhidas as bases de dados, foram selecionados somente os fundos de investimentos de impacto que atuam na América Latina. Dos 407 fundos listados na ImpactBase, 79 atuam na América Latina e estão relacionados no Apêndice 3. Para complementar a amostra da pesquisa, foi decidido incorporar os fundos listados pelo ImpactAssets 50 de 2015. Contudo, como as gestoras listadas por vezes possuíam mais de uma iniciativa de impacto (exemplo: fundos filantrópicos, área de advisory e etc), os dados divulgados na base pertenciam à gestora e refletiam todas as suas iniciativas de forma consolidada, dificultando a diferenciação das informações dos fundos de investimento de impacto das outras iniciativas da gestora. Inicialmente foi feito um filtro de todas as gestoras e fundos listados na base, incorporando-se somente os fundos à amostra da pesquisa. O primeiro filtro resultou em 13 gestoras e fundos que atuam no mercado latino-americano, de um total de 51

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listados. Destes, somente 2 eram fundos e um deles já constava na amostra, pois estava listado no ImpactBase. O Apêndice 4 mostra a lista das 13 gestoras e fundos e o Apêndice 5 mostra a amostra final da pesquisa, com 80 fundos de investimento de impacto que atuam na AL.

A amostra pode ser considerada representativa, pois as bases de dados são atreladas a instituições importantes no setor, a candidatura dos fundos para as bases é gratuita e há um crivo das instituições para serem listadas.

As Tabelas 1 e 2 detalham a amostra, apresentando a quantidade de fundos que atuam na AL por regiões e países, respectivamente, de origem do capital.

Tabela 1: Nº de fundos que atuam na AL, por região de origem de capital. Região Nº de fundos América do Norte 33 Europa 26 América Latina 20 Ásia 1 Total Geral 80

A tabela 1 mostra que a maioria dos fundos de investimento de impacto que investem na América Latina tem origem de fora, concentrada na América do Norte e na Europa.

Tabela 2: Nº de fundos que atuam na AL por país de origem de capital.

País de Origem Nº de fundos País de Origem Nº de fundos

Estados Unidos 30 Reino Unido 2

Luxemburgo 12 Argentina 1

Holanda 6 Bahamas 1

Ilhas Cayman 6 Brasil 1

México 6 Colômbia 1

Canadá 3 Costa Rica 1

Suíça 3 Índia 1

Alemanha 2 Nicarágua 1

Referências

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