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4. RESULTADOS

4.1 Análise Documental

4.1.5 Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA)

Esse curso foi promovido inicialmente pelo Governo Federal que solicitou aos Estados e Municípios representantes para receberem a formação e tornarem-se multiplicadores e denominados de formadores coordenadores em seus respectivos locais, com todo material necessário para sua implantação. Fato que levou muitos municípios a formarem turmas de professores que, por adesão espontânea, participaram das primeiras turmas, inclusive o município de Lagoa do Carro que disponibilizou dois técnicos da secretaria para assumirem a função de coordenadores. Para esses formadores coordenadores foram realizados encontros para estudos sobre o processo de aprendizagem da leitura e escrita, respaldados nas concepções de autores como: Emilia Ferreiro, Paulo Freire, Magda Soares e outros. Obteve também o conhecimento sobre a utilização de cada material e do objetivo de cada um.

Dentre esses materiais, tem-se, no documento de apresentação, toda descrição do formato geral do curso, com introdução, justificativa, caracterização do programa, materiais que compõem o programa e requisitos para estabelecer parcerias.

A introdução destaca que a justificativa desse curso está atrelada à necessidade de oferecer a oportunidade aos professores brasileiros de obterem um conhecimento didático da alfabetização que vem sendo construído nos últimos anos, traçando a partir daí uma trajetória histórica sobre o processo de alfabetização proposto nas escolas até os dias atuais.

Com relação à caracterização do programa, coloca que é um curso anual destinado a professores alfabetizadores que ensinam a ler e escrever na educação infantil e no ensino fundamental, sendo aberto também para outros profissionais da educação que pretendem aprofundar seus conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem no período de alfabetização.

O curso totaliza uma carga horária de 160 horas, distribuídas em três módulos, com 75% destinados à formação em grupo e 25% para trabalhos pessoais, realizados em encontros semanais com 3 horas de duração em sala de aula e 1 hora para os trabalhos pessoais, esses módulos são compostos por unidades em que, ao final de cada um, é feita uma avaliação da aprendizagem dos professores cursistas.

No módulo 1, abordam-se conteúdos de fundamentação referente ao processo de aprendizagem da leitura e escrita e à didática da alfabetização. Os módulos 2 e 3 focam a proposta de ensino e aprendizagem da língua escrita na alfabetização.

Nas estruturas das unidades que correspondem às três horas de duração em sala de aula, são realizadas cinco atividades nos encontros em que três são permanentes, pois ocorre em todos os encontros: leitura compartilhada, rede de idéias e dúvidas referente ao trabalho pessoal. As outras atividades são variadas entre a tematização da prática do professor, planejamento e o desenvolvimento de propostas de ensino e aprendizagem, realizando um intercâmbio entre as experiências que possuem e a discussão das necessidades e dificuldades que enfrentam no trabalho pedagógico.

A metodologia, para a realização desse trabalho, apóia-se em estratégias de resolução de problemas através de análise das produções dos alunos, simulações, planejamento de situações didáticas, análise de adequação de uma atividade, comparação de atividades em relação aos objetivos e discussão das implicações pedagógicas dos textos estudados.

Com relação aos materiais que compõem o programa, apoiam-se em dois tipos de material, um referente aos textos escritos destinados aos professores e aos formadores e em 30 programas de vídeo especialmente produzido para essa formação. Com relação ao material escrito tem-se o documento de apresentação, o guia do formador, coletâneas de textos, fichário/caderno de registros, catálogo de resenhas, manual de orientação para o uso do acervo do Programa nacional biblioteca na escola. Os vídeos são por módulos constando de: 11 vídeos do Módulo 1, 9 vídeos do Módulo 2, 9 vídeos do Módulo 3 e 1 vídeo do Formador.

Embora a caracterização de inovação esteja diretamente voltada para uma prática pedagógica que promova a aprendizagem, é preciso considerar que, para atingir esse objetivo, o papel da formação passa a ser fundamental, porém para uma transformação do sujeito Guimarães (2005) ressalta para um processo de formação que não decorra de reproduções de atividades necessárias para a atividade profissional através de modelos, em que para uma

mudança depende da relação estabelecida entre “as novas práticas e as representações sociais antigas do grupo, pois elas são o apoio para garantir certa homogeneidade de princípios, valores e seus membros” (p.71).

Entretanto, o curso traz aspectos interessantes quando propõe uma metodologia através da resolução de situações problemas que possibilita uma reflexão sobre as questões teóricas e a prática, trabalhando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para o desempenho profissional e pessoal como o exercício constante de leitura e escrita, pois Gomes (2009) aborda que as práticas ocorridas nas creches e pré- escolas precisam de uma referência teórica que lhes possa dar sustentação, porém, para uma efetivação é preciso que o professores se apropriem de um planejamento e de uma formação continuada que contemple a construção coletiva em que os educadores possam identificar suas necessidades formativas através de uma problemática, destacando que a transformação das práticas depende basicamente da transformação pessoal.

Para isso, é necessário que todo processo de formação esteja respaldado em uma reflexão da prática, através de um procedimento em que reconhecer a “história de cada um é, ao mesmo tempo individual e social. Valorizar a experiência supõe valorizar a heterogeneidade dos processos formativos promovendo interações (GOMES, 2009, p.216).

Nessa perspectiva, os aspectos inovadores, para Behrens (2010), seriam uma proposta em que os professores acreditariam na capacidade dos alunos, reconhecendo que esse tem emoções e são criativos, mas principalmente que “são capazes de estabelecer relações dialógicas nas quais possam realizar um trabalho coletivo, participativo, criativo e transformador na construção de um mundo melhor” (p.68). E a partir daí, deixar de ver o aluno como um sujeito passivo em que precisam ser depositadas as informações necessárias para a aquisição da linguagem escrita.

Com relação ao desenvolvimento dessa linguagem, Soares (2009) aborda que o sujeito aprende a ler e escrever, inserido em contextos letrados que dão sentido ao uso das práticas sociais de leitura e escrita, possibilitando assim uma mudança com relação aos vários aspectos: sociais, psíquicos,culturais, políticos, cognitivos, linguísticos e econômicos que contribuem para uma inserção social.