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Foram coletados e analisados 30 processos no período de 1835 e 1840, dos quais correspondem: 1 processo

E, Cametá se apresentará ao Chefe Civil e Comandante Geral d’aquela Villa e mais adjacentes, e de assentarem em que ocasião é o propósito para fazer algum

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no ano de 1835, 4 processo em 1836, 4 processos em 1837, 7 processos em 1838, 9 processos em 1839 e 5 processos em 1840. Dentre os processos analisados estão presentes: 12 Autos de Justificação, 7 Autos Crimes, 5 Autos de Liberdade, 2 Autos de Libelo, 1 Petição, 1 Carta Precatória, 1 Requerimento e 1 Auto de Sumário. Estes processos foram julgados nas Varas de Juízo de Paz, Juízo de Direito, Juízo de Órfãos e Juízo Municipal. Apesar de ter sido coletado uma variedade de processos, neste capítulo serão analisados apenas os processos de Autos Crimes e Autos de Justificação.

O que podemos perceber pelo discurso de Bernardo de Souza Franco é a sua indignação com a quantidade de processos que não foram julgados no governo de Andrea e estavam acumulados, dentre eles, mais da metade dos réus já estavam falecidos e a outra metade dos processos era de presos que estavam detidos “sem designação de fatos ou crimes notáveis”. Assim, na tentativa de diminuir e acelerar o julgamento dos processos, Souza Franco solicitou ao Governo Imperial a anistia desses indivíduos que foram presos no governo do Andrea e não cometeram crimes graves ou que não possuíam designação dos fatos. Com tal anistia concedida, Souza Franco esperava reduzir em 200 o número de presos.

Outra indignação de Souza Franco com o governo de Andrea era os muitos réus processados, contudo, tais processos eram “tão irregulares e informes” que seria difícil julga- los. Esta afirmação de Souza Franco pode representar os processos feitos pelos comandantes militares no lugar dos juízes de paz, que haviam sido destituídos de seus cargos. Dessa maneira, possivelmente as irregularidades dos processos pode representar a falta de instrução – ou falta de interesse em elaborar processos e julga-los – e habilidade judicial que possuíam os comandantes militares em relação aos juízes.

Dito isso, iniciaremos a análise dos processos. O primeiro caso a ser analisado dos autos de justificação é de Felis José Tenório. Seu processo foi aberto em 20 de maio de 1840 e julgado pelo juiz Manoel Fernandes Ribeiro, Juiz de Paz do 1º Distrito da capital (APEP, FDJ, Juízo de Paz, Autos de Justificação, Belém, 1840).

Felis José Tenório é um preto liberto que tenta provar através dos autos de justificação que possui mais de 60 anos de idade, e para isso, convoca como suas testemunhas, pessoas influentes na sociedade. Sua primeira testemunha é o Presbítero Secular, Reverendo Cônego da catedral Antonio Macário Alves da Costa, natural de Belém, Branco, 38 anos. Em seu testemunho ele afirma que em 1818 saiu do Seminário Episcopal, conheceu o justificante, que já então não era rapaz, e sim homem bastante maduro, e ao presente, pela sua fisionomia e madureza, terá mais de sessenta anos de idade.

[...] Antonio Macario Alves da Costa, Branco, Presbítero Secular, Conego da Catedral desta Cidade e dela natural, 38 anos, Testemunha jurada aos santos Evangelhos em forma devida e prometeu dizer verdade do que soubesse e lhe fosse perguntado. E perguntado à ele Testemunha pelo Juiz sobre o Conteúdo na Petição retro do Justificante Feles Jose Tenorio que lhe foi lida, disse que em 1818 saiu do Seminário Episcopal conheceu o Justificante que já então não era rapaz, e sim homem bastante maduro, e ao presente pela sua fisionomia e madureza terá mais de sessenta anos de idade. E do costume disse não ser parente amigo, inimigo e nem dependente do Justificante; e mais não disse e depois do ouvir ler o sio depoimento e o achar conforme assignou com o Juiz que o inqueriu de que dou fé [...] (APEP, FDJ, Juízo de Paz, Autos de Justificação, Belém, 1840).

Outra testemunha no processo de justificação de Felis José Tenório é João Hilário Watrin. Homem branco, natural de Belém, 54 anos, casado, Capitão das extintas milícias, Escrivão do Cível e do Crime. Em seu testemunho, afirma que há muitos anos conhece o justificante e que pela sua fisionomia e madureza parece ter mais de sessenta anos de idade.

[...] João Hilario Watrim, branco, natural desta cidade, casado, 54 anos, Escrivão do Cível e Crime, Capitão das extintas Milícias [...] disse que á muitos anos conhece o Justificante e que pela sua fisionomia e madureza parece ter mais de sessenta anos de idade. E mais não disse [...] (APEP, FDJ, Juízo de Paz, Autos de Justificação, Belém, 1840).

Manoel Miguel Aires Pereira também é testemunha no processo. Homem branco, solteiro, 37 anos, Tenente de 1ª Linha, e afirma em seu testemunho que desde menino conhece o justificante, que já era avançado em anos, pelo que ao presente, pela fisionomia, julga ter ele mais de 60 anos.

[...] Manoel Miguel Aires Pereira, branco, solteiro, 37 anos, tenente de 1a linha [...] disse que desde menino conhece ao justificante, que já era avançado em anos, pelo que ao presente, pela fisionomia do mesmo, julga Ter ele mais de 60 anos. E mais não disse [...] (APEP, FDJ, Juízo de Paz, Autos de Justificação, Belém, 1840).

Como podemos perceber, para justificar sua idade, o autor oferece testemunhas cujos depoimentos justificam sua petição, além de apresentar pessoas importantes e influentes da sociedade belenense da época, numa tentativa de provar ou mesmo validar seu próprio testemunho. Neste caso, o testemunho de pessoas com prestigio social pode representar um peso muito maior no processo, tendo em vista que, o valor do testemunho equivale ao prestigio social. No processo não há menção do motivo pelo qual o autor quer justificar sua idade, porém, levando em consideração que eram recrutados todos os homens entre 15 e 50 anos de idade, supõe-se que o objetivo de Felis José Tenório seria livra-se do recrutamento comprovando possuir mais de 50 anos de idade.

A tentativa em livra-se do recrutamento pode significar, para este indivíduo (preto liberto com supostamente mais de 50 anos), a renúncia aos trabalhos a que seria submetido nos corpos de trabalhadores, a renúncia aos anos de trabalho forçado que teve em sua vida enquanto escravo e, como liberto, possivelmente não queria mais se sujeitar (em sua velhice) à trabalhos forçados.

Outro caso interessante a ser analisado é de João Antônio de Figueiredo, natural de Cintra, casado, estabelecido no Rio São Paulo, termo da Vila de Cintra, com serviços rurais, também Juiz de Paz do 1º Distrito da Vila de Cintra. Seu processo foi aberto em 15 de

outubro de 1840 e julgado pelo juiz Manuel Borges da Maya, Juiz de Paz do 1º Distrito da Vila de Cintra em 1840 (APEP, FDJ, Juízo de Paz, Autos de Justificação, Maracanã, 1840).

Os sujeitos envolvidos no processo são: Camillo Henrique, provavelmente natural da Vila de Cintra, filho [neto?]35 único e amparo da velhice do justificante João Antonio de Figueiredo que foi recrutado à força para a 1ª Linha da Província em represália ao seu avô [pai?] (João Antonio de Figueiredo) feita pelo Capitão Cezario Antonio de Sta. Brízida. Cezario Antonio de Sta. Brízida, Capitão e Comandante da Vila de Cintra, foi acusado por João Antonio de Figueiredo em Auto de Justificação de 1840 de fazer represálias pelo fato de o mesmo Figueiredo ter remetido ao Coronel Comandante Mor da Vila de Vigia a concubina do dito Brízida. Constantina, acusada de ser prostituta na Vila de Cintra em 1840. Filizarda, acusada de ser prostituta e “concubina” de Cezario Antonio de Sta. Brízida na Vila de Cintra em 1840. Francisca de Sena, acusada de ser prostituta na Vila de Cintra em 1840. João Henrique de Mattos, Coronel Comandante Mor da Vila de Vigia em 1840. Jose Paulo da Costa, Presbítero Secular, Vigário Interino da Freguesia de S. Miguel de Cintra em 1840, atestava a conduta de Camilo Henrique, filho [neto?] de João Antonio de Figueiredo, num auto de Justificação movido em Cintra em 1840. Maria Theresa, acusada de ser prostituta na Vila de Cintra em 1840.

O objetivo de João Antonio de Figueiredo com o auto de justificação era provar que nunca se uniu aos cabanos e que era vítima de perseguições por parte do Capitão e Comandante da Vila de Cintra, Cezario Antonio de Sta. Brízida. E que em represália, por ter denunciado ao Coronel Comandante Mor da Vila de Vigia, que o dito capitão Brízida possuía uma concubina na vila de Cintra, retirou-lhe de sua função de juiz da Vila e recrutou para o Corpo Policial seu único filho [neto?] e amparo da sua velhice.

No auto de justificação, iniciado em 15 de outubro de 1840, João Antonio de Figueiredo relata ao juiz de paz Manuel Borges da Maya:

Ilmo. Senr. Juiz de Paz, Diz João Antonio de Figueiredo, nato desta Villa de Cintra, e na mesma casado, que para bem de seu Direito e Justiça, quer Justificar perante V.S. os Itens seguintes, com as Testemunhas da relação junta. Item1º se é ou não verdade que o suplicante está estabelecido no Rio São Paulo Termo desta Villa, com Serviços Rurais, do que tem pago Direitos a Nação Brasileira : Item 2º Se é também verdade que o suplicante já é de avançada idade e se tem ou não serviço Empregos Civil, e crime nesta Villa prostrando se como deve nos deveres de suas obrigações: Item 3º se é ou não certo que o dito suplicante sempre coluio [?] se do Partido Cabanal e sua decência encostando-se as da Legalidade no Tempo da crise em que se tornou esta Va [vila] no ano de 1836. Item 4º se é também certo que Cezario

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