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4. RESULTADOS

4.2 Análise das Entrevistas

4.2.5 Formação continuada

Com relação à formação continuada destacou sua participação e de como ocorre a influência na sua prática educativa.

No que diz respeito à participação dos professores na formação, destacaram que esses momentos proporcionam aprendizagem de novas técnicas e ideias que são passadas por outros professores para facilitar o seu trabalho, pois conhecem métodos que podem levar o aluno à aprendizagem, possibilita também uma atualização do educador que precisa constantemente de uma renovação.

Diante dessas representações sobre a contribuição da formação continuada Sousa (2000) aborda que:

Interação pessoal não exige apenas simples técnicas, autômatos que cumpram as instruções prescritas por uma autoridade qualquer, proveniente da força de um livro ou de um indivíduo hierarquicamente superior. Queríamos por isso seres humanos criativos e reflexivos que soubessem bem atualizar todos os conhecimentos e recursos, para tomar as decisões mais pertinentes em situações muitas vezes complexas (p.207).

Considerando essa perspectiva, Guimarães (2005) ressalta que, por outro lado, as formações propostas trazem um repasse de conhecimentos necessários para exercer a profissão em forma de modelos para serem reproduzidos e que partem do exterior para o interior sem envolver qualquer manifestação de emoção, afetividade, valorização ou cognição. Por isso, verifica-se o quanto são difíceis as mudanças ocorrerem na área educacional, enquanto as formações persistirem nesse modelo de realização de tarefas, caracterizando assim que não haverá uma transformação, pois depende da necessidade de estabelecer uma relação entre as novas práticas e as representações sociais existente no grupo, compreendendo que são elas que determinam princípios, valores e comportamentos. (GUIMARÃES, 2005).

Para Moscovici (2009), a relação com as novas informações impostas e decorrentes do tempo, implica em estabelecer um “elo de prévios sistemas e imagens, uma estratificação

na memória coletiva e uma reprodução na linguagem que, invariavelmente, reflete um conhecimento anterior e que quebra as amarras da informação presente” (p.37).

No entanto, essa ligação com o sistema prévio estabelece ao mesmo momento uma implicação para uma mudança nas práticas pedagógicas em que a meta principal seria a aprendizagem, pois para Fino (2011) a inovação pedagógica incide em “mudar as situações educativas para que se transformem as pessoas que nelas estão envolvidas, os aprendizes e os educandos” (p.8).

Entretanto, tem-se nos relatos dos professores uma forma ingênua dessa contribuição ao considerar que essas trazem os seguintes benefícios:

Contribui porque a gente está sempre aprendendo coisas novas técnicas e lá tem professores que sempre traz coisas novas pra gente, acho que contribui (PROFESSORA - 20).

Com certeza, inclusive pra mim está me ajudando muito é na sala né, assim são novas ideias que eu aprendi e eu não sabia e que ta facilitando muito meu trabalho (PROFESSORA -24).

Influi a onde eu posso trabalhar novas atividades né, contribui a onde eu possa buscar novos métodos novas maneiras pra que eu leve o aluno a aprendizagem (PROFESSORA - 13).

Com relação à influência dessa formação sobre a sua maneira de atuação em sala, apresentam que é positiva quando está de acordo com a realidade, sem precisar fazer uma transformação para adaptá-la ao nível da turma, pois o principal objetivo é sempre aprender para transmitir ou repassar, para o aluno, o método, as técnicas ou novos mecanismos que foram dados, possibilitando assim, novas formas de trabalhar em sala de aula ao conseguir passar igual ao que recebeu.

Constata-se a partir daí, que a representação do professor sobre a formação recebida é compreendida como uma prática de reprodução de ações, que persiste em uma concepção tradicional, mesmo que não tenha consciência dessa teoria. Por isso, Gomes (2009) conduz a

reflexão sobre a carência de uma prática de formação que esteja condizente com as necessidades dos professores de educação infantil, pois “parecem precisar ser cuidadas e educadas profissionalmente, no sentido de receber apoio, para que venham a fazer o mesmo com as crianças pequenas” (p.200), no intuito de promover ao professor uma compreensão sobre a criança em toda sua especificidade de desenvolvimento. Na ótica dos professores a formação serve para repassar técnicas que servem para sua prática de sala de aula. Assim, assume os seguintes discursos:

Ela influencia quando ela é positiva se a gente ver que realmente ela é tá de acordo com a nosso realidade na sala de aula aí a gente pode transformá-la né e assim a gente vai adequar a nossa sala de aula a nossa vivencia diária com as crianças (PROFESSORA - 2).

[...] aprendi muitas coisas e o que eu aprendo lá, eu repasso pra minha sala de aula, que o meu objetivo não é apenas aprender e ficar pra mim, meu principal objetivo é sempre aprender pra transmitir pra meus alunos, [...] porque quando você está envolvido na educação infantil o que você quer mais é pesquisar, querer aprender cada vez mais para passar para seus alunos, [...] porque eu sei que quem está ali sabe algo mais do que eu, também querer aprender com aquela pessoa pra daí passar pra meus alunos, fazer com que talvez ser igual aquela pessoa que vi na formação (PROFESSORA - 4).

Entretanto, para Aguiar (2004), o processo de formação deveria priorizar o que dizem, pensam e representam os professores, conhecer suas concepções de ensino aprendizagem, escutar suas opiniões e sugestões, oportunizando momentos de trocas e de reflexões sobre seus conhecimentos e práticas, de maneira que, partindo da realidade concreta, atual, possam começar a surgir avanços mais significativos no trabalho do professor.

E, na busca desse propósito, a organização educacional precisa apropriar-se do paradigma emergente que se apresenta como condição de propor às crianças ambientes de aprendizagem que atenda as suas necessidades e que esteja relacionado ao que o mundo hoje oferece.

Assim sendo, ainda conforme Aguiar (2010), para que ocorra a mudança educacional é preciso que haja conexão com os professores, com sua formação e com a transformação das práticas pedagógicas da sala de aula. Contudo, no contexto atual não se inova sem promover mudanças tanto nas organizações escolares quanto em seu funcionamento (p.305).